Povoado romano de Tróia / Ruínas de Tróia
| IPA.00003454 |
Portugal, Setúbal, Grândola, Carvalhal |
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Aglomerado urbano. Povoado romano cujo desenvolvimento esteve relacionado com a actividade conserveira da salga de peixe, integrando numerosas cetárias, além do equipamento urbano característico dos povoados luso-romanos: habitações, termas, necrópole, columbário, basílica de quatro naves, com frescos de inspiração paleo-cristã, que se aproximam de outros em igrejas asturianas (ALMEIDA, 1971). O columbário (sepultura familiar) é um exemplar raro em território português. Junto à basílica existia uma construção circular, a N. da actual capela, provavelmente um baptistério, entretanto desaparecido, descrito por Marques da Costa (1933), que ainda viu um "crismon" pintado nas paredes da basílica, por ele interpretada apenas como uma capela sepulcral. |
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Número IPA Antigo: PT041505050001 |
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Conjunto urbano Aglomerado urbano Povoado Povoado romano
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Descrição
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As ruínas do agregado populacional compreendem uma área habitacional, um balneário, quatro zonas de enterramento, um núcleo religioso, além de vários núcleos industriais. Ruínas de edifícios de habitação, de um e dois pisos, formando quarteirões separados por ruelas, algumas luxuosas com mosaicos em opus vermiculatum, estuques com pintura a fresco; balneário - com vestíbulo, frigidarium, tepidarium e caldarium sobre hipocaustum, piscinas e sala de ginástica; vestígios de mosaicos em opus vermiculatum numa das piscinas; necrópoles de tipologia diversa: sepulturas sobrepostas numa altura de 7 m (margem da Caldeira), sepultura de incineração de Galla, mausoléu de planta quadrada com nichos abertos nas paredes, para guardar urnas cinerárias, sepulturas de superestrutura quadrangular (junto à basílica); basílica paleo-cristã - com duas partes distintas: a nave (22,5 x 13 m.), com vestígios de 8 bases de colunas e de arranques de arcadas transversais, a ábside, a O., com pavimento mais elevado, paredes estucadas e pintadas a fresco, com marmoreados, elementos geométricos e emblemáticos; cetárias - grande número de tanques de salga rectangulares e quadrangulares, contíguos, forrados em opus signinum e sem comunicação, com poços de boca circular nas proximidades, para fornecer água para a salmoura. |
Acessos
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Via Setúbal, por barco, ou por Est. via Alcácer, Grândola ou Santiago do Cacém |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP / Zona "non aedificandi", Portaria, DG, 2.ª série, n.º 155 de 02 julho 1968, Declaração de retificação n.º 1699/2010, DR, 2.ª série, n.º 164 de 04 agosto 2010 |
Enquadramento
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Rural, costeiro. Na parte N. da península de Tróia do lado do estuário, na margem esquerda do Rio Sado, numa restinga delimitando pelo E. um pequeno esteiro em forma de fenda, a Lagoa. Sobranceira às ruínas romanas, no alto do cabedelo, à entrada da boca da lagoa, a capela de Nossa Senhora dos Prazeres. |
Descrição Complementar
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Entre o espólio contam-se objectos de cerâmica, pesos de rede, lucernas, vidros, moedas, anzóis, agulhas de cozer rede, esculturas. |
Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Afectação
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Época Construção
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Época romana |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Não aplicável |
Cronologia
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Séc. 01 - início da ocupação, que se prolongou até inícios do séc. 06, por povo luso-romano cuja principal actividade era a pesca, o fabrico e a exportação de conservas de peixe. A submersão de parte da povoação terá sido motivada por um fenómeno de transgressão marinha (fenómeno inicial de afundamento seguido de levantamento já com sedimentos), associado a vagas sísmicas e à acção erosiva do Sado (SILVA, 1966); séc. 01 - 02 - necrópole de incineração; séc. 03 - estrato de enterramentos por inumação na necrópole: Época Medieval - enterramentos superficiais (2 m.) na necrópole; 1992, 22 janeiro - portaria n.º 40/92, DR, 1.ª série-B, n.º 18 relativa à Zona Especial de Proteção e Zona "non aedificandi"; 2008, 25 julho - proposta de alteração da Zona Especial de Proteção da Sonae Turismo; 12 novembro - parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR relativo à alteração da Zona Especial de Proteção; 2009, 22 setembro - despacho de homologação à alteração da Zona Especial de Proteção do Ministro da Cultura; 2009, 05 novembro - portaria n.º 1170/2009, relativa à alteração da Zona Especial de Proteção. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Cantaria e alvenaria de pedra (calcário da Arrábida, grés, conglomerado vermelho do alto do Viso), tijolo, mosaico. |
Bibliografia
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APOLLINARIO, Maximiano, Estudos sobre Tróia de Setúbal, in O Arqueólogo Português, vol. 3, Lisboa, 1897; COSTA, A. Marques da, Estudos sobre algumas estações da época luso-romana nos arredores de Setúbal, in O Arqueólogo Português, vol. 26, Lisboa, 1924, vol. 27, Lisboa, 1929; vol. 29, Lisboa, 1933; SILVA, Carlos Tavares da, CABRITA, Mateus Gonçalves, O problema da destruição da povoação romana de Tróia de Setúbal, in Revista de Guimarães, vol. 76, Guimarães, 1966; ALMEIDA, Fernando de, MATOS, José Luís de, Frescos da Capela Visigótica de Tróia, Setúbal", in Actas do 2º Congresso Nacional de Arqueologia, vol. 2, Coimbra, 1971; ALARCÃO, Jorge, Portugal romano, Lisboa, 1974; SOARES, Joaquina, Estação romana de Troia, Grândola, 1980; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Arte paleo-cristã da época das invasões, in História da Arte, vol. 2, Lisboa, 1986. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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Séc. 18, 2ª metade - escavações patrocinadas por D. Maria I; 1850 - a Sociedade Arqueológica Lusitana procede a explorações em casas de habitação; 1924 / 1933 - escavações dirigidas por Marques da Costa; 1948 / 1955 - Dr. Leite de Vasconcelos; 1963 - início dos trabalhos arqueológicos dirigidos pelo Prof. Manuel Heleno e Dr. D. Fernando de Almeida; 1976 - assentamento de uma estrutura metálica para defender os frescos da capela paleo-cristã. |
Observações
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Junto à capela foi descoberto um baixo relevo figurando cenas do culto mitraico. |
Autor e Data
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Isabel Mendonça 1992 |
Actualização
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