Ponte Velha de Quelfes
| IPA.00002913 |
Portugal, Faro, Olhão, Quelfes |
|
Ponte romana de tabuleiro rampante e arco único, de volta perfeita, actualmente levemente abatido e ultrapassado, definida por duas rampas de pavimento em calçada portuguesa. Fundações do arco de secção rectangular, constituídas por grandes silhares de pedra bem aparelhada, salientes dos pés-direitos do arco. Exemplo de ponte romana, modesta, de arco único, numa zona rural da organização do território algarvio. Faz parte de uma rede de pontes romanas do Sotavento algarvio, de que se conservam ainda as de Tor, da Retorta, do Álamo, de Montemor (Ponte Velha). Testemunho importante para a história concelhia, na medida em que foi neste local que se travou a batalha dos olhanenses contra os franceses e posterior perseguição dos invasores até ao sítio da meia-légua, onde se deu o confronto final, conforma se atesta pela presença de outra lápide comemorativa, na EN 125, diante da Casa de Cantoneiros. | |
Número IPA Antigo: PT050810050001 |
|
Registo visualizado 2293 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Estrutura Transportes Ponte / Viaduto Ponte pedonal / rodoviária Tipo arco
|
Descrição
|
Planta rectangular regular, desenvolvida de E. para O., com tabuleiro rampante (23,65m X 4ms) suportado por arco único de volta perfeita ligeiramente abatido e ultrapassado na secção inferior (vão de 3, 95m e flecha de 2, 95 m - 3,35 m da chave à base), composto por aduelas de cantaria; pavimento de calçada portuguesa em toda a extensão, contendo duas rampas, coincidindo o ponto mais elevado com o eixo do arco que suporta a estrutura. Parapeitos ao longo das extremidades da ponte, de tijolo com camada de cal, directamente assentes sobre a estrutura lateral. Aparelho visível no intradorso do arco composto por grandes silhares bem aparelhados, mas apresentando sinais de pseudo-isodomismo, com cotovelos dispostos horizontalmente nas partes mais elevadas *2. |
Acessos
|
Rua Sítio de Montedor |
Protecção
|
Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 29/90, DR, 1.ª série, n.º 163 de 17 julho 1990 |
Enquadramento
|
Rural, ribeirinho, isolado. Ponte construída sobre a ribeira de Quelfes, em zona rural e de densos canaviais, tendo-se desenvolvido, nas imediações, uma pequena localidade de construções dispersas e caracterizada por minifúndio. Do lado NO., adossando-se à ponte, um muro acompanha a margem da ribeira, regularizando o seu curso, com pequenas aberturas rectangulares dispostas verticalmente para escoar a água do interior da propriedade para o rio. Mais a O. um poço de secção circular encontra-se em plena via de acesso à ponte, ligeiramente desviado para NO. Junto à ponte foi localizado, por Estácio da Veiga, valioso espólio romano e existem ainda algumas estruturas de escoamento de água, que Mascarenhas entende poderem ser de época romana (MASCARENHAS, 1974) *1; nos acessos à ponte, vestígios de restos de calçadas que terão substituido as primitivas calçadas romanas. À entrada da ponte placa comemorativa assinalando o ataque contra o exército francês. |
Descrição Complementar
|
Marco comemorativo da Batalha contra os franceses, situado a NE. do acesso à ponte, contém a seguinte inscrição: "NO DIA 18 DE JUNHO DE 1808, NESTE LOCAL, TRAVOU-SE O COMBATE / ENTRE OS OLHANENSES E TROPAS FRANCESAS, AS QUAIS FORAM DERROTADAS / ATÉ AO SÍTIO DA MEIA-LÉGUA. / ESTE ACONTECIMENTO DEU-SE APÓS O LEVANTAMENTO PATRIÓTICO / DA POPULAÇÃO DE OLHÃO NO DIA 16 DE JUNHO / / ESTA LÁPIDE FOI AQUI MANDADA COLOCAR PELA CÂMARA MUNICIPAL / DE OLHÃO NO ANO DE 1989, PARA LEMBRAR E HOMENAGEAR O FEITO HERÓICO / DO POVO DESTE CONCELHO". |
Utilização Inicial
|
Transportes: ponte |
Utilização Actual
|
Trnsportes: ponte |
Propriedade
|
Pública: municipal |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 01 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
Desconhecido |
Cronologia
|
Séc. 01 - construção da ponte inserida n avia que se dirigia a Ossónoba; 1808, 16 junho - Revolta em Olhão contra os franceses; 1808, 18 de Junho - Batalha entre os habitantes de Moncarapacho e Olhão e as tropas francesas comandadas por Junot, nas imediações da ponte; 1989 - colocação da lápide comemorativa da batalha contra os franceses. |
Dados Técnicos
|
Paredes autoportantes |
Materiais
|
Cantaria rebocada e caiada; calçada portuguesa; tijolo, calcário, rochas sedimentares |
Bibliografia
|
OLIVEIRA, Francisco Xavier d'Ataíde, Monografia do concelho de Olhão da Restauração, Porto, tipografia Universal, 1906, reed. Faro, Algarve em Foco, 1986; MASCARENHAS, J. Fernandes, A luta contra os franceses em Olhão à luz de novos documentos, 1950; MASCARENHAS, J. Fernandes, Fornos de cerâmica e outros vestígios romanos do Algarve, separata de A Voz de Olhão, 1974; MANTAS, Vasco Gil, "Os caminhos da Serra e do Mar", in Noventa séculos entre a serra e o mar, coord. Filomena Barata e Rui Parreira, Lisboa, IPPAR, 1997¸RIBEIRO, Aníbal Soares, Pontes Antigas Classificadas, MEPAT- JAE, 1998. |
Documentação Gráfica
|
|
Documentação Fotográfica
|
DGEMN: DSID |
Documentação Administrativa
|
DGEMN: DSID |
Intervenção Realizada
|
Nada a assinalar |
Observações
|
*1 - Conservam-se alguns materiais romanos provenientes das imediações da ponte, designadamente um fragmento de inscrição recolhido por Fernandes Mascarenhas numa propriedade anexa em 1974, e que pode ser relativa a uma divindade (MASCARENHAS, 1974); *2 - Poderá ser este um sintoma de uma possível campanha islâmica no imóvel, facto que, a comprovar-se, poderá ainda estar na origem da curvatura ligeiramente ultrapassada do arco, visível na sua vertente E.. |
Autor e Data
|
João Neto 1991 / Paulo Fernandes 2002 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |