Convento e Igreja de São Francisco de Leiria
| IPA.00003326 |
Portugal, Leiria, Leiria, União das freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes |
|
Convento masculino franciscano, maneirista e barroco, de que subsiste a igreja sem transepto, com fachada com tripla arcada de acesso a galilé, através da qual se estabelece a comunicação com a igreja e o convento. Claustro com dependências conventuais em redor, adossado do lado N.. A estrutura da primitiva igreja gótica é hoje visível dos lados do portal e por detrás dos paramentos das paredes da nave. Do lado S., adossa-se capela e dependências anexas pertencentes à Irmandade da Ordem Terceira de São Francisco. O conjunto de pinturas murais no interior tardo-medieval, um dos mais importantes a nível nacional, quer em termos da sua qualidade plástica e compositiva quer em termos de extensão ( cobrindo uma área de quase 200m2 ). Em obras de restauro recentes foi descoberto um conjunto de pinturas murais no interior da Igreja. Trata-se de um "(...) verdadeiro tesouro artístico da pintura primitiva portuguesa de finais do século XV e de inícios de Quinhentos(...). Muito particularmente o Calvário, peça maior de todo o conjunto, visível como composição estética carregada de força dramática, e uma impressividade espectacular ao nível das personagens principais, evidenciando-se o próprio Cristo e São João Evangelista, que se filia nos arquétipos murais das igrejas franciscanas de raiz itálico-mediterrânica. Depois, o soberbo conjunto pictural das doze capelas da nave da igreja. O seu ineditismo em meios urbano-mendicantes portugueses, a qualidade plástica da realização, a pluralidade dos discursos subjacentes a todas estas pinturas, a quietude simples e religiosa que ali se respira, a temporalidade de um Deus que a arte testemunha como eternidade, a beleza que ali usufrui o visitante por entre frondosas ramagens e pássaros, anjos e santos, reis e sacerdotes dispersos pelo imenso firmamento que toda a igreja representa, entre equívocos e evidências, povoados por sóis, estrelas e pitagóricos símbolos geométricos, eis alguns dos factores culturais que fazem da igreja de S. Francisco de Leiria um caso de importância maior na história da arte portuguesa e europeia..." (GOMES, 1997). |
|
Número IPA Antigo: PT021009120008 |
|
Registo visualizado 1889 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem de São Francisco - Franciscanos (Província de Portugal)
|
Descrição
|
Igreja de planta longitudinal composta, formada pela justaposição dos rectângulos desiguais da nave e da capela-mor. Do lado S., duas capelas de planta rectangular com outra adossada transversalmente, saliente em relação à fachada principal. Volumes articulados com coberturas diferenciadas de duas águas sobre a igreja e capelas. Fachada principal enquadrada lateralmente por cunhais encimados por fogaréus e rematada por empena angular; um nicho com aletas e frontão de volutas alberga a imagem de Santo António; dos lados dois janelões moldurados de frontão ondeante rasgam o segundo registo acima de uma tripla arcada que no primeiro registo dá entrada a uma galilé abobadada, ao fundo da qual se abre o portal de verga contracurvada e frontão em arco segmentar. Do lado do portal são hoje visíveis os colunelos do primitivo portal gótico. INTERIOR de nave única com cobertura em abóbada de berço; coro-alto assente sobre arco rebaixado, com balaustrada em madeira e muito iluminado por 2 grandes janelões. Arco triunfal abre para a capela-mor em cuja parede fundeira está retratado o calvário, pintura mural do séc. 15. |
Acessos
|
Rua do Hotel D. João III |
Protecção
|
Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 29/84, DR, 1.ª série, n.º 145 de 25 junho 1984 |
Enquadramento
|
Urbano, implantado na zona N. da cidade, junto ao Rio Lis, numa zona de crescimento recente da cidade. |
Descrição Complementar
|
CONVENTO - são ainda visíveis algumas dependências rodeando um claustro de planta quadrangular, a N. da igreja, de que subsistem 2 alas de 5 tramos abobadados, abrindo para a quadra central por arcos redondos sobre pilares toscanos. CAPELAS E ELEMENTOS DECORATIVOS - 5 altares de proporções maneiristas rasgam-se no paramento das paredes laterais da nave: 3 do lado do Evangelho (um deles mais trabalhado, com caixotões nas aduelas do arco e um nicho rodeado por aletas e encimado por frontão concheado), 2 do lado da Epístola, rodeando a capela do Abade Manuel da Costa, com as armas do fundador sobre o arco, pilastras coríntias, frontão de aletas interrompido, bustos nas enjuntas. Ao fundo da capela, coberta por abóbada de caixotões, um altar repetindo as formas do portal. Sob o coro abre-se a capela da Ordem Terceira, abobadada, com um altar de pedraria marmoreada à cor natural, com dupla colunata coríntia e duplo frontão. Nas duas divisões anexas (sacristia e sala transversal, referenciada como refeitório, mas mais provavelmente sala da irmandade) havia não há muito tempo azulejos setecentistas com os passos da vida de São Francisco e de Santo António, bem como pinturas nos tectos em madeira, que ruíram entretanto. INSCRIÇÔES: 1. Inscrição funerária gravada numa tampa sepulcral sob um escudo, em relevo, invertido; sem moldura; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura:AQUI JAZ JORGE DA COSTA FIDALGO DA CASA DO MESTRE DE SANTIAGO E SUA FILHA DONA HELENA DA COSTA E FALECEU NO ANO DE 1555. |
Utilização Inicial
|
Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
|
Religiosa: igreja / Cultural e recreativa: monumento |
Propriedade
|
Privada: Igreja Católica (igreja) / Pessoa Colectiva (convento) |
Afectação
|
Sem afetação |
Época Construção
|
Séc. 14 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITETO: Ernesto Korrodi (1920); João Roda (1992 -1996). |
Cronologia
|
1229 - 1234 - estabelecimento dos Franciscanos em Leiria para aí fundar o convento, no Rossio de Santo André; 1384 - transferência do convento e igreja para o Rossio Velho, por D. João I; 1463 - construção da capela de Afonso Martins Evangelho; 1475 - cheias do Lis provocam grandes estragos no convento; 1475 - 1484 - recuperado por acção de Frei Gonçalo Gago e de Frei António de Elvas da cabeceira, da cerca conventual, fábrica dos aposentos da comunidade e aqueduto; 1491 - reparação da cobertura da igreja; 1494 - concessão ao convento, por D. Manuel, de terra com fonte, pomares e vinha, estendendo-se a cerca do Monte de São Miguel às proximidades do arrabalde; 1520 - instituição da capela funerária particular de Álvaro Leitão; 1546 - instituição da capela funerária particular de Diogo de Botelho; 1562, 14 agosto - sagração da nova igreja por D. Luís Normão, coadjutor do bispo de Leiria, conforme inscrição junto ao portal; 1576 - fundação da capela de Fernão Rodrigues Barba; 1585 - fundação da capela de Mateus Trigueiros; 1586 - instituição da capela do Abade Manuel da Costa ou dos Mártires de Marrocos, do lado da Epístola; 1608 (ou 1631) - instituição da capela de Camila Correia; 1622 - obras numa capela do claustro, por Sebastião Soares Evangelho; 1641 - capela-mor erigida pela família dos Marqueses de Vila Real; 1668 - reforma da igreja, conforme data gravada no arco triunfal; séc 17 - 18 - recuperação dos banhos quentes, dentro da cerca conventual; 1719 - reconstrução da fachada, capela dos Terceiros, por D. Frei Miguel de Bulhões; 1834 - após extinção das ordens religiosas, o convento é encerrado; 1851, 02 julho - por carta, o convento é entregue à Câmara Municipal, para demolição e aproveitamento de materiais; 1861 - parte do convento é arrendado e a igreja novamente entregue aos Franciscanos; 1866 - transferência da cadeia para o convento; 1880 - elevação do arco triunfal em 2 m., segundo inscrição nele gravada; 1920 - convento vendido e adaptado para instalações fabris (Companhia Leiriense de Moagens), segundo projeto de Ernesto Korrodi; 1992 - início da recuperação da igreja, conforme projeto do arquiteto João Roda; descoberta de pinturas murais datadas do séc. 15, até então ocultas, por um retábulo setecentista (na capela-mor) e por reboco e estuque (nas 12 capelas laterais); 1996 - protocolo celebrado entre o IPPAR e a Fraternidade da Ordem Terceira de São Francisco para restauro das pinturas murais; 2000 - conclusão das obras de restauro, abertura ao público; 2017, setembro - a zona conventual, fábrica de moagem, irá ser transformada em condomínio fechado. |
Dados Técnicos
|
Paredes autoportantes, estruturas autónomas. |
Materiais
|
Igreja: alvenaria ordinária (paredes); argamassa de cimento e areia (reboco exterior), argamassa de cal e areia (reboco capelas laterais do lado S.), pedra calcária (molduras, cunhais, arcos, pilares, elementos decorativos), tijolo (abóbadas), madeira (altares, porta principal, tectos), betão armado (lajes), telha de canudo. |
Bibliografia
|
AFONSO, Luís Urbano, Convento de S. Francisco de Leiria: Estudo Monográfico, Lisboa, 2003; COSTA, Lucília Verdelho da, Leiria, Lisboa, 1989; CRISTINO, Luciano Coelho, A vila de Leiria em 1385, in Jornadas sobre Leiria Medieval, Leiria, 1986; CRUZ, Alberto, PIRES, Maria Emília, MONTEIRO, Paulo, Igreja e Convento de S. Francisco, Leiria, texto policopiado (Mestrado Universidade de Évora), 1996; MARGARIDO, Ana Paula, Leiria - história e morfologia urbana, Leiria, 1988; O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, Braga, 1868; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, vol. V, Lisboa, 1955; ZUQUETE, Afonso, Leiria - subsídios para a história da sua diocese, Leiria, 1943. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DREMCentro/DM; IPPAR - levantamento fotogramétrico da igreja (1997) |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMCentro/DM |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH |
Intervenção Realizada
|
PROPRIETÁRIO: 1491 - reparação da cobertura da igreja. |
Observações
|
|
Autor e Data
|
Isabel Mendonça 1991 / Cecília Matias 2005 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |