Convento de Nossa Senhora da Luz / Igreja Paroquial de Carnide / Igreja de Nossa Senhora da Luz

IPA.00002616
Portugal, Lisboa, Lisboa, Carnide
 
Arquitectura religiosa, maneirista e oitocentista. Convento da Ordem de Cristo, de que apenas subsistem vestígios da área conventual e o transepto, capela-mor da igreja e retro-coro, dando origem a uma planta em T invertido, sendo difícil aquilatar a sua primitiva estrutura. Fachada principal executada no séc. 19, com remate em frontão triangular, com os vãos rasgados em eixo, composto por portal de verga recta e janelão rectilíneo do antigo coro-alto. Fachadas cirunscritas por cunhais apilastrados, rematadas em cornija, surgindo, no antigo transepto, frontão triangular e platibanda plena, a lateral esquerda rasgada por várias janelas rectilíneas, algumas em capialço, que permitem a iluminação intensa do interior. No topo da fachada lateral, a sineira seiscentista, de pequenas dimensões, com ventanas de volta perfeita e cobertura em domo. O interior constitui um interessante exemplar de uma igreja maneirista, com acção mecenática régia, servindo de panteão à Infanta D. Maria. Possui as paredes em cantaria, formando apainelados almofadados de várias tonalidades de calcário, tendo arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, flanqueado por retábulos colaterais de talha dourada e policroma, ambos do período barroco joanino. Apresenta coberturas diferenciadas, em aresta no cruzeiro do transepto, com os braços cobertos por abóbadas de berço, todas ornadas por elemetos apainelados cruciformes, destacando-se a cobertura da capela-mor, em caixotões, também eles com almofadados recortados, numa bicromia branca e vermelha. Esta tem as paredes divididas num jogo de vários tramos e registos, com ordens arquitectónicas distintas e vazadas por nichos com estatuária. Retábulo-mor de talha dourada, de tipologia por andares, de planta recta, dois registos e três eixos, definidos por quarteirões, compostos por painéis pintados com temática mariana. Ao centro, maquineta vazada, maneirista, com estrutura em dois andares, composto por colunas corintias, com o terço inferior ornado por grotescos, consistindo na ligação com o retro-coro, entretanto transformado em sacristia, num recurso comum na época, mas de que restam poucos vestígios, talvez o mais conseguido, o de São Vicente de Fora (v. PT031106510059). A zona conventual mantém a mole do primeiro piso da fachada principal, onde se denotam vários elementos de cantaria, portais maneiristas, em arco de volta perfeita e duplas pilastras toscanas, sendo outros em arco abatido, revelando uma reforma no final de Setecentos.
Número IPA Antigo: PT031106110019
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo

Descrição

Planta rectangular simples, composta por igreja em T invertido, correspondendo ao transepto e à capela-mor da primitiva igreja, com sacristia, sineira e capelas mortuárias adossadas à fachada posterior, e pela zona conventual, rectangular, bastante ampla e muito adulterada por ocupações distintas. IGREJA com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas, com fachadas rebocadas e pintadas de branco, flanqueadas por cunhais apilastrados colossais, assentes em plintos paralelepipédicos, rematadas em friso e cornija. Fachada principal virada a E., com três panos, o central mais elevado, rematado em frontão triangular, com painel ovalado, ladeado por almofadados no tímpano, com cruz latina sobre plinto galbado no vértice; é rasgada por portal de verga recta, com moldura dupla, flanqueado por pilastras toscanas, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, que sustentam friso e cornija; o portal encontra-se protegido por porta de duas folhas de madeira pintada de verde e almofadada, encimada por bandeira, também almofadada; sobre o portal, surge o janelão do coro, de perfil curvo e rematado em cornija com o mesmo perfil, com caixilharia metálica e vidro martelado. Os panos laterais são semelhantes, rematando em platibanda plena, rebocada e pintada de branco, com os cunhais exteriores encimados por plintos paralelepipédicos e pequenos pináculos, ostentando vestígios de duas janelas rectilíneas, actualmente entaipadas; possuem moldura recortada, prolongando-se inferiormente, formando falsos brincos. Fachada lateral esquerda, virada a S., tem o corpo do templo marcado por dois panos, o do lado direito, correspondente ao antigo topo do transepto e actual nave, com alto embasamento de cantaria, flanqueado por pilastras colossais, encimadas por plintos paralelepipédicos e pequenos pináculos, rematada em frontão triangular, que se sobrepõe a platibanda plena, rebocada e pintada de branco; é rasgada por janela rectilínea em capialço, com moldura saliente em calcário vermelho, assente em pequenas mísulas, rematada por friso, cornija e pequeno frontão semicircular; sobre esta surge óculo circular, com moldura de cantaria. O segundo pano está reentrante, protegido, no lado esquerdo, por muro com alto lambril de cantaria e cunhal em cantaria, que se adossa à torre sineira, bastante elevada, com cunhais perpianhos nas faces exteriores, rasgada por quatro ventanas em arco de volta perfeita, com remate em friso, cornija e pináculos angulares, com cobertura em domo, com pináculo no vértice; a ventana posterior apresenta moldura de azulejo em monocromia, azul sobre fundo branco, formando motivos fitomórficos e a data "1618". O pano é protegido por muro de cantaria, encimado por grades e com portão metálico no lado direito, pois desenvolve-se abaixo da cota da via pública, estando o pavimento, em lajeado de granito, alagado de água. Apresenta alto silhar de alvenaria não afeiçoada, de carácter rústico, no centro do qual se rasga nicho em arco de volta perfeita, que integra um nicho com o mesmo perfil, mas de menores dimensões, com aresta boleadas, a que se adossa tanque trapezoidal, de bordo saliente; o nicho encontra-se flanqueado por dois painéis rectilíneos, que integram arcos de volta perfeita, cegos, que centram ampla cruz latina; o do lado esquerdo possui vão quadrangular, protegido por grades metálicas; ambos estão encimados por lápides rectangulares, emolduradas e com inscrições; o silhar apresenta, ao centro, a pedra de armas da Infanta D. Maria, rodeado por cartela com concheados. Num nível intermédio, surge nicho em arco de volta perfeita e moldura rectilínea, rematando em frontão triangular, onde se integra a imagem da Virgem com o Menino, em cantaria de calcário, flanqueado por duas janelas rectilíneas, em capialço, com molduras salientes e rematadas por friso, cornija e pequenos frontões semicirculares, estando protegidas por grades metálicas. Sobre estas, corre a bacia de um balcão, sustentado por seis mísulas, que servia de acesso a uma porta de verga recta, aberta na sineira; está sobrepojado por três respiradouros e três janelas rectilíneas, com molduras salientes. Ainda na fachada lateral direita, surge um alto muro de alvenaria, pintado de creme e capeado a cantaria, com porta de verga recta no extremo direito e protegido por grade metálica, de acesso a um pequeno jardim, à primitiva fonte e ao retro-coro, hoje zona de apoio às actividades paroquiais, rasgado por porta de verga recta e moldura simples e por três janelas rectilíneas, em capialço e com molduras salientes. O acesso à fonte processa-se por escadaria de doze degraus, com cobertura em falsa abóbada de berço, e rodapé com azulejos enxaquetados e hispano-mouriscos, surgindo, na parede de topo, cinco registos de azulejos hispano-mouriscos, encimados, dispostos em forma de cruz e encimados por uma cruz latina em cantaria. No lado direito, um portal em arco apontado, encimado por um escudo e a cruz de Cristo, permitindo o acesso à fonte. Adossado a este espaço, as capelas mortuárias, formando dois panos, a do lado direito, com janela rectilínea, protegida por grades e a do lado esquerdo, reentrante, rasgada por duas portas de verga recta; no ângulo formado, surge a porta de verga recta, de acesso à primeira capela e uma janela rectilínea. Fachada lateral direita, virada a N., com o corpo do templo dividido em quatro panos cegos, o do lado esquerdo, correspondente ao antigo transepto, flanqueado por pilastras toscanas colossais, encimadas por pináculos, rematando em frontão triangular que se sobrepõe a uma platibanda plena, rebocada e pintada de branco; sucedem-se, mais baixos, o corpo da capela-mor e o do retro-coro. Fachada posterior da capela-mor rectilínea, a que se adossa o retro-coro, em empena cega. INTERIOR totalmente em cantaria de calcário, com o antigo transepto coberto por abóbada de aresta, assente em mísulas, com o pano ornado por elementos geométricos, que criam uma retícula de nervuras, tendo os braços separados por arcos de volta perfeita, com os topos seccionados em dois registos, através de friso e cornija, o inferior em cantaria de calcário lioz, e o superior com um jogo de cantarias claras e vermelhas, formando apainelados rectilíneos, que, no lado do Evangelho, envolvem a janela e o óculo e, no lado oposto, criam elementos semelhantes, falsos, com cobertura em abóbada de berço, seccionada em apainelados, ornada por elementos cruciformes; as ilhargas apresentam decoração semelhante, com apainelados e falsas portas rectilíneas, com molduras salientes, rematadas em friso, cornija e pequeno frontão semicircular, tudo rodeado por almofadas de cantaria branca. Portal axial remata em frontão triangular e está protegido por guarda-vento de madeira, encimado por pequena guarda, criando um falso coro-alto. No lado do Evangelho, surge, no topo, uma lápide alusiva ao sepultalmento da princesa D. Maria no pavimento, surgindo, no lado oposto, uma porta de verga recta, moldura simples e remate em friso e frontão triangular, de acesso a uma pequena capela funerária, com altar de calcário branco e vermelho, tendo dois túmulos, um com pedra de armas e inscrição. Arco triunfal de volta perfeita, assente em colunas toscanas, de fustes almofadados, tendo, no intradorso, três nichos sobrepostos, em arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas e abóbada de concha, assentes em mísulas ornadas por enrolamentos; entre cada nicho, surge apainelado quadrangular, com moldura saliente e elemento circular de calcário vermelho, ao centro; no ângulo oposto da capela-mor, surge arco igual, com o mesmo tipo de decoração e com imagens de Apóstolos. O arco tiunfal encontra-se flanqueado por duas capelas, dedicadas a "São Bento dando a regra aos frades de Cristo e às freiras da Encarnação" (Evangelho) e Bom Jesus ou Santo Cristo (Epístola). Capela-mor com as paredes em cantaria de calcário lioz e vermelho, dividida em três tramos e em dois registos, o inferior sobre embasamento de cantaria, formando elementos geométricos almofadados (círculos e quadrados), marcada por quatro pilastras jónicas, mas com o terço inferior do fuste liso; o superior separa-se por friso e cornija e assenta em silhar com mesmo tipo de decoração do registo inferior, ostentando quatro pilastras de fuste liso e capitéis coríntios, rematando em friso e cornija. Confrontantes e centrais, duas capelas dedicadas à Circuncisão do Menino (Evangelho) e Sagrada Família (Epístola), estando flanqueadas e encimadas por nichos em arco de volta perfeita e abóbada de concha, com moldura rectilínea recortada e rematada por friso convexo, cornija e falso frontão, formado por enrolamentos, que centram cartela enrolada. Possui cobertura em abóbada de berço de caixotões, decorados por elemento cruciforme e almofada central, assente em friso e cornija, e pavimento em lajeado de calcário com várias tonalidades. Sobre supedâneo de três degraus, o retábulo-mor, de talha dourada, com planta recta, de dois registos, definidos por cornija, e de três eixos, formados por quarteirões; ao centro, o registo inferior é saliente, apresentando tribuna em arco de volta perfeita, com moldura côncava, com pedra de fecho e seguintes marcados, respectivamente, por querubins e anjos, contendo uma maquineta de dois andares, o inferior com três nichos vazados, o central rctilíneo e os laterais em arco de volta perfeita, divividos por colunas coríntias, com o terço inferior ornado por grotesco, assentes em dados decorados por elementos vegetalistas e querubins, as quais sustentam um friso de acantos e cornija, onde surge o segundo registo, apenas com um nicho central, de volta perfeita, assente em colunas semelhantes às inferiores, rematando em cornija. O nicho central inferior possui sacrário em forma de "tempietto", com colunas coríntias, a sustentar uma cúpula bolbosa. Nos eixos laterais, dois painéis pintados a representar a "Anunciação" (Epístola) e "Apresentação da Virgem no templo" (Evangelho). O segundo registo é separado por friso de acantos, surgindo, no segundo, três painéis pintados, o central de maiores dimensões, representando a "Aparição de Nossa Senhora da Luz", flanqueada por uma "Visitação" (Evangelho) e a "Adoração dos Pastores" (Epístola), estes sobre painel de talha, ornado por motios vegetalistas. A estrutura remata em duplo friso, o superior de querubins, e cornija, surgindo ao centro, frontão interrompido encimado por anjos de vulto, de onde arranca o ático, formado por três tondos, envolvidos por elementos de talha, com enrolamentos, querubins e, o central, por quarteirões e frontão interrompido por cartela com uma cruz; os tondos possuem pinturas a representar, ao centro, a "Coroação da Virgem", flanqueado por "Adoração dos Magos" (Evangelho) e "Apresentação do Menino no templo" (Epístola). Altar paralelepipédico, de cantaria vermelha, com almofadas negras, que emolduram seis painéis de mármore, a representar alegorias às Virtudes, sendo a banqueta de embutidos de calcário, formando acantos enrolados; o altar é flanqueado por duas portas de verga recta e moldura de cantaria, que acede ao retro-coro, com abóbada de berço, ornada por caixotões, assente em cornija saliente, sustentada por mísulas equidistantes. A maquineta do retábulo é vazada para esta dependência, que possui altar de calcário polícromo, ornado por almofadados, que se repetem em toda a paredes, flanqueado por pilastras toscanas. CONVENTO bastante adulterado, restando a fachada principal e alguns anexos no interior da propriedade. Fachada principal de um piso, com embasamento em cantaria, flanqueada por amplos cunhais em cantaria de calcário, em aparelho isódomo, e remate em cornija. Possui três pórticos, dois deles envolvidos por molduras de cantaria, sendo as paredes rebocadas e pintadas de rosa, onde se rasgam um total de vinte e duas janelas em arco abatido, com fecho saliente e as molduras de cantaria prolongando-se inferiormente, formando falsos brincos; encontram-se protegidas por grades metálicas pintadas de verde. O primeiro pórtico do lado esquerdo é em arco de volta perfeita, assente em amplas pilastras toscanas, a que se adossam pilastras da mesma ordem, de maiores dimensões, que sustentam o remate, em friso dórico e cornija. O segundo pórtico é simples e terá resultado da ampliação de um janela, sendo o terceiro em arco abatido, com a moldura escavada no muro que o envolve, de perfil recortado. Ainda na fachada principal, surge um conjunto de três janelas, envolvidas por estrutura de cantaria, todas de perfil abatido, moldura recortada e insculpida no muro, com fecho saliente, surgindo, ao centro, o vestígio de uma sacada, com bacia em cantaria, assente em cinco modilhões. Fachada lateral direita dividida em três registos por apainelados de cantaria, rasgando-se, em cada um deles, uma janela rectilínea, com moldura simples e saliente, protegida por grades metálicas, pintadas de verde. Fachada posterior bastante irregular, rasgada por vãos rectilíneos de forma desordenada.

Acessos

Largo da Luz; Rua da Fonte; Travessa das Carmelitas

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 (sepultura da Infanta D. Maria), Decreto n.º 8 627, DG, 1.ª série, n.º 27 de 08 fevereiro 1923 (capela-mor) *1 / Incluído na Zona Antiga de Carnide-Luz (v. IPA.00006114)

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado em terreno com ligeiro declive, com as fachadas laterais esquerda a abrir para vias públicas, a esquerda, separada por estreito passeio público, pavimentado a calçada, e a direita dando directamente para a via. A fachada principal abre para um adro, ligeiramente elevado relativamente à via pública, pavimentado a calçada à portuguesa, formando elementos geométricos, que constituía a antiga nave da igreja e onde se conserva uma lápide sepulcral em cantaria de calcário, com inscrição bastante delida. No adro, implantam-se árvores, entre as quais ciprestes, e bancos de madeira. Frontal a este, um amplo jardim, rodeado por vias públicas, criando uma ampla rotunda rectilínea. O acesso ao templo processa-se por dois degraus. No lado direito, situa-se o Colégio Militar, correspondente ao antigo Hospital da Luz ou de Nossa Senhora dos Prazeres (v. PT031106110131).

Descrição Complementar

Igreja muito simples exteriormente, e de estrutura complexa, pela amputação da nave, de que foi vítima e pela necessidade de transformar os paços subsistentes num centro paroquial, levando, inclusive, à anexação de alguns corpos, para constituir capelas funerárias. No exterior, distingue-se a manutenção da fonte antiga, onde é possível discernir elementos da primitiva ermida, como azulejos hispano-mouriscos e uma porta tardo-gótica; junto ao acesso desta, a fonte maneirista, muito simples, situada em cota inferior à via pública e consistindo em dois nichos de volta perfeita, de dimensões distintas, com tanque trapezoidal, flanqueado por cruzes emolduradas e inscrições alusivas à tradição da fonte, tendo, ao centro, a imagem da Virge e a pedra de armas da mecenas fundamental da igreja, a Infanta D. Maria. No interior, destaca-se a manutenção das paredes em cantaria, com os seus almofadados, sendo os braços do transepto praticamente simétricos, surgindo, no lado da Epístola, vãos fingidos; a única dissonância consiste na porta de uma capela funerária, existente no topo N.. A capela-mor é a zona mais preciosa do templo, com as paredes totalmente lavradas a cantaria, separadas em andares e tramos, por duas ordens arquitectónicas distintas, onde se vê a tendência maneirista de misturar a ordem toscana com a jónica e a coríntia, respectivamente, nos pisos inferior e superior, não ousando desrespeitar, assim, a hierarquia clássica. Possui janelas no lado do Evangelho, a que correspondem nichos com imaginária no lado oposto, constituindo um Apostolado e os Evangelistas, a envolver a figura da Virgem, aparecendo, ainda, dois painéis pintados, da escola maneirista, tudo intensamente iluminado; destaca-se, ainda, a cobertura em caixotões, com apainelados recortados de cores distintas. O retábulo-mor é de talha dourada, evoluindo por andares, com tábuas pintadas pelos melhores pintores maneiristas, com um programa mariano, muito preciso, glorificando a figura da Virgem, que surge no topo a ser coroada; notável, o facto de manter a maquineta inferior, também ela maneirista, que permitia que a sonoridade do retro-coro chegasse ao templo; é composta por colunas ornadas por grotesco e possui um sacrário em forma de "tempietto", com colunas isentas e cobertura em cúpula. No topo, surge uma nota de modernidade, revelando que a estrutura demorou alguns anos a fazer, que se prende com a existência de uma tabela, típica da tratadística de Vignola, embora escondida pelos tondos do ático do retábulo; será, talvez, uma das primeiras tabelas a surgir em Portugal, uma vez que elas só se viriam a divulgar e propagar no final de Seiscentos. Ainda de destacar, o altar, composto por alegorias às Virtudes, encimado por uma banqueta de embutidos de calcário, outro elemento típico do final do séc. 17. Os retábulos colaterais são posteriores, de execução setecentista, sendo de destacar o do Evangelho, pela qualidade da talha dourada que apresenta, como as colunas assentes em elegantes plintos galbados e ornados por querubins, os entrelaçados do banco e o sacrário, semi-embutido e rematado por cornija saliente. Possui várias lápides e datações que permitem reconstituir parte da história do templo. A zona conventual revela ter tido obras após o terramoto, com o recurso a arcos de perfil abatido e molduras recortadas. Na fonte, surgem duas lápides com as seguintes inscrições: "NO ANO DE MCCCCLXIII REINANDO EM PORTUGAL DOM AFONSO QUINTO, OS VIZINHOS DE CARNIDE COM DEVOÇÃO DAS REVELAÇÕES QUE PERO MARTINS NATURAL DESTE LUGAR, TEVE EM SEU CATIVEIRO DONDE SAIU MILAGROSAMENTE, FIZERAM UMA CAPELA A NOSSA SENHORA DA LUZ, EDIFICADA SOBRE ESTA FONTE E NESTE LUGAR QUE, COMO DETERMINADO POR DIVINA PROVIDENCIA PARA ESTE SANTO EFEITO SE VIA DANTES MUITAS VEZES CLARO E RESPLANDECENTE COM VISÃO E LUMES DO CÉU COMO DEPOIS SE VIU RESPLANDECER COM GRANDES E INUMERÁVEIS MILAGRES NA TERRA."; "E SEGUINDO EM TUDO A ORDEM E REVELAÇÃO QUE A VIRGEM PURISSIMA INSPIROU A PERO MARINS LHE PUSERAM O NOME QUE TEM DA LUZ EM CUJA MEMÒRIA E LOUVOR A INFANTA DONA MARIA, FILHA DEL-REI DOM MANUEL O PRIMEIRO DESTE NOME REI DE PORTUGAL E DA CRISTIANISSIMA RAINHA DONA LEONOR INFANTA DE CASTELA, MANDOU REEDIFICAR E LEVANTAR O TEMPLO DE NOVO NESTA ORDENANÇA E GRANDEZA NO ANO MCCCCCLXXV". No interior, no lado do Evangelho, surge uma lápide com a inscrição: "A CAPELA MOOR DESTE MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA LUZ E ESTE CRUZEIRO SÂO DA SEPULTURA DA SERENISSIMA INFANTA DONA MARIA QUE DEUS TEM FILHA DEL REI DOM MANUEL E DA RAINHA DONA LEONOR SUA MOLHER NA QUAL CAPELA E CRUZEIRO SE NÂO DARÁ SEPULTURA A PESSOA ALGUMA DE QUALQUER QUALIDADE QUE SEJA NEM EM TEMPO ALGUM SE FARÁ NENHUM DEPÓSITO NEM NENHUM LETREIRO POR ASSIM ESTAR ASSENTADO POR SUA MAGESTADE E POR CONTRATO SOLENE E CELEBRADO QUE SE FEZ COM O PADRE PRIOR E PADRES DESTA CASA CONFIRMADO PELO PADRE PRIOR E MAIS PADRES DO SEU CONVENTO DE TOMAR CUJO TRESLADO ESTÁ NA TORRE DO TOMBO E NESTA CASA DE NOSSA SENHORA FALECEU A DEZ DE OUTUBRO DE 1577". Na Capela lateral do lado da Epístola, a sepultura tem a seguinte inscrição: AQUI ESTÁ SEPULTADO O RELIGIOSISSIMO VARÃO DA ORDEM DE CHRISTO D. FREI MARTINHO DE ULHOA BISPO QUE FOI DE SÃO THOMÉ, CONGO E ANGOLA JUNTAMENTE QUE MANDOU FAZER ESTA CAPELLA EM A QUAL SE LHE DIZ MISSA QUOTIDIANA FALLECEO A 8 DE AGOSTO DE 1606". O epitáfio na lápide de sepultura da Infanta tem a seguinte inscrição: "AQUI JAZ A INFANTA D.MARIA FILHA D'EL REI DOM MANUEL E DA RAINHA DONA LEONOR FALECEU EM 1577". No pavimento da casa mortuária, encontra-se tampa de sepultura com a seguinte inscrição: "SEPULTURA DE DOM FREI PEDRO SANCHES RELIGIOSO DESTA ORDEM E BISPO D'ANGOLA FALECEU EM 30 DE NOVEMBRO DE 1671" As capelas colaterais são formadas por nicho de cantaria em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas e plintos paralelepipédicos, todos almofadados, apresentando as ilhargas ornadas por almofadas de calcário vermelho. No interior do nicho do Evangelho, retábulo de talha pintada de branco e dourado, de planta recta e um eixo definido por duas colunas, de fuste liso e capitéis coríntios, assentes em plintos galbados, ornados por querubins, e por duas pilastras com os fustes decorados por elementos vegetalistas, sobre plintos paralelepipédicos. Ao centro, painel de volta perfeita e moldura dourada, contendo tela a representar "São Bento a doar a regra à Ordem de Cristo e às freiras da Encarnação"; banco decorado por elementos entrelaçados dourados, com sacrário semi-embutido, rematado por cornija contracurvada e tendo, na porta, um coração inflamado; remate em fragmentos de frontão, encimados por anjos de vulto dourados, que sustentam fitas, que ligam a pequeno espaldar recortado, com querubim no fecho. No nicho do lado oposto, retábulo de talha pintada de branco e dourado, de planta recta e um eixo definido por dois quarteirões, assentes em plintos paralelepipédicos, com as faces almofadadas, que se prolongam numa arquivolta, ornada por acantos enrolados; ao centro, apainelado de volta perfeita, com o fundo pintado de azul; na predela, surge, no lado direito, Santo António e São João Baptista *2. Ambos têm altares paralelepipédicos de cantaria, com frontal tripartido *3. Na capela-mor, surgem duas capelas, inseridas em vãos de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas e com fecho saliente, ostentando, nas ilhargas, almofadados de calcário vermelho; possuem painel em arco de volta perfeita e moldura dourada e altares semelhantes aos colaterais, surgindo, no do Evangelho, a representação da "Circuncisão" e, no lado oposto, uma "Sagrada Família".

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Cultural e recreaiva: teatro / Comercial: estabelecimento de restauração

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

APONTADORES: Gregório Veloso (1578). ARQUITECTO: Baltazar Álvares (1611-13); Jerónimo de Ruão (1577, atr.); João Frederico Ludovice (séc. 18); Luís Nunes Tinoco (1693); Pedro Nunes Tinoco (1575); Valentim José Correia (1870); CANTEIRO: Francisco Gomes (1587); CARPINTEIROS: António de Lima (1613-16); Colaço (1640-41). EMPREITEIRO: Amadeu Gaudêncio (1969). ESCULTOR: Gonçalo Rodrigues (séc. 16); LADRILHADORES: Felício Leitão (1640-41). OURIVES: André Fernandes (1636). PEDREIROS: António Leitão (1640-41); Domingos Jacome (1640-41); Luís Gonçalves (1611-16); Moreira (1640-41); Pero Luís (1611-16). PINTORES: Diogo Teixeira (1590-94); Domingos Vieira Serrão (c. 1597-1600, atr.); Fernão Gomes (1594, atr.); Francisco Venegas (1590-92); Henrique Ferreira (1714). PINTOR de AZULEJOS: Policarpo de Oliveira Bernardes (séc. 18).

Cronologia

Séc. 13 - referência à Fonte da Machada, cujas águas teriam propriedades medicinais; séc. 13 - 14 - existência em Carnide de uma ermida dedicada ao Espírito Santo, que irá ser absorvido pelo culto à Senhora da Luz; 1311 -a Fonte da Machada surge mencionada num documento de partilhas; 1463 - 1464 - Pero Martins *4 e a esposa, Inês Anes, venderam todos os bens que possuiam no Algarve para erguer uma ermida à Virgem, junto à Fonte da Machada, para o que conseguiram licença do bispo D. Afonso Nogueira, que lançou a primeira pedra; 8 Setembro - colocação da imagem na ermida, em cerimónia com bastante concorrência, a que terá assistido o próprio monarca, D. Afonso V; instituição da Confraria de Nossa Senhora da Luz, responsável pela conservação do templo e do culto, na qual sempre se inscreveram membros da Família Real; 1467 - D. Jorge da Costa anexou o templo à Igreja Paroquial de Carnide, a qual pertencia ao Mosteiro de Seiça; Séc 16 - Carta sobre o Hospital que a infanta D. Maria manda, em seu testamento, se faça em Nossa Senhora da Luz; 1543 - o rei D. João III ambicionava dar este mosteiro à Ordem de Cristo, pedindo, para tal, licença ao Papa; 1544, Fevereiro - o rei é informado de que pode passar o mosteiro de Seiça para Carnide mas o Papa mostrava sérias reservas que fosse entregue à Ordem de Cristo; 1545 - o rei prevendo dificuldades, doa a Capela à Ordem de Cristo; séc. 16, 2.ª metade - execução das esculturas para os nichos da capela-mor, atribuíveis a Gonçalo Rodrigues; 1554, 25 Fevereiro - o Papa Júlio III concordou que se extinguissem os mosteiros de Seiça e Tarouca e que as respectivas rendas fossem aplicadas às novas casas de Carnide e de Coimbra; entretanto, o rei mudara de opinião, mantendo apenas a Luz na posse da Ordem de Cristo; 1557, 6 Setembro - primeiros frades de Cristo estão instalados em Carnide; 1558 - D. Sebastião verifica que os rendimentos não permitem manter todos os mosteiros, mantendo os respectivos mosteiros de Seiça e Tarouca, mas separando do primeiro alguns bens que ele possuía em Lisboa, nomeadamente a Paróquia da Luz, para a fundação do novo convento; 15 Dezembro - doa várias comendas, tenças e benefícios, nas vilas de Sintra, Tomar e Pias; 1559 - início da construção do mosteiro; 1563, 28 Janeiro - por bula de Pio IV, o mosteiro de Nossa Senhora da Luz passou a receber uma pensão de 100$000 anuais do Mosteiro de Seiça; 1566, 29 Maio - o Cardeal D. Henrique tenta suprimir a casa da Luz e utilizar os seus rendimentos num seminário para formação de clérigos regulares; 1567 - ordem para abandonar o Mosteiro, o que fez a população protestar, dando origem a uma bula papal a revogar todas aquelas ideias, mantendo as disposições anteriores; 1568, 28 Maio - D. Henrique volta a tentar fundar um centro de estudos em Tomar e suprimir o mosteiro da Luz; 1572, 23 Setembro - nomeação dos bispos D. Jorge de Almeida (Lisboa) e D. Manuel de Meneses (Lamego) para avaliarem as rendas e verificarem se eram suficientes para a instituição do Seminário; 1575 - decorrem, à custa da princesa D. Maria, as obras do seu mausoléu, presumindo-se que tenha sido a sua intervenção a salvar da extinção o mosteiro, por breve de Gregório XIII, datada de 1577; 13 Junho - lançamento da primeira pedra da obra, que teria como arquitectos Jerónimo de Ruão, Baltazar Álvares e Pedro Nunes Tinoco, estes também a executar o hospital; a primeira pedra foi colocada pela própria infanta e a segunda pelo prior do mosteiro, D. Frei Basílio; 1577, 17 Julho - primeiro testamento da Infanta D. Maria; 31 Agosto - codicílio ao testamento da infanta D. Maria, estabelecendo grande parte dos seus bens ao santuário da Luz, nomeando padroeiro e administrador da capela-mor e do hospital que lhe anexou, o próprio rei; dotava a Capela e jazigo com 500$000 de juro anual perpétuo, com obrigação de 3 missas na capela-mor, uma delas cantada, com responso sobre a sepultura e uma quarta missa no hospital; 250$000 destinavam-se à fábrica da Capela, com cera, azeite para as lâmpadas, alfaias e ornatos; ofereceu, ainda, ao mosteiro da Luz, uma quinta contígua, que comprara a D. Maria Coutinha, para que os religiosos construíssem o pomar e horta; deixou 600 cruzados para que se mantivesse a Irmandade de São Sebastião, criada pelos seus serviçais e que se extinguiria com a morte da Infanta, cuja continuidade recomendava aos religiosos da Ordem de Cristo; 10 Outubro - morte da Infanta, depositada na Casa do Capítulo do Mosteiro da Madre de Deus (v. PT031106410009), onde ficaria até a sua capela se encontrar concluída em Carnide; 1578 - Gregório Veloso, moço da câmara da princesa, assume o cargo de apontador da obra; 1579 - a doação de 100$000 pelo Mosteiro de Seiça deixa de ter efeito, por escambo de três casais em Sintra - Ulmal, Carrasqueira e Ventoso; 1584- 1585 - decisão do local onde implantar a Capela de São Sebastião, sendo possível que fosse colocado no lado da Epístola, onde se encontra a actual Capela do Bom Jesus; 1587 - Francisco Gomes fez o escudo da Infanta para colocar na fachada S.; séc. 16, finais - construção da sacristia, de capelas e reforma do espaço do mosteiro; 1589 - o cruzeiro ainda não tinha abóbada; feitura de três cálices de prata dourada e respectivas patenas; c. 1590 - realização do retábulo do altar-mor da igreja incorporando telas da autoria dos pintores Francisco Venegas e Diogo Teixeira; 30 Maio - aquisição de um olival junto ao mosteiro, a António Cruz, para se construir o hospital, pela quantia de 90$000; 1592 - a capela-mor encontrava-se apta para receber os restos mortais da princesa, sendo solicitada autorização ao monarca; Francisco Venegas terá feito o programa pictórico do mausoléu; 1594, c. - pintura de uma tela com a "Circuncisão" para a capela-mor, atribuída a Fernão Gomes; pintura de uma "Sagrada Família", atribuível a Diogo Teixeira; ambos executam o programa pictórico da igreja; 1596, 8 Setembro - inauguração do templo; 1597 - pedido para a trasladação dos restos mortais da infanta D. Maria da igreja da Madre de Deus para a capela-mor da igreja da Luz; 30 Junho - após várias cartas e pareceres, é feita a trasladação, por autorização de Filipe I; 1601- 1604 - execução das esculturas de pedra, feitas por iniciativa de Frei Pedro Moniz; 1604 - por iniciativa do mesmo freire, reabriu-se a fonte antiga, fazendo-lhe um portal e uma escada, onde surge uma cruz, no local onde a Virgem terá aparecido, tendo sido, para tal, reforçada a estrutura; 1606 - Frei Roque do Soveral diz que o corpo do templo teria 5 capelas, as duas primeiras já feitas, todas com ordem dórica e tribunas; 8 Agosto - morte de Frei Martinho de Ulhoa, bispo de São Tomé, Congo e Angola, que fundou a capela, em troca de missa quotidiana; 1597 - 1600, c. - pintura da tábua da capela do lado do Evangelho, atribuível a Domingos Vieira Serrão; 1610 - construção de metade do dormitório, por 561$300, dos quais 360$300 foram doados pelo monarca; conclusão da sacristia, junto à quadra do claustro, que importou em 1:098$470; conclusão do cruzeiro, orçado em 886$773; 1613 - 1616 - feitura da portaria e casa para despejos; lajeamento do pátio junto à mesma e feitura de uma escada de 3 lanços para o dormitório; construção de uma galeria sobre a portaria, com 6 janelas, a qual tinha uma chaminé secreta e uma tribuna para o coro de baixo; feitura de um retábulo para o refeitório; execução de uma adega e de uma "ministra" para colocar o vinho; feitura de uma despensa, celeiro; lajeamento da cozinha e colocação de duas pias; feitura de um refeitório para moços e hóspedes; feitura da Via Sacra, com paredes e abóbada e duas celas para o prior, a primeira a abrir para o pátio da portaria e azulejada; 1614 - data na moldura da sineira posterior; 1621, 4 Janeiro - foi entregue por Manuel Vasconcelos, regedor da Casa da Suplicação e testamenteiro da princesa, um relicário com pé de prata dourada, com um espinho da coroa de Cristo, um pedaço do Santo Lenho e várias relíquias de santos, que ela doava à sua capela-mausoléu; entregou, ainda, uma santa de prata dourada e uma cruz de pau-preto com um "Agnus Dei"; 1622 - campanha de reedificação da sacristia; 1626 - término do corpo da igreja, da fachada *5 e retrocoro, que possuía uma galeria superior, onde ouviam missa os convalescentes; feitura do baldaquino do púlpito e grades da igreja, com pagamento de 2$000 ao ferreiro; 1635 - ladrilhamento e obra do coro (11$060); 1636 - feitura das grades dos frontais de altar e estrado do corpo da igreja; execução de uma imagem em prata de Nossa Senhora da Luz, oferecida por Helena Henriques, mulher de D. Pedro de Mascarenhas, encomendada ao ourives André Fernandes; 1643, Novembro - compra de oito castiçais para a sacristia; 1638, Abril - construção de uma capela no corpo da igreja, por 187$365; 1640 - 1641 - construção de uma capela no corpo da igreja, por 278$519; 1642 - referência à Capela de D. Joana; feitura dos canos da horta; 1644 - feitura da nora; 1693 - intervenção no túmulo da Infanta D. Maria por Luís Nunes Tinoco (COUTINHO: 300); séc. 18 - pintura dos azulejos para a nave, por Policarpo de Oliveira Bernardes, actualmente dispersos pelo Museu da Cidade e no Jardim das Amoreiras; obras por João Frederico Ludovice; 1714 - execução de um painel narrativo da fundação da ermida para colocar na parte posterior do retábulo-mor, executado por Henrique Ferreira; 1755, 1 Novembro - a igreja foi muito danificada pelo terramoto; 1758, 21 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo cura Manuel José Nunes Tavares, é referido que só a capela-mor ficou de pé e a imagem, ilesa, foi transportada para uma barraca de madeira, onde se manteve até terminarem as obras de consolidação da capela; o convento era dos religiosos de Cristo, com o rendimento de 7 mil cruzados, tendo de 15 a 18 frades; existiam casas de romagem, vindo círios de vários locais, como Aldeia Galelga, Moita e Alverca; 3 Setembro - regresso da imagem à igreja, em solene procissão; simultaneamente, fizeram-se obras ligeiras no hospital, que também ficou abalado; 1763 - o hospital necessitava de obras; 1792 - extinção da casa conventual por breve de Pio VI, ficando à disposição do rei, como grão-mestre da Ordem; determinou-se que Frei Francisco Soares e mais dois freires se mantivessem no local para zelar pelo culto de Nossa Senhora da Luz; 1805 - por morte do freire, sucedeu-lhe Frei António de França; 1809, Agosto - morte do freire; 18 Agosto - a Mesa da Consciência e Ordens noemou um frei egresso para esse fim, Francisco Falcão; 1813, 24 Outubro - extinção da jurisdição do priorado da Luz na igreja e hospital; 1814 - fecho do hospital, instalando-se, no local, um anexo do Colégio Militar; 6 Julho - a administração das rendas é enviada para o Juíz Geral das Ordens; 1830 - estava no mosteiro, a Escola de Medicina Veterinária; 1840 - após o derrube das ruínas do templo, fizeram-se obras de remodelação na capela, reaproveitando aqueles materiais, sendo o remanescente enviado para a repartição das Obras Públicas, tendo sido utilizado na construção do Colégio Militar e em diversas obras públicas de Lisboa; 1870 - a repartição de Obras Públicas executou a actual fachada principal, conforme projecto do arquitecto Valentim José Correia (1822 - 1900); entaipamento da ligação ao antigo mosteiro e remoção do cadeiral do coro; construção do actual adro; 1873 - instalação definitiva do Colégio Militar nas dependências do antigo hospital; 1895 - 1896 - transformação do retrocoro em sacristia, sendo apeado o balcão e escada de acesso ao mesmo; entaipamento da porta que ligava à antiga sacristia; execução do guarda-vento, mandado fazer por um particular, José do Nascimento; demolição das ruínas da sacristia; séc. 20, início - o mosteiro foi utilizado como quartel de artilharia, recebendo algumas obras de adaptação; 1918 - instalação da sede da paróquia de Carnide na igreja da Luz (a paróquia fora extinta em 1913); 1927 - Luís Gonzaga Pereira refere que a igreja primitiva tinha treze capelas, existindo, certamente, 10 na nave (5 de cada lado); 1936 - ainda existia o coro-alto; remoção do painel que relatava a fundação da ermida por Pero Martins da parte traseira do retábulo-mor, deixando-o vazado; 1939 - campanha de restauro, removendo o relógio da torre; 1944 - 1947- ossadas da Infanta colocadas em pequena urna e recolocadas na capela-mor; 1969, 28 Fevereiro - um abalo sísmico provocou danos na igreja, cujas obras foram suportadas pela Paróquia, com apoio técnico da DGEMN, adjudicadas à firma Amadeu Gaudêncio; 1985 - levantamento das necessidades de intervenção pelo Secretriado das Novas Igrejas do Patriarcado; 1998, Novembro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Estrutura em cantaria de calcário lioz ou em alvenaria calcária, rebocada e pintada; pilastras, cornijas, cruzes, modinaturas, pavimentos em calcário lioz; almofadados, lápides em calcário vermelho e azul; altar em mármore de Estremoz; retábulos de madeira; janelas com vidro simples ou martelado, em caixilharias metálicas; grades das janelas em ferro.

Bibliografia

AAVV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; ALMEIDA, Mónica da Anunciata Duarte de, O Programa Artístico da Capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da Luz de Carnide, 2 vols., Lisboa, dissertação de mestrado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1997; ALMEIDA, Mónica Duarte de, Esculturas de vulto maneiristas em Nossa Senhora da Luz de Carnide, in ARTIS, Lisboa, Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, 2005, n.º 4, pp. 137-173; ARAÚJO, António de Sousa, O Santuário da Luz, Glória de Carnide, Lisboa, 1977; Archivo Pittoresco, Vol. VI, Lisboa, 1863; CALADO, Maria, FERREIRA, Vítor Matias, Lisboa. Freguesia de Carnide, Lisboa, 1993; CARVALHO, José da Silva, Carnide e o seu Património Edificado. Um Percurso de Sete Rios à Pontinha, Lisboa, 1987; CONSIGLIERI, Carlos e OUTROS, Pelas Freguesias de Lisboa. O Termo de Lisboa, Lisboa, 1993; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; FRIAS, Hilda Moreira de, A Arquitectura Régia em Carnide / Luz, Lisboa, 1994; LACERDA, Aarão de, História de Arte em Portugal,II, Porto, 1948; MARIA, Agostinho de Santa (Frei), Santuário Mariano, Tomo I, Lisboa, 1707; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, 1974; PACHECO, Miguel (Frei), Vida de La Sereníssima Infanta Dona Maria Hija Del ReY D. Manuel, Fundadora de La Insigne Eapille Mayor del Convento de Nª .Sª., Lisboa, 1675; PEREIRA, Gabriel, O Lindo Sítio de Carnide, Lisboa, 1898; PEREIRA, Gabriel, Notícias de Carnide, Lisboa, 1900; PEREIRA, Gabriel, De Benfica à Quinta do Correio-Mor, Lisboa, 1905; PEREIRA, Luis Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1924; PROENÇA, Raul, (dir. de), Guia de Portugal, Vol. 1, Lisboa, 1924; SERRÃO, Vítor, A Pintura Maneirista em Portugal, Lisboa, 1982 e História da Arte em Portugal, 7º vol, Lisboa,1987; SERRÃO, Vítor, Tomás Luís e o antigo retábulo da Igreja da Misericórdia de Aldeia Galega do Ribatejo, in ARTIS, Lisboa, Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, 2002, n.º 1, pp. 211-235; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; SILVA, Nuno Vassalo e, Os ourives das Ordens Militares (séculos XVII e XVIII), in Separata de As Ordens Militares em Portugal e no Sul da Europa, Lisboa, Edições Colibri / Câmara Municipal de Palmela, 1997; SMITH, Robert, A Talha em Portugal, Lisboa, 1963; SOVERAL, Fr. Roque do, História do Insigne Aparecimento de Nossa Senhora da Luz e Suas Obras, Lisboa, 1610; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. II.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; DGA/TT: Feitos Findos - Administração de Casas (Livro 47, fl. 17 v. e fl. 18; Livro 48, fl. 20 v), Conventos Diversos (Maço 2, doc. 280)

Intervenção Realizada

Propietário: 1611 - renovação das coberturas, orçando parte delas 200$000; 1613 - ampliação da cozinha e das oficinas; 1637 - conserto da fonte e arranjo da cansela da horta (1$040); limpeza dos retábulos (1$000); 1639 - conserto do órgão (1$200); 1640 / 1641 - obras de remodelação do telhado, colocação de tijolo no pavimento, beneficiação das escadas, pelo carpinteiro Colaço, pedreiro Moreira e Domingos Jacome e António Leitão e pelo ladrilhador Felício Leitão; 1641 - obras nos canos e feitura de esguichos para a cozinha: 1870 - restauro das tábuas do retábulo-mor; 1890 - 1891 - restauro do interior da igreja; DGEMN: 1936 / 1937 -reparação geral da cobertura, com vedação de vãos e removendo os postes dos fios telefónicos que nela existiam; reparação das escadas da torre; demolição do remate da fachada posterior, que consistia numa platibanda; apeamento de parte do muro do mosteiro que abria para o adro, até à altura do beiral; limpeza das fachadas; JFC: 1939, Junho - sob a orientação da DGEMN, fez obras num anexo que ocupava, com caiação das paredes; reparação e pintura de portas e janelas; PARÓQUIA: pintura do guarda-vento e portas do templo; DGEMN: 1943 - obras de restauro das coberturas; 1946 - colocação de grades a proteger a fonte; 1952 - diversas reparações nas coberturas, com substituição de telhas partidas e reparações nas caleiras e algerozes; reparação da estrutura do vigamento do telhado; 1959 - reparação dos telhados; rebocos e pinturas das paredes exteriores e interiores; pintura de portas e caixilhos; restauro do retábulo-mor, com a limpeza e beneficiação de 8 e retoque na talha, com aplicação de ouro; PARÓQUIA: 1969 - obras de consolidação dos muros, com refechamento de juntas nas abóbadas e arcos, reparação dos telhados, com substituição de algumas pelas de madeira e reassentamento de telha; 1986 - arranjo das coberturas; pintura das paredes exteriores e interiores; arranjo do adro e zona fronteira; conserto da fonte e colocação de uma grade na mesma; colocação de lápides a assinalar as intervenções; 1996 - campanha de obras de beneficiação dos telhados, pintura dos paramentos de alvenaria e limpeza das cantarias exteriores; pinturas dos caixilhos e porta; colocação de calçada à portuguesa no adro; restauro das pinturas do retábulo-mor, com limpeza, fixação da camada cromática, levantamento de repintes e preenchimento de lacunas; restauro da talha do retábulo do altar-mor; séc. 20, década de 70 - remoção do quadro da "circuncisão" para restauro no Instituto José de Figueiredo, com protecção da camada cromática e preenchimento de lacunas do suporte.

Observações

*1: Igreja de Nossa Senhora da Luz de Carnide (Capela-mor e Sepultura da Infanta D. Maria, Filha do Rei D. Manuel I). *2 - a do lado oposto encontra-se vazia, mas sabe-se que representavam Santa Águeda e Santa Luzia. *3 - os frontais estavam protegidos por grades de pau-santo. *4 - Pero Martins lutara nas cruzadas em África e, em 1459, em Tânger, foi aprisionado, tendo sido liberto graças à intervenção da Virgem, que lhe indicou que construísse, no lugar de Carnide, uma ermida em sua honra, num local onde já existia uma imagem sua. *5 - a igreja tinha três arcos que ligavam ao nártex, flanqueados por janelas, surgindo, no andar superior, três janelões com frontões alternados em semicírculo e triângulo, intercalados por nichos, semelhante à igreja do Hospital do Desterro (v. PT031106310398), em Lisboa, revelando uma certa filiação em São Vicente de Fora (v. PT031106510059).

Autor e Data

Paula Noé 1990 /Teresa Vale e Carlos Gomes 1996 / Paula Figueiredo 2007

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