Castro do Jarmelo

IPA.00002915
Portugal, Guarda, Guarda, Jarmelo São Pedro
 
Aglomerado proto-urbano. Povoado da Idade do Ferro com significativa ocupação medieval. Povoado fortificado / castro dotado de infraestruturas de abastecimento de água, apresentando muralhas com dois níveis concêntricos; estrutura defensiva constituída pela topografia natural e artificial; compreende no seu perímetro vestígios de construções habitacionais. Apresentaria ligação ao sistema viário romano. Integra fortificação da época medieval e edifícios religiosos, testemunhando uma persistência ocupacional até meados do séc. 19, sendo dois dos templos setecentistas; compreende ainda a antiga casa da câmara.
Número IPA Antigo: PT020907400009
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Povoado  Povoado da Época do Ferro  Povoado fortificado  

Descrição

Engloba duas cinturas fortificadas. 1ª linha fortificada: delimitada em todo o seu perímetro por muralha de aparelho irregular e de grande espessura, sendo de destacar no troço N. alguns degraus de acesso ao adarve e um provável acrescento no ângulo NE. onde a muralha apresenta menor espessura e aparelho mais regular, descrevendo cunhal em ângulo recto; em parte do flanco E. e o ângulo SE. existe um troço que compreende uma crista de afloramentos rochosos de grandes dimensões, assinalando o local hipotético do castro lusitano e onde actualmente se localiza um posto de vigia florestal, dominando a vertente mais escarpada; observa-se ainda o local das duas portas: uma orientada a O. e outra a S., definindo duas vias mais ou menos perpendiculares que se cruzam no centro do recinto; este recinto compreende no ponto mais elevado o marco geodésico, talvez no local da antiga torre de menagem; as ruínas da Igreja de Santa Maria, os vestígios da Fonte da Moura e ruínas de construções urbanas e seus alicerces, apresentando planta rectangular e quadrangular. 2ª linha fortificada: abrange uma área maior e o seu traçado não se encontra bem definido, apenas subsistindo alguns alicerces e muros a O. e a E.; compreende no seu perímetro, na zona limítrofe da porta S. da 1ª linha muralhada, a Igreja de São Pedro e cemitério contíguo, campanário, antiga Casa da Câmara, duas sepulturas cavadas na rocha (situadas a N. e a S. da igreja de São Pedro), e ainda uma capela fechada ao culto; a O. numa zona de cota mais baixa localiza-se a Igreja de São Miguel e cemitério contíguo, duas fontes de mergulho (uma a O. e outra a S. da igreja), construção com forno, vestígios e alicerces de construções, observando-se ainda a definição dos arruamentos, e um troço de calçada romana (?) que estabelece a ligação entre este núcleo e a porta O. da 1ª cintura; a E. numa zona de cota mais baixa é visível parte dos muros de uma construção circular e na sua proximidade uma sepultura cavada na rocha.*1

Acessos

EN. l6 em direcção a Vilar Formoso, cabeço sobranceiro ao Km. 66. No cerro do Jarmelo

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 39 175, DG, 1ª série, nº 77 de 17 abril 1953 *

Enquadramento

Paisagem natural e rural; cabeço a 942 m. de altitude, sobranceiro à EN. l6 e ao IP 5, dominando visualmente toda zona raiana e o outeiro de Cabeças, sendo caracterizado por afloramentos graníticos e verificando-se a presença de castanheiros e carvalhos.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Época Construção

Idade do Ferro / Época medieval

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

200 a.C. - provável formação do núcleo fortificado; séc. 12 - 16 - terá sido reconstruído durante o primeiro período medieval, sobre primitivo castro; foi couto no reinado de D. Afonso Henriques, que lhe concedeu foral, sem data; 1357 - terra natal de Diogo Lopes Pacheco ou Pedro Coelho, um dos assassinos de Inês de Castro, foi arrasado por ordem de D. Pedro; 1375 - reconstruído por D. Fernando, que terá reduzido o perímetro da fortificação, no âmbito das lutas com Castela; séc. 15 - pertencia à família Sousa; séc. 15 - obras nas muralhas, a expensas da população; 1510 - foral concedido por D. Manuel; séc. 18 / 19 - durante as Guerras da Restauração e mais tarde durante as Invasões Francesas a vila foi saqueada; 1855 - extinção do concelho; abandono progressivo da povoação.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes

Materiais

Granito, aparelho de alvenaria e cantaria, com enchimento de pedra miúda e espessura variável.

Bibliografia

LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1873; ALMEIDA, João, Roteiro dos Monumentos de Arquitectura Militar do Concelho da Guarda, Lisboa, 1943; FARIA, Marques, Subsídios para um Inventário dos Achados Monetários do Distrito da Guarda, Lisboa, 1985; BARROCO, Manuel Joaquim, A Antiga Vila do Jarmelo, in Altitude, 1983; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia. Beira, vol. I, Lisboa, 1997.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

Construção de uma plataforma pelo Instituto Geográfico e Cadastral.

Observações

* DOF: Castro do Jarmelo. Situado no cerro do mesmo nome, a uns 18 km a nordeste da Guarda, com a sua linha exterior de muralhas, que passa a norte junto ao actual marco geodésico, e abragendo: a este, uns 20 m de calçada romana, fora das muralhas, com os vestígios da antiga Fonte da Moura, e uma sepultura cavada na rocha, que se encontra perto dos terrenos onde se ergueu a Igreja de Santa Maria do Jarmelo: a sul, a área hoje ocupada pela Igreja de S. Pedro, cemitério, campanário e antiga casa da Câmara, até um muro que limita esta área por sudoeste, e incluindo duas sepulturas cavadas na rocha,uma situada ao norte da referida Igreja e outra entre esta e o cemitério mencionados; a oeste, o terreno que compreende a Igreja de S. Miguel, uma fonte de mergulho situada na propriedade de Adelino Barreiros e mais uma outra fonte, também de mergulho, situada a sul da dita Igreja de S. Miguel, junto a uma viela. *1 Confirma-se em parte o traçado apresentado por J.Almeida. Castro de origem pré-romana, talvez lusitana (J. Almeida) que teria um perímetro superior ao actual, medieval; terá sofrido ocupação romana e suévico-visigoda. Espólio identificado: tegulae, ladrilhos, moedas romanas, visigodas e portuguesas (J. Almeida, M. Faria). A freguesia de Jarmelo possuia três freguesias, actualmente reunidas: Santa Maria, São Pedro e São Miguel. A torre de menagem localizar-se-ia no local do marco geodésico (J. Almeida). Os Duques de Lafões eram senhores donatários da vila. Origem do toponómio: derivado do adjectivo árabe "jobeilia" que significa montanhoso (P. Leal). J. D. Santos, em carta de 1959, dirigida à DGEMN, refere que a pedra da Igreja de Santa Maria foi reutilizada em igreja na povoação de Montes, a cerca de 5 Km. de distância do Jarmelo, facto que os técnicos que aí se deslocaram não confirmaram.

Autor e Data

Margarida Conceição 1991

Actualização

 
 
 
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