|
Edifício e estrutura Edifício Armazenamento e logística Adega
|
Descrição
|
Planta poligonal composta por armazéns, adegas e oficinas de implantação rectangular, no sentido N.-S., de volumetria horizontalizante de carácter industrial, com maior imponência a SE., compreendendo os seguintes espaços: no R/C serviços médicos, telefonistas, caldeira central de energia, lavagem e engarrafamento de vinho, e armazém com cais de desembarque de todos os produtos, a SE. e S., tanoaria, carpintaria e azeite, a N.; 1º andar com laboratório e arquivos, 2º andar com escritórios; a NO. naves em todos os pisos, com barris. Fachadas em alvenaria pintadas a cinzento, destacando-se entre as platibandas triangulares do sector SE., a divisa da sociedade. Coberturas em telhados de 2 águas suportadas por asnas metálicas. A NE. implanta-se o núcleo de lojas no R/C e habitação no 1º andar, destacando-se do conjunto pelo seu traçado ligado a gosto oitocentista, com soco em pedra alternando com arcaria dos vãos rematada por cantaria, no R/C, e dois janelões circulares contornados parcialmente por frisos decorativos com cachos de uvas, no 1º andar, a abrir para varandas em consola, com serralharias. |
Acessos
|
Praça David Leandro da Silva, n.º 4, 5 e 6; Rua do Amorim, n.º12; Avenida Infante D. Henrique |
Protecção
|
Categoria: IIM - Imóvel de Interesse Municipal, Edital n.º 8/2012 da Câmara Municipal de Lisboa, Boletim Municipal n.º 936 de 26 janeiro 2012 |
Enquadramento
|
Urbano, implantado na zona Oriental da cidade, "Caminho do Oriente", na proximidade do rio e doca do Poço do Bispo. Envolvido a N. por Pç. ajardinada, a E. pela R. do Amorim e a S. pela Av. Infante D. Henrique. Frente ao armazém, a N., encontra-se o Club Oriental e a E. o prédio de andares do industrial José Domingos Barreiros, que se prolonga em moradias e armazéns. Predominam nesta freguesia os depósitos de cereais, armazéns de vinhos, fábricas de moagem, indústrias de tabacos, cortiça e tanoaria. |
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Armazenamento e logística: adega |
Utilização Actual
|
Devoluto |
Propriedade
|
Privada: pessoa singular |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITECTO: Manuel Joaquim Norte Júnior (1917). CONSTRUÇÃO: Sebastião Borges Gouveia (1910-17), José Augusto de Oliveira (1918), Miguel Veiga (1922-27), António Veiga (1929), Francisco Ferreira da Fonseca (1947). |
Cronologia
|
Séc.19, finais / séc. 20, princípio - o Poço do Bispo definiu-se como zona industrial e comercial especializada: implantação de tanoarias e armazéns de vinhos, tendo a acção destes conduzido os lavradores a melhorar as condições de cultura e fabrico de vinho; 1906 - Abel Pereira da Fonseca e Francisco de Assis fundaram esta firma que se situava na Rua da Manutenção do Estado, em Xabregas, vindo a formar a primeira empresa vinícola portuguesa que integrava numa mesma companhia os diversos segmentos de comércio de vinho; 1908 - passou para a Rua do Amorim, abrindo várias sucursais na cidade para a venda da colheita de José Maria dos Santos "rei do vinho"; mais tarde a empresa "Val do Rio" associou-se a Abel Pereira da Fonseca; 1910 - construíu-se o primeiro piso do edifício hoje existente na esquina do Largo com a Rua Amorim; 1915 - construção de armazém em alvenaria de 2 pisos, em cimento armado (858.00 m2) por 17$66 e de cavalariça e cocheira para 10 animais, frente ao Largo D. Luis (Praça David Leandro), com pavimento em betonilha sobreposta com brita, piso superior em betão armado e revestimento de paredes a azulejo até 1,75 m e estucado (300 m2) por 6$50; 1916 - alteração da fachada do armazém e da cobertura; construção de parte do grande armazém em betão armado (897,00 m2) por 20$44; alterações e construção de tanques em betão armado (184 m2) por 4$18; 1917 - o arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962) executou o seu projecto de alteração, adaptando-o a armazém e habitação, no 1º e 2º pisos, respectivamente; alterações ao projecto: aproveitamento das paredes do armazém até ao 2º piso, construindo-se para cima em alvenaria de pedra mole, com 0,65m; as paredes laterais em betão armado de 0.20m; todas as peças de madeira em pinho nacional; construção de vedação e várias alterações (13,40m2) por 2$14; 1918 - construção de armazém em arcos com frente para a Rua Amorim em tijolo a vez e meia, sobre pilares, com reboco de cal e areia; as fachadas lateral sobre o Tejo e posterior e o pavimento em madeira (vigas 0,25x0,10); 1924 - Marcelino Nunes Correia entrou para a firma como sócio gerente, iniciando-se a transformação e ampliação de armazéns adjacentes àquele edifício, entretanto construídos;
1924 / 1925 - ampliação dos armazéns na Rua Amorim n.º 10 a 14, com paredes em alvenaria de pedra, calcário rijo, argamassa de cal 1:2, rebocada nos dois paramentos; pavimento em betão armado; 1926 - Suspensão da obra de construção de 3 pavimentos, por falta de licença; 1930 - esta casa comercial tornou-se a maior de Lisboa, constituindo uma "vila", pela contínua expansão de oficinas, armazéns e casas de pessoal; Marcelino Nunes Correia, Manuel e António (seus filhos) e António Pereira da Silva são os gerentes da sociedade; 1961 - existiam 1 200 trabalhadores; 1965 - obras clandestinas, com ampliação de armazém através de construção de parede em alvenaria de tijolo e cimento, na Rua do Açúcar (168m2) e demolição de outra (3x6m2); 1974 - Manuel Rodrigues dos Santos e Alcino Rodrigues Pinhão passaram a novos proprietários; 1982 - era a 2ª maior empresa de comercialização de vinhos em Portugal; 1998 - a firma cedeu o espaço dos armazéns, presentemente devoluto à Câmara Municipal de Lisboa, para actividades de reanimação cultural e turística integradas no "Caminho do Oriente", em articulação com a EXPO 98 e a AMBELIS - música ao vivo, arte pública, exposições, passagem de modelos, mostra de gastronomia. |
Dados Técnicos
|
Estrutura autónoma |
Materiais
|
Cimento, ferro, pedra, tijolo, reboco pintado, cantaria de calcário |
Bibliografia
|
Indústria Portuguesa, n.º 9, Lisboa, Novembro 1928; Jornal Diário de Notícias, Lisboa, 1982; Guia Urbanístico de Lisboa, Lisboa, AAP, 1987, p. 243; PAIXÃO, Maria da Conceição, Norte Júnior Obra Arquitectónica, (tese de mestrado, texto policopiado), Lisboa, 1989; Plano Director Municipal, Relatório de Enquadramento, Lisboa, Outubro 1993; ARAÚJO, Norberto, Peregrinações de Lisboa, Lisboa, 1993; FERNANDES, José Manuel, A Arquitectura Modernista em Portugal (1890-1940), Lisboa, Gradiva, 1993; FERNANDES, José Manuel, Lisboa em Obra(s), Lisboa, 1997; FERRO Carlos, "Expo'98 elimina Degradação", in Diário de Notícias, 09 Fevereiro 1998, pp. 10-12; "Olhares a Oriente", in Expresso, Lisboa, 14 Março 19998, p. 3; MOITA, Irisalva (coord.), O LIVRO de Lisboa, Lisboa, 1994; PEDREIRINHO José Manuel, Dicionário dos Arquitectos Activos em Portugal do Séc. I à Actualidade, Porto, Afrontamento, 1994; RODRIGO Duarte, "Caminho do Oriente", in O Independente, Lisboa, 09 Janeiro 1998, pp. 38; SANTANA Francisco e LUCENA Eduardo, (Dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; SILVA, Raquel Henriques da, "Armazéns Abel Pereira da Fonseca" in Arquitectura do Século XX, Franckfurt, 1997; TOSTÕES, Ana, "Arquitectura Portuguesa do Séc. XX", in História da Arte Portuguesa, (Dir.Paulo Pereira), vol.III, Lisboa, 1995. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID; CML |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo Fotográfico; Família Abel Pereira da Fonseca |
Documentação Administrativa
|
CML: Arquivo de obras, Processo de Obra n.º 18 813; Família Abel Pereira da Fonseca |
Intervenção Realizada
|
PROPRIETÁRIO: 1917 - intervenção do arquitecto Norte Júnior nas alterações das casas existentes no Largo D. Luis contornando a Rua do Amorim; 1919 - reparações e abertura de porta na fachada N. (n.º 27) e construção de 1.º andar; 1921 - pedido para execução de muro no cais sobre o rio; 1922 - ampliação dos muros de vedação do terreno dos armazéns, junto da Rua Amorim; 1924 / 1925 - ampliação dos armazéns na Rua Amorim n.º 10 a 14, com paredes em alvenaria de pedra, calcário rijo, argamassa de cal 1:2, rebocada nos dois paramentos; pavimento em betão armado; 1927 - reparações no armazém, com substituição de armação de madeira com 2 envidraçados, por caixilhos de ferro; 1929 - construção de pavimento em betão armado, com escada de serviço (1,00m de largura) e envidraçado com caixilharia em ferro; 1932 - abertura de porta na fachada posterior, para terrenos anexos; 1933 - colocação de tanque subterrâneo (4 000 litros); 1943 - notificação de que tubos de águas pluviais prejudicam pavimento da via pública; 1947 - pintura na fachada S. de: "CAVES DOS GRANDES VINHOS-MENAGEM- SANGUINHAL"; 1968 - reparação de telhado; 1981 - projecto de alteração e ampliação do estabelecimento fabril de modo a permitir novos sectores e equipamentos. |
Observações
|
O PDM de Lisboa 93 propunha para a área industrial/portuária onde se implantam os armazéns: instalação do novo parque de exposições da cidade, implementação de núcleo de investigação e tecnologia na zona de Cabo Ruivo, instalação de equipamentos culturais de recreio e lazer ligados ao rio, de novo pavilhão de desportos, e de Parque verde ribeirinho integrando parque de diversões. |
Autor e Data
|
Teresa Furtado 1998 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |