Igreja Paroquial da Serreta / Igreja de Nossa Senhora dos Milagres / Santuário de Nossa Senhora dos Milagres

IPA.00029634
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Serreta
 
Igreja paroquial com construção iniciada em finais do séc. 19 e concluída no início do séc. 20, procurando reproduzir a estrutura da igreja anterior, que se erguia no lado oposto da estrada e possuía menores dimensões, elevada mais recentemente a santuário. A primeira igreja datava também do séc. 19, tendo sido iniciada em 1818 / 1819 e concluída, em termos estruturais, em 1842, tendo sido elevada a paroquial em 1861. A atual igreja segue o esquema comum das igrejas de finais de oitocentos, altas, e tem planta retangular composta por nave e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente com iluminação axial e bilateral e coberturas de madeira e em falsa abóbada de berço. Tem fachadas rebocadas e pintadas, com cunhais, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos e molduras em cantaria pintada a cinzento, de sabor popular. A fachada principal termina em platibanda plena, interrompida ao centro por tabela retangular, de influência maneirista, sobreposta por espaldar com moldura angular, e ladeada de aletas, e é rasgada por três eixos de vãos retilíneos, com molduras encimadas por cornija reta, correspondendo a portal, entre duas janelas e, no registo superior, a janelas de varandim com guarda em ferro. As fachadas laterais terminam em cornija e têm a nave rasgada por porta travessa e duas janelas retilíneas, com molduras encimadas por cornija reta, e a capela-mor por janela retilínea moldurada. A capela-mor é flanqueada por corpos de dois pisos, que se abrem para a capela-mor em tribunas, rasgadas em 1945 / 1946, em duplo arco de volta perfeita, e para a nave em porta e janela de varandim. Sabe-se contudo que a anterior igreja já tinha também tribunas, uma à direita do retábulo-mor e outra sobre o guarda-vento. No interior possui coro-alto de madeira, batistério no lado do Evangelho, sob a torre, e lateralmente, confrontantes, dois púlpitos com bacia retangular e guarda em balaustrada, acedidos por porta encimada por cornija reta, e duas capelas com retábulos de talha policroma, de planta reta e um eixo, revivalistas. O arco triunfal é de volta perfeita, sobre pilastras e, na capela-mor, o retábulo-mor, igualmente revivalista, é de talha policroma, de corpo convexo e três eixos, e a cobertura tem caixotões pintados com iconografia Eucarística, Mariana, Cristológica e alegórica à Igreja. O retábulo-mor e os laterais possuem estrutura semelhante e denotam influências da talha tardo-barroca e neoclássica, sobretudo na decoração pouco exuberante, nas urnas, terços inferiores das colunas marcados e apainelados com festões. O projeto da construção da igreja era mais ambicioso do que aquele que foi construído, incluindo, nomeadamente, quatro capelas laterais profundas, o qual foi depois reduzido para apenas duas capelas à face.
Número IPA Antigo: PT071901170068
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta retangular composta de nave única e capela-mor, tendo adossado à fachada lateral esquerda torre sineira quadrangular e dois corpos, um deles de dois pisos, e à fachada lateral direita, corpo retangular de dois pisos. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja, de uma nos corpos da fachada lateral esquerda, e de três no corpo da lateral direita, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco e faixa a cinzento, com as pilastras dos cunhais, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos e molduras em cantaria pintada de cinzento. Fachada principal virada a O., com pilastras nos cunhais e rematada em friso, cornija e platibanda plena, interrompida ao centro por tabela retangular, definida por pilastras, decorada com moldura retangular integrando relógio circular moldurado, e terminada em cornija sobreposta por espaldar com moldura angular, coroada por cruz latina em ferro sobre plinto paralelepipédico; o espaldar é ornado por duas cartelas e motivos vegetalistas. Ladeiam a tabela aletas e, sobre o cunhal direito, surge pináculo tipo pera. É rasgada por três eixos de vãos retilíneos, com molduras encimadas por cornija reta, correspondendo a portal, entre duas janelas e, no registo superior, a janelas de varandim com guarda em ferro, sendo os vãos centrais sensivelmente maiores. Torre sineira com cunhais apilastrados, coroados por pináculos tipo pera, sobre plintos paralelepipédicos, e de dois registos separados por cornija, rasgando-se no primeiro duas janelas sobrepostas, semelhantes às da igreja, sendo a superior igualmente de varandim; no segundo registo abre-se sineira, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, albergando sino; possui cobertura piramidal facetada, pintada com faixas brancas e cinzentas, formando espinha, rasgada por três pequenos vãos em cada uma das faces. Fachadas laterais com a nave rasgada por porta travessa e duas janelas retilíneas, todas com molduras encimadas por cornija reta, e a capela-mor por janela retilínea moldurada; na lateral esquerda, o corpo adossado de dois pisos, terminado em meia empena, é rasgado a O. por janela retangular moldurada ao nível do segundo piso, e o corpo mais baixo é rasgado a N. por duas janelas retangulares. Na fachada lateral direita, o corpo adossado termina em cornija e é rasgado a O. por porta sobreposta por janela de varandim, com guarda em ferro, ambas com molduras terminadas em cornija, e a S. por duas janelas de peitoril, de molduras simples e com caixilharia de guilhotina, em cada um dos pisos. Na fachada posterior a capela-mor termina em empena, coroada por cruz e é rasgada por janela quadrangular, o anexo da fachada S. é rasgado por porta de verga reta e o da fachada N. por porta central e janela no ângulo esquerdo. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com azulejos de padrão moderno, azuis e brancos, formando silhar, e pavimento em tijoleira. Coro-alto de madeira envernizada, com guarda em balaústres torneados, acedido no lado do Evangelho por porta de verga reta, sem moldura. No sub-coro, do lado do Evangelho, abre-se amplo vão em arco de volta perfeita sobre pilastras, de acesso ao batistério, desenvolvido sob a torre sineira, interiormente com cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque; na parede frontal abre-se nicho, em arco de volta perfeita, entre duas portas de verga reta, todos com molduras sublinhadas a cinzento; ao centro possui pia batismal em mármore, de taça hemisférica, exteriormente gomeada, sobre pé canelado. Lateralmente, a seguir às portas travessas, surgem dois púlpitos confrontantes, de bacia retangular sobre consola, em cantaria, com guarda em balaústres de madeira, acedidos por porta de verga reta com moldura, encimada por cornija reta. Seguem-se duas capelas laterais, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, albergando retábulos de talha policroma, de planta reta e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, ladeado por portas de verga reta sobrepostas por janelas retilíneas de varandim, ambas encimadas por cornija reta e pertencentes às tribunas laterais da capela-mor. Teto da nave plano e de madeira, formando caixotões, sobre cornija do mesmo material. A capela-mor tem as paredes laterais rasgadas por portas de verga reta de ligação aos anexos e, superiormente, por tribuna, de dois arcos geminados, de volta perfeita sobre pilastras, e com guarda em balaustrada. A cobertura é em falsa abóbada de berço, formando caixotões, com florões dourados nos encontros, e painéis pintados com símbolos Eucarísticos, Marianos, Cristológicos e alegóricos à Igreja. Sobre supedâneo surge o retábulo-mor, em talha policroma a azul, rosa, cinzento, a marmoreados fingidos a azul e cinzentos, e dourados, de corpo côncavo e três eixos; estes são, definidos por quatro pilastras de fuste decorado com motivos vegetalistas, terço inferior marcado e com capitéis de inspiração coríntia, e duas colunas interiores, de terço inferior marcado, sobre plintos paralelepipédicos almofadados e de capitéis de inspiração coríntia; no eixo central, abre-se tribuna em arco contracurvo, de boca rendilhada, interiormente pintado e albergando trono de três degraus almofadados, encimados por baldaquino de remate contracurvo e palmeta no fecho; nos eixos laterais surgem painéis de topo recortado e decorado com elemento fitomórfico enquadrando imaginária sobre mísula; sobre o entablamento, ornado com motivos vegetalistas, desenvolve-se o ático em espaldar recortado, contendo tondo com monograma "AM", rematado em cornija contracurva sobreposta por elementos vegetalistas vazados; no enfiamento das colunas tem plintos almofadados e com acantos coroados por urnas; lateralmente surge apainelado, adaptado ao perfil da cobertura, sobreposto por elementos vegetalistas relevados e dourados. Banco com apainelados almofadados, os exteriores com festão, e sotobanco com apainelados contendo motivos recortados dourados inseridos em almofadas. Sobre a banqueta surge o sacrário, tipo templete, rematado em platibanda plena, frontalmente formando empena, coroada por elemento trilobado e cruz, entre pináculos, e com custódia na porta. Altar tipo urna, de frontal decorado com ampla almofada contendo motivos vegetalistas.

Acessos

Serreta, Estrada Regional 1-1. WGS84 (graus decimais): lat.: 38.749955, long.: -27.364767

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, no extremo ocidental da ilha, junto à via estruturante da povoação. Insere-se em adro sobrelevado relativamente à estrada, protegido por muro, rebocado e pintado e capeado a cantaria, acedido frontalmente por escada de vários degraus, com guarda plena. No adro, pavimentado a lajes quadrangulares, existe junto à fachada lateral esquerda, corpo retangular com instalações sanitárias para senhoras e homens. Quase em frente, do lado oposto da estrada, ergue-se o Império do Espírito Santo da Serreta (v. PT071901170104) e, nas imediações, uma fonte de espaldar oitocentista (v. PT071901170120).

Descrição Complementar

O espaldar do remate da fachada principal possui cartela oval com a inscrição "1907" e uma cartela quadrangular com "AM". No corpo da nave existe a inscrição metálica "Santuário Nossa Senhora dos Milagres Ave Maria". Retábulos laterais semelhantes, em talha policroma a verde, azul, marmoreados fingidos cinzentos, e dourados, de planta reta e um eixo, definido por duas colunas, de terço inferior marcado, sobre duas ordens de plintos paralelepipédicos, almofadados e com elementos vegetalistas, e de capitéis coríntios, coroadas por urnas; ao centro abre-se nicho curvo, interiormente pintado e com motivos vegetalistas e eucarísticos na zona superior, albergando imaginária; lateralmente surgem painéis sobrepostos por falso frontão dourado, enquadrando imaginária sobre mísula; sobre o entablamento, com friso ornado de motivos vegetalistas, desenvolve-se o ático em espaldar recortado, contendo tondo com elemento tipo resplendor, rematado em cornija contracurva, com acanto no fecho; lateralmente surge apainelado, adaptado ao perfil do arco, sobreposto por elementos vegetalistas relevados e dourados. Banco com apainelados almofadados decorados por elementos fitomórficos. Altar tipo urna com frontal decorado por motivos vegetalistas. A cobertura da capela-mor tem os caixotões pintados com símbolos Eucarísticos, Marianos, Cristológicos a alegóricos à Igreja, nomeadamente, ramos de rosas, açucenas, Agnus Dei, monograma IHS, Espírito Santo, Sagrado Coração e outros.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 16, meados - ocupação humana do território da atual freguesia da Serreta, ainda que existissem pessoas a viver nalgumas zonas, nomeadamente na Fajã; séc. 17, finais - o padre Isidro Fagundes Machado (1651 - 1701) refugia-se no local chamado Queimado, na região da atual Serreta, ali erguendo uma pequena ermida, onde coloca a imagem de Nossa Senhora com o Menino que levara consigo; em pouco tempo eram conhecidas as virtudes do piedoso sacerdote, ali começando a ocorrer o povo; anos depois da sua morte, a pequena imagem foi transportada para a igreja das Doze Ribeiras, por ordem do Prelado, acabando progressivamente as romarias à imagem; 1762, 22 junho - Sebastião José de Carvalho e Melo informa por carta as autoridades de Angra sobre a situação política do reino perante o conflito Espanha - França contra a Inglaterra, e da ação bélica que se perspetivava; em sequência, forma-se uma comissão para inspecionar o estado das fortificações das ilhas; os seus membros, ao chegarem à igreja das Doze Ribeiras, suplicam à imagem de Nossa Senhora dos Milagres para livrar os terceirenses da guerra, prontificando-se a fazer-lhe anualmente uma festa solene, se a ilha não fosse atacada; 1764, 11 setembro - termo de compromisso dos principais cavalheiros, militares, eclesiásticos, autoridades e algumas damas, instituindo a festa anual com toda a solenidade em honra da Senhora dos Milagres, para o que se intitulavam de "Escravos de Nossa Senhora"; entre os principais devotos surgia o capitão-mor de Angra, José de Bettencourt; 1772, 13 setembro - reunidos os "Escravos de Nossa Senhora", no dia da festa, na casa do vice-vigário Miguel Coelho, decidem re-edificar a antiga ermida do lugar da Serreta, ficando o padre Rogério José da Silva encarregue do património e os irmãos com a obrigação de contribuírem para a obra; o então capitão-general dos Açores, D. António de Almada, abre a subscrição doando 50$000, contudo, as obras da capela não chegaram a iniciar-se; 1782 - data a partir da qual não se encontram assentos posteriores no Livro da Irmandade de Nossa Senhora dos Milagres; 1797 - perante a ameaça francesa, os Escravos de Nossa Senhora fazem um outro voto, revalidando o primeiro, para perpetuar a festa anual, mas obrigando-se também os novos irmãos ao cumprimento do assento exarado em 1772 para se levantar uma nova ermida; mais uma vez, de modo a nela ser venerada a Senhora dos Milagres, esta iniciativa não teve efeito; séc. 18 - aquisição da atual imagem da Senhora dos Milagres, pela Irmandade dos Escravos de Nossa Senhora; 1818 - 1819 - o general Francisco António de Araújo, nomeado capitão-general dos Açores, devido à devoção à Senhora dos Milagres e ao fato de se aperceber que o crescimento populacional do lugar exigia templo próprio, promove a criação da igreja da Serreta, chegando a erguer as paredes; 1828 - 1834 - paralisação das obras durante a guerra civil devido à instabilidade política; 1842 - José Silvestre Ribeiro, administrador do recém-criado Distrito de Angra do Heroísmo, coadjuvado por Visconde de Bruges, Brigadeiro Vital de Bettencourt Vasconcelos e Lemos e outros, reconhecendo a necessidade de se concluir a nova igreja, reinicia as obras, custeadas com donativos e as esmolas vindos de todo a ilha; 10 setembro - bênção da igreja pelo cónego Manuel Correia de Ávila e transladação da imagem da Senhora dos Milagres da igreja de São Jorge das Doze Ribeiras; a igreja erguia-se no lado oposto da estrada em relação à atual igreja, com planta retangular, de uma nave, proporções mais modestas, com fachada principal virada a E., com torre disposta à direita, com dois sinos, duas sacristias, e duas tribunas, uma à direita do retábulo-mor e outra sobre o guarda-vento; 30 agosto - escritura do brigadeiro Vital de Bettencourt doando 4$000 anuais para o património da nova igreja; José Silvestre Ribeiro oficia o cónego Manuel Correia de Ávila, ouvidor eclesiástico de Angra, para se proceder à abertura ao culto da nova igreja; o ouvidor enviou o pedido ao bispo D. Frei Estêvão de Jesus Maria, então a viver na ilha de São Miguel devido ao seu apoio aos miguelistas durante a guerra civil, que concordou; 1847, 2 julho - toma posse do curato da Serreta o padre Francisco Rogério da Costa, deparando-se com um templo carecido de tudo, apenas tendo a imagem da Senhora acomodada num nicho e alguns pobres paramentos; o culto à Senhora dos Milagres cresceu rapidamente, atraindo à povoação grande número de forasteiros, incluindo a elite da burguesia de Angra, que se hospedava nas casas ali existentes; 1849, 9 setembro - expõe-se pela primeira vez o Santíssimo Sacramento no trono que se acabara de fabricar; 10 setembro - realização da primeira tourada à corda durante as festividades anuais, por iniciativa do mordomo daquele ano, o fidalgo João Pereira Forjaz de Lacerda; 1852 - quando o padre Francisco Rogério da Costa abandona o lugar, deixa na capela-mor um camarim para o Santíssimo Sacramento, dois altares laterais, onde se dizia missa, ornamentos suficientes para o culto, bem como o passal contíguo; 1861 - solicitada a elevação do curato da Serreta a paróquia independente; 03 abril - acórdão da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo dando parecer positivo ao pedido de elevação a paróquia, visto "ter para isso as proporções necessárias, com grande população, boa igreja para servir de matriz, excelente passal para residência do vigário, grande abundância de água, vastidão e fertilidade de terreno, e ser um lugar mui distante da freguesia de S. Jorge das Doze Ribeiras, de que ora faz parte, sofrendo por isso os gravíssimos inconvenientes em ter a sua igreja paroquial tão distante. Na dita representação se diz ter a povoação da Serreta, em seus extensos limites, mais de setecentas almas, e cento e sessenta e três fogos, que muito carecem possuir perto os socorros espirituais, sem ser preciso transitarem por caminhos agrestes e terem de atravessar oito caudalosas e, por vezes, perigosas ribeiras"; posteriormente a Câmara envia o assunto à consideração régia; 16 outubro - decreto de D. Pedro V autorizando a criação da nova paróquia e fixando os limites da freguesia entre "a casa denominada da Fajã até ao Penedo além da Ribeira das Catorze"; 24 dezembro - provisão do bispo de Angra, D. Fr. Estêvão de Jesus Maria, promovendo a freguesia de Nossa Senhora dos Milagres; 1862, 01 janeiro - data oficial para início da paróquia da Serreta; 1868 - data a partir da qual os fidalgos deixam de fazer a suas expensas as festas em honra da Senhora dos Milagres, dentro do espírito do voto de escravos, tendo nesse ano sido mordomo João de Bettencourt Correia e Ávila, 1º visconde de Bettencourt; 1890, cerca - aquisição das imagens do Senhor dos Passos e da Senhora da Soledade, por 400$000; 1895, 29 abril - lançamento da primeira pedra na obra de construção de uma nova igreja, no lado oposto da estrada, mais ampla que a anterior, dado o crescimento populacional, ato presidido pelo bispo D. Francisco José Ribeiro Vieira e Brito; a sua construção foi demorada, tendo as obras sido interrompidas por falta de recursos; 1907, 31 agosto - benção da nova igreja, surgindo o ano inscrito numa das cartelas do espaldar do remate da fachada principal; pelo auto da bênção sabe-se que a igreja ainda estava por concluir e que o projeto inicial previa a construção de quatro capelas laterais profundas, as foram reduzidas a duas e à face; 1910, 17 julho - bênção da imagem do Sagrado Coração de Jesus; 1945 - 1946 - construção da sacristia e das tribunas por impulso do pároco Francisco Rodrigues do Couto, que também adquire paramentos e alfaias, em uso nas solenidades de setembro e outras cerimónias litúrgicas importantes; 1980, 01 janeiro - terramoto provoca a ruína parcial da igreja; 1982, 11 janeiro - início das obras de recuperação da igreja; 1984, 09 julho - data da inauguração da igreja após a conclusão das obras; 2006, 06 maio - por decisão do bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, a igreja recebe o estatuto canónico de Santuário Diocesano de Nossa Senhora dos Milagres; 07 maio - cerimónia de elevação a santuário, presidida pelo bispo de Angra.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; pilastras, frisos, cornijas, pináculos, elementos decorativos exteriores e molduras dos vãos em cantaria basáltica pintada; portas de madeira pintadas; vidros simples; grades, cruz e guardas das janelas de varandim em ferro; pavimento cerâmico e em lajes de cantaria; tetos de madeira envernizada e em estuque, pintados; silhar de azulejos azuis e brancos; bacias dos púlpitos, cornijas e molduras dos vãos interiores em cantaria basáltica aparente; retábulos de talha policroma e dourada; pia batismal em mármore; guarda do coro-alto, dos púlpitos, das janelas e tribunas em madeira envernizada; cobertura e beirada de telha.

Bibliografia

BARARDO, Maria do Rosário - Santuários de Portugal. Caminhos de Fé. Lisboa: Paulinas Editora, 2015; FURTADO-BRUM, Ângela - Açores, Lendas e outras Histórias. Ponta Delgada: Ribeiro & Caravana Editores, Comunicação Global, Ldª, 1999; JÚNIOR, Domingos A. Vaz - Restauro e Reestruturação (anti-sismica) na recuperação de edifícios históricos na Região Autónoma dos Açores, in 10 Anos após o sismo dos Açores de 1 de Janeiro de 1980. Lisboa: Carlos Sousa Oliveira, Arcindo R. A Lucas e J. H. Correia Guedes, 1992, vol. 2, pp. 563-606; MERELIM, Pedro de - As 18 Paróquias de Angra. Sumário Histórico. Angra do Heroísmo: Tipografia Minerva Comercial, 1974; SAMPAIO, Alfredo da Silva - Memória sobre a Ilha Terceira. Angra do Heroismo: Imprensa Municipal, 1904; Igreja de Nossa Senhora dos Milagres (Serreta) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_Nossa_Senhora_dos_Milagres_(Serreta)), [consultado em 21 janeiro 2013].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 1946 / 1947 - obras de restauro e beneficiação da igreja, devido ao estado de ruína, sob o impulso do pároco Francisco Rodrigues do Couto e com comparticipação do Estado; as obras consistiram nomeadamente nos estuques, colocação de novos sobrados e pintura geral; 1982 / 1983 / 1984 - obras de reconstrução da igreja, mantendo-se o traçado original, as quais orçaram em cerca de 34 881 contos.

Observações

*1 - O topónimo Serreta parece ter origem na abundância de colinas naquela região da ilha Terceira, as quais formam um prolongamento da Serra de Santa Bárbara até ao mar. *2 - Segundo a lenda, no séc. 16 ou 17, havia na ilha Terceira um piedoso sacerdote já velhinho, que desejava fugir do mundo e dos homens, por ter sido vítima de uma perseguição injusta. Um dia tomou o seu bordão e uma imagem da Senhora dos Milagres e pôs-se a caminho, correndo montes e serras até que, Nossa Senhora, numa visão, lhe indicou o lugar onde devia viver. Chega, por fim, a um local de terra áspera, junto da rocha, com uma serra pelo Norte, que provocava muitos nevoeiros e onde não havia viva alma. Sozinho, construiu no lugar da Canada das Vinhas, na Queimada, uma modesta e pequena ermida que lhe serviu de abrigo e onde pôs a imagem de Nossa Senhora dos Milagres. Passou fome, mas, milagrosamente, os milhafres ou queimados começaram a trazer-lhe a comida com que se alimentou durante anos. Ali viveu o resto dos seus dias, entregue à oração, longe das pessoas e da maldade dos homens. Passados anos, depois do padre morrer, a ermida acabou por se arruinar. Outra se ergueu, em local diferente, e o povo passou a ocorrer àquele lugar, em romagem, em tão grande quantidade e praticando atos pouco dignificantes. Assim, transferiu-se a imagem da Virgem para a paróquia das Doze Ribeiras. A Senhora operou vários milagres e a irmandade dos "Escravos da Senhora" prometeu re-edificar a ermida da Serreta.

Autor e Data

Paula Noé 2010 / 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

Actualização

 
 
 
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