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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa Palacete
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Descrição
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Planta centralizada composta. O edifício organiza-se dentro de um rectângulo quase quadrado em torno de um pátio. Volumes articulados: do núcleo central paralelepipédico projectam-se excrescências, como do lado S.: o corpo da capela a E. e o da entrada monumental a O., os quais apresentam cobertura em domo com clarabóia, e do lado N.: 2 corpos poligonais envidraçados. O núcleo central apresenta coberturas diferenciadas em telhados a 2 (em todas as alas em torno do pátio) e a 4 águas (no corpo elevado da fachada S.). Os alçados apresentam-se organizados em 4 andares, sendo o último amansardado. Na fachada principal, a S., reconhecem-se 3 corpos, apresentando os laterais 5 janelas e o central 3, que, ao nível do piso nobre, abrem para uma varanda comum com guarda de cantaria. No piso térreo destaca-se a porta principal sobrepujada pela pedra de armas do marquês de Vale Flor. No interior do palácio destacam-se alguns compartimentos, pela riqueza da componente decorativa aplicada à arquitectura que ostentam. Merecem menção designadamente: o átrio da denominada entrada de honra (integralmente revestido de mármores polícromos), de planta circular, a partir do qual se desenvolve a escadaria de 2 lanços simétricos reunidos em tribuna ao nível do andar nobre; 3 compartimentos situados na ala S. do andar nobre, ostentando o 1º baixos-relevo de estuque, o 2º decoração de inspiração oriental e o 3º decoração ao gosto neo-rococó, com espelhos e talha dourada, tecto e sobreportas pintadas obedecendo à temática comum da música da autoria de Carlos Reis (1863 - 1940). Na ala N. merecem referência 2 salões cujos tectos ostentam pintura de Constantino Fernandes (1878 - 1920). A capela, de planta circular, é circundada por pilastras de mármore com capitéis jónicos, reconhecendo-se, em posição fronteira ao altar-mor, a tribuna, com acesso ao nível do andar nobre do palacete. |
Acessos
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Rua Jau, n.º 45 - 49; Calçada de Santo Amaro, n.º 176 - 176 A; Rua Soares de Passos; Rua João de Barros n.º 50 - 62; Travessa dos Moinhos |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997 *1 |
Enquadramento
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Urbano, destacado, isolado por jardim delimitado por muros de cantaria e guardas de ferro forjado constituindo um lote pentagonal irregular. |
Descrição Complementar
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Para além de algumas pequenas construções que se podem observar no jardim, (que pode genericamente classificar-se romântico, à excepção de uma zona restrita de buxo) deve referir-se o edifício das antigas cocheiras, localizado em frente do palacete, do outro lado da rua, cuja planta apresenta a forma de uma ferradura, e em cuja parte central, que se eleva em forma de torreão, é visível outro emblema heráldico do marquês de Vale-Flor. A pedra de armas tem a leitura heráldica seguinte: escudo partido, 1: de ouro, cornucópia azul contendo flores (rosas); 2: de vermelho entre 2 castelos de ouro, uma banda do mesmo metal com a legenda honor et labor; coroa de marquês; como timbre uma rosa do escudo e como suportes 2 leopardos de ouro. |
Utilização Inicial
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Residencial: palacete |
Utilização Actual
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Comercial e turística: hotel |
Propriedade
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Privada: pessoa colectiva |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: José Cristiano de Paula Ferreira da Costa (1908-1945); Miguel Ventura Terra (1908); Nicola Bigaglia (1904-1907). CONSTRUTOR: Manuel Fernandes Calatroca. DECORADORES: Carlos Reis (1910-1915); Constantino Fernandes (1910-1915). PINTOR: Eugénio Cotrim (1910-1915). |
Cronologia
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1904 / 1907 - edificação do palacete por José Constantino Dias, marquês de Vale-Flor (1855 - 1932), demolindo-se para o efeito uma casa pré-existente nos terrenos que o titular adquirira a um capitalista de apelido Rica (e já haviam sido pertença do morgado Saldanha e do conde da Folgosa) - segundo projecto do italiano Nicol Bigaglia (m. 1908); 1908 - alterações substanciais ao projecto inicial do palacete por parte do arquitecto José Cristiano de Paula Ferreira da Costa, às quais se juntam ainda detalhes da autoria de Ventura Terra (1866 - 1919), construção das cocheiras, com projecto de Ferreira da Costa; 1908 / 1909 - construção de 2 grandes pavilhões (em ferro e vidro) no jardim da propriedade; 1910 - construção do muro que evolve toda a propriedade; c. 1910 / 1915 - decoração interior do palácio, a cargo designadamente de Constantino Fernandes, Carlos Reis e Eugénio Cotrim; 1938 - a Sociedade Agrícola Vale-Flor Lda. é proprietária do edifício e terrenos envolventes; década de 40 - D. Maria do Carmo Constantino Ferreira Pinto, marquesa viúva de Vale-Flor, cede o palacete para sede do Instituto Marquês de Vale-Flor (destinado a apoiar e premiar estudos acerca das então colónias ultramarinas portuguesas), instalando-se no edifício um pequeno museu ultramarino; 1945 - construção de uma nova estufa no jardim, segundo projecto do arquitecto Ferreira da Costa; 1965/1974 - recebe, vindo do Rua Rodrigo da Fonseca (onde esteve entre 1963 e 1965) o espólio do embrionário Museu do Ultramar, futuro Museu de Etnologia do Ultramar criado oficialmente em 1965; década de 90 - aquisição da propriedade pelo grupo Pestana, proprietário do edifício das antigas cocheiras, Sociedade Agrícola Valle-Flor; 1992 - constituição da sociedade Carlton Palace SA, que pretende construir uma unidade hoteleira (de 240 quartos) nos jardins, segundo projecto do arquitecto Manuel Taínha; 1994 - emissão de parecer desfavorável ao projecto pela Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo (o qual surge após parecer favorável do Instituto Português do Património Cultural); 1995 - reformulação do projecto inicial pelo Grupo Pestana / Carlton Palace SA.; 1996, Abril - Despacho que determina a classificação do imóvel; 1997-1998 - projecto de arranjos exteriores, por exigência do IPPAR, que teve por base um levantamento do estado sanitário das árvores e arbustos do jardim, pelo Laboratório de Patologia Vegetal de Veríssimo de Almeida, do Instituto Superior de Agronomia; 1998, Outubro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes, estrutura mista |
Materiais
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Alvenaria mista e de tijolo, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, estuques pintados, madeira dourada e pintada, ferro forjado |
Bibliografia
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ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Livro 9, Lisboa, s.d.; COSTA, Mário, O Sítio de Santo Amaro, in Olisipo, Ano XX, Nº 78, Abr. 1957; ZÚQUETE, A.E. Martins, Nobreza de Portugal, Vol. III, Lisboa - Rio de Janeiro, s.d.; FERREIRA, Fátima, DIAS, Francisco S., CARVALHO, José S., PEREIRA, Nuno Teotónio, PONTE, Teresa N. da, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; ATAÍDE, M. Maia, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa-Tomo III, Lisboa, 1988; RIBEIRO, Fernanda, Valle Flor Espera Pareceres, in Público, Lisboa, 07.04.95; RIBEIRO, Fernanda, Hotel no Palácio Valle Flor. Críticos Querem Ver Projecto, in Público, Lisboa, 17.04.95; BARROS, Joana Leitão de, Palácio Valle Flor, Hotel com ambiente Palaciano, in Clássicos e Modernos, Julho, 2001; http://arqpapel.fa.utl.pt/jumpbox/node/74?proj=Cocheiras+e+garagem+Marqu%C3%AAs+de+Vale+Flor, 19 Setembro 2011. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSEP, DGEMN/DREL/DIE, DGEMN/DREL/DRC |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CML: Arquivo de Obras, Pº nº 15.197 |
Intervenção Realizada
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1938 - obras de manutenção; 1941 - reparação de algerozes; 1942 - obras de reparação; 1944 - vedação de 2 vãos do vestíbulo do piso 2 (junto à escada) e abertura de um vão no quarto SO. do piso 3; 1946 - obras de manutenção; 1946 / 1947 - instalação de elevador ligando o piso 1 (serviço) ao piso 2 (salão); 1947 - construção de estufa em substituição de outra que ameaçava ruina, instalação de rede de esgoto de águas pluviais para todo o jardim; 1949 - reparação de coberturas; 1950 - reparação e beneficiação do portão; 1952 - obras gerais de manutenção; 1964 - obras gerais de manutenção; 1965 / 1968 - ampliação da antiga zona residencial dos serviçais para habitação do presidente do Instituto Marquês de Vale-Flor; 2000 - Renovação total do edifício para transformação em hotel (Grupo Pestana) e construção de uma nova área destinada a quartos e suites, a nascente e a poente do jardim, projectada pelo arquitecto Manuel Taínha. Recuperação do jardim pelo arquitecto Júlio Moreira. Recuperação de frescos, vitrais e esculturas a cargo da professora Zita Magalhães. Construção de garagem para 120 carros. |
Observações
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*1- DOF: "Palácio Vale-Flor incluindo o palácio, Casa da França, Lavandaria, Cocheira e Garagem, e todo o jardim murado e as construções decorativas que o integram". |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 |
Actualização
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Paula Correia 2001 |
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