Palácio dos Condes de Aveiras / Casa de Quinta da Cerca / Solar dos Condes de Povolide

IPA.00000040
Portugal, Lisboa, Azambuja, Aveiras de Baixo
 
Casa nobre pombalina e oitocentista.
Número IPA Antigo: PT031103020011
 
Registo visualizado 1038 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  asa nobre  

Descrição

De planta organizada em torno de pátio rectangular, definida por 4 edifícios também de planta rectangular, dos quais se distinguem a adega, capela e construção principal, os edifícios apresentam volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 2, 3 e 4 águas com trapeira. O edifício principal, com pano de muro em reboco pintado e pequeno soco em cantaria, compoe-se de 3 pisos, um deles parcialmente enterrado e apenas totalmente visível no alçado posterior, registando-se abertura de vãos com emolduramentos simples em cantaria a ritmo irregular. O alçado principal a NO., é animado pela abertura de 7 vãos por piso, correspondentes a fenestrações: ostenta no andar nobre, janelas de sacada servidas por varandins individuais com guarda em ferro forjado e pinhas nos remates, encimadas por janelas de peito quadradas. O acesso principal à edificação localiza-se no ângulo formado pelo corpo da capela e o alçado lateral da edificação a O., através de uma escadaria: num nível mais elevado que o pátio, a porta de verga recta é ladeada e encimada por janelas de peito. Relativamente ao alçado tardoz, servido a O., por escada adossada em cantaria e por um terreiro de planimetria rectangular, este apresenta uma estruturação similar à do alçado principal, destacando-se a presença no centro, ao nível do piso térreo, de um corpo avançado, delimitado por pilastras em cantaria e composto por 3 arcos de volta perfeita: os arcos, vazados, inscrevem a eixo porta de acesso ao edifício, ladeado por 2 pequenas galilés (correspondentes aos arcos laterais)com; este corpo corresponde no 1º piso a uma ampla varanda guarnecida com guarda em ferro fundido. Acerca do interior e respectiva organização e compartimentação, distinguem-se 3 zonas: serviços no piso térreo, com referência para a cozinha, localizada no extremo E., e aleatoriamente revestida a azulejo (*1); zona social no andar nobre e área privada no 2º andar. Nestes 2 pisos, a compartimentação distribuí-se a partir de um corredor longitudinal localizado sensivelmente a meio, registando-se diversas salas orientadas para o alçado principal e posterior; acede-se ao piso superior através de 2 escadas localizadas próximo dos extremos, por sinal ocupados por suites, compostas por quarto e pequena sala (antigo quarto de vestir). A capela, disposta contiguamente ao edifício descrito (a O.) e com acesso lateral por porta de verga recta com frontão curvo encimado por cruz, caracteriza-se pela existência de nave única e capela-mor separada por arco triunfal em cantaria, pano de muro revestido com silhar de azulejos de padrão (azulejo de fabrico industrial do século 20) e cobertura em madeira, distinguindo-se as figuras escultóricas existentes em 2 nichos laterais da capela-mor e numa peanha sobre o altar-mor (*2). Destaca-se ainda a presença do escudo dos condes de Aveiras (*3) sobre a porta principal de acesso à propriedade e de uma pedra de armas real no terreiro (*4).

Acessos

Avenida 25 de Abril, n.º 33; Rua José A. Paula Barroso. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,110479; long.: -8,869225

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série, n.º 301 de 31 dezembro 1997

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1203, 10 fevereiro - D. Sancho I doa o reguengo da Várzea de Aveiras a D. Pedro e a D. Guilherme, em troca de uma herdade em Sesimbra; 1207, janeiro - criação do concelho e paróquia de Aveiras de Baixo, com a doação do primeiro foral; 1210 - doação do senhorio de Aveiras de Baixo à infanta D. Sancha, filha de D. Sancho I, por disposição testamentária; 1212 - D. Afonso II, em contenda com as irmãs, incorpora o senhorio na Coroa; 1218 - confirmação do foral por D. Afonso II; 1223, 23 junho - D. Sancho II reconhece a legalidade das doações feitas a suas tias e contestadas pelo pai, D. Afonso II, tendo-lhes devolvido, em regime vitalício, a totalidade dos bens; 1229 - Aveiras de Cima reverte para a Coroa, com a morte de D. Sancha; 1422 - criação da Casa Senhorial de Aveiras de Baixo por D. João I, doada a Gonçalo Gomes da Silva; 1514, 19 setembro - concessão do foral novo por D. Manuel I, a Aveiras de Baixo; 1527 - a freguesia tem 48 vizinhos; 1640, 24 fevereiro - concessão do título de Conde de Aveiras a D. João da Silva Telo de Meneses, por D. Filipe III; séc. 17 - provável edificação de um primitivo palácio ou residência apalaçada dos condes de Aveiras, que tinham o privilégio de apresentar o pároco para a freguesia; séc. 18 - campanha de ampliação e transformação do edifício; 1712 - segundo o Padre Carvalho da Costa, tem 50 fogos; 1743 - descrição da casa que a revela essencialmente como ainda hoje existe (*5); 1811 - o Condado de Aveiras de Baixo está anexado à Casa do Marquês de Vagos; a freguesia tem 89 fogos; séc. 19, 2.º quartel - na sequência da posição tomada durante as lutas liberais, o conde de Aveiras, retira-se de Lisboa e fixa residência neste palácio, que transforma e adapta às novas funções de residência permanente da família; 1826 - a freguesia tem 89 fogos; séc. 19, década 30 - os Condes de Aveiras retiram de Lisboa para o local, onde passam a residir permanentemente; 1836 - o concelho é extinto, passando a integrar o da Azambuja; 1842 - o concelho tem 73 fogos;1949 - morre no palácio o 12º conde (e 6º marquês de Vagos), D. Nuno Paulo da Silva Telo de Noronha (n. 1887), que residiu no palácio e desenvolve agricolamente a propriedade, a denominada Quinta da Cerca.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira

Bibliografia

COSTA, Américo, Dicionário Corográfico, Vol. II, Vila do Conde, 1930; ANDRADE, Manuel Vaz Ferreira de, A Freguesia de São Cristóvão, Lisboa, 1944-45; ZUQUETE, A. E. Martins, Nobreza de Portugal, Vol. III, Lisboa, 1967

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1907 - substituição de caixilharias; década 40 / 50 - melhoramentos internos, com execução de instalações sanitárias e tratamento das pinturas; década 50 / 60 - edificação da capela.

Observações

*1: O facto de aí se observarem azulejos de padrão monocromos avulsos do séc. 17 e azulejos de composição figurativa/narrativa do séc. 18, bem como a existência de muros com diferente espessura e materiais, poderá indiciar essa área como parte provavelmente correspondente ao núcleo primitivo da construção; *2: Em madeira polícroma e estofada, provavelmente do século 18 ou mesmo finais do 17; *3: cuja leitura heráldica é a seguinte: em campo de prata um leão de púrpura armado de azul, no centro de uma bordadura de silva de cor verde em volta do escudo, como timbre a coroa de conde; *4: Proveniente de uma outra propriedade anteriormente em posse da família; *5: manuscrito na posse do proprietário do palácio.

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 1998

Actualização

Paula Correia 2004
 
 
 
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