Quinta de São João da Ventosa e Capela de São João Baptista
| IPA.00026636 |
Portugal, Santarém, Golegã, Azinhaga |
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Arquitectura religiosa, manuelina e barroca; o estilo 'manuelino' está patente nas pedras esculpidas em forma de meias esferas e de cordas entrançadas que decoram o portal principal; o barroco sobressai no tratamento da fachada principal. Capela de planta longitudinal composta por nave e capela-mor mais baixa e estreita, iluminada uniformemente pelas janelas com capialço rasgadas nas fachadas laterais e pelos dois janelões da fachada principal. Fachada principal remata em frontão ondulado, interrompido por cruz e flanqueado por plintos galbados que sustentam fogaréus. É rasgada por porta em arco de volta perfeita, com moldura saliente e flanqueado por pilastras toscanas almofadadas, acrescentadas por triglifo e capitel coríntio. Fachadas em alvenaria, rebocadas e pintadas com remate em cornija e beiral, sendo a lateral direita rasgada por porta travessa de verga recta e moldura saliente e a lateral esquerda com dois grandes contrafortes. Interior desprovido de decoração, à excepção das pilastras na parede fundeira projectadas do exterior e arco triunfal de pilastras decoradas do período de transição do séc. 17 para o 18. Duas lápides tumulares no pavimento da nave e uma na capela-mor. Segundo reza a história, a família Zuzarte terá tido grande influência junto do Alto Clero uma vez que conseguiu, na primeira metade do século 16, a união desta igreja à Sacrossanta Basílica de São João de Latrão, em Roma, tendo então a igreja de São João da Ventosa recebido do Papa indulgências especiais, a serem ganhas pelos fiéis que a visitassem em certos dias do ano. O terramoto de 1755 destruiu o solar dos Zuzarte, mas poupou a pequena igreja até aos dias de hoje. No interior da igreja estão só os três túmulos de Cristóvão Zuzarte, mulher e uma filha. A fachada principal, foi alterada no final do séc. 18, com o levantamento da cércea e a introdução de um frontão ondulado, interrompida por cruz latina e por pináculos que assentam em plintos. |
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Número IPA Antigo: PT031412010022 |
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Registo visualizado 200 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Quinta
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Descrição
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Planta quadrangular, irregular composta pela nave, capela-mor mais baixa e estreita, sacristia, entrada de acesso lateral à neve e à torre sineira; coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave e capela-mor, em aba corrida na sacristia e entrada lateral e 4 águas na torre sineira. Fachadas em alvenaria, rebocadas e pintadas de branco flanqueadas por cunhais apilastrados e remates em cornija e beirada simples. Fachada principal voltada a O., de 5 panos delimitados por cunhais apilastrados, sendo o principal flanqueado por duas pilastras toscanas de fuste almofadado com elementos vegetalistas ao centro, sobre o qual se eleva uma métopa e capitel coríntio; rasgada por portal em arco pleno, com moldura de cantaria decorado com meias esferas e de cordas entrançadas, ladeado por duas grandes janelas rectangulares gradeadas; sobre o portal a pedra de armas da família Jusarte (*1) encimadas pelas insígnias papais emolduradas por filactera coma a inscrição: "IGRª FILIAL DE S. JOÃO DE LATRÃO"; remate em frontão ondulado com tímpano com pequena moldura circular, flanqueado por 2 fogaréus assentes sobre plintos colocados a eixo das pilastras; vértice firmado por cruz latina com hastes trevadas, sobre plinto galbado; os panos laterais são cegos, correspondendo os da direita à torre sineira e anexo; a torre sineira de planta quadrangular de dois registos definidos por friso saliente, é rasgada no 2º por 4 ventanas sineiras em arco de volta perfeita, com cunhais firmados por pináculos e cobertura de 4 águas marcada no vértice da cumeeira por cruz latina, em pedra. Fachada lateral esquerda rasgada por janelão de capialço, no corpo da nave e 2 grandes contrafortes com pequeno vão de moldura rectangular aberto no corpo da capela - mor. Fachada posterior cega, remate em empena, com cruz latina no vértice. Fachada lateral direita com corpo da sacristia, de planta rectangular, aberta por pequena janela rectangular com capialço e vestígios de uma outra dependência marcada por pequenas mísulas (*2); parede rasgada por janelão com capialço e gradeamento em ferro; corpo do anexo aberto por porta travessa de perfil rectangular com moldura em cantaria, destelhada. INTERIOR: rebocado e pintado de branco, com cobertura plana; pavimento em cantaria e tijoleira; a ladear o portal axial duas pilastras iguais às da fachada principal, como que projectadas para o interior; na nave dois pequenos supedâneos colocados colateralmente, com paredes rasgadas por dois nichos e mísulas salientes que suportariam estatuária; arco triunfal de volta perfeita assente sobre pilastras toscanas almofadadas com decoração vegetalista, apresenta no fecho o brasão do instituidor (*1); através de um degrau acede-se à capela-mor com cobertura em abóbada de caixotões; no pavimento, centrada, uma lápide tumular epigrafada, pertencente à filha do instituidor; do lado do Evangelho um vão de iluminação de moldura rectangular em mármore rosa, ladeado por uma placa informativa, epigrafada; do lado da Epístola uma outra placa e um vão de igual moldura aberto para a sacristia. Sobre supedâneo de dois degraus a mesa de altar com trono de três degraus. Sacristia de planta rectangular com paredes rebocadas e pintadas de branco e cobertura em abóbada de canhão, sendo o espaço da parede fundeira ocupado por um arcaz; o acesso é feito através de porta de perfil rectangular emoldurado a mármore rosa. No corpo da nave, do lado da Epístola, uma porta de jambas largas e de verga recta, ornadas por caneluras, dá acesso ao anexo lateral de planta quadrangular e paredes rebocadas e pintadas de branco com cobertura em abóbada de berço; através deste anexo acede-se à torre sineira por escadas de caracol em cantaria. |
Acessos
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EN 365. Estrada entre a Golegã e a Azinhaga. |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Rural, isolado, destacado, situado na estrada entre a Golegã e a Azinhaga. Implantado em plena lezíria, rodeado por campos de milho, tendo ao lado as ruínas do solar dos Juzarte. Junto erguem-se o Solar da Quinta da Brôa (v. PT031412010021), a Casa da Ponte (v. PT031412010026) e a Capela da Piedade (v. PT031412010018). |
Descrição Complementar
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INSCRIÇÔES: Na capela-mor, do lado do Evangelho - "ESTA IGREJA HE FILI/AL DA SACROSANTA BA / SILICA DE S. JOAM DE / LATRÃO. EM ROMA DES / DE O ANNO DE MDXVII EM / QVE O FVNDADOR E PADROEIRO DELLA CHRIS/TOVAM JUZARTE CONSE/GUIO ESTA GRAÇA" (*3). Inscrição na nave: " AQVI JAX CHRISTOVAN / JUSARTE INSTITVIDOR / DESTE MORGVADO" |
Utilização Inicial
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Religiosa: capela |
Utilização Actual
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Em ruínas |
Propriedade
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Privada: Pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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1517 - data incisa na placa existente na capela-mor, referindo a filiação à Basílica de São João de Latrão; 1546 - data inscrita numa das lápides tumulares existente na nave; 1755 - o terramoto destrói o solar da família, tendo a igreja sido poupada; 1793 - data incisa na placa colocada na parede, junto à porta da entrada da sacristia; séc. 18 - obras de intervenção; séc. 21 - a capela foi vandalizada tendo sido roubada a pia de água benta; 2013, 27 março - Deliberação da Câmara a determinar a abertura do procedimento de classificação como Interese Municipaol; 13 junho - pedido de parecer da Câmara Municipal da Golegã à DGPC sobre a eventual classificação do edifício; 2014, 15 maio - Despacho do diretor-geral da DGPC a determinar o arquivamento do procedimento de classificação como âmbito nacional. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes |
Materiais
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Estrutura em alvenaria; modinaturas, pináculos, pilastras, pavimento, lápides tumulares e escada da torre sineira em cantaria; moldura da capela-mor e porta de sacristia em mármore rosa; tecto, portas, caixilharias e estrutura das coberturas de madeira; cobertura em telha; ferro nos gradeamentos das janelas. |
Bibliografia
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ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins (dir.), Armorial Lusitano, Genealogia e Heráldica, Lisboa, 1961; http://pt.wikipedia.org/, 15 de Dezembro 2008; http://semanal.omirante.pt, 15 de Dezembro 2008. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - "Em escudo boleado de bico as armas usadas pelos Jusartes são: Partido: o primeiro, de azul, com quatro fivelas de ouro, postas 2 e 2; o segundo, de verde, com sete espadas de prata, ensanguentadas, guarnecidas de ouro, com as pontas para cima, postas 2, 3 e 2; bordadura carregada à direita de seis castelos de ouro e à esquerda de seis feixes de troços de lanças de sua cor, cada feixe de sete peças atadas de ouro. Timbre: duas espadas do escudo, com as pontas firmadas no virol, passadas em aspae atadas com uma correia de verde". *2 - pela estrutura apresentada poderá ter existido um corpo neste espaço, derrubado quando das obras do séc. 18, tendo sido aberto o janelão. *3 - Até a construção do Vaticano o Santo Padre morava no Palácio Lateranense que é anexo a Basílica de mesmo nome. Portanto a Basílica do Latrão é a Catedral do Papa em Roma, é a Igreja que é a Mãe e cabeça de todas as Igrejas. A Basílica de São João de Latrão é a Catedral do Bispo de Roma: o Papa. Seu nome oficial é Archibasilica Sanctissimi Salvatoris (Arquibasílica do Santíssimo Salvador) e é considerada a mãe de todas as igrejas do mundo. Como catedral da Diocese de Roma, contém o trono papal, o que a coloca acima de todas as igrejas do mundo, inclusive da Basílica de São Pedro. Tem o título honorífico de Omnium Urbis et Orbis Ecclesiarum Mater et Caput (Mãe e Cabeça de todas as Igrejas de Roma e do Mundo). |
Autor e Data
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Cecília Matias 2008 |
Actualização
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