Paço da Giela
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Portugal, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, União das freguesias de Arcos de Valdevez (São Paio) e Giela |
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Arquitectura residencial, gótica e manuelina. Solar gótico e manuelino inserindo-se planimetricamente na tipologia da chamada "casa-torre", conjugando assim ala residencial, irregular, a uma torre de época anterior. Segundo Carlos de Azevedo constitui um magnifico exemplo de habitação senhorial do final da Idade Média. Embora a ala residencial não seja de planta regular, as suas dimensões mostram a sua importância doméstica, numa altura em que a torre perdera a função inicial de defesa, visto já nem com ela comunicar. Ainda que resultante de 2 épocas distintas, este tipo de solar costuma preocupar-se em alinhar a ala residencial com a torre, o que não acontece com Giela. |
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Número IPA Antigo: PT011601140003 |
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Registo visualizado 2229 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo torre
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Descrição
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Edifício de planta composta, formado por torre quadrada e ala residencial adossada e avançada em relação à mesma com planta irregular, encurvando-se a nascente e formando recantos a S. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, mas muito derruídas. Torre alta, pouco fenestrada e coroada por merlões piramidais, alguns com seteiras. A E. a alguns metros acima do solo, tem porta com arco quebrado encimado por janela também de arco quebrado, existindo entre ambas 2 sulcos provocados pelos telhados de antigas construções que a ela se encostavam; no topo da fachada S. tem "machicouli". Ala residencial adossada ao cunhal NE. da torre e à qual não tem ligação; frontespício de 2 pisos tendo no 1º portal, descentrado de arco quebrado com pedra de armas sobre aduelas e enquadrado por maciço quadrangular com arco pleno criando varanda ao nível do 2º. piso; neste rasgam-se 5 janelas, sendo as 2 centrais molduradas e tendo colunelos e arcaturas. Entre as janelas distribuem-se gárgulas. Do coroamento restam pouquíssimos merlões chanfrados. Na fachada O. rasga-se portal simples de arco quebrado e ao centro do 2º piso janela ladeada por colunelos suportando friso com arcaturas, 2 torsais e pedra de armas. As restantes fachadas têm fenestração bastante irregular. |
Acessos
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EN. 202, Lugar do Paço. VWGS84 (graus decimais): lat.: 41,849724; long.: -8,408221 |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 |
Enquadramento
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Rural, isolado implantação harmónica. Ergue-se sobre uma pequena elevação, na margem esquerda do rio Vez, a cerca de 1 km. da vila, dominando ampla paisagem. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 14 / 15 / 16 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1258 - Nas Inquirições de D. Afonso III, a paróquia de São Vicente de Giela possuía oito casais pertencentes ao rei; 1288 - nas Inquirições de D. Dinis, Domingos Johannes de Geela jura que toda a Geela era honra, desde o tempo de Dom Nuno Geela, excepto 8 casais que pertenciam ao rei; séc. 14 - construção da torre, pertença da coroa; 1386, 15 Outubro - D. João I doou-a a Lopo Fernandes Pacheco; 1398, 5 Abril - D. João I deu de emprestimo ao seu Escrivão da Puridade, Gonçalo Lourenço a casa de Giela com todas as suas rendas e direitos e pertenças; 1399, 24 Junho - o monarca doou-a a Fernão Anes de Lima, fidalgo galego e emigrado político; 1429, 24 Janeiro - seu filho D. Leonel de Lima, que sucedeu por falecimento de seu irmão primógenito, tornou-se senhor da torre de Giela, por carta de D. João I; 1432, 12 Abril - D. João I especificou os rendimentos disponibilizados para o pagamento do dote e arras devidas pelo casamento de Leonel de Lima com Filipa da Cunha, sua criada, mas não refere Giela; 1433, 20 Novembro - confirmação das anteriores doações por D. João I, incluindo-se então a casa de Giela; 1476, 4 Março - D. Afonso V concedeu-lhe título de Visconde de Vila Nova de Cerveira; 1496 - sucedeu-lhe seu filho, 2º Visconde que não viveu em Giela; séc. 15, finais / 16, início - construção da ala residencial; 1573 - ao morrer o 4º Visconde, D. João de Lima, que pela sua natureza melancólica ali se refugiara, já o palácio estava concluído; 1662, 12 Agosto - o General Espanhol D. Baltazar de Roxas Pantoja ali estabelece seu quartel com numeroso exército, mas na noite de 3 Outubro, a artilharia do Conde do Prado fê-lo retirar, causando grande dano ao Paço; séc. 17 / 18 - alterações e acréscimos no corpo quinhentista; 1868, 15 Jan. - D. José Maria Xavier de Lima Vasconcelos Brito Nogueira Teles da Silva, 16º Visconde de Vila Nova de Cerveira, pelo seu feitio, incúria e desleixo deixou arruinar o paço de Giela, tendo-o vendido a Narciso Marçal Durães de Faria, sobrinho do Visconde de Porto Covo, em cuja família se manteve, mas como habitação de caseiros; 1973, 2 Janeiro - compra da metade indivisa do paço da Giela por Pedro Paulo Bon de Sousa Pernes em arrematação que teve lugar nos autos de execução fiscal administrativa que a Caixa Geral de Depósitos moveu contra o Dr. António de almeida Faria Lima e mulher; 1990 - adquirido por Duarte Nuno por 100 mil contos, para construção de um aldeamento turístico, tendo até sido elaborado um projecto; 1998 - encontrava-se à venda por 175 mil contos; 1999 - comprado pela Câmara Municipal de Arcos de Valdevez por 135 mil contos; 2013, 16 outubro - anúncio de procedimento n.º 5130/2013, publicado no DR n.º 200, 2.ª série, relativo à empreitada denominada Parque urbano do Paço de Giela - reabilitação do conjunto histórico edificado, com preço base de 999630.00 euros. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Granito, madeira. |
Bibliografia
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ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987; AURORA, Conde d', Roteiro da Ribeira Lima, Porto, 1959; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, Lisboa, 1969; AZEREDO, Francisco de, Casas Senhorais Portuguesa, Braga, 1978; BINNEY, Marcus, Casas Nobres de Portugal, Lisboa, 1987; GOMES, José Cândido, Terras de Valdevês, Arcos, 1899; GUERRA, Luís de Figueiredo da, Torres Solarengas do Alto Minho, Coimbra, 1925; PEREIRA, vítor, Siza Vieira vai riscar projecto de recuperação do Paço de Giela, O Primeiro de Janeiro, 11 Março 2000, p. 13; Quem quer o Paço de Giela por 175 mil contos? Monumento nacional posto à venda em Arcos de Valdevez in O Primeiro de Janeiro, Junho 1998; SILVA, Adriano Simões da, Património. Visita ao Paço da Giela, Notícias de Arcos, 24 Novembro 2005; SILVA, António Lambert Pereira da, Nobres Casas de Portugal, vol. 2, Porto, s.d; s.a., Um Belo Exemplar da Arquitectura Civil do Século XVI in O Comércio do Porto, 8 Outubro 1971. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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1939 - Diversos trabalhos na torre; 1943 - obras de completa reintegração na torre (limpezas de cantarias e refechamento de juntas das 2 fachadas principais). |
Observações
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Do primeiro paço, ou seja, da construção que se adossava à torre de carácter defensivo e que seria sua contemporânea, nada resta, a não ser os vestígios dos apoios do sobrado sobre a porta ogival e os sulcos marcados pelas linhas de telhado. Facto compreensível se atendermos que estes primeiros solares eram construídos em materiais perecíveis, normalmente madeira e só com o tempo alguns eram substituidos por materiais duradouros. No caso de Giela esta substituição foi pouco depois, o que aumenta a sua importância no contexto nacional. As janelas de decoração manuelina, os poucos merlões chanfrados ainda existentes e a gárgula de canhão atestam a sua construção no final do séc. 15 início do séc. 16. A Câmara Municipal possui um plano de aproveitamento turístico para o Paço de Giela, nomeadamente ali instalando o futuro Museu Municipal e o Arquivo Concelhio, um centro de artes e ofícios tradicionais e um anfiteatro natural. O escudo da janela virado a N. tem as armas dos Limas da Galiza: esquartelado tendo no I e IV Leão de púrpera; II e III de prata, 3 faixas xadrezadas de ouro e vermelho. |
Autor e Data
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Paula Noé 1992 |
Actualização
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Paula Noé 1998 |
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