Povoação de São Julião do Tojal
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Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal |
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Núcleo urbano. Povoação situada em planície, de fundação medieval sob jurisdição monástica (Cónegos Regrantes de Santo Agostinho), de base agrícola. Estrutura urbana linear apoiada no eixo principal: antiga estrada real, depois estrada nacional Entrada marcada pela existência de duas quintas contíguas à estrada implantadas em frentes opostas. Espaço edificado em banda homogénea, formada por casas de um e de dois pisos marginando a estrada, com logradouros de traseiras confinantes com espaço agrícola. O Largo da Igreja, onde se situam a Igreja Matriz e a Capela do Espírito Santo, é o principal espaço público de referência. Os restantes largos correspondem a alargamentos das vias. |
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Número IPA Antigo: PT031107160191 |
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Registo visualizado 3064 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto urbano Aglomerado urbano Povoação Povoação medieval Povoação medieval Monástico-conventual (Cónegos Regrantes de Santo Agostinho)
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Descrição
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Núcleo urbano de origem medieval, mediante doação régia de terras à Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, formando traçado linear estruturado pela Estrada Nacional (antiga Estrada Real). O aglomerado evoluiu pela articulação de três polos ligados pela EN: o polo linear de SÃO JULIÃO DO TOJAL que corresponde aproximadamente à ocupação contínua marginal ao longo da Rua Primeiro de Maio (designada Rua Direita no séc. 17); a O. deste, o polo de SÃO SEBASTIÃO, onde se localiza a Capela de S. Sebastião (v. IPA.00021409) inserida em tecido orgânico muito alterado, contido a S. pela Rua 1º de Maio e a O. pela Rua Alfredo Dinis (antiga estrada para Bucelas), e o polo da ESTRADA, na entrada O. do núcleo antigo, onde se localizam a Quinta da Estrada (v. IPA.00034915) e Quinta Azul (v. IPA. 00034916) contíguas à EN, cujas casas são enquadradas por espaços não edificados. A área agrícola da Quinta da Estrada, atravessada a meio pela ribeira de Santa Clara, constitui um espaço-charneira entre os dois aglomerados vizinhos. Traçado composto por um eixo fundamental, EN 115 (antiga Estrada Real) de ligação entre Lisboa e Vila Franca de Xira, por Loures, atual eixo Rua Alfredo Dinis / Rua Primeiro de Maio (Rua Direita). Duas vias secundárias entroncam perpendicularmente na EN, desenvolvendo-se para S. em direção à várzea: o eixo Rua da Igreja / Rua do Tazim a E. e a Rua da Ribeirinha a O. A ocupação ao longo da Rua 1º de Maio (Rua Direita), no troço compreendido entre a Rua da Ribeirinha e a Rua da Igreja, é contínua e linear, com edifícios de 1 e 2 pisos. Nesta frente de rua destacam-se a casa da Quinta Pequena (v. IPA.00034918) e a Casa da Quinta da Bandeira (v. IPA.00034919), dotadas de significativas áreas verdes contíguas às construções que se estendem para S. Constituem espaços públicos de referência, a E., o pequeno largo ajardinado de configuração trapezoidal, na interseção da Rua Alfredo Dinis com a Rua da Igreja, com zona de estar. É enquadrado do lado E. por casa térrea em gaveto com telhado sanqueado e respetivo muro (v. IPA. 00034920), e do lado O. pela fachada lateral esquerda da casa da Quinta da Bandeira. Este pequeno largo articula-se do lado S. com o Largo da Igreja, de configuração irregular, onde se localizam a igreja matriz (v. IPA.00020201) e a Capela do Espírito Santo (v. IPA.00021408). Para S. do largo da igreja desenvolve-se o eixo da Rua da Igreja / Rua do Tazim em direcção à várzea. No seguimento deste eixo para S. a permeabilidade do tecido urbano na envolvente do núcleo permite sucessivos enquadramentos visuais sobre a várzea e rio Trancão. Na entrada O. uma zona de estar pavimentada acompanha o traçado da Rua Alfredo Dinis, antiga EN 115-5, do lado S. contornando o muro da Quinta da Estrada na proximidade do Chafariz (v. IPA.00034917). Beneficiando da situação de miradouro existente, o local proporciona vistas panorâmicas para S., favorecendo a proximidade visual da várzea. |
Acessos
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A8, saída 3 (Loures / Bucelas), EN115 e EN115-5 em direção a Bucelas, Rua Alfredo Diniz que se prolonga pela Rua 1.º de Maio, no atravessamento do aglomerado. |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Implantado em planície, na zona de transição entre a encosta do Complexo Vulcânico de Lisboa e a zona aplanada da Várzea de Loures. Insere-se na unidade de paisagem Terra Saloia, subunidade da Baixa de Loures e Encostas Envolventes. A variação altimétrica situa-se entre os 35 m de altitude, que se verificam no extremo NO., na Quinta Azul (v.IPA.00034916), e os 12 m, na ribeira de Santa Clara, no extremo SO. do núcleo, junto ao limite da freguesia. O espaço edificado situa-se à cota média de 18m de altitude. A ribeira de Santa Clara é a única linha de água presente, atravessa o núcleo de N. para S., efetuando o limite E. da Quinta Azul, passa canalizada sob a EN 115-5, continuando para S., onde separa em duas metades a área agrícola da Quinta da Estrada (v. IPA.00034915); a S. do núcleo, na Várzea de Loures, a ribeira junta-se à ribeira de Fanhões, no designado Esteiro da Princesa. A geologia expressa a transição da encosta para a várzea. A Quinta Azul que se posiciona à cota mais elevada, apresenta-se sobre três estratos geológicos distintos: o complexo vulcânico de Lisboa, a Formação de Benfica, com intercalações calcárias (calcários de Alfornelos) e, junto à ribeira, os aluviões; a povoação de São Julião do Tojal situa-se sobre a Formação de Benfica, conglomerados, arenitos e argilitos; os terrenos agrícolas a S. da EN115-5, planos e fronteiros à várzea, encontram-se, maioritariamente, sobre aluviões-aterros e depósitos de terraços fluviais. Os solos são muito produtivos a S. da EN115-5, nos terrenos agrícolas da Quinta da Estrada, onde dominam os coluviossolos ou solos de baixas não calcários, e nas Quintas Pequena (v. IPA.0003418) e da Bandeira (v. IPA. IPA.0003419), onde dominam os aluviossolos antigos não calcários. Na envolvente S. a paisagem rural é formada por terrenos aluvionares agricultados e áreas construídas de génese ilegal. A N. da povoação dominam os solos calcários pardos, menos produtivos do que os anteriores. Em resultado da elevada fertilidade, os solos foram ocupados por culturas hortícolas e cerealíferas até à presente década, sendo o abandono da produção recente. A vegetação dominante é a resultante do abandono agrícola, prados naturais, canas e caniços na margem da linha de água, entre as espécies arbóreas destacam-se as oliveiras (em alinhamento denso e em quadrícula dispersa). Estão presentes algumas árvores exóticas nos logradouros das casas e no espaço público, e alguns alinhamentos formando sebe junto aos muros que delimitam as propriedades. O núcleo urbano situa-se na Área Metropolitana de Lisboa, a N. da capital e a NE da sede do concelho de Loures, da qual dista cerca de 5 km. Confina a N. com indústria, área habitacional e terrenos de cultivo próximos da Via de Cintura da Área Metropolitana de Lisboa; a E. com o cemitério de São Julião do Tojal e terrenos de cultivo; a S. com terrenos de cultivo (alguns em abandono de produção) e a O. com área urbana de Santo Antão do Tojal, povoação à qual se liga pela Rua 25 de Abril. O limite O. de São Julião do Tojal coincide com o limite administrativo da freguesia *2. Na envolvente, a NE., destaca-se a Quinta de Valbom (v. IPA.00034927) localizada entre a Rua Alfredo Dinis (EN 115) e a Via de Cintura. Da área agrícola S. avista-se o conjunto monumental de Santo Antão do Tojal (v. IPA. 00005971). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Não aplicável |
Afectação
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Não aplicável |
Época Construção
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Séc. 12 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Não aplicável |
Cronologia
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1176 - doação das terras do Tojal aos frades de São Vicente de Fora por D. Afonso Henriques; séc. 12 - fundação da Igreja de São Julião do Tojal pelo Mosteiro de São Vicente de Fora da cidade de Lisboa; 1218 - D. Afonso II concede ao Mosteiro dos Cónegos de S. Vicente, todas as terras do Tojal, com todas as suas águas, azenhas, moinhos e marinhas, montados, devesas, campos, olivais, vinhas, casais e casas do lugar, que poderia ter até 100 vizinhos, no qual o mosteiro teria toda a jurisdição civil e criminal, sendo prior D. Gonçalo Mendes; séc. 16 - fundação da Capela do Espírito Santo com hospital anexo e da Capela de São Sebastião; 1606 - A planta incluída no Tombo do mosteiro de São Vicente de Fora apresenta a povoação organizada em três polos distintos: a E. designava-se por LUGAR DA ESTRADA, englobando a N. as casas do desembargador Simão de Oliveira e Costa e do Dr. Gaspar Barreto de Brito, que deram origem à casa da Quinta Azul, e a S., as casas e quinta das terras junto ao ribeiro de Santa Clara já então rodeada de muros, de Inofre Alentão e de sua mulher, Joana de Campos, que deram origem à atual Quinta da Estrada cujo limite S. sempre separou as terras do Mosteiro de São Vicente de Fora das terras da Mitra; o polo central, dito de SÃO SEBASTIÃO, marcado pela capela quinhentista de São Sebastião e pelas casas sobradadas construídas por Fernão Dias em 1572 e, posteriormente, compradas por Diogo Soares, Secretário de Estado do Conselho de Portugal em Madrid no tempo de Filipe IV; estas duas únicas construções eram rodeadas a N. e a E. por olival de considerável dimensão; o polo O., designado por LUGAR DE SÃO JULIÃO DO TOJAL, com desenvolvimento linear ao longo da estrada real, apresentava duas frentes edificadas contínuas, a N. e a S. as casas notáveis destacavam-se pela escala, sempre de dois pisos, maior área de implantação e maior largura da frente; as casas comuns, de um ou de dois pisos, implantavam-se em lotes estreitos, perpendiculares à via; a configuração de algumas destas parcelas manteve-se até ao séc. 20; o adro da igreja era um espaço público que suportava edifícios e atividades importantes e para o qual confluía a maior parte das vias; aqui se situavam a igreja paroquial, o lagar e o celeiro do Mosteiro de São Vicente de Fora, junto às casas de hospedaria dos cónegos regrantes de Santo Agostinho, a E., a capela e hospital do Espirito Santo e as casas nobres de Diogo Soares a O.; para o adro se dirigia uma importante serventia de traseiras, tortuosa *3, que o articulava com o Serrado de Diogo Pais, futura Quinta Pequena, com as casas nobres e Serrado de Diogo Soares, futura Quinta da Bandeira e, com ligação também à Estrada Real; a N. do lagar e celeiro do Mosteiro, partia para E. uma serventia de traseiras em direção a um pequeno largo, junto à Estrada Real, onde atualmente se encontra um poço com chafariz (v. IPA. 00034921); o adro articulava-se em dois pontos com a Estrada Real, separados por uma casa de dois pisos e seu quintal murado (v. IPA.00034920); para S., caminhos de ligação com as marinhas do Mosteiro, cais de embarque e moinho de água; ao centro do lugar, para NO., abria-se um caminho em direção à fonte da Quinta de Valbom (v. IPA.00034927), através dos olivais da Corredoura; na parte urbana deste caminho, a seguir às casas, do lado O., situavam-se o curral do concelho e o açougue; para E., desenvolvia-se também a partir da Estrada Real um importante espaço de natureza lúdica, o Jogo da Bola, do qual não restam vestígios atualmente; 1758 - Memórias Paroquiais referem que a povoação tinha trezentos habitantes; 1764 - Na planta da Várzea de Loures, levantada por Luis de Alincourt e Eusébio A. de Ribeiros, o aglomerado mantém a sua configuração tripartida, com o polo das Quintas Azul e da Estrada a O., o polo em torno da capela de S. Sebastião com nove edifícios que se densificou muito nesta centúria (uma vez que em 1606 só possuía dois), e a E. ,povoação linear terminando no adro da Igreja Matriz e Capela do Espirito Santo, constatando-se que a área do adro foi reduzida por construções avançadas de ambos os lados da capela do Espirito Santo; do lado direito do caminho que vai para a fonte da Quinta de Valbom, existia um lote vago em resultado de uma demolição feita no séc. 17 das casas sobradadas pertencentes a António Soares, que fora partidário do Prior do Crato e por esse motivo perdera os seus bens; a demolição foi feita por seu primo Diogo Soares, do partido filipino e o espaço manteve-se desocupado até à segunda metade do séc. 20; na banda S. da Estrada, junto às casas nobres que haviam sido de Diogo Soares, foram demolidas as casas grandes sobradadas localizadas a O., posteriormente substituídas por edifícios de apoio à produção agrícola; séc. 20, primeira metade - densificação com ocupação industrial entre o polo das quintas a O. e o polo da Capela de São Sebastião; progressão da construção marginal ao caminho para a fonte da Quinta de Valbom; séc. 20, último terço - expansão linear para N. ao longo da Rua Alves Redol, sobre o antigo caminho para a fonte, expansão para E., ao longo da EN115 e ocupação dos logradouros do edificado pré-existente; expansão habitacional para além do núcleo tradicional, mediante transformação do solo rural em solo urbano por loteamentos de baixa densidade, a N. da EN; séc. 21, construção de escola básica e jardim-de-infância na Rua Alves Redol, integrada na zona de expansão habitacional; 2001, 8 outubro - PDM, RCM 149 149/2001, DR 233 1ª série - B*1; 2013, 28 janeiro - a povoação passa a pertencer à União das Freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal por agregação das mesmas, pela Lei n.º 11-A/2013, DR, 1.ª série, n.º 19. |
Dados Técnicos
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Não aplicável |
Materiais
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Não aplicável |
Bibliografia
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AA.VV. - Património Cultural Construído. Loures: Câmara Municipal de Loures, 1988; CASTRI, João Baptista de - Mappa de Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Oficina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1763, tomo III, p. 471; COSTA, António Carvalho da - Corografia Portuguesa. Lisboa: Oficina Real Deslandesiana, 1712, tomo II, p.613; SEQUEIRA, Gustavo de Matos - A Abelheira e o Fabrico do Papel em Portugal. Lisboa: s.n. 1935; SILVA, Carlos Guardado - O Mosteiro de S. Vicente de Fora, a comunidade regrante e o património rural (séculos XII-XIII). Lisboa: Colibri, 2002. |
Documentação Gráfica
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IHRU: SIPA; DGARQ/TT: desenho aguarelado e esquema planimétrico, Cónegos Regulares de St.º Agostinho, Mosteiro de S. Vicente de Fora, liv. 22, 1606; IGP: Mapa topográfico, séc. 18, Luís de Alincourt e Eusébio A. De Ribeiros (CA 127); C.M.Loures. |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA; CMLoures: arquivo Divisão Planeamento Municipal e Ordenamento do Território |
Documentação Administrativa
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DGARQ/TT: Memórias Paroquiais, 1758; Cónegos Regulares de St.º Agostinho, Mosteiro de S. Vicente de Fora, liv. 22, 1606 e liv. 25, 1695; CMLoures. |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 Aglomerado incluído no levantamento do património cultural construído do Concelho de Loures de 1988, anexo ao regulamento do PDM de Loures, RCM 54/94, DR 161 1ª Série - B de 14 de Julho de 1994 (1ª publicação). *2 A freguesia de São Julião do Tojal confina a N. com as freguesias de Bucelas e Fanhões; a S. com as freguesias de Unhos, Frielas e São João da Talha; a E. com o concelho de Vila Franca de Xira e a O. com a freguesia de Santo Antão do Tojal. *3 Em 1695 esta azinhaga encontrava-se fechada à circulação. |
Autor e Data
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Fernanda Ferreira, Frederico Pinto, Madalena Neves, Manuel Villaverde (CMLoures) 2013 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures) |
Actualização
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