Castelo de Montemor-o-Velho / Castelo e cerca urbana de Montemor-o-Velho

IPA.00002593
Portugal, Coimbra, Montemor-o-Velho, União das freguesias de Montemor-o-Velho e Gatões
 
Castelo gótico e manuelino, de planta irregular, respeitando a geografia do terreno. As origens antigas estão patentes na base da torre de menagem, mas a maioria das construções são do séc. 14. A Igreja, embora acuse origem românica, patente designadamente nas coberturas da cabeceira, foi muito reformada num Manuelino duma primeira fase, naturalista e duma relativa simplicidade construtiva. Era a maior fortificação do Mondego, sendo mesmo uma das maiores do país.
Número IPA Antigo: PT020610070002
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo e cerca urbana    

Descrição

Planta irregular formada por castelejo, uma cerca principal, barbacã envolvente, cercado do lado N. e reduto inferior, a E.. O castelejo é um reduto construído a partir do aproveitamento do espaço angular entre a torre de menagem e a cortina N.. A torre de menagem, situada a E. é quadrada, seguida de muro com 4 torres, duas delas com aberturas em arco quebrado. Na cerca principal surgem mais 5 torres. A barbacã é um muro baixo sem torres. A N., em direcção ao vale, dois muros perpendiculares à muralha antiga com adarves, terminam em fortes torreões. Dentro do castelejo encontra-se a Igreja de Nossa Senhora da Alcaçova de planta longitudinal com três naves de 5 tramos e 3 capelas absidiais. Na fachada porta de arco quebrado com 2 colunelos, sobreposto por pequeno óculo e acima da porta o brasão. No cunhal direito uma torre, vendo-se um pouco recuado um corpo cilíndrico correspondente a uma escada de acesso. INTERIOR: nave central ligeiramente mais elevada do que as laterais, apresenta arcadas de arcos quebrados apoiados em colunas, a separar as naves; cabeceira com ábsides semicirculares cobertas por abóbada de berço e com retábulos; pavimento de lajes; pintura mural.

Acessos

Rua de Coimbra, Montemor-o-Velho

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

No cimo de outeiro, isolado, destacado, com amplas panorâmicas sobre região envolvente.

Descrição Complementar

Retábulos de estilo nacional, na Capela-mor. Retábulo de Nossa Senhora do Rosário, do último terço do séc. 16 e em pedra calcária. Retábulo do Santíssimo Sacramento, do último quartel do séc. 16, atribuído a João de Ruão.

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: monumento

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCCentro, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 11 / 12 / 14 / 16

Arquitecto / Construtor / Autor

Francisco Pires (igreja, séc. 16, atr.)

Cronologia

990 - Construção do Paço atribuída a Dona Urraca; Almançor toma o Castelo; 1006 - reconquistado por Mendo Luz; 1088 - reedificado por Afonso VI de Castela; 1090 - edificação da igreja, pelo presbítero Vermudo, por ordem do Conde D. Sesnando, com a condição de metade das rendas ficarem a pertencer à Sé de Coimbra, no tempo do bispo D. Crescónio; depois de concluída a igreja, foi lavrada a escritura de doação dessa metade, datada de 1095; 1109 - D. Afonso Henriques e sua mãe, D. Teresa, terão ordenado novas reformas no castelo, séc. 12, 1º terço - reedificação da Igreja, sagrada entre 1128 e 1131 no priorado de D. Sesnando; 1211 - confirmação papal do legado do Castelo por D. Sancho I a sua filha D. Teresa; 1245 - por deposição de D. Sancho II, o bispo D Tibúrcio e alguns cónegos da Sé, sentindo-se pouco seguros em Coimbra, refugiaram-se na Alcáçova do castelo; D. Afonso III renovou a doação do priorado ao bispo D. Egas Fafes, tornando-o Colegiada; 1285 - o templo recebe algumas reformas (cf. testamento de João Guilherme Sancino); séc.13 - nas lutas entre D. Afonso III e D. Sancho II o alcaide opta pela facção deste; o príncipe D. Afonso IV toma-o na rebelião contra D. Dinis; séc. 14 - Castelo terá sido objecto de reforma geral, sendo provavelmente dessa época a barbacã e o cerco N.; séc. 14, primeiro quartel - reedificação definitiva da igreja, atribuída a Francisco Pires, sob a ordem do bispo-conde D. Jorge de Almeida; 1517, 16 Ag. - Doação de 4.000 reais por D. Manuel a Afonso Mourão e João Álvares, por fazerem casas no castelo; séc. 16, 1º quartel - João Negrão é nomeado vedor das obras reais de Montemor-o-Velho; reedificação definitiva da Igreja, atribuída a Francisco Pires, que aproveitou para as alvenarias o material da demolição, tendo usado no primeiro arco do lado do Evangelho, uma lápide funerária de 1230; séc. 19 - extinção da colegiada; 1874 - união das paróquias de Sta Maria da Alcáçova e de S. Martinho; 1877 - expropriação, por parte da Câmara, de uma porção de terreno para alargar a avenida de acesso ao cemitério, situado intra-muros; construção da torre do relógio; 1940, 25 novembro - o templo é cedido à Igreja Católica; 1977 - a Igreja apresenta fendas na abóbada devido a infiltrações que prejudicam igualmente valiosas imagens, conforme informação da Câmara; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2017 - intervenção arqueológica, tendo-se descoberto uma nova cisterna no recinto; 2020, 30 setembro - assinatura do auto de transferência de competência de gestão, valorização e conservação do Castelo de Montemor-o-Velho do Estado para a Câmara Municipal de Montemor-o-Velho.

Dados Técnicos

Estruturas autoportantes e mistas.

Materiais

Cantarias de calcário (castelo), alvenaria mista, madeira, telha, cerâmica (igreja).

Bibliografia

CORREIA, Vergílio, GONÇALVES, A. Nogueira, Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Coimbra, Lisboa, 1947; TEIXEIRA, Maria Elda, A população da freguesia de Santa Maria da Alcáçova de Montemor-o-Velho no período de 1676 - 1775; Coimbra, FULC, 1969; CONCEIÇÃO, A. Santos, Terras de Montemor-o-Velho, Montemor-o-Velho, 1992; DIAS, Pedro, Montemor-o-Velho, Pereira, e Tentúgal. Levantamento do património histórico-arquitectónico, s.d.; MATOS, João Cunha, Concelho de Montemor-o-Velho. Sua História. Sua Arte. Coimbra, 1977; GÓIS, A. Correia, Concelho de Montemor-o-Velho, A terra e a gente, Montemor-o-Velho, 1995; MONTEIRO, João Gouveia, Os castelos portugueses dos finais da Idade Média, s.d.; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70442 [consultado em 23 agosto 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; GTL Montemor-o-Velho

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; GTL Montemor-o-Velho

Documentação Administrativa

IAN/TT : Corpo Cronológico, Parte II, maço 71, doc. 32; Chancelaria de D. Manuel, Liv. 1, fl. 50v; DGEMN: DSID; GTL Montemor-o-Velho

Intervenção Realizada

1933 (e seguintes) - Igreja: consolidação de colunas, envernizamento de portas, reparação de caixilhos e janelas, colocação de grades em ferro; 1936 - reconstrução dos panos de muralha; 1940 - consolidação e reconstrução de paredes; 1958 - instalação eléctrica; 1962 - reparação da cobertura e pavimento da Igreja; 1963 - colocação de portas e janelas; 1969 - reparação do poço do Abade João e muralhas próximas, restauro de cantarias da Igreja, libertação da muralha e sondagens; 1986 - obras de beneficiação; IPPAR: 1996 / 1999 - arranjo do recinto muralhado, consolidação das ruínas do paço das Infantas e construção da casa de chá (Arq. João Mendes Ribeiro).

Observações

Na R. Direita ao Castelo foi reaproveitada uma porta manuelina decorada com pinhas proveniente do recinto do castelo, segundo a tradição oral.

Autor e Data

João Cravo, Horácio Bonifácio 1992

Actualização

Margarida Alçada 2005
 
 
 
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