|
Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre
|
Descrição
|
Planta em E, definida pelo núcleo principal do palácio (volume paralelepipédico rectangular, com cobertura em telhado a 4 águas) e os 3 corpos avançados no alçado SO. (com cobertura a 3 águas). Apresenta 3 fachadas, sendo as mais extensas a NE. (virada à rua) e a SO. (dando sobre o jardim). A fachada NE. do palácio, delimitada lateralmente por cunhais e ritmada por pilastras de cantaria, é constituída por um só corpo, que ostenta no piso térreo 5 portas e 6 janelas de peito. Já no andar nobre são visíveis 11 janelas de sacada, sendo a do centro mais larga e guarnecida superiormente. A fachada é rematada em altura por cornija, interrompida sobre os vãos centrais por frontão triangular. Na sequência desta fachada, para o lado N., localiza-se o grande portão de ferro que dá acesso ao pátio. É desde o pátio que se avista o alçado principal do palácio (NO.), de corpo único, onde se destaca a porta principal com emolduramento de cantaria ladeada por 2 pares de janelas. A fachada SO., organiza-se em 3 corpos, sendo o central recuado, dando desse modo lugar a um terraço do qual se acede ao jardim por meio de um lanço desdobrado de escadas, guarnecidas de cortina de cantaria. A parte central do corpo intermédio avança, ostentando uma janela de sacada em arco de volta inteira e sendo coroada por frontão triangular. INTERIOR(palácio): destacam-se: o átrio (com acesso pela porta principal do alçado NO., apresenta um tecto de estuque relevado envolvendo uma pintura central de temática alegórica e silhares de azulejos de grinalda); a escadaria, à esquerda do átrio, abrindo com um arco abatido, de doid lanços, termina numa galeria cujo tecto apresenta, ao centro, pintura a óleo, uma alegoria representando "Psiché e o Amor"; algumas salas, nomeadamente as antigas Sala de Jantar, Sala de Música, Salão de Baile e quarto do conde de Farrobo, que ostentam pinturas a óleo aplicadas nos tectos e sancas - sendo algumas da autoria de António Manuel da Fonseca (1796 - 1890) -, bem como estuques (de artistas como João Paulo da Silva e do italiano Felix Salla). O TEATRO TÁLIA apresenta dois pisos, mais um sobre a cimalha; a fachada de sete vãos apresenta 4 colunas de ordem dórica sobre as quais assenta um frontão triangular de tímpano liso, sobre o qual e estátua de Érato; sobre os acrotérios duas urnas; no prolongamento das colunas, e sobre plintos que avançam do peristilo, quatro esculturas, em pedra, representando esfinges deitadas e apoiadas sobre as patas; a fachada E. apresenta corpo simples com oito vãos simples simétricos distribuidos por dois níveis e porta central. INTERIOR: encontra totalmente esvaziado (todos os elementos de arquitectura e decoração do revestimento desapareceram) apenas existindo, de pé o grande arco em alvenaria que separa o palco da plateia. ANEXOS: a S., no seguimento da fachada lateral, existem as antigas cavalariças e casas dos cocheiros constituídos por edificações de dois pisos seguidas de terreiro irregular que confina com os jardins. A N. no seguimento do Teatro Tália e anexo a este, habitação de dois pisos (antigos camarins do teatro); mais a N. e, acompanhando o muro, passando o lago junto à escadaria monumental, outro grupo de habitações antigas, com poço e pequeno pavilhão. |
Acessos
|
Estrada das Laranjeiras, n.º 195 - 199. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.745012, long.: -9.169330 |
Protecção
|
Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 735/74, DG, 1.ª série, n.º 297 de 21 dezembro 1974 *1 |
Enquadramento
|
Urbano, destacado, adossado. A fachada E. está voltada para a Estrada das Laranjeiras onde, do lado oposto da rua, se encontra implantado o chafariz das Laranjeiras (v. PT031106390352). Dentro do pátio, em posição fronteira ao alçado principal do palácio, é visível o arruinado teatro de Tália. Do lado O. estendem-se o jardim do palácio (v. PT031106390436) e todo o conjunto do Jardim Zoológico de Lisboa (v. PT031106390437). |
Descrição Complementar
|
O interior do palácio apresenta diversos elementos decorativos de grande importância para o estudo das artes e das artes decorativas do Oitocentos; é de realcar as pinturas não só do átrio e da escadaria, bem como, das diversas salas que, quase todas apresentam, quer pinturas, quer decoração em estuque; na antiga sala de Jantar, no tecto representa-se uma pintura com alegoria à Flora e à Abundância; na sala do Baile, as paredes estão decoradas com pintura de paisagens e quatro medalhões noa ângulos da sanca, representando alegorias às artes; o grande salão, de tecto de masseira elevado, revestido com ornamentos de estuques apresenta pintura alegorica e doze medalhões que circundam a sanca. Por quase todas as dependências surgem apontamentos de decoração de estuques silhares de azulejos setecentistas. O Teatro Tália, data de 1820, e foi reedificado e iluminado a gás em 1842. Neste teatro estreou-se a peça de Almeida Garrett "Frei Luís de Sousa" e, entre 1834 e 1853, foi palco de 18 óperas dos mais importantes compositores (Jordani, António de Coppola e Ângelo Frondoni), que vieram para Lisboa quando o Conde de Farrobo era empresário do Teatro de S. Carlos (v. PT031106200042). O incêndio de 182 destruiu todo o interior que comportava 560 lugares, possuía luxuosos camarins e um salão de baile, com paredes revestidas de espelhos de veneza. Sob o tímpano ostentou em tempos a frase latina: "HIC MORES HOMINUM CASTIGANTUR" de que já não apresenta qualquer vestígio. A zona central do alçado SO. do palácio define um eixo linear a partir do qual se desenvolve a composição dos jardins (hoje truncados devido à alienação de parte da propriedade), onde se reconhecem 2 plataformas quadrangulares, com jardim de buxo organizado em torno de tanques. |
Utilização Inicial
|
Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
|
Política e administrativa: ministério / Teatro |
Propriedade
|
Pública: estatal |
Afectação
|
Secretaria Geral da Presidência do Conselho de Ministros (em auto de cessão de 5 de Novembro de 2000, na sede da Direcção-Geral do Património ) |
Época Construção
|
Séc. 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITECTOS: Padre Bartolomeu Quintela (1802); Fortunato Lodi (1842-1843); Giuseppe Luigi Cinatti (1837). ESTUCADORES: Félix Salla (1802); João Paulo da Silva (1802). PINTOR: António Manuel da Fonseca (1802). |
Cronologia
|
1779 - o Desembargador Luís Rebelo Quintela adquire a quinta por 24 contos; 1802 - Joaquim Pedro Quintela (1º Barão de Quintela), herda a propriedade de seu tio; edificação do palácio da quinta, segundo projecto do Padre Bartolomeu Quintela (oratoriano, tio do proprietário); os tectos do palácio são então pintados por António Manuel da Fonseca (1796-1890) e estucados por João Paulo da Silva e Félix Salla; 1820 - construção do Teatro Tália (sala com cerca de 560 lugares), integrado na propriedade do conde de Farrobo, conforme projecto de Fortunato Lodi; 1833 - instalação da iluminação a gás no Teatro; 1837 - obras no imóvel, conforme projecto de Giuseppe Luigi Cinatti; 1842 / 1843 - reconstrução do Teatro segundo projecto do Arquitecto Fortunato Lodi; 1862, 9 Setembro - incêndio que destrói o Teatro; 1874 - a quinta do conde de Farrobo é vendida em hasta pública e adquirida pelo duque de Abrantes y Liñares, que a restaurou; 1877, 11 Abril - aquisição da quinta pelo comendador José Pereira Soares, o qual acrescenta a propriedade com a Mata das Águas Boas e a Quinta dos Barbacenas; 1903, 30 Junho - a antiga quinta do conde de Farrobo passa para a posse do conde de Burnay; 1905 - instalação do Jardim Zoológico nos jardins da antiga quinta dos Farrobo, permanecendo o palácio e os jardins imediatos na posse da família Burnay até 1940; 1939 - o Ministério do Ultramar adquire o palácio e os Jardins anexos; 1940 - por despacho do Ministro do Ultramar, é entregue ao Jardim Zoológico de Lisboa, a exploração e conservação dos jardins anexos ao palácio; séc. 20, década de 80 - instalação no palácio de serviços da Secretaria de Estado da Juventude; 1978 - demolição do telhado do Teatro Tália e das habitações anexas; 1993 - estão instalados no palácio vários serviços do governo como o Gabinete do Ministro Adjunto para os Assuntos Parlamentares, os serviços da Secretaria de Estado da Juventude, a Comissão Inter-ministerial Projecto Vida e o Gabinete dos Assuntos Europeus; 1998 - foi elaborado uma proposta a um projecto de recuperação do teatro realizado pela arquitecta Teresa Poole da Costa (DRMLisboa), e que prevê a criação de um equipamento constituído por: um auditório, que preencherá o espaço anteriormente ocupado pela plateia do teatro; uma sala de exposições, nascida do aproveitamento da antiga caixa de palco; e salas de formação profissional; o auditório, com cerca de 105 lugares, para além de servir as actividades inerentes à formação profissional, poderá também estar aberto a diversas actividades de carácter cultural; a área confinante com a Estrada das Laranjeiras, actualmente ocupada por habitações bastante degradadas, será devolvida ao teatro; 2000 - instalação no edifício do gabinete do Ministro da Reforma do Estado e da Administração Pública; anteprojecto de recuperação e adaptação do teatro Tália a auditório polivalente; 2002 - passa a albergar o gabinete do Ministro da Ciência e do Ensino Superior; 2004, Abril - elaboração da Carta de Risco do Teatro Tália pela DGEMN; 2010 - reabilitação do imóvel. |
Dados Técnicos
|
Paredes autoportantes |
Materiais
|
Alvenaria mista, cantaria de calcário, reboco pintado, ferro forjado, madeira, estuque pintado |
Bibliografia
|
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. 4, Lisboa, 1946; CHAVES, Luis, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, s.d.; FERREIRA, Jorge Rodrigues, São Domingos de Benfica. Roteiro, Lisboa, 1991; Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1924; MACHADO, Cirilo Wolkmar, Collecção de Memórias Relativas às Vidas dos Pintores, e Escultores, Architectos, e Gravadores Portugueses, e dos Estrangeiros que Estiveram em Portugal, Lisboa, 1823; MESQUITA, Alfredo, Lisboa Ilustrada, Lisboa, 1903; Monumentos, n.º 9, n.º 10 e n.º 21, Lisboa, DGEMN, 1998-1999, 2004; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme, Portugal Dicionário, Vols. III e IV, Lisboa, 1905 - 1911; Palácio do Farrobo : Uma História Romântica que acaba em Ruína, in O Diário, 06.04.1981; PROENÇA, Álvaro (Padre), Benfica Através dos Tempos, Lisboa, 1964; VAZ, Rodrigues, Quem Acode ao Tatro das Laranjeiras?, in Êxito, 18.07.1985; VITERBO, Francisco M. de Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, vols. II e III, Lisboa, 1922. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco (teatro), DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa/DEM/DRC |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco (teatro), DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSARH |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco (teatro), DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSARH |
Intervenção Realizada
|
1978 - trabalhos de demolição do telhado Teatro Tália; 1979 - obras diversas de beneficiação, trabalhos de conservação, alargamento do portão de acesso ao pátio; 1979 / 1980 - obras de conservação e reparação, instalação de sistema de detecção de incêndios; 1984 - obras de conservação; 1986 / 1987 / 1988 - obras de remodelação e conservação do Anexo; 1988 / 1989 / 1990 - obras de conservação da zona antiga da cozinha; 1990 - limpeza de coberturas e reparação do terraço; 1990 / 1991 - obras de demolição e consolidação; 1993 - pinturas em gabinetes; 2004 - projecto de beneficiação das instalações; conclusão da beneficiação da cobertura do edifício anexo ao palácio; projecto de beneficiação da instalação eléctrica. |
Observações
|
*1 - DOF: "Palácio dos Condes de Farrobo, incluíndo os jardins e o chafariz localizado na Estrada de Benfica junto à Azinhaga que limite a Norte o Jardim Zoológico". Com o Decreto nº 5 de 19 de Fevereiro de 2002 foi determinada a alteração da designação passando a ter a seguinte redacção: " Palácio e Jardins do Conde de Farrobo (conjunto intramuros), no qual se encontra instalado o Jardim Zoológico, delimitado nomeadamente pela Estrada de Benfica, pela Praça do Marechal Humberto Delgado, pela Estrada das Laranjeiras, pela Travessa das Águas Boas e pela Rua de Xavier de Oliveira". |
Autor e Data
|
Teresa Vale e Carlos Gomes 1993 |
Actualização
|
João Machado 2005 |
|
|
|
|
| |