Estação Ferroviária de Caminha
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Portugal, Viana do Castelo, Caminha, União das freguesias de Caminha (Matriz) e Vilarelho |
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Arquitectura civil de equipamento, novecentista. Estação ferroviária intermédia, composta por vias férreas e algumas construções de apoio técnico, como instalações sanitárias. O edifício de passageiros disposto à esquerda, apresenta planta rectangular, composto por três corpos, regularmente dispostos, o central de dois pisos e os laterais de um. Fachadas rebocadas e pintadas e com silhar de azulejos, com painéis monocromos azuis sobre fundo branco com representação de paisagens ou fainas típicas da região envolvidos por molduras policromas, terminando em friso, cornija e platibanda plena de cantaria; são rasgadas regularmente por janelas de peitoril de verga abatida ou portas em arco de volta perfeita, possuindo na fachada virada ao cais de embarque pala metálica apoiada em falsas mísulas metálicas fixas à fachada. No piso térreo dispõe-se ao centro zona de expedição de bilhetes, com alto silhar de azulejos de padrão policromo, e no segundo piso a antiga residência do chefe da estação. Corpo das instalações sanitárias paralela às vias, com corpo rectangular e portas de acesso viradas à mesma, protegidas por anteparo. |
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Número IPA Antigo: PT011602070124 |
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Registo visualizado 2818 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Transportes Apeadeiro / Estação Estação ferroviária
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Descrição
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A estação inclui o edifício de passageiros, área de vias férreas e algumas construções de apoio técnico, como as instalações sanitárias. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS disposto no lado esquerdo, de planta rectangular composta por três corpos, dispostos paralela e regularmente à linha, o central sensivelmente mais avançado e de dois pisos e os laterais de apenas um. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no corpo central e de dois nos laterais, tendo no corpo central chaminé elevada. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento de cantaria, cunhais apilastrados e remates em friso, cornija e platibanda plena de cantaria, encobrindo o início dos telhados. As fachadas são rasgadas regularmente por vãos em arco de volta perfeita ou abatida, no segundo piso, com chave saliente e molduras com ângulos inferiores recortados no segundo piso. Ao longo do primeiro piso, surgem no intervalo dos vãos painéis de azulejos de composição figurativa, alusivos às paisagens ou fainas agrícolas da região, monocromos sobre fundo branco, envolvidos por molduras ovais policromas, com flores, festão de flores e laçarias. Fachada principal virada à vila, rasgada no primeiro piso por três portas, e, no segundo, igual número de janelas de peitoril e nos corpos laterais por uma janela de peitoril, bastante alta, com caixilharia de duas folhas e bandeira. Fachadas laterais simétricas, rasgadas apenas com uma janela jacente, de verga abatida e moldurada, sobre registo de azulejos com friso azul envolvendo a inscrição CAMINHA, possuindo ainda três registos em cerâmica alusivos ao Concurso das Estações Floridas. Fachada posterior virada à linha férrea, rasgada no corpo central por três portas e nos laterais por uma, com chave saliente, sendo a do meio encimada por registo de azulejos, igualmente com friso azul envolvendo a inscrição CAMINHA, e, no segundo piso do corpo central, três janelas iguais às da fachada principal; ao longo de todo o piso corre pala metálica avançada, levemente inclinada, assente em seis amplas mísulas de ferro, decoradas com círculos e flor no ângulo; ladeiam as duas portas dos topos do corpo central, registo de azulejo monocromo branco, terminado em empena. INTERIOR com paramentos rebocados e pintados de branco, os dos principais espaços percorridos embasamento de cantaria e silhar de azulejos, de padrão fitomórfico, azuis, verdes e amarelos, interceptado por amplos painéis monocromos brancos com frisos azuis para afixação de informação vária, e possuindo pavimentos cerâmicos. No primeiro piso, distribuem-se ao centro amplo vestíbulo com sala de espera e bilheteiras, comunicando para gabinetes laterais por portas de volta perfeita, de madeira com bandeira envidraçado, e tecto plano. No segundo piso fica uma habitação com dois quartos, casa de jantar e cozinha. Junto à fachada lateral esquerda, dispõe-se o corpo das instalações sanitárias, de planta rectangular, corpo único e cobertura em telhado de duas águas. Apresenta as fachadas rebocadas e pintadas de branco, com silhar de azulejos policromos de padrão fitomórfico, e, superiormente, em estrutura de madeira, de ripinhas, terminadas em beirado muito avançado; na fachada virada à linha, surge em frente das portas parede com silhar de azulejos iguais encimado pela inscrição em azulejos: SENHORAS, à esquerda, e HOMENS, à direita. As duas plataformas de embarque, têm pavimento em cimento e silhares de cantaria, delimitando as linhas férreas, surgindo na segunda, do lado oposto ao edifício de passageiros, pequeno resguardo para espera dos comboios, de planta rectangular, cobertura plana e fachadas em alvenaria rebocada integrando grelhas de alvenaria, envidraçadas. |
Acessos
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Calçada da Boa Hora |
Protecção
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Incluído na Zona de Protecção do Centro Histórico de Caminha |
Enquadramento
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Urbano, isolado, na limite exterior da vila, possuindo via de acesso até à fachada principal, à frente da qual se forma largo, pavimentado a paralelos e com placa ajardinada central, e com plataforma posterior, delimitada por muro de alvenaria rebocada e pintada, junto a zona de declive. Às fachadas laterais afixa-se gradeamento metálico, correndo paralelamente sebe, vedando o espaço da estação e, ao ângulo posterior, fixa-se guarda em cimento, criando espaço intermédio ajardinado. Estes jardins organizam-se com pequenos canteiros recortados com um central circular; junto à fachada lateral esquerda existe pequeno chafariz de ferro, com torneira. Ladeiam os portais do topo do corpo central, dois bancos de estrutura metálica e pelas duas plataformas de embarque dispõem-se vários caixotes de lixo, igualmente metálicos. |
Descrição Complementar
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Os painéis de azulejos que revestem as fachadas exteriores possuem composições figurativas com a seguinte representação: fachada principal (da esquerda para a direita): praia de Moledo, Torre de Lapela, capela, pescadores lançando as redes, Alminha à beira do caminho, ponte, mulheres recolhendo os limos, casal de pescadores; na fachada lateral direita (da esquerda para a direita): pescadores no rio, junta de bois transportando toro de madeira, Casa de Lanheses; fachada lateral esquerda (da esquerda para a direita): vista da ponte ferroviária de Caminha, Anta da Barrosa, capela; fachada posterior (da esquerda para a direita): vários barcos de pescadores no rio, Pelourinho de Arcos de Valdevez, Igreja Matriz de Caminha, arrumando medas nos espigueiros, casario junto ao rio, Torre do relógio e edifício da Câmara, junta de bois transportando feno, vista da praça desde a arcada do edifício da Câmara. |
Utilização Inicial
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Transportes: estação ferroviária |
Utilização Actual
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Transportes: estação ferroviária |
Propriedade
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Pública: Estatal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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PINTOR DE AZULEJOS: Gilberto Renda. PINTURA DE AZULEJO: Fábrica de Sant'Anna (Lisboa). |
Cronologia
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1857 - o conde de Réus propõe a construção de uma linha que ligasse a cidade do Porto a Vigo; 1864 - o governo apresentou à Câmara dos Deputados uma proposta de lei para a sua concretização; 1867, 2 Julho - Carta de Lei de D. Luís informando que as Cortes Gerais decretaram que o Governo estava autorizado a construir e explorar por conta do Estado duas linhas férreas, a partir da cidade do Porto, uma para Braga e Viana do Castelo até à fronteira da Galiza e outra pelo Vale do Sousa e proximidades de Penafiel até ao Pinhão; entre as várias condições técnicas estipuladas para a construção das linhas, a do Douro deveria ser de uma só via e com a largura de 1,67 m. e com o peso de carris de 25 Kg; estipulou-se que as estações deveriam ser de grande simplicidade, construindo-se apenas o que era indispensável para resguardar as pessoas e mercadorias; o Governo foi autorizado a despender até 30.000$000 rs / km na construção das duas linhas, onde ficava incluído as expropriações, material fixo e circulante, oficinas, estações, obras acessórias e dependências; 1872, 14 Junho - Decreto mandando proceder à construção do Caminho de ferro do Porto à Galiza por Braga e Viana do Castelo, Linha do Minho, e os estudos do Vale de Sousa por Penafiel até ao Pinhão, Linha do Douro, por conta do Estado, as quais decorreram demoradamente; 1873, 31 Maio - Decreto aprovando a emissão de obrigações para construção do Caminho de Ferro do Minho e Douro na importância de 2.034.000$000 rs; 1878, 14 Fevereiro - Portaria do Ministro Lourenço de Carvalho, que, por não se ter seguido os regulamentos existentes para as estradas ordinárias, encarrega João Crisóstomo de Abreu e Sousa, de inspeccionar os caminhos de ferro do Minho e Douro e Sul e Sueste; séc. 19, final - construção da estação e da linha férrea; 1926 - a estação expedia em média anual 240 toneladas em g.v. e 1:800 em p.v., especialmente peixe (salmão, sável e lampreia), farinhas e madeira, principalmente para Viana, Barcelos, Monção e Valença, e recebia 280 toneladas em g.v. e 3:000 em p.v. principalmente toros, materiais de construção e géneros de praça, da C.P., Porto, Barcelos, Viana, etc; por ela circulava, em média anual, 36.000 passageiros, sobretudo para as estações próximas de Porto, Barcelos, Viana e C.P; 1928 - Relatório sobre as Linhas do Minho & Douro e Sul & Sueste; 1930 / 1940, década - programa de valorização das estações ferroviárias, na sequência da qual se deve ter colocado o silhar de azulejos na estação de Caminha, com painéis pintados por Gilberto Renda e executado na Fábrica de Sant'Anna, em Lisboa; 1945 - ganhou o 2º prémio no Concurso das Estações Floridas; 10 Março - o MOPC autoriza a redução do horário dos comboios durante dois meses nas Linhas do Minho, Douro e Sul a partir de 17 de Março, devido à escassez de combustível; 1947 - ganhou o 3º prémio no Concurso das Estações Floridas; 1948 - ganhou o 1º prémio no Concurso das Estações Floridas; 1950 - ganhou o 3º prémio no Concurso das Estações Floridas; 1953 - ganhou o 2º prémio no Concurso das Estações Floridas; 1958 - ganhou o 1º prémio no Concurso das Estações Floridas. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; silhares de azulejos; molduras dos vãos, pilastras, frisos, cornijas e platibanda em cantaria de granito; portas, caixilharias e outras estruturas de madeira; pala metálica; janelas e portas com vidros simples; pavimento cerâmico; cobertura exterior em telha. |
Bibliografia
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Monografia das Estações e esboço Corográfico da Zona atravessada pelos caminhos de Ferro do Minho e Douro, Lisboa, 1926; Relatório e Programa dos Trabalhos a Executar nas linhas do Minho & Douro e Sul & Sueste para as colocar em boas condições de exploração, Lisboa, 1930; Relação das estações, apeadeiros e paragens das linhas férreas portuguesas, Lisboa, 1957; CALADO, Rafael Salinas, ALMEIDA, Pedro Vieira de, Aspectos Azulejares na arquitectura Ferroviária portuguesa, Lisboa, 2001. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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C.P.: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico |
Intervenção Realizada
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Observações
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A linha do Minho, de Campanhã a Monção, tinha 146,4 Km de extensão, com vinte e nove estações e vinte e dois apeadeiros. |
Autor e Data
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Paula Noé 2007 |
Actualização
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