Mosteiro de Santa Clara-a-Nova / Mosteiro de Santa Isabel / Santuário da Rainha Santa Isabel

IPA.00002678
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas
 
Mosteiro feminino, de Clarissas de fundação seiscentista, construído ao longo dos sécs. 17 e 18, composto por igreja, zona regral e cerca, a igreja virada ao Mondego e ao terreiro de acesso, formando uma frente, onde existem a igreja, sacristia de fora e os coros, surgindo, perpendicularmente, a portaria e os corpos da hospedaria, destinada aos peregrinos. O Mosteiro Impõe-se na paisagem da margem ocidental da cidade de Coimbra, no cimo de um monte, a que se acede por caminho bastante íngreme, onde se enquadram capelas da Via Sacra, evocando um monte santo e o caminho ascendente de sacrifício até ao templo, onde se cultua, de forma muito intensa, a Rainha Santa Isabel, cujo corpo aí se encontra depositado, no retábulo-mor, simultaneamente expositivo, com trono para o Santíssimo, e relicário, guardando o corpo incorrupto da mesma. As fachadas são sóbrias, com os elementos estruturais vincadamente marcados, num esquema tipicamente maneirista, com pilastras da ordem colossal romana que descarregam o peso das coberturas interiores em abóbada, rasgadas por janelas em capialço e, na principal, portal de verga reta, mais ostensivamente decorado com tabela e escudo nacional. Igreja de planta retangular simples, com nave e capelas laterais à face, e capela-mor de pequenas dimensões, antecedida pelos coros sobrepostos. A igreja revela uma unidade impressionante do ponto de vista decorativo, estudado como um todo formal, e iconográfico, criando o efeito de um "bello composto", com as estruturas retabulares semelhantes, comportando baixos-relevos que contam episódios da vida de cada um dos oragos, que têm em comum o facto de pertencerem ao mundo dos franciscanos ou a santos de particular devoção desta Ordem, havendo uma insistência particular na devotada a São João Baptista, não verificável em outros edifícios de Clarissas; estes retábulos formam um percurso narrativo, contando as ligações entre o mundo destes místicos e o celeste, que culmina no retábulo-mor, para onde tudo converge, onde se presta devoção à Rainha Santa, cujos símbolos surgem em profusão na decoração do imóvel. Os coros têm as mesmas dimensões da nave, o inferior dividido em três naves com cobertura em abóbadas de aresta e o superior de nave única e cobertura em abóbada de berço assente em pilastras, ambos com profusa decoração de pinturas murais e estruturas retabulares maneiristas, nacionais, joaninas e algumas de talha rococó, surgindo, no alto, a tribuna do sacrário. Os coros denotam, talvez, do ponto de vista decorativo, as maiores singularidades, revelando várias campanhas de pinturas murais, desde o século 17 à decoração fitomórfica rococó, reaproveitamento de azulejos, de vários períodos e proveniências, onde se destacam alguns hispano-mouriscos, e de talha dourada, dando origem à existência, num único conjunto, de estruturas maneiristas, com acrescentos nacionais ou joaninos e mesmo com integração de tábuas quinhentistas, provenientes do primitivo mosteiro de Santa Calara-a-Velha. Possui dois órgãos, um em cada coro, com caixas acharoadas com decoração dourada, o do coro-alto mais profusamente decorado. Claustro adossado ao lado esquerdo, quadrado e de dois pisos, o inferior com arcadas onde se joga com as linhas curvas e retilíneas, sendo o segundo marcado por janelas de sacada. Reflete, também, a longa campanha de obras no imóvel, sendo construído ao longo de vários períodos artísticos e, se ostenta estrutura maneirista, com dois andares, o inferior com arcadas onde se joga com as linhas curvas e retilíneas, a solução encontrada para os ângulos, arredondados pela colocação de fontes decoradas e pelas janelas de sacada no segundo piso, denotam um esquema teatral mais barroco. Este segundo piso marcado por janelas de sacada, revelando solução pouco comum, ostenta uma série de nichos, para os quais poderia estar programada a inserção de escultura, e as fontes angulares da quadra, simbolizando os quatro rios, estando prevista uma quinta para a zona central, substituída por um monumento a Nossa Senhora da Conceição, de particular devoção dos franciscanos, os principais difusores deste culto. Na zona regral mantém-se a cisterna e o refeitório, com bancos corridos e o púlpito de leitura. A cerca possui várias capelas.
Número IPA Antigo: PT020603160003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de Santa Clara - Clarissas (Província de Portugal)

Descrição

Conjunto composto pelo mosteiro, que inclui igreja, dependências monacais e hospedaria, além de construções anexas, tanto coevas da ocupação inicial (duas capelas) como resultantes da adaptação do cenóbio a complexo militar no séc. 20. O Mosteiro tem planta quadrangular irregular, prolongada por duas alas definindo um eixo N. - S.. IGREJA de planta retangular com acesso transversal e eixo longitudinal interno, composta por nave, capela-mor mais estreita e baixa, ladeada pela sacristia a E. e a sala da confraria a O..e ligada aos coros. Fachada principal virada a E., com dois de dois registos definidos por dois registos marcados por friso, rematando em platibanda, tendo, no registo da nave, a marcação das seis pilastras da ordem colossal romana, firmadas por pináculos de bola, que marcam exteriormente os cinco tramos da nave, os dois intermédios de menores dimensões. O corpo da nave tem, ao centro, portal de verga reta, ladeado por triplas pilastras toscanas que sustentam entablamento com friso marcado por triglifos, encimado por tabela retangular decorada por escudo português sustentado por dois anjos e flanqueada por pilastras jónicas e aletas volutadas, tendo, no remate, frontão de lanços com cruz no centro. No topo, cada pano é rasgado por uma janela retilínea em capialço, surgindo, no do extremo direito, uma sucessão de quatro frestas de iluminação de escada. O corpo dos coros tem quatro janelas no registo inferior e cinco no superior, surgindo, no extremo direito, uma sucessão de frestas. O volume da cabeceira é escalonado, sendo visível o corpo da capela-mor, igualmente com cinco pilastras firmadas por pináculos, marcando quatro tramos exteriores, também rasgados por janelas quadrangulares em capialço e emolduradas, com correspondência nos vãos, de estrutura simples, e estruturas arquitetónicas que marcam o corpo mais baixo da sacristia. Sobre a capela-mor, é visível uma janela termal sobre o arco triunfal. As demais fachadas encontram-se adossadas à hospedaria, claustro e dependências conventuais, sendo, no entanto visível a fachada O., rasgada por janelas semelhantes às anteriores. Deste lado S., surge um volume de três andares, com acesso pela sacristia, o inferior marcado por friso, composto por duas janelas em cada um, as do andar intermédio de sacada, protegida por grade metálica. No INTERIOR, a nave encontra-se dividida por teia balaustrada de madeira que percorre todo o perímetro e protege as estruturas retabulares, demarcando, no centro, a zona destinada aos fiéis; possui cobertura em abóbada de berço com arcos torais que descarregam sobre pilastras da ordem colossal romana, assente em frisos e cornijas, alteada no centro da parede fundeira; cada tramo divide-se em 22 caixotões. Tem pavimento em lajeado de calcário. A parede fundeira é marcada por um eixo vertical definido por pilastras toscanas colossais, composto pela grade do coro-baixo, pinturas murais representando anjos com turíbulos, uma tela a óleo representando "Santa Clara pondo em fuga a soldadesca", a grade do coro-alto, em arco abatido, e a estrutura do Santíssimo Sacramento, com dupla face gémea para a nave e para o coro-alto; a ladear a grade do coro-baixo, duas estruturas retabulares dedicadas a Gregório IX, no Evangelho, e a Santa Isabel, na Epístola, ambos encimados por duas telas a representar os Doutores da Igreja. A parede remata em entablamento contracurvo e em frontão semicircular almofadado, formando uma falsa janela termal, ladeada por quartos de luneta, refletindo, simetricamente, o esquema do lado oposto. Confrontantes, surgem duas portas de verga reta de acesso ao coro e as capelas laterais, à face, surgindo, no lado do Evangelho, as dedicadas a Santa Catarina de Bolonha, São Bartolomeu, São Pedro e Nossa Senhora da Conceição; sobre o portal, um painel representando a "Aparição de Santo António a Santa Teresa", enquadrado por estrutura de talha dourada decorada por acantos. Na parede da Epístola, cinco capelas retabulares dedicadas a São João Capristano, São Luís de Tolosa, Rainha Santa, Santo António e São Francisco. Na pilastra do segundo tramo, o púlpito quadrangular com bacia em cantaria, assente em mísula, e guarda torneada de pau-preto, em branco, com acesso por porta de verga reta, encimada por guarda-voz piramidal, sobrepujado por anjo de vulto. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas de fustes e plintos almofadados, com fecho saliente, ladeado pelos retábulos colaterais dedicados a São João Baptista e São João Evangelista, encimados por duas telas representando Doutores da Igreja. A parede remata em frontão rasgado por três janelas com vitral, representando o orago e com temática heráldica. A capela-mor, protegida por teia plena e portas centrais de madeira em branco torneada, tem cobertura em abóbada de berço em caixotões pintados com brutesco, com folhas de acanto, flores e cartelas, temática que se prolonga nas molduras das janelas e pilastras; as paredes laterais ostentam seis telas com molduras de talha dourada, sustentadas por anjos lampadários e encimadas por anjo com escudo português, representando, no lado do Evangelho, "Santa Isabel a tomar o hábito", "São Francisco dá a regra a Santa Clara", "Morte da Rainha Santa", e, na Epístola, "Trasladação das relíquias", "São Francisco recebe o privilégio do Jubileu da Porciúncula" e "D. Pedro II a beijar a mão da Rainha Santa"; sob quatro destas telas, a representação dos quatro Evangelistas. Nestas paredes, rasgam-se duas portas de verga reta, de acesso à sacristia (Evangelho) e à sala da Confraria (Epístola). Sobre supedâneo de cinco degraus centrais, com as zonas laterais protegidas por teia de madeira, surge o retábulo-mor de talha dourada e com o corpo em planta côncava, de um eixo definido por seis colunas com fuste torso e terço inferior decorado com motivos fitomórficos, assentes em mísulas, e quatro pilastras, que se prolongam em cinco arquivoltas, quatro torsas, formando o ático, onde aparece um escudo português. Ao centro, ampla tribuna com trono de cinco degraus e, na base deste, o túmulo de prata e cristal da Rainha Santa entre pilastras e com face apainelada. O acesso à tribuna processa-se por duas escadas laterais. Mesa de altar paralelepipédica, encimada por sacrário em forma de templete. A ZONA REGRAL, de planta retangular, desenvolve-se em torno de um claustro de planta quadrangular; perpendicularmente aos coros, desenvolve-se a portaria, de onde se prolonga, para N., a ala dos dormitórios; o eixo S., no enfiamento da igreja, é definido pelo edifício da hospedaria, muito extenso, e enquadrado por torreões, num dos quais se ergue o mirante, junto ao qual aparece campanário com três sineiras. O conjunto evolui em dois pisos, surgindo, ainda, uma cave e um terceiro piso existente nos torreões, de volumes articulados e com coberturas diferenciadas em telhados de duas, quatro e cinco águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento saliente, rasgadas em ritmos regulares vãos retilíneos, destacando-se os janelões que iluminam os corredores que percorrem as alas. CLAUSTRO quadrangular, com quatro alas de sete tramos, de dois andares, o inferior composto por arcadas de volta perfeita, assentes em fortes pilares quadrangulares com pilastras adossadas, enquadradas por molduras retilínea, com friso, cornija e, superiormente, seis janelas de sacada de verga reta, intercaladas com nichos envoltos por colunas jónicas e rematados em frontão triangular, encimado por pináculo de bola. A estrutura remata em balaustrada. Os ângulos da quadra encontram-se arredondados, no piso inferior, pela colocação de quatro fontes semelhantes, simbolizando os quatro rios, compostas por nicho de volta perfeita e tanque semicircular, decorado com golfinhos e, no superior, por emblemas alusivos à Rainha; no centro, oito canteiros sobrelevados relativamente às alas que convergem para o centro, onde se ergue uma coluna encimada pela imagem de Nossa Senhora da Conceição.CORO-BAIXO com acesso pela nave, alas E. e N. do claustro, esta última acedendo a um ante-coro, com três naves e quatro tramos definidos por pilares de perfil quadrangular robustos, com paredes rebocadas e pintadas de branco, coberturas em abóbadas de aresta, estas e os pilares profusamente decorados com pinturas murais de concheados, acantos, vasos floridos e ramos de rosas, e pavimento marcado, no lado Evangelho, por sepulturas cobertas por tampas epigrafadas. Na parede fundeira, a ladear a porta de acesso, de verga reta, quatro estruturas retabulares de talha dourada, dedicados ao Menino Jesus e Cristo (Evangelho) e São João Baptista e Nossa Senhora da Nazaré (Epístola); sobre a porta, um Calvário em pintura mural, envolvendo um Crucificado de vulto. Na parede testeira, a envolver a zona da grade, que forma vão de volta perfeita, dois tipos de pinturas murais, correspondendo a duas intervenções distintas, uma com flores coloridas, mais antigo, e outra com acantos enrolados pintados a dourado. O vão é ladeado por dois retábulos de talha dourada, dedicados a Santo António (Evangelho) e Santa Isabel (Epístola). Neste espaço coral, surgem, ainda quatro painéis de pinturas murais com a representação da "Natividade", "Nascimento da Virgem", "Cristo no Horto" e São Miguel, bem como dois retábulos de talha dourada e policromada, um deles dedicado à Pietà. No centro, o túmulo gótico da Rainha, tendo junto um órgão de tubos com a caixa lacada de vermelho com apontamentos dourados. Ainda no piso inferior, no lado N., o REFEITÓRIO com ante-sala onde surgem dois lavabos de cantaria e, na extremidade oposta a cozinha; com cobertura em abóbada de berço, assente em pilastras que se prolongam em arcos torais, definindo tramos; ambas as salas possuem azulejo padrão de três albarradas a azul e branco, formando silhar. O refeitório mantém os bancos de pedra adossados à parede e o púlpito de leitura. Sobre este, o espaço que serviu de primeira igreja durante a construção do mosteiro. Em frente ao refeitório, a cisterna sustentada por quatro pilares e com cobertura em abóbada. No segundo piso, o CORO-ALTO de nave única e quatro tramos, antecedido de ante-coro, encontrando-se revestido a azulejo, constituindo reaproveitamentos de vários painéis, aparecendo azulejo de padrão polícromo, figura avulsa, painéis e alguns hispano-mouriscos, com cobertura em abóbada de berço com pilastras e remates em friso e cornija. Na parede fundeira, a ladear o portal de verga reta, encimado por estrutura em talha, reaproveitando um antigo retábulo, surgem dois retábulos de talha dourada inseridos em vãos de volta perfeita com pilastras pintadas com marmoreados e motivos fitomórficos, dedicados a São João Baptista (Evangelho) e Nossa Senhora da Encarnação (Epístola). Confrontantes, maquineta em talha policromada com a Senhora da Piedade e Senhora da Boa Morte, surgindo, adossados às paredes, os retábulos dedicados à Sagrada Família, São Joaquim e Santa Ana, São João Evangelista e Senhor dos Passos. Na parede testeira, a ladear a zona da grade, com vão em arco abatido, duas estruturas retabulares dedicadas ao Calvário (Evangelho) - este envolto por azulejos azuis e brancos, onde surgem dois anjos com símbolos do martírio de Cristo e a abreviatura "IHS" (Jesus) -, e São Paulo (Epístola); sobre a grade, um sacrário, assente em nove mísulas, com guarda metálica e duas portas de acesso, em verga reta, com estrutura semelhante à face que liga à nave, encontrando-se envolvida por pintura mural a representar um coro de anjos músicos, anjos tenentes e outros com incensórios; sobre esta, surge uma imitação pintada sobre estuque de embutidos de mármore, que se prolongam em parte das paredes laterais, que decora a cornija, alteada na zona central. No centro, encontra-se o cadeiral de 78 cadeiras, dispostas em duas fiadas de 38 e duas no topo, de madeira em branco, com espaldar dividido em painéis pintados circunscritos por pilastras, marcadas por vasos floridos, tendo cenas da vida de São Francisco e de Santa Clara, santos franciscanos e clarissas; no extradorso, possui parede de apoio de alvenaria e madeira, pintadas em apainelados divididos por almofadado fingido, tendo cartelas envoltas por "ferronerie", acantos e cenas de género, paisagens e anjos. No lado do Evangelho, órgão de tubos de madeira lacada de vermelho e apontamentos dourados. No recinto do Mosteiro, encontram-se duas capelas de planta retangular e com coberturas em telhados de duas águas, uma localizada junto à ala do refeitório, e a outra na proximidade do torreão N. da ala dos dormitórios. Os edifícios propriamente militares levantam-se na área da cerca, formam uma linha descontínua de construções de N. para S. pelo lado poente da propriedade, têm planta retangular, disposição horizontal de volumes e coberturas em telhado, à exceção de um pavilhão de construção mais recente, e aproveitam os desníveis do terreno.

Acessos

Calçada de Santa Isabel / Largo da Esperança

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / Decreto de 20-5-1911, DG n.º 119 de 23 maio 1911 / ZEP, Portaria, DG n.º 46 de 23 fevereiro 1961 / Portaria, DG n.º 259 de 04 novembro 1968 *1 / Zona "non aedificandi", Portaria, DR, 2.ª série, n.º 49 de 11 de março de 2009 / Decreto n.º 31-A/2012, DR, 1.ª série, n.º 252 (ampliação da área classificada)

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado na margem esquerda do Rio Mondego, no Alto de Santa Clara, contrapondo-se à mole da Universidade (v. IPA.00005908), situada na margem oposta, constituindo estes conjuntos construídos dois polos referenciadores de duas zonas da cidade. Encontra-se em posição altimétrica dominante e beneficia de condições paisagísticas privilegiadas, tendo na envolvente outras estruturas conventuais como o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (v. IPA.00002807) e o de São Francisco (v. IPA.00004240), este mais próximo, já a meia encosta. O acesso ao mosteiro é efetuado pela Calçada de Santa Clara, ladeada por casario e pelas capelas dos Passos (v. IPA.00006699), onde se representa Cristo no Horto, a Flagelação e o Senhor dos Passos, passando pela Capela de Nossa Senhora da Esperança (v. IPA.00001024) e culminando na igreja, tomada como ponto de peregrinação. Esta é antecedida por amplo terreiro protegido por grade metálica e com acesso por portal de verga reta, ladeado por duas colunas sobre altos plintos, de fuste liso e capitéis coríntios, rematadas por friso e espaldar com escudo e pináculos, surgindo uma cruz no centro; no intradorso, o portal é flanqueado por colunas com o mesmo perfil das anteriores; este foi executado com materiais reaproveitados do Mosteiro antigo. O terreiro é amplo, protegido por guarda de cantaria, constituindo um balcão - miradouro sobre a cidade, para onde abre a porta da igreja, antecedida por escadório retangular, de cinco degraus, e a antiga portaria do mosteiro. No centro do terreiro, implanta-se a escultura da Rainha Santa, executada em mármore de Estremoz. No lado O. é ainda visível parte da cerca, com alto muro envolvente a descrever os acidentes do terreno, aberto em algumas zonas para dar lugar à via pública e onde surgem algumas casas de habitação e uma capela, bem como vestígios do primitivo olival e do aqueduto que abastecia de água o imóvel (v. IPA.00002718).

Descrição Complementar

Sobre a grade do coro-alto, o SACRÁRIO DO SANTÍSSIMO, com dupla face para a nave e coro-alto, ambas compostas por tabernáculo sustentado por dois anjos e composto por quatro colunas com mísulas e remates da porta e estrutura em frontões de lanços; uma porta na zona inferior e pequeno frontal e ilhargas com portas pintadas. Os RETÁBULOS DA NAVE são todos semelhantes, inseridos em arcos de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas, tudo dourado e com os seguintes policromados em marmoreados fingidos com acantos dourados; contém retábulos de talha dourada, cada um deles de planta reta e um eixo definido por duas colunas torsas, decoradas com pâmpanos, putti e aves, e capitéis coríntios, assentes em plintos paralelepipédicos ornados por acantos e em modilhões. Ao centro, um baixo-relevo representando cenas da vida do orago. A estrutura remata em duplo friso de acantos e querubins, cornija com friso de óvulos e dardos e tabela retangular horizontal, com relevo e envolvida por acantos e volutas; remata em cornija e em frontão semicircular interrompido. Os relevos representam, partindo da parede fundeira do Evangelho: o "Papa Gregório IX a visitar o cadáver de São Francisco", Nossa Senhora da Conceição, "São Pedro a receber as chaves", "Stella Coeli", "Santa Catarina a receber o hábito do Papa", "Batismo de Cristo" e na tabela um "Agnus Dei", "São João Evangelista dá a comunhão a Nossa Senhora", tendo na tabela a águia, "São Francisco a receber as chagas", "Santo António a receber o Menino", "Santa Isabel dá rosas aos canteiros", tendo na tabela um ramo de flores, "São Luís de Tolosa livra D. Dinis de um javali", "São João Capristano recebe o cálice", tendo na tabela um ramo de flores e o "Milagre das rosas" com o escudo da rainha na tabela. SACRISTIA com lavabo de pedra, encimado por Inscrição latina gravada (n.º 15). No CORO-BAIXO surge a inscrição comemorativa de uma obra de beneficiação pintada, a preto, no ábaco do segundo pilar da nave lateral, do lado da Epístola, em calcário, com o tipo de letra: capital quadrada; tem a leitura modernizada: "ESTE RETÁBULO MANDO(sic) FAZER A MADRE DONA MARIANA VELASQUES NO ANO DE 1740" (n.º 1) e refere-se aos cinco quadros que preenchem hoje o arco toral do dito pilar. As inscrições nº. 2 a 10 localizam-se no pavimento da nave lateral, do lado do Evangelho e foram numeradas com algarismos árabes, em finais do séc. 17 princípios do séc.18 para orientar a abertura rotativa das sepulturas. A primeira é uma inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. A tampa em calcário é dividida em duas partes tendo na primeira, em relevo, um brasão de armas com coroa (65,5x45,5). Descrição Heráldica: escudo partido: no I escudo com armas de Portugal delidas; no II quatro palas - armas de Aragão; na segunda parte o campo epigráfico retangular encontra-se em ressalto e com os cantos inferiores cortados em segmento de círculo. Moldura tripla filetada, sendo a do meio esculpida em forma de cordão franciscano; A superfície epigrafada está muito erodida. Dimensões: 176x83; moldura: 12,5; campo epigráfico: 70,5x 52. Tipo de Letra: capital quadrada. O número 16 foi gravado no final do campo epigráfico Leitura modernizada e reconstituída: "AQUI JAZ A MADRE DONA MARIA DA CUNHA FOI ABADESSA DUAS VEZES VIVEU 121 ANO(sic) FALECEU A 17 DE NOVEMBRO DA ERA DE(sic)" (n.º 2). A inscrição funerária n.º 3 está gravada numa tampa de sepultura, proveniente do Mosteiro de Santa Clara- a Velha, num campo epigráfico em ressalto; a moldura é quádrupla escalonada, delimitada por sulcos, sendo a interior esculpida em forma de cordão franciscano; o número 15 foi gravado no final do campo epigráfico. Calcário. Encontra-se partida em três partes. Superfície epigrafada muito erodida. Dimensões totais:167,5x86; campo epigráfico: 126,5x44,5; moldura: 22. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: "AQUI ESTA SEPULTADA A MADRE DONA INÊS DE NORONHA FOI ABADESSA NESTE CONVENTO MORREU NA ERA DE 1631". A inscrição funerária n.º 4 está gravada numa tampa de sepultura, proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha; o campo epigráfico é em ressalto; a moldura é tripla escalonada, delimitada por sulcos, sendo a interior esculpida em forma de cordão franciscano; o número 14 foi gravado no final do campo epigráfico. Calcário. Superfície epigrafada muito erodida. Dimensões: totais:187x93; moldura: 15; campo epigráfico: 157,5x62,5. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: "AQUI JAZ SOROR INOCÊNCIA DE JESUS [...] NESTE MOSTEIRO DE SANTA CRACRA (=CLARA) NO QUAL ENTROU DE ANO E MEIO E FALECEU SENDO DE SETENTA E TRÊS ANOS ÚLTIMO ANO DE SEU ABADESSADO A DEZANOVE DE NOVEMBRO NA ERA DE MIL E SENTOS( sic) E VINTE A(sic) E NOVE ANOS" - através da investigação documental conseguimos completar o ano da morte desta abadessa: 1629. A inscrição funerária n.º 5 está gravada numa tampa de sepultura, proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha; o campo epigráfico é em ressalto e tripartido com dois terços inferiores emoldurados; a moldura é quádrupla escalonada, delimitada por sulcos, sendo a interior esculpida em forma de cordão franciscano; o número 13 foi gravado no último terço inferior. Calcário. Encontra-se fraturada ao meio cortando a última linha do texto gravado. Dimensões totais: 174x91,5; moldura: 18; campo epigráfico: 50,5x 56,2. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: "JAZ AQUI SOROR ARCANGELA DAS CHAGAS SERVA DOS SERVOS DE DEUS FALECEU NO ANO DO SENHOR DE 1634 AOS 30 DIAS DE ABRIL". A inscrição funerária n.º 6 está gravada numa tampa de sepultura, proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha; o campo epigráfico é em ressalto e tripartido com dois terços inferiores emoldurados; a moldura é quádrupla escalonada, delimitada por sulcos, sendo a interior esculpida em forma de cordão franciscano; o número 12 foi gravado no segundo terço. Calcário. Dimensões totais: 184x83,5; moldura:15,5; campo epigráfico: 60x 47,3. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: "SEPULTURA DA MADRE SOROR ISABEL DA RAINHA SANTA MORREU SENDO ABADESSA A 21 DE FEVEREIRO DE 1637". A inscrição funerária n.º 7 está gravada numa tampa de sepultura, é provável ser proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, o campo epigráfico é em ressalto e tripartido o terço superior inscrito e os dois terços inferiores emoldurados; a moldura é quádrupla escalonada, delimitada por sulcos, sendo a interior esculpida em forma de cordão franciscano; o número 11 foi gravado no segundo terço. Calcário. Superfície epigrafada muito erodida. Dimensões totais: 169x83; moldura: 14; campo epigráfico: 73x 50,5. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: "AQUI JAZ A MADRE DONA ANA DE TÁVORA(?) FREIRA RODEIRA(?) NESTE CONVENTO EM QUE ENTROU DE IDADE DE DOZE ANOS FALECEU DE SESSENTA A 6(?) DE JANEIRO DE [...]8". A inscrição funerária n.º 8 está gravada numa tampa de sepultura; o campo epigráfico é em ressalto; a moldura é tripla escalonada, delimitada por sulcos; o número 10 foi gravado no canto superior direito do campo epigráfico. Calcário. Superfície epigrafada muito erodida nas três primeiras linhas. Dimensões: totais: 197x83; moldura:18,5; campo epigráfico: 161x 83. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: "SEPULTURA DA MADRE DONA MADALENA DE MENDONÇA FOI ABADESSA NO TEMPO EM QUE AS RELIGIOSAS VIRAM A RAINHA SANTA VEIO PARA ESTE MOSTEIRO DE 6 ANOS FALECEU DE 63 A 20 DE JANEIRO DE 1701". A inscrição funerária n.º 9 está gravada numa tampa de sepultura; a moldura é filetada por sulco; o número 7 foi gravado no canto superior direito do campo epigráfico. Calcário. Erodida no final das últimas quatro linhas. Dimensões: totais: 200x83,5; moldura:12; campo epigráfico: 177,5x 59. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: "SEPULTURA DA MADRE DONA FILIPA DA SILVA PRIMEIRA ABADESSA QUE FOI NESTE CONVENTO NOVO E MORREU DE NOVENTA ANOS EM 13 DE MAIO DE 1703 ANOS". A inscrição funerária n.º 10 está gravada numa tampa de sepultura; o campo epigráfico é em ressalto; a moldura é tripla escalonada, delimitada por sulcos; o número 2 foi gravado ao centro, no início do texto. Calcário. Na 9.ª linha há uma pequena mossa. Dimensões totais: 185x84; moldura:13,5; campo epigráfico: 147x48. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura moderrnizada: "SEPULTURA DA MADRE DONA JOANA DE MENEZES FOI ABADESSA NESTE CONVENTO FALECEU A 30 DE NOVEMBRO DE 1744". Surge, ainda, uma (CRSI 32) inscrição funerária pintada, a preto, na tampa de sarcófago. Calcário. Dimensões: campo epigráfico (1): 23,5x136,5; (2): 22,5x290; (3): 23x137,5; (4): 22,5x292,5. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura: "ELISABELA IACET SACRO HOC REGINA SEPVLCHRO QVE MERITIS NITIDIF VLGET IN ARCE POLI NEMPE ITA DVM VIXIT CECO SE GESIT IN ORBE VIRTVTE VD MORVM VIXERIT OMNE GENVS QVO FIT VT A SVMO DIVA HEC SELECTA TONANTE REGNET ET ANGELICO NOS IVVET VSQVE CHORO FOI PINTADA NA ERA DE 1782". Sobre a grade do coro-baixo, surge uma inscrição comemorativa pintada a dourado sobre estuque. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: "ESTE CORO MANDOU PINTAR A ILUSTRISSIMA EXCELENTISSIMA SENHORA DONA ANA MÁXIMA DE LANCASTRE EM 1782 NO SEU 6 ANO DE ABADESSA" Neste espaço, surgem vários retábulos, como o RETÁBULO DO MENINO JESUS, de talha dourada e planta reta, de três eixos definidos por quatro colunas coríntias com o terço inferior ornado por brutesco. Ao centro, glória de anjos em baixo-relevo, a enquadrar imaginária. Os eixos laterais ostentam quatro tábuas, a representar o "Descanso na fuga para o Egipto", Santa Clara, "São Domingos a receber o rosário" e Santa Teresa de Ávila. A estrutura remata em tabela retangular vertical, atualmente vazia, com aletas compostas por cachos de uvas e aves, surgindo, superiormente, dois anjos a sustentar um coroa imperial sobre a abreviatura "IHS". O RETÁBULO DE CRISTO é de talha dourada e planta reta e três eixos, os laterais de dois andares, definidos por dois painéis de talha com cartela central, rodeada por motivos fitomórficos, tendo dois eixos de colunas, as inferiores coríntios, com o terço inferior estriado de madeira distinta, e o superior com o terço inferior estriado e a zona superior do tipo balaústre. Ao centro, a representação pictórica da "Lamentação de Cristo morto". Nos eixos laterais, as pinturas de David e Zacarias (Evangelho) e Jeremias e Isaías (Epístola), devidamente identificados por legenda. A estrutura remata por friso com três querubins e acantos, encimado por tímpano semicircular que se adaptaria a uma estrutura arquitetónica com decoração de acantos. O RETÁBULO DE SÃO JOÃO BAPTISTA insere-se em nicho de volta perfeita e é de de talha dourada e planta reta, de três eixos definidos por quatro colunas coríntias, com o terço inferior do fuste decorado por festões, assentes em consolas. Ao centro, painel pintado a representar a "Pregação de São João Baptista". Os eixos laterais possuem painéis com cenas da vida do orago, que também surgem no remate em tabela e na predela, num total de dez. O RETÁBULO DA SENHORA DA NAZARÉ é de talha dourada e planta reta, de três eixos definidos por quatro colunas torsas assentes em consolas, formando apainelados onde se enquadram mísulas com imaginária. A estrutura remata em friso de querubins e acantos, tabela retangular flanqueada por quarteirões e aletas de acantos, onde surge a representação pictórica da "Coroação da Virgem", encimada por anjos segurando grinalda. O RETÁBULO DE SANTO ANTÓNIO é de talha dourada, de planta reta e três eixos definidos por colunas espiraladas assentes em consolas, dando origem a três apainelados a enquadrar mísulas com imaginária. A estrutura remata em acantos, plumas, anjos e emblema central com a açucena, símbolo do orago. Na base dos eixos laterais, duas estruturas arquitetónicas com motivos floridos e, sobre o altar, um sacrário de feitura contemporânea. O RETÁBULO DA RAINHA SANTA é de talha dourada, de planta reta, rematada por tabela, onde surge representada a "Conversão de São Paulo". RETÁBULO DEDICADO À PIETÀ é de talha policroma, de planta reta e um eixo definido por pilastras sobre altos plintos, possuindo dois painéis a representar a "Pietà" e Santo António. A estrutura remata em cornija. Altar com frontal pintado, a imitar brocado, de pano tripartido e com sanefa franjada. No lado da Epístola, surge, ainda, uma ESTRUTURA RETABULAR de talha dourada de planta reta e eixos definidos por quatro colunas torsas, tendo painel central e remate em tabela vertical, envolvida por decoração fitomórfica. O ÓRGÃO apresenta caixa simétrica com castelo central retilíneo e dois nichos laterais, divididos por pilastras, o primeiro com flautas pintadas a representar o escudo português e os três com gelosias vazadas de decoração fitomórfica; remate em frontão de lanços com acantos; as ilhargas são apaineladas com grelhas douradas de motivos fitomórficos; na base da caixa, surgem os flautados de palheta, em leque e a consola em janela, ladeada pelos botões dos registos e por portas de acesso ao interior. Possui uma inscrição pintada a dourado. Dimensões: campo epigráfico: 10,5x269. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: "ESTE ÓRGÃO MANDOU FAZER A SENHORA DONA MARIANA FERRAZ DA PURIFICAÇÃO SENDO PRESIDENTE NO ANO DE 1745". No centro do coro, o TÚMULO gótico da Rainha, policromado e composto por arca com jacente, surgindo nas quatro faces edículas, onde se inscrevem o "Calvário", Deus Pai, Virgem com o Menino, Santa Clara, Santa Isabel, Santa Catarina, Cristo, doze Apóstolos, São Francisco, São Luís Tolosa, e cortejo de clarissas; a jacente é protegida por baldaquino, tendo, no extradorso, uma anjo a segurar uma criança, representando a Alma, representando a figura da Rainha, coroada, com o hábito das clarissas, tendo bordão e bolsa com vieira, simbolizando a sua peregrinação a Santiago de Compostela, sendo rodeada por cães de regaço e vários escudos de Portugal e Aragão. Sobre a porta de acesso ao coro-alto, ocorre o reaproveitamento de um RETÁBULO, dedicado a São Bernardino de Sena, de talha dourada e planta reta e um eixo definido por colunas coríntias com o terço inferior decorado com elementos vegetalistas, assentes em plintos e mísulas que ladeiam a predela. Ao centro, painel com a representação de "São Bernardino a receber o cálice místico", ladeado por duas virgens e cenas franciscanas. Está encimado por dois meios-painéis com anjos e, no remate, frontão de lanços. A predela tem a representação da Última ceia", Santo Antão e São Paulo eremita. O CORO-ALTO tem revestimento de azulejos de padrão, azul e amarelo, seiscentistas, provenientes da antiga igreja. Na parte superior da parede fundeira, composição de azulejos azul e branco, de figura avulsa na qual se integram dois anjos ladeando cartela, de provável produção coimbrã. Na parte inferior, ladeando o portal, dois círculos formados por azulejos hispano-árabes, inseridos em revestimento de azulejo de padrão, azul e amarelo; lacunas preenchidas com azulejos de figura avulsa, de Coimbra e alguns azulejos de figura avulsa holandeses, representando paisagens e um cavaleiro. Neste espaço, surgem alguns retábulos como o RETÁBULO DE SÃO JOÃO BAPTISTA de talha dourada, planta reta e três eixos definidos por colunas com fuste fitomórfico, as exteriores com o terço inferior decorado por cabeças de anjo, com capitéis coríntios. Ao centro, nicho com imagem. A estrutura remata em tabela horizontal, contendo painel pintado, surgindo mais nos intercolúnios e na predela, narrando episódios da vida do orago desde a "Anunciação de Zacarias" à "Degolação". O RETÁBULO DE NOSSA SENHORA DA ENCARNAÇÃO insere-se em nicho de volta perfeita decorado com motivos fitomórficos e anjos em pinturas murais; é de talha dourada que se prolonga pelas ilhargas, de planta reta e um eixo definido por quatro colunas torsas, as exteriores prolongando-se em arquivolta que envolve a tabela, onde surge a representação do "Calvário". Ao centro, painel a representar a "Anunciação" e duas pinturas laterais, surgindo mais duas em cada ilharga e três na predela, contando episódios da vida de Cristo. O RETÁBULO DO CALVÁRIO é de talha dourada, de planta reta e um eixo definido por quatro colunas torsas que se prolongam em arquivolta formando o ático. Ao centro, painel com fundo pintado a imitar tecido, onde surge a imagem do orago. Tem, na base, uma inscrição pintada a dourado, sendo a data delimitada a negro para melhor visualização, no lado esquerdo: 58,9x5,6; 2: lado direito: 6,3x60,5; 3: 5,8x17,2. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: "ESTA OBRA FEZ MATEUS NUNES DE OLIVEIRA PINTOR DA CIDADE DO PORTO. ESTA OBRA MANDOU FAZER DONA ANTÓNIA DE MENDONÇA ANO DE 1707". O RETÁBULO DE SÃO PAULO é de talha dourada, de planta reta e três eixos definidos por duas colunas e duas pilastras. Ao centro, nicho central semicircular, ladeado por quatro painéis laterais ("Circunscisão", Virgem com o Menino, "Nascimento da Virgem" e "Descanso na fuga para o Egipto"). A estrutura remata em tímpano e tabela com relevo e dois medalhões pintado. Altar paralelepipédico e ilhargas apaineladas, encimado por predela com três pinturas; tem a reprodução da "Virgem das Cerejas" de Federico Barocci. O RETÁBULO DA RAINHA SANTA é de talha dourada, com colunas coríntias com o terço inferior marcado por folhagem. Ao centro, painel a representar a "Rainha a distribuir rosas aos canteiros" e dois painéis com milagres do orago, surgindo, ainda, duas mísulas vazias. O RETÁBULO DA SAGRADA FAMÍLIA é de talha dourada, planta reta e três eixos definidos por colunas torsas ornadas por anjos, com capitéis coríntios, as exteriores assentes sobre plintos paralelepipédicos pintados de marmoreados fingidos. Em cada eixo, surgem apainelados contendo mísulas com imaginária, protegidas por um baldaquinos, de onde pendem drapeados a abrir em boca de cena. A estrutura remate em friso de acantos e tabela retangular horizontal flanqueada por pilastras e aletas decoradas por acantos e aves, tendo a representação de Deus Pai, encimada por um coração inflamado. O RETÁBULO DE SANTA ANA é de talha dourada, de planta reta e três eixos definidos por colunas torsas, percorridas por espiras de rosas. Cada eixo possui nichos encimados por sanefas e dreapeados a abrir em boca de cena, contendo imaginária. A estrutura remata por painel pintado com a reprodução da Virgem da cadeirinha", de Rafael. O RETÁBULO DE SÃO JOÃO EVANGELISTA é de talha dourada, planta reta e três eixos definidos por colunas torsas, contendo tábuas pintadas, quinhentistas. A estrutura remata em tabela com aletas volutadas. O RETÁBULO DO SENHOR DOS PASSOS é de planta reta, definido por duas estípites que terminam superiormente em volutas e remate em frontão de lanços com a Santa Face representada; no painel central, uma a tela com a representação do orago. O ÓRGÃO tem caixa simétrica, de três castelos e dois nichos escalonados e divididos por pilastras encimadas por fogaréus sobre a cornija, o central com as flautas em ângulo, encimado por anjo e, nos laterais, dois pequenos anjos; as gelosias apresentam decoração de acantos; na base da caixa, flautados de palheta e a consola em janela ladeada pelos botões dos registos, e, lateralmente, duas portas decoradas com apainelado; ilhargas com flautados e decoração em gelosias; sobre a consola tem pintada uma inscrição comemorativa de uma obra de beneficiação, a dourado. Dimensões: campo epigráfico: 245,5x12,5/13,2. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: "ESTE ÓRGÃO MANDOU FAZER A SENHORA DONA MARIANA FERRAZ DA PURIFICAÇÃO SENDO ABADESSA NO ANO DE 1749 PARA O SANTÍSSIMO SACRAMENTO". O REFEITÓRIO tem azulejos de composição ornamental seriada, formando silhares, colocados por cima de bancos de pedra corridos, com 13 azulejos de altura, representando albarradas ladeadas por papagaios, de fabrico coimbrão. A SALA DOS LAVABOS, contígua ao refeitório, apresenta silhares com motivos de albarradas, iguais aos do refeitório; num dos lavabos, revestimento de azulejos seiscentistas, de padrão, azul e amarelo, colocados de modo desemparelhado, em aproveitamento posterior. Na capela do extremo N. do DORMITÓRIO, surge uma inscrição consagrada a Jesus Cristo gravada na verga da porta da capela, situada no extremo N. do dormitório, entre uma cruz e um dos símbolos da Paixão de Cristo: 3 cravos. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: "JESUS 1677". Na SALA DE REFEIÇÕES DOS OFICIAIS, no segundo piso da ala norte do claustro, na chaminé e paredes, surge revestimento de azulejos e frisos desemparelhados, de padrão azul e branco, do séc. 18. O TORREÃO, atual sala de ginástica, num nicho na parede, surgem azulejos de figura avulsa, a azul e branco, de produção de Coimbra.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: santuário / Cultural e recreativa: museu / Militar: quartel

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Defesa Nacional

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Carlos Mardel (1744-1746, 1760); Custódio Vieira (1735); Guilherme Elsden (1763, 1769); JoãoTurriano (1648, 1650); Luís Benavente (1953); Manuel Alves Macomboa (1789); Manuel do Couto (1696, 1704, 1709, 1713); Mateus do Couto (1669-1670, 1681, 1688, 1691). CANTEIRO: Mestre Pêro (1327). ENTALHADORES: António Gomes (1692); Domingos Lopes (1693); Domingos Nunes (1692); Manuel Moreira (1693). ESCULTOR: Álvaro de Brée (1954); António Teixeira Lopes (1895). MESTRES-DE-OBRAS: Domingos de Freitas (1649, 1650); Francisco Rodrigues (1663); Gaspar Ferreira (1760); Manuel Rodrigues Veloso (1663); Manuel Sugeciro (1685); Pedro de Freitas (1655). ORGANEIROS: D. Manuel Benito Gomes (atr., 1745); Teodósio Hemberg (1747-1748). OURIVES: Domingos Vieira (1612-1615); Miguel Vieira (1612-1615). PEDREIROS: Gaspar Ferreira (1722); Manuel Caldeira (1722). PINTORES: Mateus Nunes de Oliveira (1707); Pascoal Parente (séc. 18); Vincenzo Bacherelli (atr., 1706-1709). PINTORES-DOURADORES: António Vidal (1737); Gabriel Ferreira (1737); Manuel da Silva (1727); Manuel Moreira (1727).

Cronologia

Séc. 14, 1ª metade - construção do primitivo Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra - hoje conhecido por Santa Clara-a-Velha - e instalação da comunidade religiosa feminina; 1560 - fundação da Confraria da Rainha Santa Isabel e publicação dos respetivos estatutos; 1612-1615 - feitura de um novo túmulo, por ordem de D. Afonso de Castelo Branco, bispo de Coimbra, em prata por Domingos e Miguel Vieira de Lisboa; 1647 - ameaçado continuamente pelas inundações do rio Mondego, as freiras clarissas pedem ao rei D. João IV para se mudar o mosteiro para local mais propício; 12 dezembro - Alvará de D. João IV ordenando a construção do novo mosteiro no monte da Esperança, junto à ermida de Nossa Senhora da Esperança: o monarca incumbe ainda o Conde de Cantanhede, Domingos Antunes de Portugal, de proceder à fiscalização da obra custeada pela Coroa; 1648, 04 novembro - frei João Turriano, monge beneditino e engenheiro-mor do reino, é encarregue de elaborar a traça do novo mosteiro segundo orientações régias explícitas: a capela-mor deveria ser sumptuosa, pois poderia vir a albergar sepulturas de reis, bem como se previa a construção de um edifício anexo, comunicante com as dependências conventuais, destinado aos membros da Família Real; 1649 - inicia-se a construção do mosteiro, começando-se, por razões prioritárias, pelos dormitórios necessários à instalação urgente das freiras: 14 março - o mestre Domingos de Freitas arremata a obra; 03 julho - ocorre a cerimónia do lançamento da primeira pedra, presidida por D. Manuel de Saldanha, reitor da Universidade e Bispo de Viseu, e com missa e alocução feita pelo Padre Bento de Sequeira, reitor do Colégio da Companhia de Jesus de Coimbra; certos autores fazem alusão a uma inscrição comemorativa do evento hoje desaparecida; séc. 17, 2.ª metade - execução de pinturas murais no coro-baixo; 1650 - contrato com o mestre Domingos de Freitas para transportar água ao cenóbio, com planta dada por Turriano; 1655 - morte do mestre Domingos de Freitas, sendo substituído pelo seu irmão Pedro de Freitas; 02 outubro - aprovação dos estatutos da Confraria da Rainha Santa Isabel; 1663, 17 junho - os mestres de Coimbra, Francisco Rodrigues e Manuel Rodrigues Veloso arrematam a obra; 1669 - pedido do príncipe D. Pedro, regente do reino, para acelerar as obras do mosteiro dirigidas por Mateus do Couto; 1670, maio - medição de Mateus do Couto, referindo-se a existência de encanamento, lajedo, portais e janelas do dormitório, púlpito e portal do refeitório; 1677 - estão concluídas as obras do dormitório, da cozinha e do refeitório e iniciadas as da igreja: as freiras mudam-se para as novas instalações; 29 outubro - cerimónia de trasladação do corpo e túmulo da Rainha Santa (executado em 22 Dezembro de 1327, pelo Mestre Pero), do túmulo da infanta D. Isabel (filha de D. Afonso IV), de lajes sepulcrais de antigas abadessas e de estruturas retabulares do antigo para o novo mosteiro; instala-se provisoriamente a igreja numa grande sala localizada na ala do refeitório; 1681, 27 maio - vivem no mosteiro 80 religiosas e 4 educandas, mas o livro das patentes refere que o mosteiro só pode sustentar 70 religiosas (TT: OFM: Província de Portugal, Santa Clara de Coimbra, Livro I); 1684 - medição do portal da igreja por Mateus do Couto; 1685, 16 abril - escritura de Manuel Sugeciro como mestre das obras do novo mosteiro; 1688 - Mateus do Couto desloca-se a Coimbra para proceder à medição da obra feita, medindo já a igreja e a capela-mor, revelando que o templo se achava praticamente concluído; 1691, 13 outubro - nova medição de Mateus do Couto, permitindo admitir que a empreitada de construção do coro e hospedaria já se havia desencadeado; a cerca acha-se em fase de conclusão; 1692 - avança o projeto decorativo da igreja, com o contrato com os mestres imaginários António Gomes e Domingos Nunes, moradores na rua das Flores, no Porto, para fazerem onze retábulos da igreja (nove laterais e dois colaterais); 1693 - quase concluído o retábulo-mor pelo entalhador Domingos Lopes, com a colaboração de Manuel Moreira; as dimensões da capela-mor mostram-se insuficientes para acabar a montagem do retábulo-mor, ocorrendo a ampliação do espaço com mais cinco palmos; 1695, 16 dezembro - conclusão das obras nos dormitórios, refeitório e torres miradouro; 1696, 18 julho - reforma do refeitório que havia ruído; 26 junho - sagração da nova igreja, dedicada a Santa Isabel, Rainha de Portugal; trasladação do corpo da Rainha para um caixão de madeira; colocação do túmulo de pedra no coro-baixo, no lado da Epístola, assente sobre dois degraus de pedra; 03 julho - o caixão de madeira onde foi depositado o corpo de Santa Isabel é inserido no túmulo de prata e cristal e colocado no altar-mor; julho - sendo madre abadessa D. Madalena de Mendonça, a comunidade religiosa venerou o corpo de Santa Isabel; Manuel do Couto passa a supervisionar as obras no mosteiro, herdando os cargos do tio depois da sua morte; séc. 18 - feitura de retábulos ou obras nos já existentes nos coros alto e baixo; execução das pinturas murais na capela-mor; 1701, 20 janeiro - data do falecimento da madre D. Madalena de Mendonça, sepultada no coro-baixo; 1703, 13 maio - morte da madre D. Filipa da Silva, abadessa sepultada no coro-baixo; 1704 - Manuel do Couto desenha o claustro e outras dependências do mosteiro; 1706 - 1709 - execução das pintura da capela-mor, atribuíveis a Vincenzo Bacherelli; 1707 - a madre D. Antónia de Mendonça manda fazer o retábulo da Crucificação, colocado no coro-alto, a Mateus Nunes de Oliveira, pintor portuense; 1709, 03 abril - primeiro auto de medição e de avaliação por Manuel do Couto, tendo as obras alcançado o pavimento do "sobreclaustro"; 1713, 01 outubro - medições de Manuel do Couto dando conta da conclusão de duas alas do claustro; efetuam-se reparações no refeitório; 1717, 05 agosto - novas medições, que descrevem os trabalhos executados na terceira ala; 1722, 30 setembro - contrato com os novos mestres pedreiros, Manuel Caldeira e Gaspar Ferreira, moradores em Coimbra; 1727 - douramento das molduras das telas da capela-mor por Manuel da Silva, por 340$000, e do púlpito por Manuel Moreira; 1734 - ruína da ala do claustro do lado do olival; 1735, 06 outubro - ordem para a Fazenda Real suportar a demolição, na sequência de um parecer de Custódio Vieira; 1737 - douramento das molduras das telas dos topos da nave por Gabriel Ferreira e António Vidal; 29 março - opta-se pela demolição da ala do claustro arruinada; 13 abril - Custódio Vieira é incumbido de ir a Coimbra para determinar a natureza dos trabalhos de consolidação; 30 junho - o arquiteto executa a sua primeira certidão de medição relativa ao que tinha sido construído de acordo com o projeto de Manuel do Couto; 1738, 22 setembro - aprovado o novo projeto para o claustro do mosteiro, procurando Custódio Vieira aproveitar o máximo do existente; 1740 - a madre D. Mariana Velasques manda fazer um retábulo para o coro-baixo; 1741, 09 setembro - os empreiteiros requerem um auto de medição da ala S., executada segundo o novo projeto; este incluía: no primeiro piso, arredondamento dos quatro ângulos, onde se colocaria um tanque, sobrepujado por dois golfinhos, nichos e tabelas; fecho das janelas que alternavam com os arcos; colocação em cada "nembo cego" de duas tabelas sobrepostas, com molduras muito salientes e baixela no centro, e um par de colunas dóricas isentas (num total de catorze em cada ala), com base, capitel, arquitrave, friso e cimalha da mesma ordem (mas sem as métopas e triglifos); no segundo piso, mantêm-se as treze janelas de sacada, mas colocar-se-iam guardas em pedraria rendilhada; 1744, 24 abril - morte de Custódio Vieira, escolhendo-se para dirigir as obras Carlos Mardel; 18 novembro - primeira medição deste arquiteto, o qual introduziria as seguintes alterações: colocação de pequenos templetes enquadrando os nichos dos ângulos do claustro, de platibanda em balaustrada a condizer com as guardas das varandas, gárgulas e pináculos; invocando a possibilidade de desmoronamento das abóbadas do segundo piso, fecho de vãos alternados, mas aproveita o enchimento dos muros para rasgar nichos; 30 novembro - data do falecimento da madre abadessa D. Joana de Menezes, sepultada no coro-baixo; 1745 - madre D. Mariana Ferraz da Purificação manda fazer o órgão de tubos, atribuído a D. Manuel Benito Gomes, para a liturgia solene, colocado no coro-baixo; 1746 - Carlos Mardel é encarregue de continuar a obra, procedendo a alterações no segundo piso: execução de novas guardas e pedestais para as janelas do claustro e aplicação das antigas na balaustrada do terraço do mesmo; execução das gárgulas e urnas sobre os frontões; feitura de um novo púlpito mais perto do coro; séc. 18, meados - execução das telas do coro-alto, por Pascoal Parente, e das da capela-mor; séc. 18, 2.ª metade - pinturas murais do coro-baixo; 1747, 07 maio - contrato com D. Teodósio Hemberg para executar um órgão de tubos para acompanhar as horas canónicas; 1748, 20 Julho - D. Teodósio Hemberg recebe 800$000 pelo trabalho; 1749 - data pintada no referido órgão, existente no coro-baixo, a mando da abadessa D. Mariana Ferraz da Purificação; 1753 - incêndio no cartório do mosteiro; 1760 - Carlos Mardel dá por concluída a obra do claustro, tendo sido o mestre de obras Gaspar Ferreira; referência ao projeto de uma fonte para o centro da quadra; 1763 - morte de Carlos Mardel, sendo nomeado mestre de obras Guilherme Elsden; 1769 - auto de averiguação, concluindo-se que a obra da nova portaria estava "concluída e conforme o primordial risco de Carlos Mardel"; 1773, 23 dezembro - Provisão de D. José I indica que as obras ainda não estão concluídas; opta-se por não efetuar a quinta fonte para o claustro; 1782 - a abadessa D. Ana Máxima de Lancastre, manda pintar as abóbadas e as paredes do coro-baixo; data da inscrição pintada no túmulo de pedra da Rainha Santa; 1789 - data de dois planos de análise do trajeto do aqueduto pelo mestre Manuel Alves Macomboa, responsável pelas obras do mosteiro; 1810- 1814 - no contexto de instabilidade gerado pelas Invasões francesas, o túmulo de cristal e prata da Rainha fica entaipado numa cela do mosteiro para garantir a sua proteção; 1834, 28 maio - Decreto-Lei extinguindo as ordens religiosas; 1835, 25 abril - 1837, 09 janeiro - decretos ressalvam que as casas femininas só seriam extintas quando morresse a última freira; 1848, 30 setembro - a comunidade do Mosteiro de Nossa Senhora do Carmo de Sandelgas é acolhida no mosteiro de Santa Clara devido à ruína em que se encontrava o edifício e à falta de meios para cumprir os ofícios divinos, em consequência da diminuição das rendas desde 1834; 1859, 26 novembro - morte da abadessa do Mosteiro de Sandelgas, D. Ana Cândida Coutinho, que jaz no coro-baixo; 1860 - o túmulo de prata com o corpo da Rainha Santa é transferido da tribuna sobre o altar-mor para o coro alto; 1864, 12 setembro - a abadessa D. Maria Antónia do Patrocínio assina o inventário dos documentos pertencentes ao Mosteiro de Santa Clara, cuja relação foi efetuada por João Pedro da Costa Basto, passando os documentos para a posse da Torre do Tombo (Decreto de 02 Outubro 1862 e Portaria de 09 julho 1863); 1886, 28 janeiro - morre com 84 anos a última freira do mosteiro de Santa Clara, a madre abadessa D. Maria Antónia do Patrocínio, natural de Viseu, jazendo no coro-baixo; 1886, 13 março - ofício da extinção do mosteiro enviado à Academia Real das Belas Artes; 1887, 10 dezembro - oficio do inspetor da Academia Real das Belas Artes pedindo autorização para se efetuar a relação dos objetos de valor histórico e artístico para virem para Lisboa - este inventário ficou incompleto por a única madre sobrevivente D. Ana Ermelinda, oriunda do Mosteiro de Sandelgas, não autorizar a relação de alguns bens dizendo que lhe pertenciam; 15 dezembro - autorização dada para que esses objetos sejam repartidos entre Lisboa e Coimbra e depois enviados para museus; 1889, 21 fevereiro - os objetos são entregues ao museu de Lisboa, Academia Real das Belas Artes, e de Coimbra, Museu Industrial; 25 julho - o inspetor das Bibliotecas e Arquivos Públicos pede para ficar com os livros e códices pertencentes ao mosteiro; 13 agosto - Despacho ministerial ordena que o inspetor da Bibliotecas e Arquivo Públicos proceda à escolha dos livros e códices dos vários mosteiros extintos; 1891, 10 junho - morre a madre D. Ana Ermelinda da Conceição Vaz, do Mosteiro de Sandelgas, e última freira a morrer no mosteiro, que é definitivamente extinto; e a Real Confraria da Rainha Santa Isabel ficou sozinha a tomar conta da igreja, tendo entrado na posse das casas do Capelão e das hospedarias, contíguas à igreja, situação de facto legalizada posteriormente pelos decretos de 30 de junho de 1897 (D. G. nº 152, de 13 de julho) e de 31 de março de 1898 (D.G. nº 124, de 6 de junho) e pelo acto de posse oficialmente conferida a 25 de junho de 1898; pedidos para se fundar no local um recolhimento de senhoras "honestas e desemparadas e um colégio para educação de meninas de famílias modestas e remediadas" (DGLAB/TT, AHMF, cx. 1903); a Mesa da Real Confraria da Rainha Santa Isabel pede para que lhe seja confiada provisoriamente a igreja e todas as alfaias e objetos que nela existam; 26 junho - a Associação Comercial de Coimbra associa-se ao pedido da Mesa da Confraria; 23 julho - a Mesa da Real Confraria pede para lhe serem restituídos os objetos que estavam depositados no mosteiro e que por engano foram inventariados como pertencentes ao mosteiro; 11 dezembro - nova relação de objetos é executada depois da morte de D. Ana Ermelinda testemunhando este ato, D. Maria da Conceição Abreu Marques Nazaré e D. Rosa Emília Leitão, antigas pupilas do serviço espiritual e o reverendo cónego da Sé o Dr. José Ferreira Fresco, comissário do Bispo-Conde da Diocese de Coimbra; 1892, 18 janeiro e 15 junho - pedido do Governador Civil de Coimbra para que o mosteiro servisse de asilo de mendicidade de Coimbra; 17 maio - a Mesa da Confraria pede que lhe sejam entregues as suas alfaias e lhe sejam confiadas em depósito as alfaias do culto festivo e ordinário da Rainha Santa; 24 maio - ofício do Delegado do Tesouro manda entregar os objetos à Mesa da Confraria; 27 maio - pagamento ao ourives que fez a avaliação dos objetos entregues à Mesa da Confraria; 12 julho - carta ao Bispo de Coimbra a perguntar qual o destino que deveriam ter os objetos de culto; 13 julho - Despacho do Ministério da Fazenda dando ordem ao Diretor da Repartição da Fazenda do Distrito de Coimbra para que as alfaias de prata e vasos sagrados pertencentes ao mosteiro sejam entregues ao bispo de Coimbra; 17 julho - o Delegado do Tesouro manda entregar as roupas e loiças pertencentes ao mosteiro ao Asilo; 1895 - encomenda da imagem de Santa Isabel para o retábulo-mor a António Teixeira Lopes (1866-1942), pela Rainha D. Amélia; 1896 - a zona Norte do mosteiro é entregue à Congregação de São José de Cluny, para ser colégio missionário (Dicionário de História Religiosa de Portugal, pp. 474-476); 09 julho - bênção solene da imagem de Santa Isabel, executada por Teixeira Lopes, pelo Bispo-Conde D. Manuel de Bastos Pina; 1898, 28 junho - em cumprimento dos ofícios da Direção Geral dos Próprios Nacionais (expedida pela 2.ª repartição, 2ª. secção- processo 825766 - Lº 9/10 de 10 de Junho) é feito novo inventário executado por José Augusto Correia de Brito, 1.º aspirante da repartição da Fazenda distrital; é superiora a irmã Maria Sainte Colombe da Cruz;1908 - algumas mulheres pedem para se acolherem no edifício e são-lhes dadas celas para aí viverem; 1910 - extinto o colégio, são cedidos à Confraria pelo Governo, os dois coros (baixo e alto) e o claustro com os respectivos anexos e capelas laterais (foi dada à Confraria posse oficial destes espaços pelo Inspector das Finanças do distrito de Coimbra a 28 de agosto de 1916, em virtude de um ofício da 4ª repartição da Direcção Geral da Fazenda Pública datado de 21 de julho do mesmo ano); na parte conventual instala-se o regimento de exército; provável colocação de vitrines nos vãos dos coros e de algum espólio em armários - expositores; 1911 - instalação dos Corpos Militares: RI35, 5. Grupo de Metralhadoras; 1928 - instalação das Unidades Militares: RAL. 2, CICA4, RIC, CAC; 1933, 26 junho - contrato celebrado entre a Confraria da Rainha Santa Isabel e o Ministério da Guerra dividindo em partes iguais a água recuperada nas cisternas do mosteiro, para rega dos jardins do claustro e para uso das dependências militares; 1953 - planta e projeto do adro assinada por Luís Benavente; 1954 - execução da escultura de Santa Isabel para o adro pelo escultor Álvaro de Brée; 1961 - elaboração de inventário do espólio do mosteiro, pelo monsenhor A. Nunes Pereira; 1978 - instalação do Centro Selecção Piloto de Coimbra; 1979 - Decreto-Lei n.º 278/79 criando o Centro de Selecção de Coimbra; 1988 - criação do Gabinete de Orientação e introduzido apoio informático; 1993 - extinto o Centro de Selecção; 1994 - instalação do Batalhão do Serviço de Saúde, oriundo de Setúbal; 2001, último trimestre - Confraria da Rainha de Santa Isabel procura elaborar um programa museológico e de salvaguarda do espólio, fazendo o seu inventário; 2002, dezembro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2012, 31 dezembro - é publicado o Decreto n.º 31-A/2012, em DR, 1.ª série, n.º 252, que amplia a área classificada do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova *1; 2016, 28 dezembro - o edifício do antigo quartel integra a lista de 30 imóveis a concessionar pelo Estado Português a privados, para instalação de unidades hoteleiras; 2019, 13 fevereiro - publicação do Despacho conjunto das Finanças e Defesa Nacional, Gabinetes do Secretário de Estado do Tesouro e da Secretária de Estado da Defesa Nacional, a autorizar a concessão do edifício no âmbito do REVIVE para exploração de empreendimentos turísticos ou estabelecimento de alojamento local, em Despacho n.º 1598/2019, DR, 2.ª série, n.º 31/2019.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes e estrutura mista.

Materiais

Estrutura em alvenaria de calcário, rebocada e pintada; estruturas em alvenaria de tijolo e betão; cornijas, modinaturas, colunas, pilastras, pilares, pináculos, pavimentos em cantaria de calcário; túmulo medieval em cantaria de calcário; mobiliário, coberturas de madeira; retábulos, órgãos e púlpito de talha dourada e/ou pintada; silhares e painéis de azulejo tradicional; túmulo em prata e crista; grades de bronze; guardas metálicas; janelas com vidro simples; coberturas exteriores em telha cerâmica.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMCentro/DE, DGEMN/DREMCentro/DM, DGEMN/DSARH, DGEMN/Carta de Risco

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC, DREMN/Carta de Risco, SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas; Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DREMC; DGLAB/TT: AHMF, Convento de Santa Clara, Caixas 1902, 1903 e 1904, Conselho da Fazenda, Livro 182, Conselho da Fazenda, Obras, Séculos XVII - XVIII, IV/1ºE/10/2/cx 66, OFM, Província de Portugal, Convento de Santa Clara de Coimbra, Livros 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 27 e 40; BNP: Reservados, CARVALHO, Francisco de - História de Coimbra ..., 1795 - 1825, Cod. 905-906; Arquivo da Academia de Ciências de Lisboa: Moreira, António Joaquim - Colecção de Epitáfios ... ms. azuis, nº 225, vol. 1, 2 e 4; AUC: Livro de Notas do ano 1339 a 1779, vol. III/1º D/9/2/cod. nº 55; Livro que hade servir de registos dos papais pertencentes ao novo mosteiro de santa Clara 1649 - 724, IV/1ºE/10/2/cod. N.º 51

Intervenção Realizada

DGEMN: 1936 - limpeza de cantarias do claustro, reparação dos rebocos da fachada da igreja, limpeza e arranjo da muralha exterior; 1942 - reparações na cobertura do claustro; 1956 - arranjo das cantarias das janelas, consolidação da abóbada e reparação do telhado, na capela-mor; 1963 / 1964 / 1965 / 1966 - arranjo do adro, do pavimento, demolição do muro de alvenaria que integrava o pórtico de acesso e sua substituição por gradeamento; arranjo do pórtico; 1972 / 1973 - reconstrução da cobertura da igreja, cintagem das paredes; 1985 - obras de consolidação, restauro e limpeza; 1987 / 1989 - beneficiação da cobertura da galeria do claustro adjacente à igreja, recuperação do pavimento, reboco de paredes e tetos da totalidade do claustro; PROPRIETÁRIO: 2002 - limpeza sumária dos objetos, desinfestação dos materiais orgânicos e das peças de mobiliário mais afetadas; DGEMN: 2003 - consolidação, conservação e restauro do pórtico de acesso ao terreiro; conservação do claustro, especialmente do segundo piso; reabertura de uma antiga porta entaipada com alvenaria de tijolo, para se passar a aceder ao claustro através da cerca; demolição de parede de tijolo que subdividia a ala S. do claustro; colocação de instalações sanitárias no centro de uma antiga capela: consistindo num contentor aberto superiormente e colocado ao centro, de modo a não intervir com a leitura do espaço abobadado.

Observações

*1 - a ampliação passa a abranger não só o túmulo da Rainha Santa Isabel, o claustro e os coros, como todo o conjunto monástico, designadamente, o dormitório distribuído por dois pisos, o refeitório, as cozinhas e oficinas anexas, a cisterna que abastecia o espaço conventual, a capela isolada no espaço da cerca e a hospedaria.

Autor e Data

Horácio Bonifácio 1991 / Filipa Avellar, Paula Correia e Paula Figueiredo 2003

Actualização

António Rebelo (Contribuinte externo) 2016
 
 
 
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