Castelo de Campo Maior / Fortificações de Campo Maior

IPA.00003756
Portugal, Portalegre, Campo Maior, São João Baptista
 
Arquitectura militar, medieval e moderna. Castelo e cerca urbana: período medieval; fortificação em relevo, estratégica, de detenção, orientada para Espanha, fazendo parte de uma primeira linha de defesa do Alentejo, a par com o Castelo de Ouguela, Elvas, Olivença e Juromenha. Fortificação abaluartada de época moderna; sobreposição sobre o castelo e cerca urbana; fortificação rasante. Janela renascentista na torre N. do castelo. Fortificações de grande extensão com elevado número de edifícios militares; são, depois das de Elvas, as mais importantes do distrito. Segundo Francisco Sousa Lobo (LOBO, 2008) possuía o único fosso aquático construído no país, tendo, no projecto, três ribeiras que confluíam para o fosso, alimentando-o.
Número IPA Antigo: PT041204030002
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Militar  Castelo e cerca urbana / Fortaleza    

Descrição

Fortificação abaluartada: magistral de traçado abaluartado formando polígono irregular de 10 lados com alguns troços de cortina desaparecidos; flanqueando as cortinas e partindo do sector S. e no sentido dos ponteiros do relógio, apresenta: baluarte da Boa Vista, meio baluarte de São Sebastião, Portas da Vila, meio baluarte de Lisboa, meio baluarte do Curral dos Coelhos, baluarte de Santa Cruz, baluarte do Cavaleiro ou de São João, meio baluarte do Príncipe, baluarte da Fonte do Concelho, meio baluarte de São Francisco, meio baluarte de Santa Rosa e poterna; a fortaleza ainda possui o fosso e a contra-escarpa em boa parte da sua extensão, nomeadamente de S. a NE., bem como 4 revelins; inúmeros edifícios militares têm hoje ocupação civil, conservando a traça original (armazéns, quartéis, cavalariças, habitações, etc.). Castelo e cerca urbana: o castelo possui 2 das 6 torres, de planta rectangular; as muralhas, de planta trapezoidal, estão ameadas e possuem adarve que permitem a circulação completa passando pelas torres remanescentes; também estas torres estão ameadas e, tal como as das muralhas, possuem terminação tronco-piramidal com arredondamento no topo; qualquer das torres tem sala abobadada ao nível do adarve, possuindo a torre N. uma janela com decoração renascentista; para S. estendem-se as muralhas da cerca urbana da vila velha, formando, de forma grosseira, uma meia elipse com 7 torreões (6 com planta rectangular e 1 com planta octogonal, a NE., por onde se realiza a entrada); as muralhas apresentam-se rebaixadas, tal como as torres, formando barbetas e possuindo canhoeiras; apenas uma das torres da cerca, a SO., junto a uma das portas falsas, possui ameias; a SE. a Capela do Senhor dos Aflitos (v. PT041204030022).

Acessos

EN 371, IP 373. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,011547, long.: -7,072374

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 15-03-1911, DG, 1.ª série, n.º 63 de 18 março 1911 (Castelo)

Enquadramento

Urbano. A magistral e as obras exteriores rodeiam completamente o Outeiro de Santa Vitória, no topo do qual se ergue o castelo, a 299 m de altitude, transformado em cidadela das fortificações abaluartadas. Em plena raia, a 10 km da linha de fronteira e a 18 km de Badajoz e de Elvas (lugares que se avistam das suas torres), a fortaleza está rodeada a N., NE. E. e SE. por edificação moderna e toda a vila se rodeia de terrenos de grande aptidão agrícola.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana / fortaleza

Utilização Actual

Cultural e recreativa: monumento / Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCAlentejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 15 / 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIROS MILITARES: Diogo Lopes de Sepúlveda (séc. 18); Luís Serrão Pimentel (1662); Manuel de Azevedo Fortes (1735); Nicolau de Langres (1647). Rossetti, Carlos Lassart, João Pascácio Cosmander

Cronologia

1230, após - conquista definitiva aos Mouros por tropas leonesas; 1260 - primeiro foral atribuído pelo Bispo de Badajoz; 1295 / 1296 - conquista por tropas portuguesas; 1297 - integração no território nacional pelo Tratado de Alcanices; 1310 - reconstrução do castelo por D. Dinis; Séc. 15 - 16 - durante os reinados de D. João II e D. Manuel, obras de ampliação e reabilitação; desenhado por Duarte d'Armas; Séc. 17 e 18 - construção da fortaleza abaluartada com adaptação do castelo e cerca urbana às novas armas de fogo, construção de armazéns militares, cavalariças e quartéis; 1640 - criação de um Conselho de Guerra e formadas as províncias militares: Minho, Trás-os-Montes, Beira, Estremadura, Alentejo e Algarve; 1644, a partir de - direcção das obras por Nicolau de Langres; 1647, 14 Maio - carta do engenheiro militar Nicolau de Langres, pedindo materiais para continuar as obras da praça, bem como as armas necessárias para a defesa da mesma; 1662 - obras nas muralhas por Luís Serrão Pimentel; 1712 - defesa da Praça frente a tropas espanholas (Guerra da Sucessão de Espanha); 1680, 22 Maio - D. Pedro, na qualidade de regente, envia a Campo Maior Mateus do Couto, D. Diogo Pardo e António Rodrigues para verificarem as obras e os planos de Luís Serrão Pimentel; 1732 - brutal explosão do paiol e destruição do castelo e cerca da vila velha, ficando esta completamente arrasada, bem como grande quantidade de habitações para além da cerca medieval; 1735 - construção de um armazém de pólvora, conforme risco de Manuel de Azevedo Fortes; 1736, 02 Julho - Diogo Lopes de Sepúlveda foi agraciado com o posto de sargento-mor, em agradecimento pela sua acção na reconstrução da praça; 1762 - defesa da Praça face ao exército espanhol (Guerra dos Sete Anos); 1801 - capitulação (Guerra das Laranjas); 1811 - capitulação (Guerra Peninsular); 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2010, janeiro - derrocada parcial das muralhas do castelo; 2014, 03 novembro - publicado no DR, 2.ª série, n.º 212, o Aviso n.º 12281/2014 relativo à aprovação da Proposta final do Plano de Pormenor da Fortificação de Campo Maior; 2016, 19 janeiro - publicado no DR n.º 12, 2.ª série, o Anúncio n.º 14/2016 relativo à abertura do procedimento de ampliação da classificação e redenominação do Castelo de Campo Maior, de forma a abranger o castelo e as fortificações medievais e modernas; 2016, 30 janeiro - início realojamento das famílias que desde a década de 1970 ocupavam o imóvel.

Dados Técnicos

Castelo: muralhas perpendiculares ao solo, a ligar torreões, descrevendo grosseiramente uma meia elipse; alvenaria de pedra disposta à fiada e argamassa de cal, com alguns jorramentos e cunhais de silharia. Fortificação abaluartada: cortinas escarpadas de traçado abaluartado, com paramentos de alvenaria de pedra disposta à fiada e argamassa de cal; fosso e contra-escarpa construída com a mesma técnica utilizada nas cortinas; enchimento dos muros a pedra miúda e terra argilosa; obras exteriores à base de maciços de terra confinados por muros escarpados formando revelins.

Materiais

Quartzito, granito, xisto, tijolo, argamassa de cal, pedra miúda, argila e terra.

Bibliografia

ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1946; ARMAS Duarte d', Livro das Fortalezas, Lisboa, 1990; AZEVEDO, Estêvão da Gama de Moura e, Notícias da Antiguidade, Aumento e Estado Presente da Vila de Campo Maior (...), Campo Maior, 1993; CARDOSO, Luís (Padre), Dicionário Geográfico de Portugal, Lisboa, 1751; CHAVES, Luís, Duas Notícias Históricas da Vila de Campo Maior, Guimarães, 1962; COSTA, Luís Couceiro, Memória Militar de Campo Maior, Elvas, 1912; DUBRAZ, J., Recordações dos Últimos Quarenta Anos, Esboços Humorísticos. Descrições Narrativas Históricas e Memórias Contemporâneas, Lisboa, 1868; FONSECA, Frei João Mariano de Nossa Senhora do Carmo, Memória de Histórica de Campo Maior, Elvas, 1913; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, Lisboa, 1943; LOBO, Francisco Sousa, A defesa militar do Alentejo, in Monumentos, n.º 28, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Dezembro 2008, pp. 22-33; MATTOS, Gastão de, Nicolau de Langres e a Sua Obra em Portugal, Lisboa, 1941; ROSSA, Walter, CONCEIÇÃO, Margarida Tavares e TRINDADE, Luísa, Raia e cidade, in Monumentos, n.º 28, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Dezembro 2008, pp. 6-21; RUIVO, João, O Castelo de Campo Maior, Correio Elvense, 31 de Maio de 1942; SELVAGEM, Carlos, Portugal Militar, Lisboa, 1994; VIEIRA, Rui Rosado, Campo Maior: de Leão e Castela a Portugal (Séculos XIII-XIV), s. l., 1985; VIEIRA, Rui Rosado, Campo Maior, Vila Quase Cidade Entre os Sécs. XVI-XVII, Campo Maior, 1987; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, 3 vols..

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; CMCM; Grupo Nabeiro

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; IPPAR

Intervenção Realizada

DGEMN: 1943 - obras de reconstrução; 1944 - obras de reconstrução; 1945 - obras de reconstrução; 1964 - reconstrução e impermeabilização das Portas da Vila; reconstrução das cortinas adjacentes; 1965 - reconstruções (meios baluartes do Curral dos Coelhos de Lisboa e de São Sebastião; 1966 - continuação das obras anteriores; reconstrução e reparação de ameias no castelo e colocação da porta da traição; 1967 - obras de conservação no castelo (torre N.) e meio baluarte do Curral dos Coelhos; 1968 e 1971 - restauro da Capela dos Senhor dos Aflitos; 1972 - obras de conservação no baluarte da Boa Vista e cortina adjacente para o lado do meio baluarte de Santa Rosa; reparação do altar da capela do Senhor dos Aflitos; 1973 - continuação dos trabalhos anteriores; 1980 - Restauros na muralha NO. do castelo, paiol, arcobotantes da muralha SO. e canhoeiras da cortina adjacente; 1982 e 1984 - reparação da cobertura e porta do edifício do Corpo da Guarda e do torreão adjacente; 1985 - recuperação do armazém do castelo; 1986 - continuação da obra anterior, restauros na torre O. do castelo, paiol e cortina interior no seguimento da muralha E. do castelo; reabilitações da cavalariça, Corpo da Guarda e Prisão adossadas ao troço NE. da muralha da cerca urbana, para servirem de salões de exposições, oficinas de artesanato, etc.; 1987 - continuação das reabilitações anteriores; IPPAR: DRE: 1996 - obras de beneficiação e reparação geral na Capela do Senhor dos Aflitos.

Observações

*1 - abrange a freguesia de Nossa Senhora da Expectação.

Autor e Data

Rosário Gordalina 1992 / Domingos Bucho 1997

Actualização

Rosário Gordalina 2004
 
 
 
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