Capela do Leão

IPA.00003926
Portugal, Castelo Branco, Fundão, Alpedrinha
 
Capela tardo-gótica, de planta retangular composta por nave e capela-mor, ostentando contrafortes diagonais. Portal em arco pleno com moldura almofadada, ladeado por colunas parcialmente estriadas e capitéis fantasiados decorados por cabeças, com frontão angular de marcação heráldica, tribuído a Nicolau Chanterenne ( ALMEIDA, J. A. Ferreira de, dir., 1984 ). Existência de frestas com lintel concheado. Arco triunfal ladeado por pilastras estriadas, capitéis decorados por cabeças de anjo e rematado por entablamento, vedado por gradeamento. Capela-mor com abóbada estrelada e grande número de nervuras, formando círculo central. Revestimento azulejar enxaquetado a branco e verde. Retábulo maneirista com tábuas pintadas.
Número IPA Antigo: PT020504060005
 
Registo visualizado 936 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave de planta rectangular justaposta a capela-mor de planta quadrada, com sacristia rectangular adossada à capela-mor. Cobertura diferenciada a duas águas. Fachada principal voltada a SE. com portal em arco de volta perfeita com moldura almofadada, ladeado por colunas caneladas na parte superior e com capitéis fantasiados ornamentados por cabeças de anjo, motivos vegetalistas estilizados e volutas. Apresenta medalhões com as figuras de São Pedro e São Paulo nas cantoneiras, mas interceptando o arco e tem remate em frontão triangular integrando pedra de armas *3 e vasos laterais. Sobre o vértice do frontão, assenta a imagem de Santa Catarina em mármore branco apoiada sobre peanha rosetada e encimada por baldaquino concheado. Fachada em empena com cornija e sineta lateral. Alçado NE. rasgado por duas frestas, de lintel recto na nave e concheado na capela-mor. Remate em cornija na capela-mor, encimada nos três lados por linha de pináculos compostos por peça cónica assente sobre peça cúbica estriada. Alçado SO. parcialmente adossado, com fresta entaipada na zona da nave e fresta com lintel concheado na capela-mor. Alçado posterior NO. cego com contrafortes diagonais rematados por gárgula de canhão. Remate com cornija encimada pelos pináculos referidos. INTERIOR com revestimento azulejar enxaquetado branco e verde, ao longo das quais existem bancos corridos em cantaria. Pavimento lajeado, integrando duas lápides tumulares e cobertura em betão com lajes de esteira à vista. O coro-alto, em madeira, com acesso através de escada de caracol e sustentado por vigas em ferro, possui o pavimento incompleto. Arco triunfal abatido com pé-direito moldurado, ladeado por pilastras estriadas com capitéis decorados por cabeças de anjo e rematado por entablamento. Capela-mor possui porta SO. de acesso à sacristia com arco conopial insculpido no lintel. Pavimento lajeado integrando lajes tumulares e cobertura em abóbada estrelada de quatro pontas com nervuras curvas formando círculo central, apresentando fecho com pedra de armas *3 e quatro bocetes pintados decorados por rosetas e figuração do sol. Conserva suportes parietais do retábulo e respectiva mesa moldurada em mármore branco e rosa. Este espaço encontra-se vedado por gradeamento de ferro de barras verticais e remate decorado com rendilha terminada em flor-de-lis. No lado NE., situa-se a pia de água benta ornamentada com bacia circular assente sobre coluna abalaustrada.

Acessos

Rua Jorge da Costa

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 32 973, DG n.º 175 de 18 agosto 1943 / Decreto nº 38 147, DG n.º 04 de 05 janeiro 1951 *1

Enquadramento

Urbano, situa-se a meia encosta, implantada em plataforma plana pavimentada com calçada à portuguesa e com uma palmeira e três cameleiras. Encontra-se parcialmente adossada ao Solar dos Morgados de Pancas (v. PT020504060055) e a muro de suporte de terras. O acesso é feito através de lanço de degraus e junto deste existe a Fonte do Leão *2.

Descrição Complementar

Retábulo apresenta uma configuração geral concordante com a parede da capela onde se encontrava colocado. Estruturado em nove molduras, organizadas em três registos separados por entablamento com frisos decorados por festões e cabeças de anjo e divididos horizontalmente em três eixos, delimitados por colunas salomónicas, sendo o coroamento constituído por motivo concheado. As molduras integram tábuas pintadas representando, no primeiro registo, Santa Catarina Falando aos Doutores, Santa Catarina em Êxtase e Degolação de Santa Catarina. No segundo registo, São Pedro e São Paulo, Assunção da Virgem e São Jerónimo e Santo Agostinho. No terceiro registo, Jesus no Horto, Cristo Crucificado e a Ressurreição. No interior da capela conservam-se ainda nove tábuas pintadas, uma das quais com retrato de D. Jorge da Costa, uma tela representando Santa Teresa, um crucifixo, uma imagem em madeira policromada de Santa Catarina e três imagens de menor dimensão, representando os Evangelistas. Sacristia integra nicho caiado em arco pleno, encimado por cruz papal. Pavimento lajeado e cobertura em betão com lajes de esteira à vista.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CANTEIROS: Nicolau Chanterenne ( atr. portal da Capela ); Mestre de Alpedrinha ( Retábulo ).

Cronologia

Séc. 15, finais - séc. 16, início - construção da capela dedicada a Santa Catarina, instituída por D. Martinho da Costa, irmão de D. Jorge da Costa, o célebre Cardeal de Alpedrinha, mas tendo cabido o cumprimento do testamento a seu sobrinho Cristóvão da Costa; provável importação de peças italianas, nomeadamente de painéis pintados ( M. C. Mendes Atanázio, 1984, p. 28 ); 1550, c. - execução do retábulo, pintado pelo anónimo Mestre de Alpedrinha; 1562 - morte de Cristóvão da Costa, sepultado na capela; 1562 / 1747 - tumulação de familiares do fundador; 1897 / 1898 - obras de arranjo da capela por iniciativa do então proprietário António Jorge Boavida; intervenção na pintura retabular por Ernesto Novak; 1940 - deslocação do retábulo para Lisboa a fim de participar na Exposição dos Primitivos Portugueses; foi restaurado na oficina do Mestre Mardel; 1951 - classificação da Capela do Leão e respectivo retábulo; 1951- a recolocação do retábulo é tentada oficialmente; a capela permanece com a cobertura arruinada; 1967 - compra do Solar dos Pancas, edifício anexo à Capela, pela Santa Casa da Misericórdia; 1968 - avaliação da Capela do Leão e seu recheio para a sua venda à Santa Casa da Misericórdia, o que não se verificou; o retábulo permaneceu na posse dos proprietários da Capela e encontrava-se em Lardosa; 1994 - o retábulo foi exposto na XI Bienal de Antiguidades que decorreu na FIL através da Galeria Arcada.

Dados Técnicos

Estrutura mista, paredes autoportantes.

Materiais

Granito, cantaria, aparelho isódomo, revestimento inexistente, mármore, madeira, azulejo, bronze, ferro forjado, telha de aba e canudo.

Bibliografia

LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1873; CUNHA, José Germano da, Apontamentos para a História do Concelho do Fundão, Lisboa, 1892; MOTTA, António José Salvado, Monografia d'Alpedrinha, Alpedrinha, 1933; GAMBOA, Álvaro, Alpedrinha, Sala de Visitas do Turismo, Alpedrinha, 1953; SANTOS, Reinaldo dos, Oito Séculos de Arte Portuguesa, Lisboa, s.d.; CORTESÃO, Jaime, Alpedrinha e as Varandas da Gardunha, Castelo Branco, 1965; DIAS, Jaime Dias, D. Jorge da Costa, Cardeal de Alpedrinha in Estudos de Castelo Branco, Castelo Branco, 1968, nº 25; SALVADO, António, Elementos para um Inventário Artístico do Distrito de Castelo Branco, Castelo Branco, 1976; ALMEIDA, José António Ferreira de, dir., Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1980; GIL, Júlio e CABRITA, Augusto, As Mais Belas Aldeias de Portugal, Lisboa, 1985; ATANÁZIO, M. C. Mendes, A Arte do Manuelino, Lisboa, 1984; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Lisboa, 1984; JUNTA DE FREGUESIA DE ALPEDRINHA, Alpedrinha, Alpedrinha, 1988; COUTINHO, Isabel, Retábulo de Alpedrinha que Esteve na FIL é Património Classificado. Uma Peça única do seu Tempo em Risco, Jornal Público, 15 Abril 1994; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74938 [consultado em 26 setembro 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

1940 - restauro das tábuas do retábulo; DGEMN: 1955 - plano das obras de restauro da Capela do Leão; reparação da cobertura; reconstrução da armação; beneficiação das valetas exteriores; limpeza de paramentos de silhares; 1963 - reparação da cobertura e reconstrução da armação do telhado; beneficiação em valetas exteriores; limpeza de paramentos de silhares; 1978 - reparação da cobertura.

Observações

*1 - o imóvel tem uma classificação conjunta com o Chafariz de D. João V (v. PT020504060113), tendo como DOF: Capela do Leão e Fonte Monumental, da época de D. João V que se encontra cerca daquela capela, todo o recheio da mesma capela e, em especial, os quadros que constituem o retábulo: 1) Santa Catarina falando aos Doutores; 2) Santa Catarina em Êxtase; 3) Degolação de Santa Catarina; 4) S.Pedro e S.Paulo; 5) Assunção da Virgem; 6) S.Jerónimo; 7) Cristo no Horto; 8) O Calvário; 9) Ressurreição. *2 - a Capela do Leão pertencia ao Senhorio de Pancas, mas cujo antigo solar se trata de um edifício do séc. 19; talvez a designação da capela esteja relacionada com a fonte que apresenta um leão esculpido no espaldar e que terá sido construída pelos Morgados de Pancas. *3 - pedra de armas de Cristóvão da Costa: escudo partido com roda de Santa Catarina no flanco dextro e 6 costas no flanco sinistro. *4 - refere-se sobretudo às tábuas pintadas e peças escultóricas que se conservam no interior da capela.

Autor e Data

Margarida Conceição 1994

Actualização

 
 
 
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