Palácio do Machadinho

IPA.00003164
Portugal, Lisboa, Lisboa, Estrela
 
Arquitectura residencial, pombalina. Palácio urbano.
Número IPA Antigo: PT031106370318
 
Registo visualizado 4498 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta retangular

Descrição

De planta rectangular, o edifício apresenta volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 4 águas perfurado por janelas trapeiras. O alçado principal (S.), lateralmente delimitado por cunhais de cantaria e compartimentado em 3 panos por pilastras, organiza-se em 3 níveis, reconhecendo-se no 1º - animado pela presença do portal - vãos de forma irregular devido à pendente da rua, no 2º 13 janelas de peito quadradas e no 3º (andar nobre) idêntico número de janelas de sacada. Sobre a verga do portal de cantaria de feição pombalina e elementos decorativos rococó com o qual se articula ao nível do piso nobre uma janela de sacada, reconhece-se uma cartela rocaille com a pedra de armas dos Pinto Machado. No interior, a partir do átrio, desenvolve-se uma escadaria de acesso aos andares superiores. Na compartimentação interna reconhece-se o desenvolvimento dos compartimentos socialmente mais relevantes ao longo do alçado principal. As salas do andar nobre ostentam silhares de azulejos setecentistas monócromos (atrib. a Bartolomeu Antunes) e tectos estucados (atrib. a João Grossi, 1718-1781), reconhecendo-se ainda telas de variados pintores portugueses oitocentistas, de temática alusiva a Lisboa *2.

Acessos

Rua do Machadinho, n.º 18 - 22; Rua do Quelhas

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção conjunta do Museu Nacional de Arte Antiga (v. IPA.00003153), da Igreja de São Francisco de Paula (v. IPA.00002621), do Convento das Trinas do Mocambo (v. IPA.00003151) e do Chafariz da Esperança (v. IPA.00004943) *1

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado

Descrição Complementar

Entre os painéis de azulejo que ornamentam as salas do piso nobre - figurando cenas mitológicas, profanas (festas galantes) - que ornamentam algumas salas reconhecem-se, pelo desenho e composição, conjuntos diversos, datáveis período joanino. Nos jardins reconhece-se uma construção de planta hexagonal (casa de fresco), coberta por cúpula revestida de azulejo, bancos e conversadeiras revestidos com azulejos polícromos setecentistas (reaproveitados). A pedra de armas é um escudo partido, ao 1º de Pinto - de prata com 5 crescentes de vermelho postos em sautor - e ao 2º de Machado - de vermelho com 5 machados de prata encabados de ouro postos em sautor. Como timbre : um elmo com dois machados em aspa;

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Política e administrativa: departamento municipal

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Séc. 18, 2ª metade - por aquisição ou herança, José Pinto Machado (o Machadinho) - fidalgo da Casa Real, Coronel de Auxiliares e administrador geral do Contrato do Tabaco - torna-se proprietário do palácio seiscentista dos Eça (descendentes de D. Duarte d'Eça) à Madragoa, empreendendo seguidamente uma campanha de reedificação, ampliação e redecoração do edifício; 1771 - falece no palácio José Pinto Machado, passando o mesmo para a posse da sua viúva, D. Isabel de Sousa Ventaga, que aí continua a residir, acabando por morte desta por ficar na posse do irmão do marido, António Pinto Machado; 1819 - torna-se proprietária e residente do palácio D. Maria Benedita de Sousa Teixeira Vahia Machado, descendente dos Pinto Machado; 1831 - venda da propriedade por D. Maria Benedita Machado; 1837 - residia no palácio o embaixador de Espanha; 1851 - residem no palácio (na qualidade de inquilinos) o poeta António Feliciano de Castilho - que aí funda o Colégio do Pórtico - e seu filho, o olisipógrafo Júlio de Castilho; c. 1860 - aquisição da propriedade por António Teófilo de Araújo, visconde de Olivares, que transforma radicalmente o palácio com vista a poder albergar várias inquilinos; Séc. 19, último quartel - o palácio é adquirido pela família Lima Mayer; 1948 - aquisição do edifício pela C.M.L., funcionando então como escola primária e residência de várias famílias; 1954 - instalação no palácio da Direcção de Serviços de Abastecimento; 2009 - projecto de alienação do edifício por parte da CML, para o transformar em Hotel de Charme, que foi chumbado pela Comissão Municipal de Habitação, tendo-se decidido reformular o projecto para utilização do imóvel.

Dados Técnicos

Paredes auto portantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, estuques pintados, azulejos, madeira pintada.

Bibliografia

CASTILHO, Júlio de, Memórias de Castilho, Tomo VI, Coimbra, 1933; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Lisboa, s.d.; CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga. Bairro Alto, 3ª ed., Vols. 2 e 5, Lisboa, 1955; SANTOS, Reynaldo dos, O Azulejo em Portugal, Lisboa, 1957; LEÃO, Luiz Ferros Ponce de, Portas e Brasões de Lisboa, Lisboa, s.d.; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Depois do Terramoto, Vol. II, Lisboa, 1967 ; MACEDO, Luís Pastor de, Lisboa de Lés-a-Lés, Vol. IV, Lisboa, 1968; MECO, José, Azulejos de Lisboa, Lisboa, 1984; ATAÍDE, M. Maia, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa, Tomo III, Lisboa, 1988; SERRA, Manuel Pedro, MAIO, José Alberto, CARVALHEIRA, José Melo, Palácio do Machadinho, Lisboa, 1990; ALVES, Maria Paula, INFANTE, Sérgio, Lisboa. Freguesia de Santos-o-Velho, Lisboa, 1992.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Proc. nº 18.291

Intervenção Realizada

CML: 1948 / 1954 - campanha de obras visando não só restaurar as obras de arte existentes no imóvel mas igualmente dotá-lo das necessárias infraestruturas; procedeu-se ainda à aplicação, em várias salas, de painéis azulejares de diversas proveniências (do palacete do Pátio do Saloio na Mouraria e de Carnide, designadamente)

Observações

*1 DOF: Zona Especial de Proteção conjunta aos imóveis: Museu Nacional de Arte Antiga, Igreja de São Francisco de Paula, Túmulo da rainha D. Maria Vitória, Palácio do conde de Óbidos, Chafariz das Janelas Verdes, Teatro da Casa da Comédia, Edifício da rua das Janelas Verdes n.º 78 - 78, Cinema Cinearte, Chafariz da Esperança, Convento das Trinas, Casa de António Sérgio, Palacete do viscondes e condes dos Olivais e da Penha Longa, Troço do do Aqueduto das Águas Livres, Abadia de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo. *2 - oriundas das reservas do Museu da Cidade

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1996

Actualização

 
 
 
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