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Edifício e estrutura Edifício Militar Bateria
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Descrição
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A entrada faz-se por portão de ferro junto do qual se ergue uma pequena casa da guarda. Da entrada parte um caminho de terra batida (terreno argiloso) que se bifurca; no topo do caminho principal encontram-se o depósito da água, dois paióis e a central eléctrica. A 8ª Bateria de Albarquel orientada a S. é uma bateria de Artilharia de Costa construída num morro com dispositivo de camuflagem, composta por 3 Peças de 150 m/m Krupp fixas sobre plataformas, tipo moderno em descontinuidade, aterradas em socalcos com muros em redor de suporte de terras; nos paióis os seus órgãos vitais são protegidos por fortes coberturas em betão armado, com espessura variada entre 1 e 2 metros, incluindo uma camada de rebentamento e outra estática, separadas por camadas elásticas; as instalações mecânicas da bateria destinadas ao remunicionamento, compõem-se, ainda no subsolo, de uma galeria com elevador em rampa, para transporte de munições, transportador do tipo rolante (trabalho da indústria nacional), de construção robusta, cujo accionamento é assegurado pela energia eléctrica da rede pública de Setúbal, em linha de 16 m/m, com parte aérea, parte enterrada, e pela Central Eléctrica própria da bateria, com motor a óleos pesados. Cada galeria apresenta um vão de acesso ao subsolo onde se abrem os respectivos paióis, os abrigos de alarme, as casernas e os corredores que se encontram interligados; no extremo oposto estão os vãos de acessos para o exterior; no subsolo abrem-se outros compartimentos: o quarto do comandante da bateria e casernas. Casa da Guarda: é de planta quadrangular, de um piso, remata superiormente em platibanda, ergue-se à entrada com fachada principal virada para o terreno e a posterior voltada à Estrada de Albarquel, onde se rasgam duas janelas. Galeria: é um corredor de serventia do paiol, com duas zonas de alargamento, uma no topo inferior constituindo a casa de expedição, e outra, em cima, destinada à recepção e distribuição; a ligar estas duas dependências estende-se a galeria propriamente dita; é constituída por paredes e cobertura em betão simples com espessuras diferenciadas. Casernas: projectam-se 3, tantas quantas as peças, localizam-se no ângulo da galeria de circulação, têm as paredes reforçadas com 0,4 m. de betão, servindo de apoio à cobertura que é abobadada, ligando-se pelo extradorso à cobertura plana da galeria; são providas de tarimbas com estrutura de ferro; o pavimento é em formigão hidráulico, para melhor travamento das paredes. Transportador: compõe-se de uma estrutura em ferro perfilado provido de 4 caminhos de rolamento para as correntes, está fixada ao solo por meio de parafusos em aço, tendo os elementos necessários e o passe de 5" são providos de rolamentos com abas. Posto de Comando: é de estrutura idêntica à bateria e devidamente compartimentado. |
Acessos
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Na Serra da Arrábida, a 3 km de Setúbal, EN 379 - 1, Setúbal - Azeitão, Portinho da Arrábida; confronta a N. com a praia de Albarquel, a S. com o Rio Sado, a O. Com a estrada para a Praia de Albarquel e com o Forte de Albarquel, a E. com o Parque Campismo de Setúbal. O Posto de Comando: confronta a todo o seu perímetro com terrenos do Ministério da Defesa Nacional, situa-se na crista da serra do Vizo a 400 m da Bateria do Casalinho (v. PT031512010146) e a 200 do Moinho da Desgraça (v. PT031512010145) |
Protecção
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Incluído no Parque Natural da Arrábida |
Enquadramento
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Rural, isolado. Prédio militar contíguo ao Forte de Albarquel (v. PT03 1512010095), situado num morro no sopé da encosta S. da Serra da Arrábida, na barra N. do Rio Sado, no fim das encostas que descem do Forte de São Filipe (v. PT031512010008). Confronta a N. com a estrada de serviço do antigo forte de Albarquel; a E. com o Parque de Campismo de Setúbal; a S. com o Rio Sado e a O. com o Forte de Albarquel, dando sobre a uma baía e praia do mesmo nome, no trecho do litoral denominado, em termos de turismo, como Costa Azul, encontrando-se completamente vedado. |
Descrição Complementar
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Transportador mecânico: com capacidade para transportar 12 granadas e 12 cargas por minuto, pesando cada uma respectivamente 40 kg e 12,55 kg, a uma distância média, segundo o eixo da galeria de 53,68 m aproximadamente; as correntes são contínuas e calibradas, de tipo Remold, em aço, existem uns berços de ferro forrados a borracha assentes sobre travessas fixas para segurar as granadas; para que o carregamento se faça convenientemente há um dispositivo de alimentação automática comandado pelas correntes providas de roletos e pela roda colocada por cima, permitindo a entrada das granadas e cargas nos berços. Galeria: o eixo da galeria dirige-se sensivelmente segundo a linha média da Barra e, assim, na linha de enfiamento dos tiros mais prováveis do adversário. Casa de Expedição com cobertura constituída por vigas de 1x0,40 m, dispostas lado a lado e solidárias entre si. Casa de Recepção: apresenta uma estrutura idêntica à descrita, sendo que o vão que na galeria é de 1,80 m alarga aqui para 3 m, por necessidade de alojamento dos órgãos mecânicos de recepção das munições. Casernas: a guarnição de cada peça, incluindo o pessoal de reserva era de 16 homens. Esgotos: ao logo da galeria do transportador está assente uma conduta para escoamento das águas pluviais que por ventura penetrem nos corredores pelas plataformas ou através das clarabóias. Dispositivo de camuflagem: as peças estão mascaradas com coberturas em chapéu-de-sol, em fio de arame zincado, para apoio à vegetação permanente constituída por trepadeiras. Peças: Ligados e solidários com elas no seu movimento de direcção, existem escudos constituídos por chapa de aço de 2 cm, em cujo centro se apoia um pião. Destacam-se portas de correr em roletas com folhas suspensas, com batentes de ferro, portão tipo lagarto. |
Utilização Inicial
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Militar: bateria |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Centro de Informações e Segurança Militar (CISM) |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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1932, 16 de Agosto - autorizada a verba para o levantamento topográfico do terreno para a construção da Bateria; Novembro - estabelece-se a necessidade da compra de terrenos no morro de Albarquel; 1933, 5 de Abril - por Diário da república, 1ª Série, nº 78, p. 466 - Decreto nº 22408 estabelece-se a quantidade de terreno necessário, 26, 142 m2 para construção da bateria, considerando-o de utilidade pública urgente; 3 de Junho - Auto de Demarcação e identificação de terrenos; 3 de Julho - pedido de expropriação do terreno necessário, da Quinta da Comenda, aos herdeiros do Conde de Armand, Abel Henri Georges, antigo embaixador em Portugal; 8 de Novembro - autorização para a expropriação de terrenos, depois de negociações estabelecidas entre as partes interessadas, e de se julgarem improcedentes as reclamações apresentadas pelos donos do dito terreno e não provados os embargos; 1934 / 1935 - troca de ofícios para a expropriarão de terrenos para a construção da bateria, com o valor dos terrenos estimado em 500 000$00; 1936, 5 de Maio - ordenada a expropriação, o que será revogado pelo Tribunal da Relação em 26 de Outubro de 1939; 1939 - notifica-se a existência de obras de construção; 1938 - orçamento para a construção da Central Eléctrica pela CMS; 1940 - construções: abrigo para o oficial de linha das peças, sanitários com 3 cabinas, cabina para o posto de controlo, e colocação de rede de protecção das janelas; 28 de Agosto - Auto de Entrega (nos termos dos artigos 131 c/32 do Regulamento das Inspecções de Engenharia de 1897) da bateria e um Posto de Comando (situado numa parcela de terreno denominada Moinho da Desgraça) ao Regimento de Artilharia de Costa (RAC), composto por terra de semeadura com c. 26 143 000 m2, destacada, por expropriação de utilidade pública, da Quinta da Comenda, propriedade do Conde Armand; 1956 - 1962 - encontra-se em mau estado de conservação, particularmente no que diz respeito à iluminação, à canalização, com os gostos a fazerem-se para o rio; estando já desactivada, tem 2 praças em diligência de guarda e conservação das instalações; 1993, 2 de Fevereiro - estando operacional, notifica-se que esta bateria é, juntamente com a do Outão, indispensável para a defesa do Porto de Setúbal, pois, pelo posicionamento, bater o espaço morto daquela Bateria; é, pois, desaconselhável a sua alienação enquanto não houver Sistema de Armas alternativo para defesa do Porto de Setúbal; 1995, 15 de Fevereiro - continua operacional e com uma guarda permanente de 1 cabo e 2 soldados, da Bateria do Outão; 28 de Abril - não se encontra disponível para alienação de acordo com as notas nº 1450 de 27 de Junho de 1993 da 3ª repartição /EMG e nº 7172, de 29 de Julho de 1993 do gabinete do CEME; Dezembro - início da utilização de 2 m2 do terreno, para Posto de Avaliação e Gestão da Qualidade do Ar, sendo a SECIL a entidade utilizadora, por Protocolo estabelecido entre o Exército e a SECIL, elaborado pelo ex-RAC; 1997, 7 de Abril - Despacho do General Chefe do Estado-Maior do Exército aprova a extinção do RAC, iniciando-se a extinção de todas as baterias, excepto a do Outão e a da Fonte da Telha; 9 de Maio - existência na bateria de 3 peças, e geradores; data indeterminada - colocação de um Farolim de sinalização de entrada da Barra do Porto de Setúbal, sendo a Capitania do Porto de Setúbal a entidade utilizadora; 1998, 30 de Dezembro - directiva do Governo Militar de Lisboa, estabelecendo as fases de desactivação das baterias; 1999, 9 de Junho - Auto de Mudança de Utente por despacho do General Governador Militar de Lisboa, para entrega do PM 37, Setúbal e Posto de Comando ao Batalhão de Informações e Segurança Militar (BISM*1); encontra-se degradado em parte das suas instalações; 30 de Junho - extinção formal do RAC, com desmantelamento e inactivação dos sistemas de armas das baterias; Extinta a Servidão Militar por Diploma, Decreto nº 46598 da Presidência do Conselho e Ministério do Exército, Ordem do Exército nº 10, 1ª Série; 2001; 18 de Julho - Resolução de Desafectação do domínio público, para futura alienação do imóvel, mantendo-se afecto ao Ministério da Defesa Nacional, enquanto não for alienado; 21 de Julho - desafectação do domínio público militar do PM 37, Setúbal, Bateria de Albarquel, da Presidência do Conselho de Ministros, Resolução 77/2001 (2ª Série), DR 2ª Série nº 165, 18 de Julho de 2001, p. 11923, para futura alienação do imóvel, considerado excedentário, mantendo-se afecto ao Ministério da Defesa Nacional; 2002, Novembro - notifica-se a disponibilização do prédio para alienação; 2003, 2 de Abril - visita feita para identificação da linha de separação entre os 2 prédios militares, PM 6 - Setúbal, Forte de Albarquel e PM 37 - Setúbal, Bateria de Albarquel, para o que foi levantada planta com os respectivos limites; 2004 - encontra-se abandonado e devassado; recebe obras para protecção: escavações para fundações de betão, entaipam-se os vãos exteriores com alvenaria de tijolo, ergue-se cerca de rede com suporte de serralharia; 2005, Junho - estudo do material existente com interesse para o futuro Museu de Artilharia de Costa. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes, estrutura autoportante |
Materiais
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Betonilha, com reboco canelado; corredores: alvenaria hidráulica; paióis - paramentos interiores (casa de expedição, galeria, casa de recepção, casas de abrigo): reboco hidráulico de 0,01 m de espessura; extradorso das coberturas (casa de expedição e galeria, casa de recepção, casernas e abrigos): reboco hidráulico de 0,02 m de espessura; casa da central - exterior caiado de branco, interior com forro de azulejos; portões: ferro; tarimbas - cantoneira e ferro; canalização em manilhas de cimento armado com 0,20 m de diâmetro; galeria - cimento armado com betão 350K com brita 0,02. |
Bibliografia
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LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho, Destrito de Setúbal, v. IX, in Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1880; VICTOR, Isabel, GONÇALVES, Luís J., Castelos e Fortalezas da Costa Azul, s. d.; PM 37 - Setúbal, Bateria de Albarquel, Caixas 1, 2, Arquivo da Secção do Património da Repartição de Planeamento e Gestão do Património da Direcção de Defesa - Estrutura / Comando do Logístico do Exército Português. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CISM; Repartição de Planeamento e Gestão do Património da Direcção de Defesa - Estrutura / Comando do Logístico do Exército Português: Arquivo da Secção do Património |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CISM; Repartição de Planeamento e Gestão do Património da Direcção de Defesa - Estrutura / Comando do Logístico do Exército Português: Arquivo da Secção do Património |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; CISM; Repartição de Planeamento e Gestão do Património da Direcção de Defesa - Estrutura / Comando do Logístico do Exército Português, Arquivo da Secção do Património: PM 37 - Setúbal, Bateria de Albarquel, Caixas 1, 2; Conservatória do Registo Predial de Setúbal, Serviço de Finanças de Setúbal: Inscrição Matricial na Freguesia de Nossa Senhora da Anunciada, na 1ª, secção H, artº 5º, sob o nº 1221/930329. |
Intervenção Realizada
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CMS: 1938 - construção da Central Eléctrica; MDN: 1950 - obras de construção civil, de reparações, melhoramentos e de modificação. |
Observações
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*1 Desde Julho de 2006 passa a Centro de Informações e Segurança Militar (CISM). |
Autor e Data
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Albertina Belo 2006 |
Actualização
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