Igreja e Convento de São Francisco

IPA.00000305
Portugal, Braga, Guimarães, União das freguesias de Oliveira, São Paio e São Sebastião
 
Arquitetura religiosa, gótica, maneirista, barroca e neoclássica. Igreja conventual de cruz latina, de nave única, com cabeceira gótica escalonada, sendo a abside, poligonal, bastante maior que os absidíolos, quadrangulares. Fachada principal com portal em arco quebrado enquadrado por contrafortes. Braços do transepto e abside rasgada por janelões em arco quebrado divididos em vários lumes. Abside ritmada por contrafortes. Interior da igreja com nave coberta em abóbada de berço pintada. Pavimento em taburnos de madeira. Com a reconstrução do séc.18, foram suprimidos os arcos e pilares das naves, formando uma igreja de tipo salão, de uma só nave. Capelas laterais com retábulos barrocos e neoclássicos encimadas por sanefas de talha ricamente decoradas. Transepto com paredes forradas de azulejos joaninos figurativos monócromos a azul, contrastando com a talha dourada dos retábulos e das sanefas. Arco triunfal em arco quebrado com arquivoltas. Capela-mor com cobertura em abóbada de cruzaria e paredes laterais totalmente revestidas a azulejos joaninos figurativos monócromos a azul. Claustro maneirista com colunata toscana. Sacristia, capela da Ordem e restantes dependências conventuais em estilo barroco, com vãos com molduras recortadas e portais monumentais ricamente decorados. O portal axial é de pior traçado e concepção que a cabeceira, pois a linha geral do arco é irregular, os capitéis toscos, os colunelos muito grossos com basantes nas ombreiras, manifestando assim a persistência do gosto românico. Apresenta no seu interior, na nave, pinturas murais, e no transepto, "fingidos" de azulejo a par de painéis de azulejo figurativo, setecentista, além de um fresco figurando Santo António e um Bispo. A Sala do Capítulo que serviu como capela funerária dos Carvalhos era revestida a frescos, dos quais só resta a "Degolação de S. João Baptista" transferido para o Museu Alberto Sampaio.
Número IPA Antigo: PT010308630027
 
Registo visualizado 1943 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos (Província de Portugal)

Descrição

Planta composta por igreja, e dependências conventuais, que se desenvolvem em torno desta. Igreja composta por nave única em cruz latina com transepto saliente, cabeceira escalonada, com ábside poligonal e absidíolos quadrangulares e torre sineira adossada a S., à fachada principal. Dependências conventuais compostas por dois complexos distintos, um maneirista e um barroco. O maneirista desenvolve-se lateralmente à igreja, a S., com claustro, e corpo em L invertido a O.. O barroco é composto por sacristia integrada entre a igreja e ambas dependências, e corpo quadrangular com pátio interior e capela integrada, virada à alameda. Volumetria de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre sineira. Coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas, três, quatro e cinco águas e em coruchéu com cata-vento na torre. IGREJA com fachadas em cantaria aparelhada em granito, embasamento nos braços do transepto e cabeceira e remates em cornija sob beiral, e cachorrada e cornija também sob beiral na nave e abside, sendo esta última ritmada por gárgulas. Fachada principal orientada, em empena ligeiramente escalonada, coroada por cruz, enquadrada por contrafortes no cunhal. Portal em arco quebrado com arquivoltas assente em colunelos com capitéis decorados, delimitado por contrafortes escalmados. Superiormente, óculo redondo. Fachada lateral N., com corpo da nave rasgado por janelas em capialço. Braços do transepto rasgados por amplo janelão de arco quebrado, subdividido interiormente em quatro lumes encimados. Absidíolos com contrafortes nos cunhais e janelas maineladas, em verga recta no absidíolo N. e de volta perfeita no S.. Abside ritmada por contrafortes, com janelões de quatro lumes lateralmente e ao centro de dois lumes. Torre sineira rematada por cornija, com gárgulas e pináculos piramidais nos ângulos. Fachadas em cantaria aparelhada de granito, com cunhais apilastrados. Dois registos separados por friso com cachorrada. No segundo registo, sineira com ventanas em arco de volta perfeita, rasgadas em cada face. INTERIOR com nave coberta por abóbada de berço pintada com motivos geométricos, vegetalistas e figurativos, assente em cornija. Paredes decoradas por silhar de azulejos de padrão encimado por pintura mural fitomórfica. Pavimento em taburnos de madeira com guias de pedra. Coro-alto assente em arco abatido de pedra, recortado superiormente, protegido por guarda vazada de madeira policroma. Do lado do Evangelho, órgão em talha policroma. Subcoro forrado a azulejos de padrão, com guarda-vento de madeira ao centro. Paredes laterais da nave abertas por seis capelas retabulares profundas, em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, entre mísulas suportadas por modilhão. A encimar as capelas laterais sanefas de talha e galerias com colunata toscana e guarda em balaustrada de pedra. As galerias comunicam directamente com o coro-alto. Arco cruzeiro de volta perfeita, assente em largas pilastras toscanas molduradas, com púlpitos confrontantes, assentes em mísula de pedra, com guarda plena de talha. Portas de acesso aos púlpitos encimadas por sanefas de talha. Transepto forrado a azulejos figurativos monócromos a azul cobalto, na parede frontal, entre os absidíolos e a abside, e com pinturas murais, fingindo azulejo, nas restantes paredes. Possui pequenos nichos e retábulos de talha. Cruzeiro coberto por cúpula. Pavimento em taburnos de madeira com guias de pedra. Absidíolo do lado do Evangelho coberto por abóbada, com dois arcossólios laterais e um na parede frontal. Absidíolo do lado da Epístola com retábulo de talha dourada e cobertura em abóbada. Na parede S. expõe-se pequeno painel de frescos figurando Santo António e o Bispo, envolvidos e separados por colunas apoiando arcos quebrados mainelados, tendo como tonalidades predominantes os derivados do amarelo e castanho. Arco triunfal quebrado, com duas arquivoltas assentes em par de colunelos, encimado por sanefa de talha ricamente decorada, com armas ao centro ladeadas por anjos. Abside coberta por abóbada de cruzaria de dois tramos, com paredes laterais forradas a azulejos figurativos monócros a azul cobalto. Parede testeira com retábulo-mor de talha. Nas DEPENDÊNCIAS CONVENTUAIS, complexo maneirista, claustro de dois registos, possuindo em ambos colunata toscana suportando entablamento. Galeria superior com cobertura em madeira tipo saia camisa e pavimento de tijoleira. Quadra ajardinada, possuindo ao centro chafariz de coluna com taça circular concheada rematada por elemento galbado com bicas coroado por pináculo. Tanque circular simples. Sala do Capítulo com portal de arco quebrado entre dois vãos, também quebrados, tendo no interior dois arcos menores sobre pares de colunas, com capitéis esculpidos, e óculo trilobado no espelho. Corpo em L com paredes em cantaria aparelhada de granito, ritmado regularmente por vãos de verga recta. Complexo barroco composto por corpo da sacristia, recuado, com fachada principal virada ao adro, rebocada e pintada de branco, enquadrada por cunhais apilastrados toscanos e remate em cornija sob beiral. De dois registos, possuindo no primeiro, portal de verga recta enquadrado por pilastras toscanas suportando entablamento, coroado por edícula enquadrada por pilastras e ladeada por aletas e pináculos e rematada por frontão curvo interrompido por cruz. O portal é ladeado inferiormente por pequenas janelas rectangulares gradeadas e superiormente por janelas de verga recta, de sacada à face, com guarda de ferro. Corpo da capela enquadrado por pilastras colossasis e cunhais apilastrados toscanos. Fachada principal virada a N., forrada a azulejos de padrão estampilhados a azul, rematada por frontão borromínico, interrompido ao centro por edícula com imagem rematada por frontão curvo interrompido por cruz ladeada por pináculos. Portal rectangular, recortado superiormente, enquadrado por pilastras dispostas de maneira a criar a ilusão de concavidade, assentes em plintos e coroadas por frontão borromínico encimado por urnas, interrompido por janelão com moldura recortada. Fachada lateral, virada ao adro, rebocada e pintada de branco, com portal de morfologia idêntida ao do principal, mas mais simplificada, ladeado pela direita por janela recortada com moldura ricamente decorada. Restante corpo das dependências barrocas, com fachada principal forrada a azulejos iguais as da capela, de três panos e dois registos. Pano central enquadrado por pilastras toscanas colossais, rematado por entablamento coroado por frontão triangular. Primeiro registo com portal ladeado por janelas jacentes e segundo registo com janelas de sacada com guarda de ferro, encimada por janelas recortadas com remate em cornija borromínica, simulando mezanino. Panos laterais rematados por entablamento coroado por platibanda aberta ocasionalmente por balaustrada, ritmada por urnas. Registos com vãos idênticos ao do pano central. INTERIOR da sacristia com cobertura em caixotões pintados por motivos fitomórficos, com arcaz corrido de madeira encimado por painéis pintados entre quarteirões, com nicho ao centro com o Crucificado. Possui mesa central em mármore com embutidos, de tampo recortado. À entrada da sacristia, retábulo da Estigmata com colunas e predela com relevos.

Acessos

Alameda da Resistência ao Fascismo

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 30762, DG nº 225 de 26 de setembro 1940 (frescos) / Decreto nº 39 175, DG, I Série, nº 77 de 17 abril 1953 (igreja) / Decreto nº 735/74, DG, I Série, nº 297 de 21 dezembro 1974 (convento) *1 / Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo Urbano da Cidade de Guimarães (v. PT010308340101) e na das Muralhas de Guimarães (v. PT010308340016)

Enquadramento

Urbano, isolado, integrado em quarteirão, virado a uma alameda arborizada, com um cruzeiro fronteiro (v. PT010308360027). Junto à fachada principal da igreja, entre esta e o complexo barroco, existe um adro quadrangular lajeado, em quota mais baixa, com acesso por escadaria. Junto à fachada posterior da igreja encontra-se um logradouro murado e gradeado, com acesso por portão.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Política e dministrativa: sedede organização religiosa / Assistencial: lar

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 15 / 16 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Autor de risco: Miguel Francisco da Silva, Carlos Amarante; Entalhador: Manuel da Costa Andrade; Pintor de azulejos: Teotónio dos Santos (atr.).

Cronologia

1290 - Segundo Pedro Dias, foi edificado o primitivo convento da Venerável Ordem Terceira de São Francisco; 1325 - teria sido mandado destruir por D. Dinis, por estar demasiado próximo das muralhas e colocar em risco a segurança da vila de Guimarães; 1400, 3 Novembro - D. João I autorizou, por escritura em Braga, a reedificação do convento, no local onde hoje se encontra; o absidíolo do lado do Evangelho era propriedade da família Azenha; séc. 15 / 16 - provável feitura dos frescos; séc. 17 - construção do claustro; séc. 18 - remodelação do interior da igreja e construção aumento do edifício, construindo uma nova sacristia e um novo corpo com capela; 1743 / 1744 - construção do retábulo-mor, por Manuel da Costa Andrade, segundo risco de Miguel Francisco da Silva; 1781 - são feitos os retábulos laterais, os púlpitos e o guarda-vento, segundo o risco de Carlos Amarante; séc. 19 - reformas decorativas na igreja segundo o gosto neogótico, principalmente ao nível da fachada principal; 1833 - extinção das Ordens Religiosas; 1875 - o Regimento de Infantaria nº 3 que se encontrava instalado no convento, entrega-o à Venerável Ordem Terceira de São Francisco; séc. 20 - novas reformas decorativas, de modo a restabelecer o primitivo risco da igreja; 2004, Fevereiro - concurso de adjudicação para obras de conservação e valorização geral do edifício e para a segunda fase de conservação de paramentos exteriores.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes; estrutura autónoma (cabeceira).

Materiais

Estrutura, molduras dos vãos, cunhais, elementos decorativos, cornijas de remate, gárgulas, cobertura da torre sineira, capelas laterais, galerias da nave, arco cruzeiro e arco trinfal, cobertura da capela-mor, guias dos taburnos, colunata do claustro, e chafariz em granito; tijolo cerâmico maciço no coruchéu da torre; madeira nas portas e janelas, taburnos, retábulos e cobertura da sacristia em madeira; vãos com vitrais na igreja; azulejo tradicional no interior da igreja e industrial nas fachadas do complexo barroco; estuque com pintura mural no interior da igreja; vitrais; cobertura exterior em telha de canudo; caleiros de zinco; catavento em chapa de ferro forjado.

Bibliografia

BELLINO, Albano, Archeologia Christã; SMITH, Robert C., A talha em Portugal, Lisboa, 1963; MECO, José, Azulejaria Portuguesa, Lisboa, 1985; DIAS, Pedro, A Arquitectura do ciclo batalhino in História da Arte em Portugal, vol. 4, Lisboa, 1986, p. 64 - 109; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; AZEVEDO, José Correia de, Inventário Artístico Ilustrado de Portugal Minho, Lisboa, 1991; ALVES, Natália Marinho Ferreira, De arquitecto a entalhador. Itinerário de um artista nos séculos XVII e XVIII, in Actas do I Congresso Internacional do Barroco, vol. I, Porto, 1991, pp. 355-369; FONTE, Barroso da, Guimarães - Roteiro Turístico, Guimarães, 1991; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, IPPAR, vol. I, Lisboa, 1993; DGEMN, Igreja de São Francisco - obras de conservação e valorização geral do imóvel, 1ª fase - coberturas, Porto, 2002; CAETANO, Joaquim Inácio - "A pintura mural do século XVI em Guimarães". Revista Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, outubro 2013, nº 33, pp. 52-59 (e-book).

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Intervenção Realizada

Venerável Ordem Terceira de São Francisco: séc. 18 - redecoração interior da igreja; séc. 19 - remodelação da fachada principal da igreja; DGEMN: 1947 - consolidação de contrafortes e substituição de cantarias danificadas; 1964 - Reparação de telhados; 1965 - Substituição da cobertura da capela-mor; 1967 - Restauro e conservação da igreja; desentaipamento de frestas; substituição de cantarias danificadas; assentamento de vitrais; reconstrução das escadas por detrás do retábulo-mor; limpeza e revisão dos telhados; 1969 - Reparação da absidíolo N.; 1970 - levantamento do fresco da capela-mor e desentaipamento de fresta; 1970 - reparação do absidíolo S.; 1977 - restauro do fresco "Santo António e Bispo", pelo Instituto José de Figueiredo; 1984 - trabalhos de conservação na torre; 1999 - restauro do vitral do absidíolo S. e sua protecção contra o vandalismo; 2000 - conservação e restauro do património azulejar na capela-mor e no transepto do lado E., incluindo manufactura para preenchimento de lacunas e utilização de argamassas tradicionais nos espaçamentos das juntas; 2001 - conservação das coberturas, incluindo tratamento das estruturas de madeira, aplicação de cartão asfáltico ondulado, substituição de telhas e aplicação de "nacional antiga", colocação de novos rufos e caleiras em zinco, e revestimento do coroamento das empenas com chumbo; 2003 - conservação dos paramentos exteriores dos absídiolos, da absíde e do transepto; restauro do vitral do absídiolo N. e sua protecção contra o vandalismo; execução de dreno perimetral do lado N. da absíde, no espaço privativo da Misericórdia, com acompanhamento da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho; elaboração da Carta de Risco da igreja.

Observações

*1 - O convento de S. Francisco foi classificado faseadamente. Assim, o Decreto nº 30 762 de 1940 classificou os frescos existentes no convento, em 1953, o Decreto nº 39 175 classificou a parte da igreja constituída pela ábside e absidíolos e só em 1974, com o Decreto nº 735 / 74, a classificação passa a abranger o claustro e o edifício barroco da Ordem terceira, incluindo a sacristia do séc. 18 da igreja Joanina.

Autor e Data

Isabel Sereno 1993 / Joaquim Gonçalves 2004

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login