Casa Grande no Morro da Cruz / Museu Nacional da Escravatura
| IPA.00034169 |
Angola, Luanda, Luanda, Luanda |
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Arquitetura residencial e comercial, setecentista. Casa de habitação, denominada "Casa Grande", e entreposto do comércio de escravos, de planta em L, com capela facetada destacada num dos ângulos. | |
Número IPA Antigo: AO911107000072 |
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Registo visualizado 606 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa
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Descrição
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Planta retangular irregular composta pela denominada casa grande em L e capela facetada no ângulo NO.. Volumes escalonados com coberturas em telhados de quatro águas na casa grande, de duas na ala mais baixa e facetada na capela, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, rasgadas por vãos retilíneos sem molduras. Casa grande com uma ala de dois pisos, com a fachada mais larga virada a SO. rasgada por três janelas em cada piso, abrindo-se na lateral esquerda uma porta e na oposta uma única janela, ambos no piso térreo. A outra ala é mais baixa e de um só piso, abrindo-se a SE. uma porta e janela e na fachada oposta uma porta. Capela com fachada principal virada a NO., terminada em empena, ligeiramente truncada, coroada por cruz latina de cantaria e dois pináculos piramidais laterais; é rasgada por porta de verga reta encimada por brasão de família; nos panos laterais abre-se uma janela. |
Acessos
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Samba; estrada que liga Luanda à Barra do Kwanz, ao Km 23; Morro da Cruz |
Protecção
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Enquadramento
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Marítimo, isolado, implantado no cimo do Morro da Cruz, com larga escadaria de acesso, dispondo-se à beira mar. À volta da casa existia inicialmente um quintalão. |
Descrição Complementar
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Do acervo do museu fazem parte instrumentos de coerção e imobilização, como algemas, pesos e dispositivos de madeira, palmatórias, armas de caça, zangaias e flechas, utilizados na altura do tráfico e pinturas que retratam a escravatura. Possui ainda pias baptismais, lápides inscritas, uma delas transcrevendo um trecho do discurso feito por Martin Luther King: "Quem somos nós. Somos descendentes de escravos, somos a prole de homens e mulheres com dignidade e honra, duma história rica e nobre, mas também somos herdeiros de um passado doloroso de exploração. Eu não me envergonho disso, envergonho-me, sim daqueles que foram tão pecaminosos que nos fizeram escravos. Martin Luther King, Jr. 1967 Atlanta EUA". Uma outra lápide, com as armas de Angola, tem a inscrição: "República de Angola, Ministério da Cultura, Museu Nacional da Escravatura, Fundado a 7 de Dezembro de 1977". |
Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Público: estatal |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 18 - construção da casa pelo fidalgo português, Álvaro de Carvalho Matoso, cavaleiro da Ordem de Cristo e almirante das naus portuguesas para as Índias *1; 1798 - data da morte de D. Álvaro na sua casa, tendo os seus familiares e herdeiros continuado a exercer o tráfico de escravos; 1836 - até esta data servia de local de trânsito e embarque de escravos angolanos, prática que as potências europeias começaram então a condenar; dezembro - Visconde de Sá Bandeira apresenta decreto à Rainha de Portugal, D. Maria II, em que, apesar de não constar nada relacionado com a abolição da escravidão, nem com a circulação dos escravos em território africano, já proibia a exportação dos escravos por mar para as colónias da América; 1850 - o Brasil fecha os seus portos à importação de escravos, dando início ao processo de decadência do tráfico de escravos; 1843 - os escravos de origem angolana somavam 33% dos escravos traficados para o continente Americano; dos 385.000 escravos exportados da África Central, 243.000 saíram através dos portos de Cabinda, Zaire, Ambriz, Luanda e Benguela, sendo o Morro da Cruz um desses portos de embarque; 1858, 29 abril - decreto prevendo a liberdade dos escravos nas colónias; 1869, 25 fevereiro - decreto real declara "libertos" todos os que eram escravos nessa data, estabelecendo, no entanto, que eles deveriam continuar a prestar serviços aos seus antigos "donos", em troca de um pequeno salário; 1875, 28 abril - decreto dá a liberdade definitiva aos "libertos", um ano após esta data, mantendo-os, porém, sob a tutela pública; 1878, 29 abril - a partir desta data preparam-se as leis trabalhistas que iriam estabelecer regras diferentes das leis europeias para as colonias; 1954, 20 maio - Decreto-Lei n.º 39.666 revoga o "estatuto indígena", passando a considerar todos os cidadãos das colónias como "cidadãos portugueses"; 1961, 13 dezembro - diploma legislativo extingue a "taxa pessoal anual" ou "imposto indígena", sendo criado em substituição o "imposto geral mínimo", que deveria ser pago por todos os cidadãos portugueses de todas as raças e condições sociais; 1975, 11 novembro - Independência de Angola; 1997, 7 dezembro - adaptação a Museu Nacional da Escravatura, com o objectivo de informar sobre a história da escravatura em Angola. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; cruz e brasão de cantaria; cobertura de telha. |
Bibliografia
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(http://fotoangola.weblog.com.pt/museo_da_escrav), [consultado em 10-02-2012]; (http://www.revistamuseu.com.br/naestrada/naestrada.asp?id=1538), [consultado em 10-02-2012]; (http://hilceliafalcao.wordpress.com/2009/05/12/museu-da-escravatura/), [consultado em 10-02-2012] |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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EM ESTUDO. *1 - D. Álvaro de Carvalho Matoso era filho de D. Pedro Matoso de Andrade, que foi capitão-mor dos presídios de Ambaca, Muxima e Massangano, em Angola, e um dos mais inveterados comerciantes de escravos da costa africana, na primeira metade do século 18. *2 - A capela da Casa Grande, onde se localiza o Museu, era o lugar onde os escravos eram baptizados antes de embarcar nos navios negreiros que os levavam às colónias. |
Autor e Data
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Manuel Freitas (Contribuinte externo) e Paula Noé 2012 |
Actualização
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