Núcleo de Arte Rupestre da Faia

IPA.00002939
Portugal, Guarda, Pinhel, Vale do Côa
 
Sítio pré e proto-histórico. Arte rupestre paleolítica de ar livre. Gravuras picotadas, abradidas e pintadas representando motivos zoomórficos naturalistas de estilo atribuível ao Magdalenense. Arte rupestre neolítica. Pinturas de motivos zoomórficos semi-naturalistas e antropomórficos semi-esquemáticos. Arte rupestre do neolítico final ou calcolítico. Pinturas de antropomorfos esquemáticos.Único caso no contexto do Vale do Côa em que está documentada a presença de pinturas atribuíveis ao período Paleolítico em associação com motivos gravados do mesmo período. O facto de ter sido utilizado apenas nestes núcleos da Faia um suporte granítico para a gravação e pintura dos motivos, combinado com a constatação que a pintura a ocre excepcionalmente conservada na cabeça de bovídeo se situa na zona mais resguardada do painel, levou os investigadores a colocarem a hipótese de muitos outros motivos da arte paleolítica do Côa poderem ter sido pintados tendo a pintura desaparecido por acção combinada dos vários agentes erosivos ( BAPTISTA, 1999 ).
Número IPA Antigo: PT020910070024
 
Registo visualizado 401 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Sítio  Sítio pré e proto-histórico  Arte rupestre      

Descrição

Constituído por seis sítios que acompanham o curso do rio Côa ao longo de cerca de 800m, na sua margem esquerda *2. Distribuem-se pelas formações escarpadas, aproveitando os painéis verticais e lisos virados ao rio. O sítio que os investigadores designam Faia 1 integra três painéis. Num deles figuram dois bovídeos semi-naturalistas pintados a vermelho. Outro painel ostenta um antropomorfo esquemático e um outro indeterminado. O terceiro painel tem pintado um orante esquemático. O sítio designado Faia 2 é constituído por um grande painel com dois grupos de barras pintadas a vermelho ladeadas por manchas inderminadas. A Faia 3 é um painel superiormente protegido por uma pala ao centro do qual é reconhecível um grande antropomorfo semi-esquemático, pintado a preto, que parece segurar um objecto em cada uma das mãos ( talvez um arco e um outro objecto indeterminado ). Identificaram-se outras manchas de pintura mas sem que sejam reconhecíveis. A Faia 4 apresenta apenas uma mancha de ocre que não forma qualquer motivo. A Faia 5 é um painel no qual figuram dois pequenos antropomorfos esquemáticos pintados a vermelho apresentando mãos com longos dedos. A Faia 6 é uma grande superfície vertical, com cerca de 30 m de altura, na qual as pinturas e gravuras se encontram figuradas em vários painéis, a cota relativamente baixa, pouco acima do nível actual da águas. O núcleo mais meridional, constituído pelo maior painel, apresenta quatro cabeças de bovídeo gravadas por abrasão, cujo traço foi pintado a ocre. Nalguns casos foram pintados a ocre pormenores da boca e narinas. A cabeça de um destes auroques, que recebeu pintura sobre os traços gravados que a definem, excepcionalmente conservada, encontra-se numa localização muito protegida, sob um ressalto da rocha. Dentro da cabeça do auroque e sob a cabeça, encontram-se dois antropomorfos esquemáticos pintados a vermelho. Destaca-se a relação dos motivos com o suporte em que foram gravados, parecendo emergir da rocha. Para jusante destas figuras encontra-se um grande capríneo gravado por picotagem e abrasão e, no painel mais meridional, duas cabeças cruzadas, uma de auroque e uma outra de equídeo, gravados também por picotagem e abrasão ( CNART, 1999; BAPTISTA, 1999 ).

Acessos

A partir de Cidadelhe, caminho de pé posto que termina algo distante do sítio *1. GAUSS: M-287.3, P-442.4 ( N ) M-287.1, P-440.4 ( S ); Fl.151

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 32/97, DR, 1.ª série, n.º 150 de 02 de julho de 1997 / Incluído no Conjunto dos núcleos de arte rupestre do Vale do Côa (v. PT020914170042); Incluída na Área Protegida Privada Faia Brava

Enquadramento

Limite montante da área de dispersão da arte rupestre, o rio Côa corre aqui encaixado, entre altas escarpas graníticas. Impera o tom selvagem, isolado e imponente do lugar, de relevo vigoroso e vegetação rasteira.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Época Construção

Paleolítico / Neolítico / Calcolítico

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

c. 16 000 a 10 000 BP, Magdalenense - período de gravação e pintura dos zoomorfos naturalistas ( Faia 6 ); Neolítico - período de pintura de zoomorfos semi-naturalistas e antropomorfos semi-esquemáticos ( Faia 1 e Faia 3 ); Neolítico Final / Calcolítico - período de pintura de antropomorfos esquemáticos ( Faia 1 e Faia 5 ) ( CNART, 1999 ); 1990, década - as pinturas da Faia 1 e Faia 2 foram identificadas pelas primeira vez por Francisco Sande Lemos quando procedia ao estudo de impacte ambiental encomendado pela EDP, estudo que precederia as obras de construção da barragem para aproveitamento hidroeléctrico do rio Côa. Na sequência das recomendações desse estudo, foi constituído pelo IPPAR o Projecto Arqueológico do Côa, coordenado por Nelson Rebanda, que veio a identificar as primeiras gravuras paleolíticas da Canada do Inferno; 1990, década - Núcleo inventariado e desenhado parcialmente pelo Centro Nacional de Arte Rupestre.

Dados Técnicos

Pinturas a ocre e negro e gravuras obtidas por picotagem e abrasão ou por combinação das duas técnicas.

Materiais

Granito, tinta ocre e negra.

Bibliografia

REBANDA, Nelson, Os trabalhos arqueológicos e o complexo de arte rupestre do Côa, Lisboa, [ 1995 ]; CARVALHO, António Faustino de, ZILHÃO, João; AUBRY, Thierry, Vale do Côa. Arte Rupestre e Pré-História, Lisboa, 1996; ZILHÃO João ( Coord. ), Arte rupestre e pré-história do Vale do Côa. Trabalhos de 1995-1996, Lisboa, 1997; BAPTISTA, António Martinho, A Arte dos caçadores paleolíticos do vale do Côa, Vila Nova de Foz Côa, 1999 ( no prelo ); CNART ( Centro Nacional de Arte Rupestre ), Inventário da arte rupestre do Vale do Côa, 1999 ( informatizado, não publicado ).

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CNART

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CNART; Imagens gentilmente cedidas pelo Centro Nacional de Arte Rupestre

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Parte dos painéis são inacessíveis sem equipamento adequado e o núcleo não é ainda visitável em esquema de visita organizada pelo Parque Arqueológico; *2 - Área de dispersão das rochas gravadas; *3 - O Parque Arqueológico Vale do Côa encontra-se em fase de preparação ou negociação da aquisição dos terrenos correspondendo aos núcleos de gravuras rupestres.

Autor e Data

Alexandra Cerveira 1999

Actualização

 
 
 
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