Cidade romana de Conímbriga / Ruínas de Conímbriga

IPA.00002710
Portugal, Coimbra, Condeixa-a-Nova, União das freguesias de Condeixa-a-Velha e Condeixa-a-Nova
 
Aglomerado urbano. Cidade romana / Civitas. Núcleo urbano romano integrando estruturas preexistentes da Época do Ferro e com continuidade ocupacional até ao século 05. Estrutura urbanística e respectivos espaços ordenadores resultantes de três intervenções fundamentais: no século 01 a.c., sob Augusto, datando desta fase o forum tardo-republicano (templo sobre criptopórtico, basílica, cúria e lojas comerciais), as termas ( de concepção pré-augustiana), o aqueduto e um primeiro traçado urbano regular que respeitou algumas estruturas arquitectónicas habitacionais pré-romanas; no século 01, com os Flávios, a cidade sofre uma renovação urbanística, sendo destruídos e de novo edificados o forum imperial, as termas vitruvianas, bem como traçada outra planificação urbana envolvente; no fim do século 3 a urbe é dotada com uma muralha, que lhe reduz o perímetro. No capítulo da arquitectura civil, residencial e de equipamento abundam numerosos exemplos de edificações levantadas, remodeladas e reutilizadas desde o século 01 a.c. até ao século 50. Na habitação dominam as insulae, prédios urbanos com mais de um piso, desenvolvidos em torno de um pátio interior, e as domus com peristilum (exemplo: Casa dos Repuxos e Casa de Cantaber). Tanto na arquitectura privada como na pública encontram-se abundantes materiais decorativos, com especial destaque para os mosaicos, escultura e pintura mural. Entre os vestígios da ocupação suévica, encontram-se as ruínas do que deve ter sido uma basílica paleocristã (séculos 05 / 06 ), fruto de transformação e reutilização de uma domus. A muralha, robusta, mas extremamente rústica, denota urgência na obra; a sua construção, feita de blocos grossos talhados irregularmente e mal paramentados, aproveita alguns materiais doutras construções. A altura das muralhas (5 a 6,5 metros) suscita algumas dúvidas sobre a sua funcionalidade militar.
Número IPA Antigo: PT020604050001
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Povoado  Povoado romano  Civitas  

Descrição

Conjunto muralhado, envolvendo núcleo urbano, constituído por forum, organizado com templo sobre criptopórtico, basílica, cúria e lojas comerciais, termas, aqueduto, insulae, prédios urbanos com mais de um piso, desenvolvidos em torno de um pátio interior, domus com peristilum, como é exemplo a Casa dos Repuxos e a Casa de Cantaber e uma basílica paleocristã. Cintura muralhada com cerca de 1 500 m. de extensão. A entrada seria feita por uma estrutura abobadada com duas portas; uma levadiça, outra sobre gonzos. Esta abertura era defendidapor dois torreões. A muralha é percorrida por duas passagens para evacuação de água, canalizada por uma escavação de modo a evitar infiltrações na base da muralha.

Acessos

Ramal da EN. 342, junto a Condeixa-a-Velha

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 277 de 25 novembro 1971

Enquadramento

Rural, assenta num planalto em forma de esporão triangular, lançado sobre duas profundas depressões, uma das quais a Ribeira dos Mouros.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DGPC, Decreto-Lei n.º 115/2012, DR, 1.ª série, n.º 102 de 25 maio 2012

Época Construção

Época romana

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

Séc. 09 a.C. - provável existência de um castro no local; 139 a.C. - os romanos chegam a Conímbriga durante as campanhas de Decimo Junio Bruto; a cidade sofre programas de urbanização com Augusto; 69 a.C. - 79 a.C. - durante o reinando de Vespasiano, Conímbriga recebe o epíteto de flávia e é elevada a municipium; a cidade sofre novos programas de urbanização; séc. 02 - construção da Casa dos Repuxos, possivelmente sobre outra pré-existente; séc. 03, finais - construção da actual muralha substituindo provavelmente uma que já existiriado tempo de Augusto; remodelação do balneário; construção da maioria das grandes casas da cidade; séc. 04 - construção provável da basílica paleocristã; 465 / 468 - invasões e ataques suevos causam a destruição da cidade, sendo os seus habitantes dispersos escravizados; 561/ 572 - início do bispado de Conímbriga, sendo Lucêncio, o seu primeiro bispo; 589 - Conímbriga deixa de ser sede episcopal, passando para Aeminium, que posteriormente passou a designar-se de Coimbra; 1519 - o rei D. Manuel manda integrar algumas inscrições de Conímbriga na fachada da Igreja Matriz de Condeixa-a-Nova (v. 0604040014); séc. 18 - Conímbriga é mencionada nas Memórias Paroquiais; 1869 - Hubner visita Conímbriga; 1873 - o então criado Instituto de Coimbra cria uma secção de um museu dedicado à arqueologia, dando início às escavações arqueológicas de Conímbriga; 1889 - são retirados mosaicos de uma das casas; 1899 - são feitas as primeiras sondagens de vulto, sendo executada a planta do oppidum, e levantados alguns mosaicos; 1911 - o Instituto de Coimbra cede as suas colecções ao Museu Machado de Castro (v. 0603250013), dando-se início ao seu estudo por Augusto Filipe Simões e pelo Mestre António Augusto Gonçalves; 1930 - por ocasião do XI Congresso Internacional de Arqueologia e Pré-história, em Portugal, o Estado adquire os primeiros terrenos e faz escavações no local; 1962 - inauguração do Museu Monográfico de Conímbriga; 1964 - colaboração entre o museu e a Missão Arqueológica da Universidade de Bordéus; sob a direcção de J. Bairrão Oleiro, Robert Étienne e Jorge de Alarcão, é descoberto o centro da cidade romana; 1985, Abril - inauguração de uma exposição permanente no recinto, com objectos encontrados no local; 1991, 09 agosto - o museu é afeto ao Instituto Português de Museus, Decreto-Lei n.º 278/91, DR, 1.ª série-A; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126;.2007, 29 março - o imóvel é afeto ao Instituto dos Museus e Conservação, I.P. pelo Decreto-Lei n.º 97/2007, DR, 1.ª série, n.º 63.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

Instituto Português dos Museus, Roteiros da Arqueologia Portuguesa, Ruínas de Conimbriga, Conímbriga, 1995; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949, Lisboa, 1950; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Oppidum romano de Conimbriga, Boletim da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, nº 52-53, Lisboa, 1948; Ruínas de Conimbriga: consolidação de mosaicos, Boletim da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, nº 116, Lisboa, 1964; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70107 [consultado em 11 agosto 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/Arquivo Pessoal de Ilídio de Araújo, DRMC

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1873 - trabalhos de escavação arqueológica; 1889 - remoção de alguns mosaicos; 1930 - desobstrução de duas portas da cidade voltadas a E.; DGEMN:1940 - início dos trabalhos de reconstrução e consolidação das ruínas; 1955 - continuação das obras de consolidação e restauro; 1956 - estudos de pesquisas arqueológicas do Oppidum Romano, pelos Serviços dos Monumentos Nacionais; 1964 - trabalhos de escavações arqueológicas; 1970 - trabalhos de consolidação de mosaicos; 1971-1973 - ampliação do Museu Monográfico, construção: cave, instalações para o guarda e alpendrado do pátio interior ao nível do r/chão; 1974 - obras de consolidação e restauro e continuação das obras de ampliação do Museu; 1975 - obras de consolidação nas zonas de prospecção arqueológica, pavimentações, arranjo e coroamento de paredes, drenagem de água e esgotos, limpeza de vegetação etc; 1976 - obras de beneficiação na cobertura e no interior da construção mais antiga do Museu Monográfico; 1977 - continuação da ampliação do edifício do Museu, remodelação das fachadas que ladeiam o largo, antigo pórtico de colunata é transformado em galeria interna, arranjo do átrio principal, criada uma valeta para dificultar o estacionamento sobre o pavimento dos passeios; 1978 - construção de uma cabine bilheteira em misto de betão e envidraçados com alumínio; 1979 - construção de cabines para um posto de transformação e para incineração de lixos; 1981/1982- electrificação, iluminação e climatização do museu; 1986 - cobertura da casa dos repuxos; 1990, década de - foram desenvolvidas obras de renovação do museu, valorização das ruínas e de diversas instalações de apoio aos visitantes sendo o projecto arquitectónico da autoria de "Cruz Alarcão, Arquitectos Lda"; 2004/2005 - em curso, empreitada de construção do da bilheteira e renovação integral das instalações sanitárias dos visitantes (projecto arquitectónico da autoria de "Cruz Alarcão, Arquitectos Lda"); início de valorização e construção de percursos de visita no forum Augustiniano e nas termas a S., do dito Forum, construção de uma pequena estrutura para espectáculos, constituída por estrado / palco e arquibancada moldada no terreno, junto às termas do aqueduto (projecto arquitectónico da autoria de "Cruz Alarcão, Arquitectos Lda").

Observações

Antes da ocupação romana já era um oppidum de um povo que alguns autores referem como os Conii que se instalaram mais tarde no S. de Portugal. A designação Conímbriga, provêm do termo Conim, termo utilizado por indígenas pré-europeus, para designar o local eminência rochosa, e Briga, sufixo celta significando cidadela. Por aqui passava a via que ligava Olisipo a Bracara Augusta, passando por Aeminium (Coimbra).

Autor e Data

João Cravo / Horácio Bonifácio 1992

Actualização

Carlos Amaral 2005
 
 
 
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