Jazigo dos Viscondes de Valmor

IPA.00035920
Portugal, Lisboa, Lisboa, Penha de França
 
Jazigo projetado e construído entre 1899 - 1900 segundo o risco de Álvaro Machado (1874 - 1944), filia-se numa estética eclética de forte influência bizantina, verificável no recurso à planta de cruz grega utilizada para a capela coberta por uma cúpula de base oitavada, nas fachadas robustas e escalunadas, rasgadas por vãos inscritos arcos de volta perfeita sobre colunas compósitas, no uso de vitrais, e na profusa ornamentação, com cachorradas, boleados, motivos geométricos e motivos vegetalistas estilizados. Sendo de destacar ainda as quatro estátuas, de serena feição clássica, que se encontram nas bissetrizes dos ângulos reentrantes do mausoléu, representando as artes, Arquitetura, Escultura, Gravura e Pintura da autoria de, respetivamente, de Costa Mota, Tio (1862 - 1930), Fernandes Sá (1874 - 1959), Tomás Costa (1861 - 1932) e Moreira Rato, Sobrinho (1860 - 1937).
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Funerário  Jazigo    

Descrição

Planta quadrangular, na qual se inscreve uma capela em cruz grega, com cobertura em cúpula de base oitavada. Construído em pedra, apresenta paredes em pedra aparelhada, formando fachadas robustas e escalunadas, em empena triangular alteada, rasgadas por vãos inscritos arcos de volta perfeita sobre colunas compósitas, sendo todo o conjunto ornamentado com cachorradas, boleados, motivos geométricos e motivos vegetalistas estilizados. Fachada principal orientada a sudoeste, antecedida por seis pequenos degraus, que antecedem a porta de bronze inscrita em arco de volta inteira, encimada por óculo ao nível do segundo registo. Os cantos do edifício são cortados por colunas semelhantes às dos arcos que ladeiam os vãos e enquadrados por quatro esculturas de vulto representando as quatro artes de que era mecenas o homenageado, a Arquitetura, a Escultura, a Gravura e a Pintura, da autoria, respetivamente, de Costa Mota, Tio (1862 - 1930), Fernandes Sá (1874 - 1959), Tomás Costa (1861 - 1932) e Moreira Rato, Sobrinho (1860 - 1937). INTERIOR: acede-se ao interior a partir de uma porta de bonze da autoria de Vicente Joaquim Esteves, apresenta as paredes decoradas por quatro pinturas murais de carácter devocional, da autoria de Veloso Salgado (1864 - 1945), Carlos Reis (1863 - 1940), Conceição e Silva (1869 - 1958) e Ernesto Condeixa (1858 - 1933), e alfaias liturgicas da autoria do pintor e dourador Manuel João. O chão é de mármore escuro. Todo o imóvel é circundado por pequena grade de ferro com motivos Art Déco da firma Dargent & C.ª.

Acessos

Parada do Alto de São João, Cemitério do Alto de São João, à direita de quem entra no recinto murado. WGS (graus decimais) Lat.: 38,729325, long.: 9,122337.

Protecção

Categoria: MIM - Monumento de Interesse Municipal, Edital n.º 96/2016 de 03 outubro 2016 da Câmara Municipal de Lisboa, publicado no Boletim Municipal n.º 1182 de 13 outubro 2016

Enquadramento

Urbano. Inserido no Cemitério do Alto de São João, o qual se encontra no cimo de uma colina, na Penha de França, em zona de expansão urbana da década de 1940, circundado por altos muros. Ergue-se à entrada, de fronte do jazigo dos Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (v. IPA.00035396), que lhe é coevo.

Descrição Complementar

"Um dos últimos revivalismos de prolongamento finissecular, o neo-românico, o mais português e "moderno" de todos, graças às suas linhas secas e geometrizadas e sobretudo à clareza da sua definição volumétrica, é ensaiado exemplarmente por Álvaro Machado, precisamente em 1900 no projeto do vencedor do concurso para o Túmulo Valmor, o caso mais bem caracterizado da moda romântica deste período (França, 1990) que será desenvolvido durante as duas décadas seguintes" (TOSTÕES pp.508-509).

Utilização Inicial

Funerária: jazigo

Utilização Actual

Funerária: jazigo

Propriedade

Privada: Pessoa singular

Afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Álvaro Machado (1899 - 1900); CANTEIRO: Eduardo (1899 - 1900); ESCULTORES: Costa Mota, Fernandes Sá (1899 - 1900), Tomás Costa (1899 - 1900) e Moreira Rato, Sobrinho (1899 - 1900); PINTORES: Veloso Salgado (1899 - 1900), Carlos Reis (1899 - 1900), Conceição e Silva (1899 - 1900) e Ernesto Condeixa (1899 - 1900).

Cronologia

1898, 21 dezembro - morre, em Paris, Fausto de Queirós Guedes (1837 - 1898), segundo visconde de Valmor, par do reino e diplomata de carreira, que se havia distinguido como patrono das artes e criador do Prémio de Arquitetura com o seu nome; 1899, 09 janeiro - chega a Lisboa o corpo do diplomata, então sepultado no Cemitério do Alto de São João (IPA.00023321); 1899 - 1900 - é erguido o jazigo do Visconde Valmor, segundo projeto do arquiteto Álvaro Machado (1874 - 1944), que obteve a primeira classificação, no concurso aberto para o efeito pelo Grémio Artístico e parcialmente custeado pela Viscondessa de Valmor, nele trabalham diversos artistas nacionais de reconhecido mérito; a obra, dirigida pelo mestre-canteiro Eduardo, fica a cargo da firma Moreira Rato & filhos, pela importância de 24.000$000 réis, tendo a obra total orçado em 34.000$000 réis.

Dados Técnicos

Estrutura de cantaria aparelhada

Materiais

Pedra mármore, vidro, ferro e cobre

Bibliografia

CARVALHEIRA, Resendo - "Projecto de Álvaro Machado". A Arquitectura Portugueza, maio 1908, ano I, n.º 5, pp. 18 - 20; http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/21872959; TOSTÕES, Ana Cristina, “Arquitetura portuguesa do século XX”, in História da arte portuguesa / dir. Paulo Pereira. Lisboa: Temas e Debates, 1995, 3.º vol.

Documentação Gráfica

CML

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Tereno 2018

Actualização

 
 
 
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