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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Agrícola e florestal Quinta
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Descrição
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Planta quadrangular simples, de volume único, sem cobertura, mas sendo visíveis os remates em beirada simples, exceto na fachada posterior, em beirada dupla. Evolui em dois pisos e encontra-se em estado de ruína. Fachadas em alvenaria de pedra, predominantemente basáltica, apresentando vestígios de reboco, rasgadas por vãos retilíneos, emoldurados a cantaria. A fachada principal, virada a S., é enquadrada por cunhais em cantaria de calcário, rematados superiormente por filete de pedra entre o friso e o beirado e bases compostas por pedra de soco, sobrepujada de listel, bocel e caveto; uma listra pintada a azul percorre todo o alçado à altura do friso. É rasgada por três portas, uma janela e uma fresta no piso inferior, e, no superior, três janelas de sacada, com bases recortadas, em cantaria, e guardas em ferro, alternando com duas janelas de peitoril, de modo simétrico. A fachada lateral esquerda tem duas portas e duas janelas no piso inferior, tendo quatro janelas de peitoril no superior. Fachada lateral direita com duas portas e duas janelas de diferentes dimensões no piso térreo, encimadas por quatro janelas de peitoril. A fachada posterior tem vestígios de múltiplas transformações e acrescentos, com alguns vãos no piso térreo e três janelas no superior. Esta abre para uma área de serviço, limitada por um muro, formando logradouro. INTERIOR com o piso térreo marcado por alguns arcos estruturais, de suporte do piso principal, em alvenaria de tijolo. O segundo piso tem as paredes rebocadas e com vestígios de pinturas murais. |
Acessos
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A N. do Núcleo Urbano de São Julião do Tojal, com acesso por caminho a partir da Rua Alfredo Dinis |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Rural, implantado em área livre que se estende entre a Via de Cintura a N. e a NO., a Rua Alfredo Dinis, a. E., e uma extensa parcela de uso industrial a S. e SO. limitada por linha de água que conflui com a Ribeira de Santa Clara junto à Quinta da Estrada, correndo em direção à Várzea *1. |
Descrição Complementar
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Não aplicável |
Utilização Inicial
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Agrícola e florestal: quinta |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1341 - primeiro emprazamento desta herdade, pertença do Mosteiro de São Vicente de Fora, repartida por 19 courelas, a Pedro Martins, clérigo, a Estevão Domingues e a 14 outros foreiros, com a obrigação de cultivarem vinha no prazo de 10 anos; 1387 - aforam-se 2 destas courelas, 1 de vinha e outra de cereal, a João Gonçalves; 1454 - faz-se Prazo de toda a herdade de Valbom, a Pedro Eanes de Alvalade e a sua mulher, Maria Afonso; 1463 - aforam-se 2 courelas de cereal a Rodrigo Aires; 1475 - faz-se Prazo de 1 vinha e de 1 herdade de pão que haviam sido de Luís Afonso, a Gomes Anes; 1505 - afora-se 1 courela de cereal a Fernando Eanes; 1509 - João Calado compra algumas courelas e cria uma quinta, incluindo um almargem situado entre a fonte e um álamo; 1511 - João Calado compra mais uma terra junto à propriedade, por renúncia de Fernando Eanes; 1526 - João Calado compra mais uma courela de cereal, situada a N., a Lopo Fernandes, meirinho; 1527 - João Calado compra outra courela de cereal a Catarina Anes; sucede-lhe o seu filho Diogo Calado e a este, a sua filha Catarina Duro, casada com António Coelho, cirurgião; 1549 - o Mosteiro de São Vicente de Fora faz novo Prazo da propriedade a António Coelho e Catarina Duro; 1590 - Francisco Lagarto *2 compra algumas parcelas da quinta a Joana Calado, e à sobrinha desta, Maria Coelho; compra de uma courela a António Brochado, a E., junto ao caminho para Bucelas. 1596 - Francisco Lagarto constrói "umas casas nobilíssimas"; sucede-lhe sua mulher, Brites Mendes da Costa; 1606 - a casa da Quinta é constituída por três corpos separados por pilastras, aos quais corresponde um telhado de tesouro tripartido (DGLAB/TT: Mosteiro de S. Vicente de Fora, liv. 22; SEQUEIRA, 1935); é proprietário Manuel Cirne *3, casado com Leonor Soares, filha de Francisco Lagarto e sobrinha de João Álvares Soares (v. Quinta da Bandeira - IPA.00034919 e Igreja Paroquial de São Julião do Tojal - IPA.00020201); sucede-lhe seu filho, Francisco Cirne; 1660 - possui esta quinta Carlos Pessanha da Silva, filho de Francisco Cirne e de Maria Castro do Rio; séc. 17 - 18: construção do edifício atual. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Paredes em alvenaria de calcário e basalto; arcos estruturais em tijolo maciço; modinaturas em cantaria de calcário; portas e janelas em madeira. |
Bibliografia
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SEQUEIRA, Gustavo de Matos - A Abelheira e o Fabrico do Papel em Portugal: história de uma propriedade e de uma fábrica. Lisboa: s.n., 1935. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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CMLoures: arquivo DPMOT |
Documentação Administrativa
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DGLAB/TT: Cónegos Regulares de St.º Agostinho, Mosteiro de S. Vicente de Fora, liv. 22, 1606 |
Intervenção Realizada
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Nada a assinalar. |
Observações
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*1 - Em 1606, a propriedade estendia-se para Sul até ao aglomerado de São Julião do Tojal, junto ao local onde se encontra a capela de São Sebastião. Existia também um caminho direto entre a casa da então designada Quinta de Valbom e a rua principal de São Julião, atravessando os olivais da corredoura, situados a N. do aglomerado. *2 - Francisco Lagarto foi Vedor da Fazenda de Cochim, Feitor de Baçaim, Alcaide-Mor da Fortaleza de Ormuz. *3 - Manuel Cirne foi comendador da Ordem de Cristo e fidalgo da Casa Real. Serviu na Índia. Foi morto violentamente por Francisco Martins Ferrão que, por esse motivo, foi degredado para Angola. |
Autor e Data
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Fernanda Ferreira, Frederico Pinto, Manuel Villaverde (CMLoures) 2013 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures) |
Actualização
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