Sinagoga de Tomar / Museu Luso-Hebraico de Abraham Zacuto
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Portugal, Santarém, Tomar, União das freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais |
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Sinagoga quatrocentista de planta retangular, composta por três naves, semelhante à da sinagoga de Safed, em Israel, construída pelo judeu sefardita de Toledo, Joseph Caro, em peregrinação a Jerusalém, repetindo portanto uma tipologia peninsular. (LAPA, 1989, p. 46); apresenta afinidades espaciais com a cripta da Igreja Matriz de Ourém (v. IPA.00006323), com idêntico tratamento do espaço interno e semelhante sistema acústico, com bilhas dispostas com o bocal para baixo, nos cantos da abóbada. A cobertura em abóbada de ogivas assenta em mísulas e colinas, as primeiras representando as Doze Tribos de Israel e as colunas assinalam as quatro Matriarcas de Israel, Sara, Rebeca, Lea e Raquel. |
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Número IPA Antigo: PT031418120011 |
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Registo visualizado 1949 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Sinagoga
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Descrição
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Planta retangular formada por dois lotes de casas, adossadas, a do lado esquerdo correspondente ao templo, que não deixa antever a planta interna, de três naves, e a do lado direito de habitação, de volumes articulados, com coberturas em telhados de duas águas, rematadas em beirada dupla. Fachada principal virada a norte, rebocada e pintada de branco, rasgada por vãos retilíneos e com molduras simples, estando as demais adossadas. A área correspondente ao templo é rasgada por portal *2 rematado por frisose cornija, ladeada por dois postigos. O pano correspondente à habitação é de dois pisos, o inferior rasgado por duas portas de dimensões distintas e pequena janela jacente, surgindo, no segundo, uma janela de peitoril. INTERIOR do templo com 9,50 por 8,25, com as três naves separadas por quatro colunas cilíndricas segmentadas, com bases chanfradas e capitéis de lavores geométricos e vegetalistas, que sustenam abóbadas de ogivas. Em cada ângulo, existem dois orifícios que comunicam com o bocal de bilhas de barro, embutidas nas paredes, viradas para baixo, para melhoria da acústica do templo, uma delas está parcialmente visível. A zona habitacional é dividida em vários compartimentos, comunicando com o templo por galeria. |
Acessos
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Tomar, Rua Dr. Joaquim Jacinto, n.º 73 a 77 |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 7621, DG, 1.ª série, n.º 154 de 29 julho 1921 *1 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 258 de 06 novembro 1946 |
Enquadramento
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Urbano, adossado a edifícios de habitação, perfeitamente integrada no casario, situado a meio da antiga Judiaria, no núcleo urbano da cidade de Tomar (v. IPA.00006271). Está em zona em declive, a que se adapta, abrindo diretamente para a via pública, pavimentada a cubos de granito. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: sinagoga |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Câmara Municipal de Tomar, Despacho do Ministro das Finanças de 23 Agosto 1939 |
Época Construção
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Séc. 15 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1430 - 1460 - construção da sinagoga, por ordem do Infante D. Henrique, motivada pelo crescente número de fiéis; no local funcionam a escola, assembleia e tribunal da comunidade judaica *3; 1496 - encerramento pelo édito de expulsão dos judeus de Portugal; a Judiaria da vila, mudaria então o nome para Rua Nova; 1516 - convertida em cadeia municipal; séc. 17 - referência à ermida de São Bartolomeu, na Rua Nova, provavelmente no local da antiga sinagoga; séc. 19 - no edifício, funcionou, sucessivamente, um palheiro, celeiro, armazém de mercearias, adega e arrecadação; 1920 - visita de membros da Associação de Arqueólogos Portugueses; 1923 - o Dr. Samuel Schwarz, um engenheiro de minas, polaco, compra o imóvel a Joaquim Cardoso Tavares, e inicia a sua recuperação; 1939 - o Dr. Schwarz doa a sinagoga ao Estado português, com a condição de nele ser instalado um museu luso-hebraico; 1942 - 1943 - são feitas obras de adaptação a museu, com o nome de Abraham Zacuto *4; séc. 20, década de 40 - o Estado compra o edifício anexo, para ampliação do Museu; 1952 - construção da habitação para o guarda; obras de beneficiação no Museu; 1985 - escavações feitas numa sala de planta rectangular da habitação, põem a descoberto as estruturas de aquecimento de águas e talhas, comprovando a existência do "mikveh"; são encontradas várias moedas do tempo do reinado de D. Afonso V (1448-1481). |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em cantaria de granito rebocada e pintada; modinaturas, pilastras, frisos, cornijas, colinas e chaminé em cantaria de granito; grades de ferro; caixilharia e portas de madeira; cobertura exterior em telha cerâmica. |
Bibliografia
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LAPA, Maria Fernanda - «A sinagoga de Tomar» in Boletim Cultural e Informativo. Tomar: 1989, n.º 11 e 12; ROSA, Amorim - História de Tomar. Santarém: 1965, vol. I; SEQUEIRA, Gustavo de Matos - Inventário Artístico de Portugal. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1949; SIMÕES, João Miguel dos Santos e TAVARES, Maria José Ferro (preâmbulo) - Tomar e a sua judaria. 2.ª ed. Tomar: Museu Luso-Hebraico, 1992; TAVARES, Maria José Ferro - As judiarias de Portugal. Lisboa: Clube do Coleccionador dos Correios, 2010; TEIXEIRA, F. A. Garcez - A antiga sinagoga de Tomar. Lisboa: 1925. |
Documentação Gráfica
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DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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SIPA, DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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PT DGEMN:DSID-001/014-2067/3, PT DGEMN:DSID-001/014-2067/1, PT DGEMN:DSARH.010/264-0124, PT DGEMN:DSARH.010/264-0130 |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1923 / 1939 - levantamento do entulho até ao pavimento original; recuperação da porta original; encontrados vestígios da arca onde se guardavam os rolos da lei; DGEMN: 1942 / 1943 / 1944 - obras de adaptação a Museu, com o desentaipamento de duas frestas na fachada sul; recuperação geral de cantarias na fachada principal e substituição de pedras mutiladas; reparação das abóbadas de tijolo, rebocos e guarnições; cintagem encoberta das paredes com cimento armado; entaipamento de rachas recentes nas paredes com alvenaria hidráulica; cantaria assente em soleiras e degraus; lajedo de cantaria assente no pavimento, sobre argamassa hidráulica; apeamento e reconstrução da armação do telhado; construção de portas exteriores e caixilharia em castanho; reconstrução do telhado; reparação geral de rebocos e pinturas; 1949 - início das obras de ampliação; 1952 - construção da habitação para o guarda; beneficiações no Museu; 1962 - reparação da cobertura; reparação de caixilharias e portas. |
Observações
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*1 - DOF: Parte interna das lojas do prédio que servia de Sinagoga no séc. XV. *2 - uma porta em arco apontado, do lado de fora lanceolado, aberta a este, era a porta principal da sinagoga. *3 - A referência mais recuada no tempo á comunidade judaica, data de 1315, sendo o Infante D. Henrique, enquanto governador da Ordem de Cristo no século 15, o grande promotor da fixação dos judeus em Tomar, dando-lhes uma rua - entre as Ruas Direita dos Açougues e dos Moinhos - para construírem o seu bairro; calcula-se que a população judaica de Tomar andasse, em meados do século XV, em cerca de 150 a 200 indivíduos, tendo chegado a atingir uma significativa proporção de 30 a 40% do total de habitantes da vila, na sequência da chegada dos judeus espanhóis, expulsos em 1492. *4 - O patrono do Museu, Abraão Ben Samuel Zacuto (1450-1515), natural de Salamanca, foi astrónomo, matemático, médico e rabi; a sua origem judaica obrigou-o a refugiar-se em Portugal, em 1492, onde o rei D. João II o colocou ao seu serviço; Foi autor das Tábuas Astronómicas, precioso instrumento para o empreendimento das Descobertas e D. Manuel I manteve-o ao serviço de Portugal até à expulsão dos Judeus (1496). Duas vezes ostracizado, após ter passado por Tunes, onde escrevera uma História do Povo Judeu, veio a falecer em Damasco. |
Autor e Data
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Manuel Freitas (Contribuinte externo) 2015 |
Actualização
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