Igreja dos Navegantes
| IPA.00029691 |
Portugal, Lisboa, Cascais, União das freguesias de Cascais e Estoril |
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Arquitectura religiosa, barroca. Igreja de planta rectangular composta por nave centralizada inscrita em quadrado, que forma um corredor interno, e por capela-mor rectangular, com coberturas em e iluminada uniformemente pelas janelas rectangulares que se rasgam nas fachadas laterais. Fachada principal harmónica com duas torres sineiras que assentam sobre um corpo tripartido, rasgado por janelas rectilíneas com remates em frontão e portal de verga recta, sendo o pano central rematado em empena recortada. Possui porta travessa na fachada lateral esquerda. Interior com coro-alto sobre asa de cesto, ladeado por dois púlpitos com acesso por portas de verga recta. Tem altares laterais e colaterais e capela-mor marcada por supedâneo com degraus centrais, onde surge o altar-mor, encimado por nicho com o orago. Sacristia com arcaz de espaldar, lavabo de cantaria com espaldar decorado e armário embutido. |
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Número IPA Antigo: PT031105030305 |
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Registo visualizado 4364 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja
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Descrição
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Planta rectangular composta por nave, capela-mor e anexos, com coberturas diferenciadas em telhados de duas (capela-mor e anexos) e oito águas na nave. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com amplo soco revestido a cantaria de calcário, com cunhais apilastrados sobre altos plintos paralelepipédicos e remates em friso e cornija. Fachada principal, virada a O., dividida em três panos por pilastras toscanas, o central rematado em empena recortada e com molduras volutadas, encimada por cornija contracurva, de inspiração borromínica e com cruz latina no vértice. O pano central é rasgado por portal de verga recta, com ampla moldura de cantaria e remate em friso e cornija; está encimado por janelão rectilíneo com molduras simples e remate em frontão semicircular. Cada um dos panos laterais é rasgado por pequeno respiradouro rectilíneo e janela rectangular reamtada por frontão triangular, tendo todos caixilharias de madeira em guilhotina e vidros simples. Os panos laterais formam a base de duas sineiras com coberturas em coruchéus bolbosos, rasgadas por quatro ventanas em arcos de volta perfeita e assentes em impostas salientes, com fogaréus sobre o friso e cornija dos remates. As fachadas laterais são semelhantes, com duas janelas jacentes no corpo da torre e com o da nave rematado em cornija, encimado pelo corpo cego e pelo volume do octógono central da nave, todos com beirada simples. Cada uma delas é rasgada por quatro janelas jacentes e janelão rectilíneo, com molduras simples, surgindo, na lateral esquerda, porta travessa de verga recta e moldura simples com acesso por dois degraus. O corpo da capela-mor é rasgado por janela rectilínea com moldura simples, surgindo um respiradouro na lateral esquerda. Fachada posterior marcada pelo corpo da capela-mor e anexos, com tripla empena rematada em cornija, sendo rasgada por três janelas jacentes e duas janelas de peitoril rectilíneas e com molduras simples, estas protegidas por caixilharia de guilhotina. Sobre esta, é visível o corpo da nave e dos corpos que a envolvem. INTERIOR com as paredes revestidas a cantaria de calcário amarelo, com alguns dos elementos estruturais de calcário vermelho, estando dividido em três registos separados por frisos e o inferior por cornija, atenuando a altura do espaço. A nave tem cobertura em falsa cúpula assente em cornija bastante saliente e a capela-mor em falsa abóbada de aresta, ambas rebocadas e pintadas de branco, com pavimentos em lajeado. O portal está protegido por guarda-vento de madeira e vidro, enquadrado por coro-alto inscrito em arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas e com fecho saliente e volutado. O coro-alto assenta em arco em asa de cesto, com o fecho saliente. Para o sub-coro, abrem duas portas de verga recta e molduras simples de cantaria. Nos panos imediatos, surgem duas portas de verga recta, de acesso ao púlpito com bacia ovalada e mísula de cantaria, com guarda de madeira torneada, com acesso por portas de verga recta. Nos imediatos, as capelas laterais com acesso por vãos em arco de volta perfeita, sustentados por pilastras toscanas, dedicadas a Cristo, no lado do Evangelho, e a Santa Teresa de Ávila, no lado oposto. O arco triunfal é de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, com fecho volutado e ornado por acanto, encontrando-se protegido por teia, estando ladeado por dois panos que contêm os retábulos colaterais, dedicados a Nossa Senhora da Piedade (Evangelho) e Nossa Senhora de Fátima (Epístola). Capela-mor elevada por um degrau, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por painéis de azulejo em monocromia, azul sobre fundo branco, formando silhar, com representações figurativas, representando o Aparecimento de Nossa Senhora dos Prazeres a um barco em perigo de naufragar e São Pedro Gonçalves que salva uma caravela em perigo. Nas paredes laterais, duas janelas de verga recta com varadim em balaustrada de cantaria e moldura do mesmo material com pingentes, estando rematadas por frontões semicirculares. Sobre supedâneo de três degraus centrais, com altos socos de cantaria laterais, ostentando almofadados em ponta de diamante com cores distintas, surge o altar paralelepipédico e de madeira, envolvido por madeira pintada com marmoreados fingidos, formando um banco e sotobanco. Ao centro, nicho de volta perfeita, envolvido por elementos de madeira policroma, criando um falso retábulo, com pilastras toscanas e remate em frontão triangular. No centro do nicho, trono de três degraus com a imagem do orago. No lado da Epístola, uma pequena porta de verga recta dá acesso à sacristia, rectangular, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, ostentando silhares de azulejo figurativo, em monocromia, azul sobre fundo branco, representando temas hagiográficos. Tem tecto de madeira pintada de bege e pavimento em lajeado. Tem arcaz de madeira, encimado por espaldar com painéis pintados e oratório central. Possui armário embutido na parede com porta de duas folhas de madeira almofadadas e remate em frontão interrompido. No lado oposto, o lavabo em cantaria, com grande taça rectangular, encimada por espaldar, dividido em seis painéis de cantaria formando rosetões, o central com orifício para alimentar o reservatório, protegido por madeira. Remata em frontão interrompido, semelhante ao do armário. |
Acessos
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Rua dos Navegantes, Travessa dos Navegantes; Largo Dr. Passos Vella. |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, isolado, implantado numa zona em ligeiro declive, abrindo para uma das principais artérias que atravessa o núcleo antigo de Cascais, a Rua dos Navegantes, tendo a fachada posterior confinante com um amplo largo, o Largo Passos Vella, de que se separa por largo passeio público, pavimentado a calçada, protegido por frades de pedra. Junto à fachada principal, surge a Casa na Rua dos Navegantes, n.º 80 (v. PT031105030326) e, na fachada posterior, a Casa dos Marqueses de Cantagalo (v. PT031105030153). No lado direito, um grupo de residências unifamiliares que integram alguns elementos antigos (v. PT031105030349). |
Descrição Complementar
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Capela colateral do Evangelho com retábulo de talha dourada e pintada de branco, com planta recta e um eixo definido por pilastras finas ornadas por motivos vegetalistas, que envolvem o nicho rematado por cornija contracurva, protegido por vidraça. É ladeado por painéis simples de talha com alguma decoração volutada. Na capela colateral da Epístola, altar e estrutura de madeira pintada, que serve para sustentar a imagem. Os azulejos da sacristia encontram-se datados, no painel junto ao lavabo, com a data "1729". Surgem vários painéis de enchimento, com cariátides com açafates, formando as molduras, tendo painéis de maiores dimensões, com cenas matinhas, o maior marcado pela existência da Virgem ao centro, envolvida por baldaquino a abrir em boca de cena, sustentado por anjos, com paisagens marítimas. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Padre Francisco Tinoco da Silva (atr., 1715-1727); Tertuliano Marques (1938). PEDREIROS: Oficina Moreira Rato (1942). PINTOR de AZULEJOS: Teotónio dos Santos (atr., 1720); Valentim de Almeida (atr., 1729). |
Cronologia
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Séc. 16 - provável construção do templo primitivo, dedicado a Nossa Senhora do Socorro; 1587 - a Irmandade de Nossa Senhora dos Prazeres e São Pedro Gonçalves Telmo possuía um hospital; 1715, 20 Maio - a irmandade envia para Roma o pedido de anulação das multas impostas pelo pároco local, pelo facto dos homens do mar irem para a faina sem assistirem à missa; alegam que a igreja estava em construção, com capelão própria, que celebrava missa aos Domingos e dias santos, pelo que não tinham um espaço religioso onde pudessem assistir à missa; 1715-1727 - execução da igreja conforme provável desenho do arquitecto Padre Francisco Tinoco da Silva, encomenda da Confraria de Nossa Senhora do Socorro, ligada aos homens do mar; 1719, 07 Outubro - numa visitação, é referida a existência da pequena ermida, situada na praça da Vila; 1720 - pintura dos azulejos da capela-mor, atribuíveis a Teotónio dos Santos; 29 Abril - provisão do Patriarca D. Tomás de Almeida, a autorizar a benção da igreja; 1729 - pintura dos azulejos da sacristia, atribuíveis a Valentim de Almeida; feitura de dois painéis alusivos aos oragos, São Pedro Gonçalves e Nossa Senhora dos Prazeres; 1751 - a igreja tinha invocação de Nossa Senhora dos Prazeres e São Pedro Gonçalves; 1755, 01 Novembro - o terramoto deixa o edifício danificado, a necessitar de remodelação; 1757 - provável pintura dos azulejos da nave, com a Virgem a interceder por náufragos; 1758, 6 Abril - na Memórias Paroquiais, assinadas pelo padre Marçal, é referido que a Irmandade tinha a possibilidade (dada por D. João V) de não fornecer soldados para a guerra, excepto o envio de um para a Índia ou o pagamento de 40$000, como acontecia com a Irmandade de Setúbal; o pescado de Domingos ou dias santos tinha que ser doado ao altar de São Pedro Gonçalves, conforme privilégio de Pio V; 1791, 09 Agosto - venda do terreno da primitiva capela a Luís António da Silva Coelho; 1844, 26 Setembro - escritura entre a Irmandade e Ordem Terceira para passarem a administrar conjuntamente os bens da igreja; 1856 - está extinta a Irmandade de Nossa Senhora dos Prazeres e São Pedro Gonçalves Telmo; 1873 - a invocação de São Pedro Gonçalves mantinha-se; 1911 - o templo é entregue à Paróquia de Nossa Senhora da Assunção; 1937 - uma Comissão, formada pelo pároco, Moisés da Silva, e por D. António e D. Joaquim Castelo Branco, decide proceder a obras na igreja; 1938 - a Comissão pede a Tertuliano Marques que desenhe as torres da igreja, o qual executa o projecto; 1942 - conclusão da construção das torres, por iniciativa de uma Comissão Administrativa composta pelo prior, Padre Moisés da Silva, D. António de Castelo Branco, Conde de Almoster, D. Joaquim de Castelo Branco, Romano Esteves e Manuel Barreto; nas torres trabalhou a oficina de Moreira Rato da Abóbada; 9 Agosto - inauguração das torres; feitura de uma imagem nova, oferecida por António Lopes Martins e Carlos Granja. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural portante. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; paredes interiores, pavimentos, pilastras, volutas em cantaria de calcário; retábulos, portas, guardas de madeira; painéis de azulejo tradicional; janelas com vidro simples; cobertura em telha. |
Bibliografia
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ANDRADE, Ferreira de, Cascais - Vila da Corte - oito séculos de história, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1964; Cascais em 1755 - do terramoto à reconstrução, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2005; COELHO, Teresa de Campos, A Igreja dos Navegantes, um notável exercício de geometria, in Monumentos, n.º 31, Lisboa, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 2011, pp. 76-83; ENCARNAÇÃO, José de, Cascais - Guia para uma visita, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1983; ENCARNAÇÃO, José de, Recantos de Cascais, Lisboa / Cascais, Edições Colibri / Câmara Municipal de Cascais, 2007; MECO, José, Azulejaria de Cascais com temática ou utilização religiosa, in Um olhar sobre Cascais através do seu património, vol. II, Cascais, Câmara Municipal de Cascais / Associação Cultural de Cascais, 1989, pp. 87-117; MECO, José, Da "Casa dos Azulejos" aos azulejos de Cascais, in Monumentos, n.º 31, Lisboa, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 2011, pp. 46-57; Monografia de Cascais, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1969; SERRÃO, Vítor, Notas sobre a pintura quinhentista no Concelho de Cascais, in Um olhar sobre Cascais através do seu património, vol. II, Cascais, Câmara Municipal de Cascais / Associação Cultural de Cascais, 1989, pp. 69-83; SERRÃO, Vítor, A História da Arte em Portugal novas perspectivas teóricas e metodológicas. O panorama de estudos do património cascalense, in Património, Território e Sociedade - X Cursos Internacionais de Verão de Cascais, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2004, pp. 75-89; SILVA, Raquel Henriques da, Cascais, Lisboa, Editorial Presença, 1988. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: séc. 20 - tratamento de pinturas e rebocos. |
Observações
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Autor e Data
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Paula Figueiredo 2010 |
Actualização
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