Castelo do Sabugal e muralhas da vila / Castelo e cerca urbana do Sabugal

IPA.00002961
Portugal, Guarda, Sabugal, União das freguesias de Sabugal e Aldeia de Santo António
 
Castelo medieval, de dupla cintura muralhada com barbacã pentagonal com dois cubelos cilíndricos extremos e castelejo trapezoidal com quatro torres de planta quadrangular, adossadas pelo exterior do castelejo, tal como a Torre de Menagem, de planta pentagonal, possuindo balcões com mata-cães. Portas em arco quebrado e pleno. Cortinas coroadas por merlões vazados por seteiras, protegendo adarves . Apresenta afinidades tipológicas com os Castelos de Beja (v. PT040205130003), Estremoz (v. PT040704030008) e Montalegre (v. PT011706150003). A barbacã integra parte da cintura interna das muralhas que cercavam o perímetro urbano, com traçado ovalado. Barbacã com embasamento biselado.. Muralha O. da cintura interna de alvenaria granítica na zona inferior e de xisto na zona superior. Subsistem no interior do castelejo alguns vestígios de estruturas arquitectónicas, provavelmente correspondentes à antiga alcáçova.
Número IPA Antigo: PT020911300001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo e cerca urbana    

Descrição

MURALHAS: Vestígios de perímetro urbano muralhado: de perceptível traçado ovalado irregular, de que subsistem alguns vestígios junto à Porta da Vila a E., dois troços de muralha a NO., ligados à barbacã por meio de duas torres quadrangulares. CASTELO: de dupla cintura de muralhas, sendo a barbacã pentagonal irregular com ressalto em rectângulo a S. e ligada à antiga muralha da vila a NO., sendo esse pano aberto por pequena porta e seteiras e provido de dois cubelos cilíndricos nos ângulos; outras portas abrem-se a SO. e a SE., em arco quebrado no exterior e pleno no tardoz; interior percorrido por adarve servido por escadas do lado E. e S.; remate em merlões paralelepipédicos vazados por seteiras, também abertas sob as ameias. Castelejo: de traçado trapezoidal irregular provido de adarve protegido por merlões paralelepipédicos com seteiras e integrando quatro torres de planta quadrada, três nos cunhais O., S., e E., e uma do lado SO., e a torre de menagem, pentagonal, no topo SE., todas projectadas para o exterior e providas de adarve e merlões de remate piramidal, estando as duas primeiras ligadas à barbacã e aos troços de muralha NO.; o acesso ao interior do recinto, onde existem vestígios de estruturas de edificações e um anfiteatro, faz-se por duas portas, uma a E., em arco quebrado na fachada exterior e pleno na interior, com passagem coberta por abóbada de berço e encimada por balcão com mata-cães, e uma porta falsa a NO., de arco quebrado com tímpano, no exterior, e em arco pleno no tardoz; o caminho de ronda é servido por 4 escadas, sendo duas na cortina SO., uma do lado oposto e outra a SE., desembocando na porta da torre de menagem, em arco quebrado com tímpano preenchido com pedra de armas com brasão real. Torre de Menagem: com quatro registos alternadamente rasgados por seteiras, sendo que o último é preenchido nas 5 faces por balcões com mata-cães e coroado por merlões rectangulares com remate piramidal. INTERIOR: não coincidente com o exterior, estando o primeiro piso ao nível do segundo registo exterior, constituído por sala única coberta com abóbada polinervada; o segundo piso é igualmente de espaço único com pé-direito duplo e cobertura em abóbada polinervada.

Acessos

Largo de Santa Maria. WGS84 (graus decimais) lat.: 40.351422, long.: -7.094253

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / Decreto n.º 38 147, DG, 1.ª série, n.º 4, de 05 janeiro 1951 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 282 de 06 dezembro 1949

Enquadramento

Urbano, isolado, em destaque. Implantado em elevação planáltica, a 755 m. de altitude, sobranceiro ao Rio Côa, com encosta arborizada e ajardinada. A NO. adossam-se lateralmente à barbacã dois troços da muralha que cercava a vila. A E. estende-se um terreiro, onde antes se encontrava a Igreja de Nossa Senhora do Castelo. Um pouco mais distante, a E., a Porta da Vila com Torre do Relógio anexa, confinante com a Pç. da República, onde se situam o Edifício da Câmara Municipal (v. PT020911300258).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal do Sabugal, auto de cessão de 28 Julho 1941

Época Construção

Séc. 12 / 13 / 14 / 16 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

MESTRES DE OBRAS: Frei Pedro do Mosteiro de Alcobaça (séc. 14); João de Ortega (séc. 16).

Cronologia

Época pré-romana - Existência de castro, posteriormente romanizado; c. 1160 - Provável reconquista por D. Afonso Henriques, voltando a ser invadido pelos mouros e depois retomado por Leão; 1175 - A povoação encontrava-se integrada no Concelho de Ciudad Rodrigo; c. 1190 - Criação do Concelho do Sabugal por D. Afonso IX de Leão, que teria concedido carta de povoação e mandado edificar o castelo; 1296 - Concessão de carta de foral e reedificação do castelo por D. Dinis, após integração em território português na sequência do Tratado de Alcanices; séc. 14 - instituição de couto de homiziados; 1303 - Conclusão de parte importante das obras do castelo, sob a direcção de Frei Pedro do Mosteiro de Alcobaça (CURADO, 1988); 1422 - no Rol dos Besteiros, surge a referência a 5327 habitantes; 1496 - na Inquirição, surge a referência a 804 habitantes; c.1510 - Pelos desenho de Duarte d' Armas, sabemos que a muralha que cercava a vila era dupla, escalonada, parcialmente coroada de merlões e provida de 2 cubelos cilindrícos no encontro com a barbacã, a NO., a ladear uma "porta falsa"; a O. uma porta rectangular aberta no pano exterior da muralha e outra em arco pleno no interior; do lado E. a "Porta da Vila" protegida por torreão baixo e corpo saliente com janela dupla adossado ao pano exterior e 2 torres quadrangulares na muralha interior; as muralhas apresentam alguns rombos a O. e a E., faltando-lhe mesmo parte do remate deste lado; o castelo possuí barbacã de planta em pentágono irregular com dois "baluartes" salientes em rectângulo, provida de adarve com seteiras cruciformes, castelejo trapezoidal com quatro torres quadrangulares, uma de piso único e as outras de 3 pisos, todas cobertas por telhados piramidais e torre de menagem pentagonal com 3 pisos iluminados por frestas e encimada por balcões com matacães, dando para praça de armas, centrada por poço "de muita água e boa, de beber" e circundada por "aposentamentos sobradados"; extra-muros, a O. uma ponte de pedra sobre o Rio Côa e um altar com dois santos de madeira, protectores dos caminhos com a legenda: "Neste altar estão dois santinhos velhos de pau"; do lado E. estendia-se o núcleo urbano mais recente, destacando-se do casario baixo um pelourinho de gaiola e 3 igrejas; 1512, 11 Mar. - O rei desembarga 300.000 reais das rendas do Sabugal e Alfaiates para se despenderem nas obras da vila do Sabugal; 1512, 17 Set. - Mandado de Aires Botelho, contador das obras e dos resíduos das Comarcas da Beira e Riba de Côa, para se pagar a João de Ortega, mestre que tomou as obras da fortaleza do Sabugal de empreitada, 90.000 reais, terça parte do total das mesmas, conforme o seu contrato; 1513, 20 Jun.- Conhecimento de paga do mestre de obras João de Ortega em como recebeu do almoxarife Luís do Mercado 90.000 reais por conta "das abóbadas(sic.) da fortaleza que agora tem tomadas"; 1522, 4 Set. - Realização de obras nos muros e cerca do Sabugal e Alfaiates; 1527 - no Numeramento, surge a referência a 1032 habitantes; séc. 17 - Brás Garcia de Mascarenhas, governador da Praça de Alfaiates, descreve o Castelo do Sabugal como sendo "de figura quadrada e a cerca da vila redonda, sem nenhum descortino. Esta parece moderna, aquele antigo e do tempo dos mouros. Tem uma torre de cinco quinas altíssima, e no fecho da mais alta abóbada, pela parte de dentro, as quinas de Portugal. Do que se infere que esta torre e os baluartes que descortinam o castelo são obra de rei português, acrescentadas à cerca antiga, como elas mostram claramente. Tem este castelo sua barbacã e cava, e é forte mas sujeito a muitos padrastos (...) (in GOMES, Rita C., p. 103); 1641 - Inspecção do castelo pelo Eng. Jesuíta Cosmander e depois pelo Gen. Matias de Albuquerque, recebendo então algumas obras de beneficiação, bem como a Torre do Relógio, onde veio a estar preso Brás Garcia de Mascarenhas; 1811 - O castelo serviu como base de apoio às tropas luso-britânicas durante as Invasões francesas, no combate a Massena; 1846 - Instalação do cemitério no castelo; início da demolição progressiva da cintura muralhada urbana e reaproveitamento das cantarias em edifícios públicos e particulares; 1911 - Demolição da Igreja de Nossa Senhora do Castelo; 1912, 1 Julho - desabamento de um lanço de muralha; 1927 - o recinto do castelo funcionava como cemitério; 2001, 23 Maio - DGEMN lança concurso para restauro e consolidação das muralhas e torres do castelo, bem como a construção de um anfiteatro ao ar livre e respectivas instalações de apoio; 2004 / 2005 - construção do auditório; 2005, Outubro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Estruturas autoportantes

Materiais

Alvenarias de granito e xisto de aparelho isódomo; madeira; tijoleira; betão.

Bibliografia

VITERBO, Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, vol. 2, Lisboa, 1922; ALMEIDA, João, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945; CORREIA, Joaquim Manuel, Terras de Riba-Côa, Memórias sobre o Concelho do Sabugal, Lisboa, 1946; DGEMN, Castelo do Sabugal, Boletim nº 57, Lisboa, 1949; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949, Lisboa, 1950; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; PERES, Damião, A Gloriosa História dos Mais Belos Castelos de Portugal, Porto, 1969; VAZ, João Luís, Sabugal, Esboço de uma Monografia, Sabugal, 1985; CURADO, Fernando Patrício, A Freguesia do Sabugal ao Longo dos Tempos, in Boletim Municipal, Sabugal, 1988; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues, Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI), [dissertação de mestrado], Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1995; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia. Beira, vol. I, Lisboa, 1997; Monumentos, n.º 19, Lisboa, Outubro 2003, p. 151; PIRES, Jaime, Castelo reabre em breve - Sabugal vê monumento recuperado, in Reconquista, 19 Agosto 2005.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DSARH; DGA/TT: Corpo Cronológico, Parte I: maço 11, doc. 31; maço 28, doc. 69; Parte II: maço 39, doc. 82; maço 41, doc. 175; Fragmentos, maço 1

Intervenção Realizada

DGEMN: 1939 / 1940 - Reconstrução de paredes em alvenaria, construção de merlões, consolidação de paredes com anéis de betão armado, refechamento de juntas em paredes de alvenaria; 1941 - Reconstrução de muralha em alvenaria argamassada, construção de merlões; 1942 - Reconstrução de um troço de muralha em alvenaria argamassada, construção de merlões, fornecimento de cantaria para cunhais, degraus, escavações e remoção de terras; 1943 / 1944 - Reconstrução de muralha em alvenaria argamassada, construção de merlões, fornecimento de cantaria para cunhais; 1945 - Reconstrução de paredes da barbacã em alvenaria, construção de merlões em alvenaria, fornecimento de cantaria para portas e frestas, colocação de portas de madeira; 1946 / 1948 - Construção de paredes de alvenaria e pedra no seguimento das paredes e parapeito da barbacã, fornecimento de cantaria para portas, cunhais, seteiras, merlões e abóbadas, limpeza e refechamento de juntas do lajedo de cantaria da cobertura da torre de menagem, assentamento de lajedo de cantaria no pavimento da torre, colocação de portas em madeira, escavações para pesquisas e regularização do pavimento; 1948 - Execução de escada, assentamento de soleiras e degraus em cantaria, regularização e execução de fundações em betão para pavimento de tijoleira, escavação de terras para regularização do terreno do recinto do castelo; 1949 - Assentamento de merlões em cantaria, fornecimento de ferragens para as portas, escavação e remoção de terras, desentaipamento da porta O., consolidação e reconstrução dos mata-cães e do remate de todas as torres e cubelos; 1964 - Instalação de iluminação exterior; 1966 - Construção de uma porta junto à torre de menagem, em substituição da existente em chapa de ferro, arranque de placa de mármore, reposição de silhares, limpeza e refechamento de juntas na Torre do Relógio; 1969 - Construção de uma porta da barbacã ( lado S. ); reparação de portas, limpeza e arranque de ervas no recinto interior do castelo e no pavimento da torre de menagem; Câmara Municipal do Sabugal: 1991 - Execução de escada de madeira no segundo piso da Torre de Menagem ( projecto do Arqº António Carvalho ); DGEMN: 1993 - Consolidação de muralhas e adarves; 1995 - Consolidação da muralha junto à Torre do Relógio; 1998 - Pavimentação do segundo piso da Torre e introdução de um corrimão na escada de pedra existente; execução de uma mesa de apoio, no piso de entrada, que servirá também para integrar o quadro eléctrico; reformulação e beneficiação de toda a instalação eléctrica; pintura dos elementos em madeira; 1999 - Pavimentação do segundo piso da Torre de Menagem, instalação de corrimão metálico na escada de acesso ao referido piso, execução do piso de entrada da Torre e colocação de uma mesa de apoio, que integrará o quadro eléctrico; reformulação e beneficiação de toda a intalação eléctrica; C.M.S.: 2002 - prospecção arqueológica, pôs a descoberto estruturas antigas e espólio cerâmico, bem como ossadas; DGEMN: 2003 / 2004 / 2005 - Beneficiação e consolidação da muralha, através da tomação de juntas, impermeabilização dos caminhos de ronda, injecções com consolidantes nas zonas mais fragilizadas, desinfestação da vegetação existente nos paramentos da muralha com pulverização de herbicida apropriado, correcção da pavimentação com a instalação de uma caixa de brita e a aplicação de saibro. Nas ruínas dos edifícios do interior da Praça de Armas, procedeu-se à consolidação e à reconstrução até uma cota estável, colocando-se vários tubos de cobre para identificar o reconstruído; beneficiação em toda a zona muralhada incluindo fixação e pintura de corrimões, iluminação do interior da Praça de Armas, colocação de pavimento de saibro compacto, colocação de pavimento em argamassa de pepitas de argila e cimento branco no piso de acesso da Torre de Menagem. Construção de infra-estrutura para a realização de espectáculos, que consiste numa bancada em pedras de xisto, bancos em madeira, iluminação embutida nos degraus da bancada e nos de acesso, construção de uma estrutura mista em aço e betão armado para uma zona de palco, incluindo instalações sanitárias e um camarim no sub-palco. Construção de redes de distribuição de águas, de colectores de águas residuais e de drenagem de águas pluviais. Construção de rede de rega para a área ajardinada.

Observações

Autor e Data

Margarida Conceição 1992 / Lina Oliveira 2005

Actualização

Margarida Silva 2005
 
 
 
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