Núcleo urbano da cidade de Lagos / Núcleo intramuros de Lagos
| IPA.00002830 |
Portugal, Faro, Lagos, São Gonçalo de Lagos |
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Núcleo urbano sede municipal. Cidade situada em costa marítima. Vila com fortaleza, castelo e cerca urbana. Estrutura urbanística modelada pela topografia, pela frente marítima e ocupação humana durante diferentes épocas. Malha ortogonal com quarteirões de dimensões sensivelmente iguais na Freguesia de Santa Maria, herança da Lacobriga romana. Existência de Praças, antigas praças fortes dos séc. 15, 16 e 17. Malha quase orgânica na Freguesia de São Sebastião. Apesar de descaracterizada ao nível do edificado, é a cidade algarvia que apresenta o maior perímetro de cintura fortificada. Mantêm-se ainda fortes que serviram de defesa à Baía de Lagos (Forte da Ponta da Bandeira, Forte da Meia Praia). |
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Número IPA Antigo: PT050807050032 |
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Registo visualizado 3459 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto urbano Aglomerado urbano Cidade Cidade moderna Cidade fortificada Régia (D. Sebastião)
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Descrição
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Núcleo urbano muralhado implantado junto à foz de uma ribeira e de uma baía de grandes dimensões, que lhe conferiram ao longo dos tempos excelentes condições naturais e comerciais. Distribui-se por 3 pequenas elevações, divididas por 2 ribeiras (dos Touros e das Naus) hoje aterradas, dando origem à criação das suas duas freguesias. Na freguesia de Santa Maria localizou-se o núcleo primitivo da cidade, delimitado pela primeira cerca, de que hoje só restam alguns vestígios entre o Palácio dos Governadores e o Baluarte de Santa Maria. As estruturas urbanísticas romana e árabe encontram-se ainda visíveis, pela existência de uma malha ortogonal onde se podem localizar as entradas através do "cardo" e "decumanus", e pela relação que se estabelece com a rua e as habitações. A N. situa-se a Praça Infante D. Henrique, espaço aberto sobre o mar, onde se reuniam as tropas (antiga Praça de Armas). À volta desta situam-se alguns dos imóveis mais importantes de Lagos (Igrejas de Santo António (PT050807050001) e de Santa Maria (PT050807050026), Mercado de Escravos (PT050807050018), antigo Hospital Militar, Armazém do Espingardeiro (PT050807050016), parte da muralha (PT050807050003)). A NO., outra praça, de Gil Eanes, onde funciona o centro administrativo, transferido no séc. 18, aquando a construção dos Paços do Concelho. A malha urbana desenvolve-se em redor desta praça e da Pr. Luís de Camões, um pouco mais a O.. A freguesia de São Sebastião tem um desenvolvimento mais orgânico e adaptado à topografia do sítio. Os arruamentos convergem para a Igreja de São Sebastião (PT050807060002), que se encontra destacada na cidade. No séc. 20, a criação da Av. dos Descobrimentos, através de aterro distanciou a cidade do mar. |
Acessos
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EN120, EN125, Avenida dos Descobrimentos |
Protecção
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Inclui Igreja de Santo António (v. PT050807050001) / Igreja de São Sebastião (v. PT050807060002) e Muralhas e Torreões de Lagos (v. PT050807050003) / Igreja de Nossa Senhora do Carmo / Igreja das Freiras Carmelitas (PT050807050012) / Edifício Oficina do Espingardeiro (PT050807050016) / Antigo edifício da Portagem (PT050807050020) / Mercado de Escravos (PT050807050018) |
Enquadramento
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Urbano, implantado em costa marítima. O concelho de Lagos é constituído por quatro freguesias e é limitado a N. pelo concelho de Monchique, a E. pelo de Vila do Bispo, a O. pelo de Portimão e a S. pelo oceano atlântico. |
Descrição Complementar
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Não aplicável |
Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Não aplicável |
Afectação
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Não aplicável |
Época Construção
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Séc. 14 / 16 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Cronologia
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2000 a. C. - fundada Lacobriga ou Lacus Brigo, no Monte Molião; 1 a. C. - transferência de Lacóbriga para o actual núcleo primitivo situado em Santa Maria, construção de perímetro muralhado quadrangular; séc. 8 - construção de nova muralha; 712 - mouros conquistam-na, passando a chamar-se Zawiya; 1227 - foral concedido por D. Afonso III; 1241 - Zawiya é definitivamente conquistada aos mouros por D. Paio Peres Correia, começa a época da sua expansão económica; 1249 - conquista definitiva do Algarve com a tomada de Aljezur; 1361 - separação de Lagos da jurisdição de Silves, tornando-se vila independente. Nova cerca, por ordem de D. Dinis; 1415 - esquadra naval parte para a conquista de Ceuta; 1419 - esquadra naval parte para a descoberta da Madeira; 1427 - esquadra naval parte para a descoberta dos Açores; 1434 - Gil Eanes parte para dobrar o Cabo Bojador; 1458 e 1472 - D. Afonso parte à conquista de Alcácer Ceguer, Arzila e Tânger; 1481 / 1482 - transferência da Casa da Guiné para Lisboa; 1490 / 1521 - construção de aqueduto de abastecimento de água a Lagos, do Paúl à Pr. do Cano (actual Pr. Gil Eanes); séc. 16 - construção do Paço dos Governadores; 1504 - concedida 2ª Carta Foral por D. Manuel I; 1520 - início da construção da segunda cerca de muralhas, ordenada por D. Manuel I e continuada por D. João III; 1527 / 1530 - Lagos teria 1310 famílias (Trindade 2010); 1554 - fundação do Convento das Carmelitas; 1573 - elevação de Lagos a cidade por D. Sebastião e transferência do Bispado de Silves. Torna-se a Capital do Reino do Algarve e residência de Capitães Generais e Governadores; 1587 - desembarque de Francis Drake, acabando por atacar o Cabo de São Vicente, destruindo a fortaleza e convento; 1598 - concluídas as obras da segunda cerca por Filipe I; 1603 - batalha naval entre ingleses, franceses e holandeses, a 28 de Junho; 1642 - obras de conservação da muralha; 1643 - Proposta de construção, pelo Governador do Reino do Algarve, do "Pentágono", fortaleza de grandes dimensões, com 5 baluartes, sobre a falésia a S. da cidade; 1650 - peste em Lagos, obrigando o encerramento das "portas" e isolando-a do resto do território; 1665 - construção dos "Armazéns da Praça", pelo Conde de Avintes; 1679 / 1690 - construção do Forte da Ponta da Bandeira; 1707 - construção da Igreja de Santo António; 1755 - terramoto e maremoto causam destruição quase total da cidade. É abandonada pelo Governador e Exército, que se transferem para Tavira. Construído aglomerado habitacional provisório em volta da Ermida de Santo Amaro, único edifício religioso que não ruiu; 1798 - construção dos Paços do Concelho, e transferência do centro da cidade da Praça de Armas (actual Pr. Infante D. Henrique) para a Pr. do Cano (actual Pr. Gil Eanes); 1884 - incêndio nos Paços do Concelho em que arde o arquivo municipal; 1833 - cerco a Lagos por José Sousa Reis (o "Remexido"), privando a cidade de alimentos e água; 1834 - Sá da Bandeira põe termo ao cerco; séc. 19, meados - expansão, devido à indústria conserveira; 1940 - construção, através de aterro, da Av. da Guiné (actual Av. das Descobrimentos), que afasta a cidade do mar; 1970 - início de desenvolvimento urbano acelerado devido ao turismo; 2008, Setembro - construção de um parque de estacionamento subterrâneo na zona da Praça de Armas, integrado no processo de renovação urbana da cidade; na sequência das escavações então realizadas, são descobertos dois cemitérios, um de leprosos remontando a 1490, e outro de escravos, com c. de 140 esqueletos de escravos africanos; 2011, Julho a autarquia projecta a instalação no local do antigo cemitério de escravos de um memorial de caráter museológico, com base numa reconstituição do Poço dos Negros desvendado durante escavações arqueológicas; 2013, 28 janeiro - criação da União das Freguesias de Lagos (São Sebastião e Santa Maria) por agregação das mesmas, pela Lei n.º 11-A/2013, DR, 1.ª série, n.º 19. |
Dados Técnicos
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Não aplicável |
Materiais
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Não aplicável |
Bibliografia
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DGEMN, Muralhas de Lagos, Boletim da DGEMN, nº 104, Junho, 1961; ROSADO, José Valentim e MARTINS, José A. de Jesus, Património Monumental de Lagos. As muralhas e o sistema defensivo medieval in I Encontro Ibérico de Municípios com Centro Histórico. Santarém, 6-8 de Novembro de 1992. Actas, Santarém, Câmara Municipal de Santarém, 1994; PAULA, Rui M., Lagos, Evolução Urbana e Património, Lagos, 1992; PAULA, Frederico Mendes, Az-Zauia, Lagos no período árabe, Lagos, 1997; Lagos, Entrou na história 228 anos a.c., Teres e Haveres, nº 11, Lisboa, 1998; PAULA, Frederico Mendes, "Centro Histórico de Lagos. Um estratégia de intervenção" in II Fórum Ibérico sobre Centros Históricos, Centro Cultural de Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2005; TRINDADE, Luísa, Urbanismo na composição de Portugal, dissertação de doutoramento, Coimbra, Universidade de Coimbra, 2009, pag. 134. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS, Arquivo Pessoal de Frederico George; CML: GTL; ANTT (Planta de Alexandre Massay, Códice Cadaval); AHM; DSFOE; Arquivo Museu da Cidade (Planta de Alexandre Massay, Códice Vieira da Silva); DGOTDU: Arquivo Histórico (Plano Geral de Urbanização de Lagos, COPLANO - Cooperativa de Estudos e Projectos, 1980) |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS, DGEMN/Arquivo Pessoal de Frederico George; CML: GTL; AHM |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN (Melhoramentos no concelho de Lagos, DSID-001/008-001-0966/1); DGEMN/DSARH (Plano de Urbanização de Lagos, DSARH-005-4436/023, DSARH, Lagos-Urbanização, DSARH-005-0650/05), DGEMN/DREMS, DGEMN/Arquivo Pessoal de Frederico George; CML: GTL; ANTT; AHM; DSFOE; DGARQ/TT: Memórias paroquiais, vol. 19, nº 24, p. 107 a 116/ nº 24a, p. 117 a 136 |
Intervenção Realizada
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1868 - alargadas as Portas de Portugal e dos Quartos; 1888 - alargadas as Portas do Postigo, do Cais da Vila e Nova; DGEMN: 1932 - instalação do Museu Municipal em dependências e terrenos anexos à Igreja de Santo António; 1940 - construção da Av. da Guiné (actual Av. dos Descobrimentos); 1955 - demolição de edificações adossadas à muralha (Bairro da Ribeira, junto à Porta de São Gonçalo e Paço dos Governadores); 1958 - demolição de edificações junto aos Baluartes da Barroca, de Santa Maria e da Porta dos Quartos; 1960 - reconstrução do Paço dos Governadores, demolição de revelim situado à frente; 1985 - reparação de troço de muralha entre os Baluartes da Praça de Armas e da Porta dos Quartos. |
Observações
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*1 - abrange também a a freguesia de São Sebastião. |
Autor e Data
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Filomena Bandeira 1997 / Anouk Costa, Marta Celada 1998 |
Actualização
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