Convento de Nossa Senhora da Boa Esperança / Pousada de Belmonte

IPA.00002534
Portugal, Castelo Branco, Belmonte, União das freguesias de Belmonte e Colmeal da Torre
 
Convento franciscano transformado em pousada, inserido na rede Pousadas de Portugal, integrando o grupo das Pousadas Históricas, reaproveitando-se as dependências e a igreja, tornadas espaços de convívio e de estar, a que foram acrescentados alguns volumes incaracterísticos, mas não destoantes pela forma como se posicionam. Tem igreja de planta retangular composta por nave, capela-mor mais estreita e baixa e sacristia no lado direito. Fachada principal em empena rasgada por portal em arco de volta perfeita, com dupla arquivolta a exterior assente em colunelos, e encimado por óculo circular. Fachadas laterais rasgadas por janelas rectilíneas. Claustro de planta trapezoidal irregular com quadra rectangular e alas de coberturas planas. Conjuga elementos pontuais de feição manuelina, no pórtico da igreja com duas arquivoltas, uma biselada e a exterior boleada e decorada por esferas, e classicista, nomeadamente na solução do claustro, de planta trapezoidal irregular com quadra de planta rectangular. INTERIOR com coberturas de madeira, coro-alto do mesmo material e arco triunfal de volta perfeita. Dependências conventuais de dois pisos, vãos de lintel recto e com alvenaria de granito sem revestimento. Algumas mísulas nas fachadas lateral esquerda e principal denunciam anterior existência de alpendre.
Número IPA Antigo: PT020501010005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Terceiros

Descrição

Planta rectangular e irregular, composta por igreja e dependências conventuais, a que foram acrescentados alguns anexos, em ambos os lados, com coberturas diferenciadas a duas águas. IGREJA de planta longitudinal simples com nave, capela-mor mais estreita e baixa e antiga sacristia adossada no lado direito, com fachadas em cantaria de granito aparente e remates em beiral. Fachada principal voltada a S., em empena, rasgada por portal em arco de volta perfeita com duas arquivoltas, a interior biselada e a exterior boleada e decorada por esferas, assente em colunelos finos e protegido por vidro, sendo ladeado, superiormente, por mísulas e encimado por óculo circular; remate em empena. Fachada lateral esquerda virada a O., rasgado por duas janelas em capialço, uma das quais com data de "1702" gravada; mantém uma mísula ao nível do peitoril de uma das janelas. Fachada E. com três portas, duas de verga recta e uma em arco abatido, surgindo, superiormente, o vão rectilíneo do acesso ao coro-alto e uma janela no volume da capela-mor. o mesmo número de janelas de lintel recto. Fachada posterior em empena cega, rasgada, no corpo mais recuado da sacristia, por uma janela. INTERIOR transformado em sala de estar e bar, rebocado e pintado de branco, excepto a parede testeira em alvenaria de granito, tendo todos os vãos com molduras de cantaria, cobertura de madeira encerada de dois panos, com tirante de metal na nave, e pavimento em lajeado de granito. Coro-alto de madeira com guarda em falsa balaustrada, tendo acesso por duas portas laterais de verga recta e janela rectangular a iluminar o espaço. Arco triunfal de volta perfeita moldurado e com pedra de fecho saliente em forma de losango, acedendo por um degrau à capela-mor. DEPENDÊNCIAS em cantaria de granito aparente, sendo os novos volumes rebocados e pintados de branco ou amarelo. No lado esquerdo da igreja, desenvolve-se um corpo envidraçado, parcialmente adossado, constituindo um átrio de acesso à Pousada, tendo, no lado direito, zona administrativa, aparecendo, no lado esquerdo as primitivas construções do convento e duas alas incaracterísticas, constituindo a zona de acomodações. No lado direito e com acesso pela igreja, o claustro de planta trapezoidal irregular com quadra de planta rectangular, mantendo a ala inferior assente em grossos pilares angulares, constituídos por núcleo central quadrangular e colunas adossadas, com capitéis simples; a quadro com pavimento em lajeado, é separada das alas por muretes baixos, rasgados nas zonas centrais e com tecto plano. Adossado à ala S. do claustro, antiga dependência, de planta rectangular irregular e de dois pisos, rasgado por vãos de lintel recto, com interiores com tectos planos e pavimentos de granito, tendo, no piso inferior, escadas de madeira, de acesso ao superior. A actual casa de jantar tem cobertura de madeira a duas águas e lareira de granito, apresentando janelas com conversadeiras, uma delas com a data "1702". Existência de 23 quartos duplos, com nomes de frades, uma suite, um restaurante, espaço de reuniões, bar e sala de convívio na antiga capela. No exterior, surgem dois patamares, com terraços e varandas viradas a O., tendo, num deles, piscina.

Acessos

Caminho de Santo Antão, a 2 km. a SO. de Belmonte, na Serra de Crestados; possui placas sinalizadoras

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 1/86, DR n.º 02 de 03 janeiro 1986

Enquadramento

Rural, isolado e destacado a meia encosta, na Serra da Esperança que atinge c. de 725 m. de altitude, onde são apontadas ruínas castrejas, integrando-se na propriedade da Quinta da Chandeirinha. Situa-se num ângulo conformado pelo Rio Zêzere a N. e pela Ribeira de Caria a S.. Local fronteiro ao vale do Zêzere e à Serra da Estrela, sobre os quais se desfruta excelente panorama. Na envolvente imediata, destaca-se um loureiro e carvalho centenários e, no lado N., amplo parque de estacionamento, pavimentado a paralelepípedos.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Comercial e turística: pousada

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Luís Rebelo de Andrade (1999-2001)

Cronologia

1240 / 1260 - Gil Álvares Cabral e sua mulher Maria Gil Cabral fundaram e dotaram uma capela e eremitério no local, com mercearias (GOMES, J. Pinharanda, 1983) *1; 1500 - Pedro Álvares colocou uma imagem de Nossa Senhora da Esperança, proveniente da Índia, na capela da quinta que possuía no termo de Belmonte (SANTA MARIA, Frei Agostinho de, 1911); 1563, 12 Novembro - fundação do convento de Nossa Senhora da Esperança destinado a frades da Ordem Terceira Regular de São Francisco ou aos Frades Menores de São Francisco da Covilhã (GOMES, J. Pinharanda, 1983), por iniciativa de Jorge Cabral *2, então proprietário da quinta e Casa de Nossa Senhora da Esperança; reedificação da igreja; 1564, 3 Março - Frei Matias Ferreira de Pedrógão toma posse dos bens doados por Jorge Cabral; 1571 - por alvará de D. Sebastião, recebe a "Esmola da Especiaria"; 1584 - decorreu no local, uma reunião dos frades da Província da Ordem Terceira, em capítulo intermédio; 1585 - aprovação dos estatutos da Ordem Terceira dos Regulares de Portugal pelo Papa Gregório XIII; 1587 - visitação do Abade de Alcobaça Frei Guilherme da Paixão, contando o convento 15 frades; 1597, 5 Junho - depósito de relíquias de 23 santos, provenientes do cemitério de São Calepónio, e uma de Santa Esperança, do cemitério de São Calisto, em Roma; séc. 17 - modificações no edifício; 1619, 20 Agosto - monges recebem autorização para pregarem a Quaresma; 1644, 6 Novembro - D. João IV doa uma arroba de cera e outra de açúcar; 1702 - data de uma janela, a poente; 1712 - colaterais dedicados a Santa Luzia e a São João; 1718 - com Frei Serafim das Chagas, torna-se cabeça da Ordem Terceira, tendo, sob o seu alçado, Maçainhas, Benespera, Inguias, Caria, Malpica e Orjais; 1758 - as memórias paroquiais referem a ausência de padroeiro do convento; tinha três dormitórios com 15 celas, hospedaria e oficinas; na igreja, existiam, no retábulo-mor, as imagens de Nossa Senhora da Esperança; retábulos colaterais dedicados ao Crucificado e a Nossa Senhora da Conceição; 1831 - o convento encontra-se em ruínas (BIGOTTE, J. Quelhas, 1948); 1834 - extinção do convento; 1839, 21 Agosto - arrematado convento, igreja, cerca murada (com vinha, árvores de fruto, 3 oliveiras e 2 amoreiras) por 260$000, por José Homem de Figueiredo Leitão; os objectos de culto foram integrados em vários imóveis - retábulo do Espírito Santo para a desaparecida Igreja de São Francisco (Misericórdia) *3, retábulo-mor para a Igreja Matriz de Inguias e a imagem da padroeira para a Igreja Matriz de Belmonte; progressiva ruína e construção de curral anexo à igreja; 1836 - compra do edifício pelo Conde de Caria; 1981 - estudo Preliminar do Parque de Recreio da Quinta do Convento da autoria dos Arquitectos Carlos Duarte e José Lamas, no âmbito das propostas do Plano Geral de Urbanização de Belmonte, não executado; 1992 - projecto de adaptação a estalagem da autoria de Arquitraço, Arquitecturas Lda.; 1996 - escavação na zona do antigo convento; 1998 - alterações ao projecto "Aprovado Condicionalmente", pelo IPPAR; escavações na zona da cozinha, sendo encontrado um fogão de granito, refeitório e claustro; 1999 / 2000 / 2001 - transformação do espaço em pousada, segundo projecto do arquitecto Luís Rebelo de Andrade; 2000 - durante as escavações, foram encontrados vestígios de uma edificação mais pequena, talvez a primitiva ermida.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Granito, cantaria e alvenaria, aparelho isódomo nas estruturas mais antigas, surgindo os novos volumes rebocados; pavimento e modinaturas em lajeado de granito; madeira nas portas e coberturas; telha de canudo; vidro simples; estruturas metálicas.

Bibliografia

ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1948; BIGOTTE, J. Quelhas, o Culto de Nossa Senhora na Diocese da Guarda, Guarda, 1948; COSTA, António Carvalho da, Corographia Portugueza, Lisboa, 1706 / 1712; GOMES, J. Pinharanda, Memória Histórica do Convento de Nossa Senhora da Esperança de Belmonte, in Revista Independência, 1983, n.º 1; MARQUES, Manuel, Concelho Belmonte - Memória e História, Belmonte, 2001; Dossier Especial - Serra da Estrela, in Expresso, 21 de Dezembro 2002; SANTA MARIA, Frei Agostinho de, Santuário Mariano, Lisboa, 1711; SALVADO, António, Elementos para um Inventário Artístico do Distrito de Castelo Branco, Castelo Branco, 1976; TAVARES, Joaquim Cardoso e MARQUES, Manuel, Subsídios para uma Monografia da Vila de Belmonte, Belmonte, s.d.; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73258 [consultado em 26 setembro 2016].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

1996 - escavações na zona da cozinha, refeitório e sala de profundis do antigo convento, encontrando-se peças de cerâmica, imagens, moedas e medalhas.

Observações

*1 - aspecto controverso que se relaciona igualmente com a fundação da Igreja de Santiago em Belmonte (v. PT020501010001). *2 - capitão do mar e guerra e governador da Índia. *3 - o retábulo encontra-se na Capela de Santo António, estando a ara de altar na Farmácia Costa.

Autor e Data

Margarida Conceição 1994 / Paula Figueiredo 2003

Actualização

 
 
 
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