Marcos Miliários em Arcozelo na Via de Braga a Tuy (série Capela)
| IPA.00003549 |
Portugal, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Arcozelo |
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Arquitectura de comunicações e transportes, romana. Marcos miliários romanos erguidos ao longo da via militar de Bracara Augusta, a cidade mais importante do "Conventus Bracaraugustanus", a Austurica, passando por Tuy e Lucus, aberta pelo Imperador Augusto (27 a.C. - 14 d.C.). Maria de Fátima da Silva Melo (1967) dá os marcos nºs 9 e 10 como inéditos. | |
Número IPA Antigo: PT011607040001 |
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Registo visualizado 2974 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto arquitetónico Estrutura Transportes Marco Marco miliário
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Descrição
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Dos marcos miliários erigidos junto à via que ia de Braga a Tuy foram detectados 11 dentro do concelho de Ponte de Lima (v. PT011605200001 e PT01160800001), desconhecendo-se actualmente o paradeiro de 2 deles. São monólitos cilíndricos, com diâmetros diferentes, variando a altura de 66 cm. a 2,5 m. Apresentam inscrições, mais ou menos legíveis, algumas vezes acrescentadas, enumerando os títulos honoríficos dos Imperadores a que devem a sua construção, indicando as milhas a que se estava de Braga e, por vezes, dando o numerário da série. O miliário exposto no Museu Etnológico de Belém, em Lisboa, foi cortado ao meio, outro foi cortado por ter sido adaptado a peso de lagar, etc. |
Acessos
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VWGS84 (graus decimais) lat.: 41,792580; long.: -8,592023 (à freguesia) |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 |
Enquadramento
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Rural. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Transportes: marco miliário |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Privada |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 02 / 04 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Cronologia
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nº1: 139, 10 Dez. / 134, 9 Dezembro - feitura, desconhecendo-se a sua proveniência; 1887 - estava na Quinta de Antepaço, à saída da ponte romana, não devendo ter vindo de muito longe, visto a estrada passar perto; nº2: 213, 10 Dezembro / 214, 9 Dezembro - feitura; 1887 - estava na Qta de Antepaço, estando actualmente, como o anterior, na Quinta de Faldejães; nº3: 1887 - encontrado por Reis Lemos à entrada do portão da Qta do Antepaço com "uma gramalheira de ferro enchumbada", e onde ainda permanece; nº4: 292 / 306 - construção, desconhecendo-se o local exacto da sua proveniência; 1887 - estava na Qta de Antepaço, e actualmente no jardim da Qta de Faldejães; nº5: 238, 1 Janeiro / Junho, meados - feitura, já que refere o "Imperium 7º" de Maximino; Luís Guerra diz que estava enterrado no Campo de Santo Amaro (freguesia da Feitosa); 1641 - Fr. António Pereira Lima, irmão do morgado Francisco Pereira da Silva, manda-o trazer para Bertiandos, onde lhe foi acrescentado um remate; como o marco tinha de passar para a margem oposta do rio Lima, a Câmara Municipal de Vila obrigou o fidalgo a lavrar uma escritura responsabilizando-se pelos prejuízos que pudesse causar na ponte; 1795 - constituindo-se o Couto de Bertiandos, colocaram o marco perto da cadeia, próximo do rio, destinando-o a pelourinho; 1835 - extinção do couto; 1886 - conde Gonçalo Pereira, delineando o parque defronte da casa pô-lo resguardado por uma sebe, mas bem visível ao público; nº6: de impossível datação, encontra-se dele um fragmento no passal da freguesia; nº7: 235 / 238 - feito no período do governo do Imperador Maximino; 1744 - referido nas Memórias para a História Eclesiástica do Arcebispado de Braga, de D. Jerónimo Contador de Argote, como sendo 2 padrões e estando na Quinta da Agra, mostrando já estar cortado ao meio; 1882 - Miguel Roque dos Reis Lemos diz que suportavam a latada da Qtª da Pedrosa, de João Crisóstomo Correia Guerreiro, cujo pai (segundo informação fornecida) os havia cortado; 1895 - referidos por Martins Capela; 1905 - Pe. Manuel José da Cunha Brito dá-o para o Museu de Arqueologia e Etnologia de Belém, onde ainda hoje se encontra; nº8: séc. 4, 1ª metade - feitura, visto referir um filho do Imperador Constantino I; desconhece-se a sua proveniência e foi descoberto pelo Pe. Manuel Dias servindo como marco de Freguesia; nº9: 235 / 238, - feitura, desconhecendo-se a sua proveniência; 1961, Julho - foi encontrado no passal da freguesia por Alexandre Amorim, apresentando-se cortado; nº10: séc. 04, 1ª metade - feito durante o governo do Imperador Constantino Magno, referido na inscrição; desconhece-se o local de proveniência e foi descoberto servindo de apoio à varanda de uma casa; nº11: 1890 - Bernardo Sena Freitas referiu que "houve uma coluna no lugar de Camboa, na freguesia de Labruja, por onde vinha a estrada, a qual achou um lavrador chamado João Álvares daquele lugar e que rachou em 4, para esteios duma latada; tudo isto se tirou da via militar"; desconhece-se o seu actual paradeiro ou se é o mesmo que serviu a uma latada na freguesia da Correlhã. José Rosa Araújo (1962) diz ter indicação de um outro marco, nas imediações da capelinha de S. João da Grava, cuja parte superior foi escavada para servir de pia de água benta. |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante. |
Materiais
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Granito. |
Bibliografia
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LEMOS, Miguel Roque dos Reys, Monumentos Romanos em Ponte de Lima in Pero Galego, 1º Ano, nºs 24 e 25, Viana do Castelo, Setembro 1882, p. 1 - 3 e 1 - 2; idem, Anais Municipais de Ponte de Lima, Viana do Castelo, 1936; AURORA, Conde d', Roteiro da Ribeira Lima, Porto, 1959; ARAÚJO, José Rosa da, Caminhos Velhos e Pontes de Viana e Ponte de Lima, Viana do Castelo, 1962; MELO, Maria de Fátima da Silva, Arqueologia do Concelho de Ponte de Lima (Dissertação de Licenciatura em História), s.l., 1967; SANTOS, Luciano A. dos, Miliários Inéditos da Via Romana de Braga a Tuy, Sep. da Rev. Arquivo do Alto Minho, vol. 24, III série, Viana do Castelo, 1979; ARAÚJO, José Rosa de, O Miliário da Correlhã, Sep. Almanaque de Ponte de Lima, Braga, 1980. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - Também pertencem às freguesias de Bertiandos, Calvelo, Feitosa, Fornela e Lobruja. *2 - Os marcos, colocados de milha a milha, indicavam ao viadante o número de milhas a que se estava de Bracara Augusta e apresentavam-se-lhe, na sua mole imponente, como homenagem morredoira ao Imperador reinante cujo nome ficava gravado. Este era acompanhado por títulos honoríficos como "Pontifex Maxmius" (nº 1 e nº 5), "Domini Nostri" (nº 5) e "No Bilissimus" (nº 5, 7 e 9), o qual apareceu atribuído pela primeira vez na Península a Deadumeniano (217 - 218) e depois a Máximo (235 - 238), período a que estes 3 pertencem. A enumeração destes outros títulos tornou-se cada vez mais extensa, por vaidade do Imperador ou bajulação dos seus inferiores, levando mesmo à adulteração do significado dos marcos que por vezes marcam a mesma distância (caso dos nº 1 e 2) ou até mesmo à sua eliminação (caso dos nºs 4, 8 e 9). A série de imperadores apontados nos marcos miliários do concelho de Ponte de Lima (Adriano, Caracala, Maximino e Máximo, Constâncio e Constantino), revelando reedificações sucessivas da via, vem provar a notável importância que ela detinha e do seu uso constante. Segundo José Rosa Araújo, a via romana para Tuy devia entrar no Concelho de Ponte de Lima (freguesia de Anais) pelo sítio de Logoeira, iria à Gandra, passaria no talho, Cruzeiro e iria ter ao cruzamento da Sé da Cruz, donde endireitava pela Empregada à Quinta do Baganheiro, já na freguesia de Queijada donde passaria na Ponte Nova. Daí viria ao Cercal (Rebordões) à Silvosa e passaria junto da ermida de S. Brás, pela laje e iria a Santo Amaro. Daí a Gaia (freguesia da Arca) donde havia uma bifurcação: o caminho mais antigo metia à Graciosa, donde vinha ao hospital de São João de Deus ou Quartéis e pela antiga calçada do correio entrava na porta de Braga. O outro caminho viria ao Senhor do Pinheiro. Depois de entrar na vila, a via passava pela ponte romana para a margem direita do rio, indo por Faldejães onde se desviava pelo "caminho das tojeiras". Segue sempre este caminho atravessando a estrada nacional até às "Cancelinhas" onde há uma bifurcação; a via é o caminho da direita que vai ter à Igreja Paroquial de Arcozelo; aqui ultrapassa o rio pela Ponte de Jeira e segue o seu percurso passando por "Coutado", "Borrelho", "Cerdura", "Carvalho Mouco", "Moinho do Folão", deixando aqui de seguir o rio e passando à estrada de Cepões, pela "Ponte do Arco". Daqui a via segue em direcção à freguesia de Labruja passando por "Freita", "Vinhó de Baixo", "Casa Branca", "Eiras" e "Espinheiros"; encontra-se novamente uma bifurcação sendo a via o caminho da esquerda, que vai pela "Portela Pequena", entrando depois no concelho de Paredes de Coura. |
Autor e Data
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Paula Noé 1992 |
Actualização
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