Palácio das Vianinhas / Edifício da União das Misericórdias

IPA.00030527
Portugal, Lisboa, Lisboa, Avenidas Novas
 
Arquitectura residencial, oitocentista. Palácio de planta em L invertido, com pátio de honra fechado por alto muro, e fachadas de dois pisos, separados por friso, alteadas no séc. 20 com um piso tipo mezanino. Apresentam cunhais apilastrados e são rasgadas regularmente por janelas rectilíneas, tendo as do andar nobre molduras superiormente recortadas e as que marcam os eixos de simetria maior preocupação decorativa, rematando em cornija angular ou recta sobre ou possuindo vão em arco. A capela, de espaço único, surge adossada perpendicularmente ao edifício, e possui retábulo-mor de talha policroma, de planta recta e um eixo, de estilo pombalino.
Número IPA Antigo: PT031106231693
 
Registo visualizado 968 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta do edifício principal em L composta por dois corpos, articulados em torno de pátio rectangular fechado por muro alto, rasgado por portão, tendo adossado perpendicularmente a NO. a capela rectangular, mais baixa e que fecha parcialmente a ala N. do pátio, ao ângulo da fachada virada a S. um corpo rectangular, avançando para O., e ao ângulo da fachada virada a O. um outro corpo rectangular irregular. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no edifício principal, de três na capela, que integra clarabóia, de duas no corpo adossado a S., de uma na portaria, todas rematadas em beirada simples, e em terraço ao corpo adossado à fachada virada a O.. Fachadas rebocadas e pintadas de rosa, percorridas por embasamento de cantaria, com dois pisos separados por friso, terminados em friso e cornija de argamassa, telhada, sobrepostos por um terceiro piso, tipo mezzanino, igualmente terminados em friso e cornija. Fachada principal aberta ao pátio, com a ala virada a NO. rasgada por quatro janelas de peitoril com guarda em papo de rola e, ao centro, portal de verga recta e moldura recortada, precedido por átrio quadrangular de cantaria, com cunhais apilastrados, frontalmente rasgado por vão rectilíneo com chave relevada, constituindo o principal acesso ao edifício, e, lateralmente, por duplas janelas longilíneas; possui pavimento geométrico, branco e preto, e cobertura formando terraço, com guarda em platibanda plena, ornada com almofadas côncavas e frontalmente com elementos volutados recortados. Para este, abre-se portal, rasgado ao nível do andar nobre, em arco, com dupla moldura recortada, encimada por cornija recta sobre falsa mísula; lateralmente abrem-se quatro janelas de peitoril, duas de cada lado, com moldura superiormente recortada. No terceiro piso rasgam-se seis janelas de peitoril, de moldura simples. Na ala virada a NE. rasgam-se quatro eixos de vãos, correspondendo no piso térreo a duas janelas de peitoril, uma porta de verga recta, à esquerda, e amplo portal de verga abatida, à direita; no segundo a janelas de varandim e de peitoril alternadas, com molduras superiormente recortadas e as primeiras com guarda em ferro; no terceiro piso correspondem a janelas de peitoril, de molduras simples. A fachada virada à Rua de Entrecampos é rasgada por quarto eixos de vãos, correspondendo no piso térreo a quatro janelas de peitoril com molduras simples, gradeadas, no segundo a janelas de sacada, com molduras superiormente recortadas, assentes em duas mísulas e com guardas em ferro, e no terceiro a janelas de peitoril, também com molduras simples. O ângulo SE. surge cortado e revestido a placas de cantaria nos dois primeiros pisos; nele abrem-se no primeiro e terceiro piso uma janela de peitoril com molduras simples e no segundo uma janela de sacada semelhante às anteriores, mas com a moldura formado espaldar decorado, rematado em cornija angular. A fachada virada a SE. apresenta fenestração idêntica, organizada em sete eixos de vãos, tendo a janela de sacada central do segundo piso moldura formado espaldar decorado, rematado em cornija angular; o último conjunto de vãos encontra-se oculto pelo corpo adossado a S.. A fachada virada a SO. apresenta três panos, o central mais avançado; no piso térreo rasgam-se, no pano central, portal em arco de volta perfeita, com chave relevada, ladeado por pilastras sustentando cornija, com porta de duas folhas e bandeira, entre duas janelas de peitoril, de molduras simples, gradeadas; no pano esquerdo abrem-se duas janelas e no direito duas janelas de sacada. O segundo piso é percorrido por sacada, assente em modilhões e com guarda em ferro forjado, para onde se abrem nove portas-janelas, com molduras superiormente recortadas, duas delas terminadas em espaldar decorado, rematado em cornija angular. No ultimo piso abrem-se nove janelas de peitoril, de molduras simples. O corpo rectangular irregular adossado ao ângulo da fachada virada a O. apresenta um piso, terminado em platibanda plena, capeada a cantaria, formando terraço superior, de grandes dimensões; a frontaria virada a SE. é rasgada ao centro por nicho formando gruta, com arco de volta perfeita, tendo ampla folha de acanto relevada no fecho, ladeada por pilastras em silharia fendida, suportando cornija angular; é ladeada por quarto janelas rectangulares jacentes, de molduras simples e gradeadas, dispondo-se duas de cada lado. O corpo adossado ao ângulo da fachada virada a S., possui dois pisos e sótão, e as fachadas são rasgadas por janelas de peitoril com molduras simples, sendo as do piso térreo gradeadas. IINTERIOR: Vestíbulo disposto ao centro da ala virada a NO., com pavimento em calcário, formando xadrez branco e preto, possuindo frontalmente arco de enrolamentos concheados, assentes em mísulas e com fecho de acantos. A partir deste, desenvolve-se ampla escadaria de cantaria, de acesso ao andar nobre, de um lanço curvo, com guarda plena, corrimão biselado e arranque decorado por volutas e elementos vegetalistas. Os pisos organizam-se espacialmente com corredores longitudinais, central ou virado para a frente, pelos quais se acede à compartimentação em salas, onde se destacam duas salas sobrepostas viradas a NO., as quais apresentam planta octagonal, ornamentadas com estuques, com armários embutidos na parede. CAPELA de planta rectangular simples, de nave única, exteriormente com acesso pela fachada comprida, por meio de portal de verga recta, encimado por cornija, sobre o qual se abre vão jacente, gradeado, e surge cruz latina de cantaria, assente em mísula. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com rodapé em madeira pintada de branco, pavimento em soalho ou lajes de cantaria, no sub-coro, e tecto de madeira, em gamela, sobre friso e cornija do mesmo material. Coro-alto em madeira, acedido por escada posterior e com guarda em balaustrada, pintada de branco. No sub-coro, na parede testeira e junto ao portal de acesso, existe pia de água benta cilíndrica, em calcário e, ao centro, porta. Paredes laterais decoradas com grandes telas, representando as Obras de Misericórdia. Sobre supedâneo de dois degraus, dispõe-se na parede testeira o retábulo-mor, em talha policroma a azul, amarelo e dourado, de planta recta e um eixo, definido por quarteirões de atlantes com festões e aletas decoradas com encanastrado e coroadas por pináculos; ao centro possui nicho em arco, com boca decorada por elementos fitomórficos e concheados, e querubim no fecho, entre elementos vegetalistas, inserida em moldura rectilíenas de cantos recortados; é fechado por tela pintada figurando a Visitação; ático em espaldar recortado, com fragmentos de cornija, enquadrado por anjos tenentes segurando resplendor e festões; sotobanco com painel sobreposto por querubim e festões relevados; banco com pilastras laterais tendo adossado altar tipo urna, com frontal ornado por painéis criando círculo central contendo cruz grega com resplendor. Lateralmente abrem-se duas portas de acesso à tribuna, a esquerda falsa, de verga recta decorada com querubim e elementos vegetalistas, encimado por frontão de volutas com açafate. Superiormente, abrem-se nichos em arco, com boca rendilhada, moldura encimada por enrolamentos concheados sobrepostos por querubim, e com avental volutado; interiormente albergam imaginária.

Acessos

Praça do Campo Pequeno, Rua Chaby Pinheiro, Rua Isidoro Viana, Rua de Entrecampos nº 9

Protecção

Enquadramento

Urbano, adossado. Insere-se num quarteirão delimitado a S. pela Praça do Campo Pequeno, a O. pela Rua Chaby Pinheiro, a E. pela Rua de Entrecampos e a N. pela Rua Isidoro Viana. A N. surge parcialmente adossado o edifício das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, de planta em L, existindo entre ambos patio subdividido. A S., envolvendo o corpo adossado ao edifício principal, situa-se um outro corpo moderno, com um só piso térreo, possuindo refeitório, instalações sanitárias e arrumos.

Descrição Complementar

Pátio interno de planta quadrangular virado a E., pavimentado a calçada à portuguesa, delimitado por muro alto, capeado a cantaria, frontalmente angular, alteado sobre o portal onde forma arco canopial com plintos laterais e assente em falsas mísulas; o portal possui verga abatida, com moldura terminada em cornija, sobreposto por vários elementos relevados. À esquerda existe a inscrição relevada UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS. No interior do pátio ergue-se a N. corpo rectangular da portaria do edifício, incorporando garagem, duas divisões e instalações sanitárias. A capela é ornada no lado do Evangelho e da Epístola por um conjunto de sete pinturas alinhadas em duas fiadas sobrepostas, a acrílico sobre tela, representando as Sete Obras de Misericórdia Corporais e as Sete Obras de Misericórdias Espirituais, respectivamente. No subcoro, do lado da Epístola, existe pintura a tinta acrílica sobre tela rectangular, horizontal, representando a Lamentação do Cristo Morto.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Política e administrativa: sede de organização religiosa

Propriedade

Privada: União das Misericórdias Portuguesas

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPRESA: Edivisa (séc. 21).

Cronologia

1861 - data da construção inicial do palácio por encomenda de Francisco Izidoro Viana "Vianinha", banqueiro, chefe da casa bancária Fonsecas, Santos & Vianna, negociante, político, beneficente e filantropo; inicialmente, a construção consistiu no piso térreo e segundo piso das alas E. e O. e uma pequena capela localizada a N. do patio; 1905 - planta representa o palácio integrado na propriedade que incluída em todo o quarteirão delimitado pela Rua Chaby Pinheiro, Rua de Entrecampos, linha férrea e pelo Campo Pequeno; o restaurante junto à linha férrea constituía a antiga cavalariça da quinta; 1930 - abertura de uma nova rua a N. delimitando a propriedade, à qual é atribuída o nome do primeiro proprietário Izidoro Viana; 1933, 14 Fevereiro - data da aquisição do palácio e terreno pelas Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, por 503.616,40 escudos, que ali instalaram o Ninho de Creanças; na aquisição do imóvel a respectiva caderneta predial descrevia-o como "Quinta, casa nobre, oficina, acomodações, jardins, pomares, hortas, bosque com arvoredo silvestre, dois poços e tanques artísticos"; para a compra, a Congregação recorre à generosa ajuda de alguns benfeitores da burguesia lisboeta, que emprestam cinco mil escudos, comprometendo-se a Superiora a devolver o valor num prazo de dois meses; 1950, Maio - início da ampliação do edifício com a construção de mais um piso sobre a chamada Casa Rosa, constituída pelas alas E. e O. anteriormente edificadas, tendo-se aqui já usado elementos pré-fabricados de betão; simultaneamente, promoveu-se a construção de mais um pavilhão a S. em betão armado, composto de rés-do-chão, segundo piso e sótão, destinado a actividades de promoção social e ateliers; os trabalhos de caboucagens nesta ala revelaram que em tempos idos, por ali havia passado uma rua; posteriormente, as Irmãs Franciscanas alteram o uso do edifício, passando ali a funcionar a Escola Superior de Enfermagem das Franciscanas Missionárias de Maria; 2002, 23 Maio - data da escritura de venda do edifício entre as Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria e o Padre Vítor Melícias, em representação da União das Misericórdias Portuguesas, que passa a ser o novo proprietário; depois, a União das Misericórdias Portuguesas contratou a empresa Edivisa, do grupo Visabeira, para executar obras profundas de remodelação e adaptação do edifício, necessárias ao bom funcionamento dos serviços da sua sede; procedeu-se também à construção de raíz do edifício da portaria e os edifícios que contornam a ala S..

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes, com duas paredes em gaiola pombalina (r/c e 2º piso).

Materiais

Estrutura de alvenaria de pedra calcária argamassada, rebocada e pintada; vigas de betão armado; reforços de metal; molduras dos vãos, cunhais, frisos, pilastras e cornijas em cantaria calcária; elementos em estuque; pavimentos com vigamentos de madeira reforçados com perfis metálicos, vigotas de betão armado, pedra, laje aligeirada; grades e guardas em ferro; retábulo-mor, nichos e portas da tribuna em talha policroma e dourada; algerozes metálicos; caixilharia de alumínio; cobertura de telha sobre estrutura em madeira.

Bibliografia

NEVES, J., Reabilitação Estrutural de Edifícios Antigos Apoiada na Modelação 3D - Aplicação a um caso de estudo, Dissertação para a obtenção do grau de mestre em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, Setembro 2008.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA; UMP

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: Séc. 21 - obras profundas de remodelação e adaptação do edifício pela empresa Edivisa: reforço estrutural da ala E., deixando a estrutura principal do edifício intacta; construção no lado S. da ala E. de uma escada em betão armado de acesso ao 3º piso, uma vez que a escadaria principal apenas dá acesso ao 2º piso; na ala O. apenas se conservaram as fachadas e a estrutura da cobertura, tendo sido o interior reconstruído com nova estrutura de betão armado; remodelação da capela e da ala S..

Observações

M ESTUDO

Autor e Data

Curso Inventariação KIT01 (2.ª ed.) 2010 / Gonçalo Alemão 2011 (UMP) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / União das Misericórdias Portuguesas)

Actualização

 
 
 
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