Capela de Nossa Senhora da Saúde / Capela de São Sebastião / Capela de São Sebastião da Mouraria / Igreja de Nossa Senhora da Saúde
| IPA.00003033 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior |
|
Arquitectura religiosa, barroca. Capela de pequenas dimensões com fachada simples, barroca, rasgada por um portal encimado por frontão de volutas enroladas e cingida na vertical por pilastras toscanas, empena em forma de frontão de lanços. A Capela-Mor, revestida a talha do final de setecentos, bem como o seu retábulo, apresenta, no seu conjunto, um aspecto rococó. A nível epigráfico destaca-se a excelente execução gráfica da inscrição. |
|
Número IPA Antigo: PT031106310178 |
|
Registo visualizado 4386 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Capela / Ermida
|
Descrição
|
Planta longitudinal composta. Nave única, capela-mor e sacristia na parte posterior. Cobertura diferenciada em telhado. Todo o edifício é corrido por cornija que suporta beiral saliente. A fachada principal, a S., é corrida verticalmente por 4 pilastras toscanas de cantaria, até á cornija. Pano central: pórtico de vão rectangular com entablamento coroado por frontão curvo interrompido, cujos vértices tomam a forma de volutas. A sobrepujá-lo, janelão de vão rectangular emoldurado a cantaria, coroado com o escudo real. Sobre o beiral ergue-se um frontão de lanços que abrange toda a largura da fachada, onde está incrustada uma lápide com o monograma de "MARIA". Fachadas laterais: a E. e O., apresentam fenestração ao nível do 2º piso, de vão rectangular emolduradas a cantaria simples. Na fachada E., 2 dos vãos têm verga curva e ao nível do 1º piso rasga-se uma porta; na parte posterior, sobre a cobertura, torre sineira, rasgada nas 4 faces por sineiras e coroada por um elemento de forma bulbosa, encimado por cruz. Interior de nave única, 2 altares laterais inscritos em arcos plenos. Ao nível do 2º piso, 3 janelas, sendo a central mais estreita e por baixo desta, púlpitos de lançaria de madeira. Coro com balaustrada torneada assente numa barra, sobre mísulas. O acesso faz-se por uma escada de ferro em caracol. Um arco triunfal pleno antecede a capela-mor iluminada por 2 janelas que se rasgam no lado direito. A cobertura da nave é em abobadilha estucada e com pintura ornamental; a da Capela-Mor é em abóbada de aresta. A nave é corrida por um silhar de azulejos azul e branco figurando vários profetas em fundo de paisagem, desde a entrada e ao longo de toda a parede. Têm como legenda: NAAS/ ABRAÃO/ AMINA / SALOMÃO / TARE / ISAAC. Todos os painéis têm cercadura larga. O equilíbrio da composição foi destruído com a abertura dos 2 altares laterais, uma vez que obedeciam a uma organização simétrica, partindo de um medalhão central. A balaustrada do coro é coberta por talha com volutas. A Capela-Mor, profusamente decorada a talha policromada, dourado, verde e branco, tem a imagem da padroeira num retábulo oval, abobadado. A cúpula deste assenta em 2 colunas salomónicas, engrinaldadas de flores. Num plano um pouco mais recuado, outras 2 colunas caneladas. Tanto umas como outras possuem capitéis coríntios. Na sacristia sobre o lavabo com remate em concha uma lápide epigrafada. |
Acessos
|
Largo Martim Moniz; Rua da Mouraria |
Protecção
|
Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56 de 06 março 1996 / Incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128) |
Enquadramento
|
Urbano. No Largo Martim Moniz, paralela à Rua da Mouraria, adossada a N. ao Centro Comercial da Mouraria. Fachada principal com pequeno adro separado do Largo por gradeamento. Nas proximidades a NE. antigo Colégio dos Meninos Órfãos (v. PT031106530154). |
Descrição Complementar
|
INSCRIÇÕES:1. Inscrição de obrigação de missa gravada numa lápide; sem moldura nem decoração; sulcos das letras preenchidos com argamassa preta; mármore; Dimensões: 42x54; Tipo de Letra: gótica minúscula de forma com inicial em capitular carolino-gótica; Leitura: Esta confraria é obrigada a dizer uma missa cada um ano por dia de São Martinho por uma defunta. |
Utilização Inicial
|
Religiosa: capela |
Utilização Actual
|
Religiosa: capela |
Propriedade
|
Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa) |
Afectação
|
Sem afetação |
Época Construção
|
Séc. 16 / 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITETOS: F. Joaquim Barbosa (1875); João Antunes (atr., 1705); Teodósio de Frias (1596). ENTALHADOR: Manuel Fernandes Valadão (1670). PINTOR DE AZULEJOS: Oficina de António de Oliveira Bernardes (atr., séc. 18). |
Cronologia
|
1505 - os artilheiros da guarnição de Lisboa, denominados por bombardeiros, mandaram erguer, em cumprimento da promessa após a epidemia desse ano, uma ermida a São Sebastião seu padroeiro e advogado da peste; 1569, Outubro - o rei D. Sebastião devido às epidemias que mataram milhares de pessoas nesse ano pede ao Senado da Câmara de Lisboa para mandar construir uma igreja consagrada a São Sebastião e em Dezembro desse ano manda que a sua edificação seja efectuada na Mouraria perto do local da ermida; esta obra nunca se chegou a realizar devido à morte do rei no desastre de Alcácer Quibir; 1570 - o Senado da Câmara manda realizar uma procissão em acção de graças a Nossa Senhora da Saúde pelo fim de um surto de peste que assolara a capital; epígrafe informa que a confraria, decerto a de São Sebastião, fica obrigada a mandar rezar uma missa no dia de São Martinho (11 de Novembro), por memória de uma defunta; 1570, 20 Março - faz-se a primeira procissão de Nossa Senhora da Saúde cuja imagem fica guardada no oratório do Colégio dos Meninos Órfãos; 1570 - fundação da Irmandade de Nossa Senhora da Saúde; 1572 - o Senado da Câmara delibera que a procissão se efectue todos os anos na terceira quinta-feira do mês de Abril; o percurso partia da Mouraria em direcção ao convento de São Domingos e terminava no colégio dos Meninos Órfãos; 1596 - por determinação do Arcebispo D. Miguel de Castro a ermida converteu-se em paroquial de São Sebastião; obras da autoria de Teodósio de Frias; 1646 - a paroquial de São Sebastião foi mudada para a Igreja do Socorro; 1647, 27 Maio - um alvará determina que aos "condestáveis que assentassem praça para servir na Índia se tirassem 400 réis e aos artilheiros 200 réis para se refazer do necessário para o culto da Ermida de S. Sebastião" (Cortez, 1994, p. 874); 1661 - um desentendimento entre os administradores do Colégio dos Meninos Órfãos e da Irmandade de Nossa Senhora da Saúde, que põe em risco as instalações da irmandade e da imagem da santa, guardada no oratório daquela instituição, levou os artilheiros da guarnição de Lisboa a oferecerem a ermida de São Sebastião para albergar a imagem de Nossa Senhora da Saúde ficando, desde essa data, a ermida a designar-se de Nossa Senhora da Saúde; as duas irmandades, a de São Sebastião e a de Nossa Senhora da Saúde fundem-se, com aprovação do Papa Alexandre VII, numa só com o nome de: Associação da Senhora da Saúde e de São Sebastião; 1662, 20 de Abril - a imagem da Senhora da Saúde é colocada pela primeira vez no altar-mor da ermida; 1670, 03 dezembro - contrato com o mestre marceneiro Manuel Fernandes Valadão para a feitura do retábulo e tribuna da capela (FERREIRA, vol. II, p. 538); 1705 - o arquitecto João Antunes traça o portal barroco; 25 abril - contrato com Manuel Antunes para a reforma da capela, conforme risco de João Antunes (COUTINHO: 330); 1755, 1 Novembro - a capela não é muito danificada pelo terramoto; 1755, após - construção do frontão; revestimento das paredes da ermida por silhares de azulejos, atribuíveis a António de Oliveira Bernardes; séc. 18, finais - executa-se o trabalho em talha dourada que decora a capela-mor; 1861, Maio - construção do altar do lado do Evangelho a mando de António Florêncio de Sousa Pinto onde foi colocada a imagem de Nossa Senhora da Piedade, proveniente de um nicho existente na Rua dos Cavaleiros; 1861 - D. Pedro V eleva a ermida à dignidade de capela real; 1864 - construção do altar do lado da Epístola a mando de A. F. de Sousa Pinto; 1864 - a imagem de Santo António é colocada no altar do Senhor dos Aflitos; 1871 - a condessa d' Edla, viúva do rei D. Fernando II, funda a Real Irmandade de Santo António Lisbonense e o Pão de Santo António que funciona na capela; 1875 - é edificada a torre, cuja obra é dirigida por F. Joaquim Barbosa, a expensas dos seguintes irmãos beneméritos: Marquês da Fronteira, coronel A. F. de Sousa Pinto (depois general), e Quintino Costa, tesoureiro da Irmandade; 1908 - cessa a procissão da Senhora da Saúde; 1940 - 1974 - a procissão é novamente organizada; 1970 - ponderada a demolição da capela para o arranjo urbanístico do Martim Moniz; 1974-1981 - período de interregno da realização da procissão; 1984 - a procissão da Senhora da Saúde recomeça a realizar-se anualmente; 1988 - 1991 - execução do projeto de um pavimento em mosaico com a projeção de duas fachadas da capela por Eduardo Nery (1938 - 2013) na Rua da Mouraria, fronteira à porta da capela; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção. |
Dados Técnicos
|
|
Materiais
|
Alvenaria, cantaria, ferro, vidro, madeira, azulejos e telha. |
Bibliografia
|
A propriedade urbana, 3.ª série, ano LVI, n.º 184, Lisboa, Associação Lisbonense de Proprietários, Maio - Junho 1970; ATAIDE, Maia, João Antunes, Arquitecto, 1643 - 1712, Lisboa, 1988; BASTOS, Sousa, Lisboa Velha - sessenta Anos de Recordações ( 1850 a 1910 ), CML, Lisboa, 1947; CORTEZ, Maria do Carmo Cortez, Senhora da Saúde (Ermida da), in Dicionário da História de Lisboa, pp. 874-876, Lisboa, 1994; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; Guia Laranja, Lisboa e Costa de Lisboa, Lisboa, 198; Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 1º Tomo, Lisboa, 1973; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; Planos Especiais de Salvaguarda de Alfama e Mouraria - Propostas para debate público, Lisboa, 1989; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; SIMÕES, J. M. dos Santos, Azulejaria em Portugal no Século XVIII, Lisboa, 1979. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa, pº 231; CML: Arquivo do Alto de Eira, Procº. nº 11 265 |
Intervenção Realizada
|
CML: 1892 - substituição do madeiramento; construção de platibanda em substituição do beiral corrido; substituição do madeiramento do telhado; 1926 - reparação do telhado; reparações interiores e exteriores; 1927 - limpezas e reparações interiores e exteriores; 1940 - obras de beneficiação geral; 1944 - obras de limpeza e beneficiação interiores e exteriores; 1954 - pequenas reparações interiores; pinturas interiores; 1989 - conservação e reparação das coberturas, abertura de vãos de janela parcialmente tapados na fachada lateral O.; 2003 / 2004 - reparação de rebocos exteriores e caiação das fachadas; instalação de sistema anti-pombos nas coberturas; conservação e restauro de painéis azulejares na nave. |
Observações
|
|
Autor e Data
|
João Silva 1992 / Filipa Avellar 2004 |
Actualização
|
Ana Rosa 2005 |
|
|
|
|
| |