Castelo e cerca urbana de Castelo Branco
| IPA.00002495 |
Portugal, Castelo Branco, Castelo Branco, Castelo Branco |
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Fortificação terrestre da época medieval, composta por castelo e cerca urbana, construídos no séc. 13 e 14, respetivamente, pela Ordem do Templo, articulando-se com outros castelos da Beira, tendo sido reformada no séc. 15 e 16, e passado à Casa do Infantado no séc. 17. A confirmação da doação do território, em 1215, pelo papa Inocêncio III, refere que os Templários haviam construído a vila e fortaleza de Castelo Branco, mas, se nesta data, já existia uma fortificação, essa deveria ser anterior ou bastante elementar e construída sobre estruturas mais antigas, pois a doação ocorrera apenas um ano antes e no local já habitava uma comunidade. Seja como for, em 1230, o castelo estava edificado, dado haver referência à alcáçova. Os autores também não são concordantes quanto à construção da cerca urbana, visto uns acharem que foi mandada construir por D. Dinis e outros por D. Afonso VI, em 1343, conjuntamente com a cerca de Nisa. Esta hipótese parece mais provável, visto o mestre da Ordem considerar de grande benefício que as duas vilas se cercassem, o que revela que, até essa data, tal ainda não havia sido feito. Dessa data deve ser também a torre de menagem poligonal, do séc. 15 a construção da barbacã e dos balcões da cerca, tendo ainda decorrido obras no séc. 16. Vários episódios militares, como as Guerras da Restauração (1640-1668), a invasão hispano-francesa (1704), a utilização do castelo como quartel das tropas na cidade (a partir de 1799) e, por último, as invasões francesas causaram bastantes danos na fortificação e conduziram à sua ruína, a qual seria acentuada com a utilização dos seus materiais pela população, por vezes promovida pela edilidade, que também manda derrubar várias troços de muralha e portas e terraplanar o recinto do castelo para construção de uma escola. Hoje subsistem apenas algumas estruturas do castelo e da cerca urbana, mas que as descrições dos Tombos do castelo e os desenhos de Duarte de Armas retratam no início do séc. 16. Assim, o castelo, implantado num sítio privilegiado e dominante, tinha planta poligonal, com paramentos ameados, as muralhas com adarve acedido por escadas na espessura dos muros, e sete torres, desenvolvidas para o exterior, de um ou dois pisos, integrando no circuito a de menagem, de planta poligonal, acedida por um passadiço ameado a partir da muralha, e possuindo duas portas, rasgadas em torres, a principal virada à vila e a da traição confrontante, a poente. No interior do recinto erguia-se a igreja e, no ângulo nordeste, apoiado na muralha, o paço dos comendadores, de provável feitura quinhentista, com pátio, de que conserva pano com o portal de acesso, biselado, onde existia a cisterna, estrebaria, e o paço, com várias dependências, a frontal com loggia sobre arcada, e um aljube. Do castelo subsiste apenas parte das frentes norte e nascente, com panos de muralha já sem o remate nem adarve, mas com um caminho de circulação protegido por guarda plena, a torre norte, com várias seteiras, e a do ângulo a nascente, que integrava o paço. Esta é rasgada por janelas conversadeiras em revivalismo neomanuelino, procurando reproduzir as desenhadas por Duarte de Armas. O castelo é o único da Ordem do Templo em Portugal a integrar no interior do recinto a igreja. A cerca urbana desenvolvia-se para nascente, com as muralhas e as torres ameadas, alguns balcões, seis portas, flanqueadas por torres, e três postigos, de feitura posterior, correspondentes aos arruamentos atuais, conservando visíveis vários troços de muralha, igualmente de paramentos aprumados, sem remate nem adarve, e três torres. A dos sinos foi adaptada no séc. 19 a torre do relógio, sendo a atual zona superior, com o carrilhão, de perfil circular e ventanas em arco apontado, executada no séc. 20. A cerca era envolvida por barbacã completa, mas essa, a existir, encontra-se absorvida pela malha urbana. A denominação Castelo Branco atribuída à antiga povoação de Vila Franca da Cardosa, inspira-se na de Chastel Blanc que os Templários detinham no Próximo Oriente (Síria) e onde, em 1171, ergueram um castelo, existindo, segundo Nuno Villamariz, algumas semelhanças entre as duas fortificações. O castelo tinha contacto visual com os de Penamacor, Monsanto, Penha Garcia e Nisa, também da Ordem do Templo, e o de Castelo de Vide. |
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Número IPA Antigo: PT020502050035 |
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Registo visualizado 6139 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo e cerca urbana
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Descrição
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Fortificação composta por vestígios do castelo e da cerca urbana. Do CASTELO subsiste dois troços de muralha, um virado a nordeste e outro a sudeste, integrando uma torre sensivelmente a norte, de planta quadrada, e outra no ângulo nascente, a qual fazia parte do antigo paço dos comendadores. As estruturas apresentam paramentos aprumados, em alvenaria ou cantaria de granito, sem remate, mas com guarda plena, sendo na face interna percorrida por falso adarve, acedido por escadas de pedra desenvolvidas na espessura da muralha. A torre disposta a norte, sem cobertura, é acedida pelo adarve, através de vão em arco abatido, sendo rasgada por seteira na face norte e duas a poente. A torre que pertencia ao paço dos comendadores tem planta retangular, com paramentos aprumados, terminados em parapeito ameado e sem cobertura. A face virada a poente está praticamente destruída, não tendo a zona central. A face norte é rasgada, no segundo piso, por janela de varandim, com moldura de verga reta decorada superiormente por arco em carena, tendo guarda em cantaria; a face sul é cega. A nascente é rasgada por duas amplas janelas conversadeiras sobrepostas, sendo a do piso inferior semelhante à anterior, e a do piso superior cruzetada, formando quatro lumes, definidos por colunelos, assentes em mísulas, sustentando arcos, encimados por moldura em arco canopial, possuindo guarda de cantaria percorrida por cornija. Interiormente possui dois pisos, existindo estrutura metálica ao nível do antigo pavimento do piso superior e a fazer ligação ao falso adarve. Entre a cabeceira da igreja e a muralha sudeste, existe pano de muralha, em alvenaria de pedra, com portal em arco de volta perfeita, biselado, de aduelas largas sobre impostas, o qual dava acesso ao recinto do antigo pátio da cisterna, de cota mais elevada. A CERCA URBANA, de planta poligonal, desenvolve-se a partir dos ângulos norte e sul do castelo, conservando vários troços de muralhas aparentes, integrando, a sudeste dois cubelos e tendo uma torre, a do Relógio, a nascente. As estruturas apresentam paramentos aprumados, em cantaria ou alvenaria de granito aparente, por vezes com aparelho bastante irregular, devido às várias vicissitudes ou denotando antigos vãos, entretanto fechados, e não possuindo remate nem adarve, na face interna. Um dos troços mais significativos, desenvolve-se na frente nascente, ao longo da Rua Vaz Preto, conservando um dos cubelos que flanqueava a porta do Espírito Santo, com vestígios de um vão, em arco abatido, entaipado. Em direção norte, abrem-se duas portas de verga reta de acesso a habitações, construídas na face interna da muralha, e um amplo vão, em arco abatido, sobre os pés direitos, atualmente entaipado, junto ao qual se dispõe o outro cubelo, quadrangular, desenvolvido sobre afloramentos rochosos. Nas imediações, a muralha é interrompida pela abertura da Rua Mouzinho Magro, desenvolvendo-se a partir daí oculta pelas habitações, até à Rua do Relógio, a nascente, onde se ergue, recuada a denominada torre do relógio. Esta tem planta quadrangular, constituindo um volume simples, com estrutura em cantaria de granito aparente e alvenaria rebocada, rematada por cornija e com cobertura em coruchéu cónico, rebocado e pintado de branco, sobrepujado por grimpa metálica. A fachada virada a nascente é rasgada por pequena fresta de volta perfeita e moldura saliente, encimada por orifício circular, surgindo o mesmo tipo de vãos na fachada norte. As demais fachadas apenas ostentam orifício circular. Sobre a cornija do remate da torre, ergue-se uma torre em alvenaria de granito, rebocada e pintada de branco, rasgada por oito ventanas em arco apontado, assentes em impostas salientes, que se prolongam em friso, unindo todos os vãos; estes têm molduras de cantaria de granito, apresentando as juntas pintadas de branco, e, albergando sinos em bronze. A estrutura remata em friso, cornija e beiral, que se alteiam e curvam sobre os ângulos da torre, dando lugar ao aparecimento de quatro relógios circulares. Mais ainda a norte, existe um troço de muralha na Rua Postiguinho de Valadares e um outro na Rua das Olarias, onde a muralha inicia a sua inflexão para se interligar ao castelo. |
Acessos
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Castelo Branco, Rua de Acesso ao Castelo dos Templários; Rua da Colina do Castelo; Rua do Mercado; Largo F. Sanches; Rua do Relógio; Travessa do Relógio. WGS84 (graus décimais) lat.: 39,825456, long.: -7,496133 (castelo) e WGS84 (graus décimais) lat.: 39,825406, long.: -7,492539 (torre do relógio) |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, isolado ou adossado. O castelo implanta-se numa colina bastante elevada e sobranceira à cidade, constituindo um esporão rochoso com cerca de 470 m. de altitude, no Cerro da Cardoza. Do castelo tem-se amplo domínio sobre a cidade, para a Serra de Monforte, a sudeste, para as serras da Gardunha e da Estrela, a norte, para a fronteira, a nascente, e para Idanha-a-Nova, a nordeste. A cerca urbana desenvolve-se a partir dos ângulos exteriores da frente norte e da frente sul, pela encosta, numa cota inferior, delimitando parte do centro histórico, com troços absorvidos ou integrados nas habitações, e outros aparentes ou apenas percetíveis na malha urbana. Na frente nascente da cerca, ergue-se a denominada Torre do Relógio, disposta de gaveto, entre a Rua e a Travessa do Relógio, adossada a casas de habitação e virada para as vias públicas, pavimentadas a cubos de granito. A torre encontra-se bastante elevada relativamente à via pública, em plano recuado, assente em estrutura que forma uma casa de habitação plurifamiliar e que se terá encostado à primitiva muralha, com acesso pela fachada posterior da mesma, através de escadas de cantaria de granito, com guardas tubulares, em ferro; estas ligam a porta de verga reta, protegida por uma folha de metal pintada de verde, com a inscrição "TORRE / DO / RELÓGIO". No recinto do antigo castelo ergue-se a a Igreja de Santa Maria do Castelo (v. IPA.00000848), e a Escola Conde de Ferreira de Castelo Branco (v. IPA.00014172). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Militar: castelo e cerca urbana |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural / Comunicações: torre do relógio |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 13 / 14 / 15 / 16 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETOS: Eurico Salles Viana (1941), Mateus Fernandes (1508). EMPREITEIROS: José Neves (1977), Manuel Figueira (1933). FIRMA: Cruz, Cardoso e C.ª, Lda. (1982). INDETERMINADO: Francisco José Dias (1855). PEDREIRO: José Farias (1903-1904). |
Cronologia
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1165, 30 novembro - após a conquista do território aos mouros, D. Afonso Henriques doa à Ordem do Templo a terra de Idanha e Monsanto, limitada pelos rios Elga, Tejo e Zêzere, com a condição da milícia servir ao monarca e ao seu filho; 1182, 12 março - Fernão Sanches doa à Ordem do Templo metade da vila da Cardosa, antiga denominação de Castelo Branco, e seus termos, com todas as suas igrejas, direitos e pertenças, sendo a outra metade pertença da Ordem após a sua morte; 1186, setembro - D. Sancho I concede foral à Covilhã, destacando-se do seu termo a propriedade régia conhecida como Herdade da Cardosa; 1198 - rei renova a doação de Idanha-a-Velha à Ordem do Templo; outono - data da morte de D. Lopo Fernandes, o mestre da Ordem, no cerco de Ciudad Real, constituindo essa talvez uma das razões pela qual os Templários ainda não haviam tomado posse do território de Idanha; 1211, 12 março - Fernando Sanches doa à Ordem do Templo a metade da herdade de Vila Franca da Cardosa e seus termos com todas as igrejas e direitos; 1213, outubro - Pedro Alvites, mestre da Ordem do Templo, querendo restaurar e povoar Castelo Branco, concede o foro e costumes de Elvas; 1214 - a Coroa já adquirira a propriedade e povoação da Cardosa que Sanches reservara para si enquanto fosse vivo; 01 de novembro - D. Afonso II doa à Ordem do Templo e seu mestre, D. Pedro Alvites, a terra da Cardosa, na condição da Ordem lhe dar a colheita que ele quisesse quando viesse à dita terra; em data incerta, D. Afonso II dá-lhe foral, segundo o modelo de Ávila / Évora, e impõe o novo nome de Castelo Branco, para que a posse não lhes pudesse ser contestada; 1215 - papa Inocêncio III, pela bula Justos petentium desideris, confirma a doação de Castelo Branco por D. Afonso II à Ordem do Templo, dizendo que "os Templários tinham construído, e fundado na fronteira dos mouros huma villa, e Fortalesa, que vulgarmente chamavão Castello Branco, chamando-se este sítio antes a Cardosa"; 1217, 10 fevereiro - o papa Honório III toma sob a sua proteção os castelos fundados pela Ordem no Ródão e em Castelo Branco, as igrejas e os demais bens, com a obrigação do censo anual de uma onça de ouro; 1229 - D. Sancho I (que em 1214 havia consentido como Infante na doação feita por seu pai aos Templários da Cardosa que fora de Fernando Sanches), faz nova doação de Castelo Branco à Ordem do Templo, sendo então a vila "uma grande e importante povoação"; D. Simão Mendes, mestre da Ordem, manda edificar no castelo um paço destinado aos comendadores; 1230, fevereiro - escritura de acordo entre o concelho da Covilhã e o de Castelo Branco para por termo às desavenças que tinham frequentemente, nomeando como árbitro o bispo de Viseu, o alcaide-mor de Santarém, o chantre da Sé da Guarda e o alcaide de Covilhã; os documentos deste processo permitem perceber que o castelo já está edificado, visto referir a alcáçova de Castelo Branco; a primitiva muralha tem quatro portas: a de Pelame, Santiago, Traição e Ouro; 1231, 10 dezembro - instituição da comenda de Castelo Branco da Ordem do Templo; 1285 - visitando Castelo Branco D. Dinis com D. Isabel, acham-na apertada pelas muralhas, ordenando o rei que, à custa das contas reais, se fizesse nova muralha, alargando o seu perímetro; 1307, 12 agosto - o papa Clemente V, pela bula "Regnans in ecclesis triumphans", dirigida a D. Dinis, convida o rei a acompanhar os prelados de Portugal ao Concílio de Viena, onde se procuraria determinar o que fazer da Ordem do Templo e dos seus bens, por causa dos erros e excessos que os seus cavaleiros e comendadores haviam cometido; pouco depois, pelas letras "Deus ultiorum dominus", dirigidas ao arcebispo de Braga e bispo do Porto, nomeia-os como administradores dos bens templários em Portugal; D. Dinis empreende uma série de medidas, internas e externas, para evitar que os bens dos Templários em Portugal integrassem o património da Ordem do Hospital; assim, ordena que seja tirada inquirição sobre o património da Ordem; Castelo Branco volta a integrar o património da Coroa; 1312, 22 março - extinção da Ordem do Tempo, pela bula "Vox clamantis"; 02 maio - bula "Ad Provirem" concede aos soberanos a posse interina dos bens da Ordem do Templo, até o conselho decidir o que fazer com eles; 1319, 14 março - bula "Ad ea ex quibus" de João XXII institui a Ordem de Cavalaria de Jesus Cristo, ou a Ordem de Cristo, para quem passam todos os bens e pertenças da Ordem do Templo: "outorgamos e doamos e ajuntamos e encorporamos e anexamos para todo o sempre, à dita Ordem de Jesus Cristo (...), Castelo Branco, Longroiva, Tomar, Almourol e todos os outros castelos, fortalezas e todos os outros bens, móveis e de raiz"; 20 novembro - documento do primeiro mestre da Ordem de Cristo, Frei Gil Martins regista as doações feitas por D. Dinis; 1321, 11 junho - divisão em 38 comendas da Ordem de Cristo dos antigos bens pertencentes aos Templários, uma das quais é Castelo Branco, com residência de um comendador, que tinha sob as suas ordens imediatas os comendadores de Castelo Novo, Idanha-a-Nova, Idanha-a-Velha, Proença-a-Velha, Rosmaninhal. Salvaterra, Segura, Vila de Rei e Vila Velha de Ródão, bem como Alpalhão, Arés, Montalvão e Nisa do Alentejo; 1343, janeiro - por ordem de D. Afonso IV, o mestre da Ordem de Cristo, D. Frei Estêvão, considera grande benefício que as vilas de Castelo Branco e de Nisa se cercassem, sendo as obras pagas com fundos da sisa sobre o cereal, vinho, carne, sobejos dos hospitais e gafarias e sobras dos Resíduos dos Testamentos, até ao montante de 600 libras; a cerca urbana passa então a ter sete portas: a de Santiago, Traição, Ouro, Esteval, Santarém, Espírito Santo e da Vila; é provável que por esta altura se tenha também construído uma nova torre de menagem, de planta poligonal, adossada à muralha; 1357, 01 outubro - primeira referência a um alcaide-mor no castelo, aquando da sua mercê a Martim Lourenço de Figueiredo; 1408 - o paço do castelo é descrito como tendo três câmaras, uma torre e duas cavalariças, tendo, junto ao mesmo, uma cozinha, uma vacaria, um celeiro e uma casa para guardar a prata; séc. 15 - provável construção da barbacã; 1408 - referência a caminho para a Porta da Vila, bem como à existência de uns grandes paços com suas "Câmaras e com hua torre junta com as três Câmaras pintadas e com duas cavalariças. E de fora destes paaços, juntas com eles, hua cozinha e hua yacharia e hua casa onde pousa a prata e huceleiro novo e duas lojas su o dicto celeiro com suas portas novas e antigas"; 1422 - no Rol dos Besteiros, refere-se a existência de 6390 habitantes em Castelo Branco; 1496 - segundo a Inquirição, existem 839 habitantes na vila; 1505, 25 novembro - visitação e elaboração do Tombo dos bens da contenda de Castelo Branco, da Ordem de Cristo, onde se faz a descrição o paço dos comendadores e do castelo *1; 1508 - D. Manuel manda Mateus Fernandes deslocar-se a Castelo Branco e Castelo Rodrigo para proceder à avaliação das obras necessárias e ao respetivo orçamento; 1509, cerca - representação da fortificação e da vila por Duarte de Armas *2; em data posterior, para maior comodidade da população, abrem-se na muralha mais portas: o Postiguinho de Valadares, Postigo e Porta do Relógio; 1509 - referência a oito portas, a do Ouro e a da Traição (castelo), a do Espírito Santo, Relógio, Vila, Esteval, Santiago e Santarém (cerca); instituição de couto de homiziados; 1510, 01 junho - D. Manuel concede foral novo a Castelo Branco; 20 novembro - Álvaro Cardoso é nomeado recebedor do dinheiro das obras do castelo; 1527 - no Numeramento, refere-se a existência de 1417 habitantes; 1535 - D. João III dá à vila o título de Notável; 1640 - 1668 - durante a Guerra da Restauração a vila e suas fortificações sofrem bastantes danos; 1644, 11 agosto - alvará de D. João IV criando a Casa do Infantado para ser usufruída pelo filho segundo dos reis de Portugal, onde é integrado a comenda de Castelo Branco; 1646 - procuradores da vila declaram nas Cortes que Castelo Branco havia perdido durante a guerra 800 homens, fora os soldados que dera para o exército, bem como 6800 cabeças de gado; os procuradores pedem ao rei que remediasse o problema dos aventureiros que vinham à vila alistar-se para o exército, que estava na fronteira, mas que, depois de receberam o soldo de dois meses adiantado (3$000) desertavam, lembrando a conveniência de se exigir um fiador aos que estavam na praça; colocação de lápide no baluarte da porta da vila com inscrição alusiva ao pedido de proteção à Imaculada Conceição; 1648 - a vila e castelo são tomados pelos espanhóis que, achando as fortificações guarnecidas apenas com as milícias locais, facilmente o tomam; séc. 17, meados - os últimos comendadores a habitar o palácio são D. Fernando e D. António de Meneses; 1704, 24 janeiro - fecham-se as portas da vila; 22 maio - invasão hispano-francesa provoca muitos danos na fortificação, tendo destruído um importante troço de muralha; 23 maio - rendição das tropas portuguesas; o exército inimigo permanece na vila durante 40 dias; 07 julho - abre-se a porta de São Tiago; 1706 - no Tombo da vila de Castelo Branco, refere-se que o palácio tem um portal de acesso em cantaria, tendo, à direita, a estrebaria e, no lado oposto, a cisterna, que se enche com as águas pluviais do telhado da Igreja de Santa Maria; o pátio encontra-se murado, situado entre a cabeceira da igreja e o palácio, sendo construído em cantaria lavrada; na entrada, há um alpendre sobre quatro arcos de cantaria, sobre o qual surge uma varanda forrada de madeira de castanho e com guarda de cantaria; à esquerda, uma escadaria com 28 degraus, tem ao lado a cozinha; tem duas salas com lareiras e janelas conversadeiras; na torre, com três pisos, o sótão, a sala de guarda roupa e outra, no piso inferior, com janela conversadeira; este ligava por passadiço ameado com a torre de menagem; 1707, 07 maio - durante a crise sucessória espanhola, as tropas comandadas pelo Duque de Berwick, marechal de França, invadem Portugal e apoderam-se de Salvaterra do Extremo, Segura, Monsanto, Idanha e Castelo Branco; 1753, outubro - a antiga alcáçova ainda se encontra em ótimo estado de conservação, conforme descrição da mesma *3; 1762 - saque da praça de Castelo Branco, por tropas franco-espanholas, no âmbito da Guerra dos Sete Anos; 1763 - devolução da praça aos portugueses na sequência do Tratado de Paris; 1769, 06 novembro - alvará extingue o cargo de alcaide-mor; 1771, 20 março - alvará de D. José eleva Castelo Branco a cidade e a sede de bispado; 1791 - D. Maria faz unir a comenda de Alcains à do castelo de Castelo Branco para presentear com ela o príncipe do Brasil, sendo ambas da Casa do Infantado; 1799 - na sequência de uma representação da Câmara e do Príncipe Regente, a fim de se obstar aos vexames dos aboletamentos da tropa, D. João concede licença pelo almoxarifado da comenda para que o castelo passe a servir de quartel às tropas que entrassem na cidade; segundo o Tombo desta data, o castelo está em perfeito estado de conservação; séc. 19, 1.º quartel - feitura de uma nova porta para aceder à barbacã norte; 1807 - invasão francesa sob o comando de Junot, em marcha para Lisboa, deixa o castelo bastante arruinado; 1812 - desenho de Cumberland representa a torre do relógio com uma cobertura piramidal; 1818 - no Tombo dos bens do Concelho, é efetuada uma medição das muralhas *4; 1821 - devido à destruição causada pelas tropas napoleónicas, retira-se pela primeira vez pedras do castelo e do paço pelos habitantes para construção das suas habitações; a Câmara manda informar sobre o requerimento que um capitão, secretário das Armas da Província, faz ao rei, para lhe ser concedida licença de tirar pedra da muralha da cidade e edificar com ela umas casas junto da porta do Espírito Santo; a Câmara diz que o deferimento é justo e útil, desde que a pedra não seja tirada das "muralhas ocupadas pelos particulares", e que também acha conveniente que a pedra "se consuma em obras que tenhão por fim augmentar a cidade"; a partir desta data, começa-se a utilizar a pedra nas construções particulares; 1834, 14 agosto - em reunião da Câmara, o vereador José Bernardo Trigueiros do Rego Martel propõe desfazer os "Arcos que se achão nas muralhas desta Cidade, a fim de tornar as ruas, mais arejadas, e mais claras"; o "Postiguinho junto ao Quintal de D. Leonor Margarida" deveria ser logo que possível destruído; 1835 - Câmara solicita ao Governo para se acabar com a obra de destruição, mandando apear os arcos das portas, que até ali haviam sido respeitadas; 18 abril - Vaz da Silva é intimidado a colocar "um lampião por baixo do arco que está a construir ao fundo da Barbacã, semelhante aos de Lisboa, que dê luz suficiente ao dito arco e que o mantenha acesso desde o escurecer até à meia-noite"; contudo, a obra é suspensa até se averiguar "se a cisterna que apareceu no meio da Barbacã, e que está dentro da referida casa, é pública ou não"; além disso, dois vereadores defendem a demolição do arco por o considerarem "prejudicial ao bem público"; 17 julho - portaria do Ministério da Guerra concede licença para se "demolirem todos os arcos que façam parte da antiga fortificação desta cidade", e a se empregar a pedra em obras de manifesta utilidade pública; 21 agosto - demolição do arco da porta do Relógio; com o tempo acentua-se a destruição do palácio do castelo e muralhas, sendo derrubadas as portas da Vila e do Espírito Santo, utilizando-se a pedra desta última na construção da Ponte da Granja; 1837 - extinção das comendas; 1838, 09 março - portaria do Governo ordena a venda de parte da pedra do castelo; 20 março - Portaria para que se vendesse a telha e mais madeira do castelo; 1851, setembro - a Câmara pensa na possibilidade de implantar o cemitério no pátio do demolido paço do castelo; 1852, 15 novembro - grande tempestade durante a noite faz desabar algumas paredes do palácio e um troço de muralha onde se abria a porta da vila; devido à iniciativa do governador civil, Guilhermino de Barros, reconstroem-se alguns troços de muralhas e algumas das estruturas do palácio; 19 novembro - portaria cede o terreno no parque do castelo para fazer um cemitério; 1855 - ruída da antiga casa dos alcaides; 1860 - ainda subsistem duas paredes da torre de menagem; 1862 - destruição da porta do Postiguinho; 1864 - Câmara abandona a ideia de implantar o cemitério no local do castelo, por ser uma zona demasiado rochosa; 1867, outubro - início da construção do edifício da escola Conde Ferreira no pátio do castelo; quando se faz a escola reedifica-se a parte do castelo, virada a nascente e à cidade, mas a estrutura não é coberta; inicia-se também a construção da casa do professor, adossada a uma das torres, com materiais da casa dos alcaides; 1875 - 1876 - início das obras no palácio, para adaptação a casa do professor da escola que se achava anexa, mas que não se concluiriam; 1888 - ao avivarem-se os nomes das ruas da cidade, passam a chamar o Postiguinho de Valadares de Postigo ou Postiguinho; 1890 - das antigas portas subsistem apenas três, tendo a muralha alargado para nascente e sul; 1893, 18 maio - a Câmara ao verificar que os muros da barbacã do Espírito Santo se encontram arruinados e ameaçando perigo, intimida os três proprietários particulares a demoli-los, caso não procedessem às obras necessárias; 1893, 18 maio - a Câmara verifica que os muros da barbacã do Espírito Santo estão arruinados e ameaçam perigo, sendo pertencentes a três particulares, pelo que os obrigou a demoli-los caso não procedessem às obras necessárias; 1897 - Câmara indefere pedidos de materiais das muralhas ou do castelo alegando que "a muralha não é propriedade municipal, mas sim do Ministério da Guerra"; séc. 19 - provável colocação do relógio na antiga torre dos sinos; 1903 - uma fotografia desta data documenta a torre do relógio rasgada por ventanas em arco de volta perfeita e cobertura cónica; 1929 - a Câmara constrói um urinol público na muralha da R. Vaz Preto; 1930 - desabamento da última torre da muralha, então em ruína; 1933 - construção de três reservatórios de água, adjudicados a Manuel Figueira, em terreno adquirido por 6.000$00; 1936, março - uma tempestade provoca a derrocada da última torre do castelo, no ângulo nascente - norte; na sequência, é solicitada à DGEMN um vistoria ao local e inicia-se o projeto de recuperação, como miradouro; despacho do diretor das Finanças do distrito comunica que "por despacho ministerial fora autorizada a cedência a esta Câmara do prédio conhecido pela designação do antigo castelo dos templários desta cidade, para ser adaptado a miradouro público"; a Câmara solicita um projeto de reconstrução ao engenheiro Manuel Tavares dos Santos, mas a falta de recursos acaba por inviabilizar o projeto; 1941 - construção do miradouro de São Gens, na colina do castelo, da autoria de Eurico Salles Viana, e escadaria de acesso desde a Rua do Sobreiro, a qual se prolonga até ao topo da colina; 1975 - considera-se a hipótese de demolir a muralha da R. Vaz Preto; 1977 - a DGEMN faz uma prospeção nesse local, sondando vestígios de outros troços; a Câmara expropria e manda demolir casas adossadas ao troço das muralhas; 1981 - demolição de uns barracões pertencentes à GNR adossados à muralha da R. Vaz Preto; 2000 - 2000 - construção de um depósito de água, pela autarquia, na encosta poente da colina do castelo, no seu perímetro, pondo a descoberto as fundações e o derrube de um muro que pode corresponder à muralha do castelo ou da barbacã, sendo constituído por duas fiadas de pedras de média dimensão com o interior preenchido por outras menores; a demolição de duas casas na R. Vaz Preto põe a descoberto parte da muralha e uma das torres; 05 junho - proposta de abertura do processo de classificação da DRCoimbra; 17 maio - despacho de abertura do processo de classificação do Vice-Presidente do IPPAR; 2003, dezembro - projeto de recuperação do mecanismo do relógio da torre, pela autarquia; 2004, 12 abril - decide-se reformar o carrilhão do relógio da torre; 2009, 26 outubro - proposta da DRCCentro, para classificar o castelo e troços da segunda cintura de muralhas como Imóvel de Interesse Público e definição de Zona Especial de Proteção; 28 outubro - parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR; 2010, 30 dezembro - procedimento de classificação prorrogado pelo Despacho n.º 19338/2010, DR, 2.ª série, n.º 252; 2011, 05 dezembro - procedimento de classificação prorrogado até 31 de dezembro de 2012 pelo Decreto-Lei n.º 115/2011, DR, 1.ª série, n.º 232; 2012, 20 dezembro - despacho de arquivamento da diretora-geral da DGPC da proposta de classificação, com fundamento na existência de deficiências de instrução consideradas insanáveis em tempo útil; 2013, 07 janeiro - publicação do arquivamento do processo de classificação em Anúncio n.º 6/2013, DR, 2.ª série, n.º 4. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria ou cantaria de granito; sineira em alvenaria de granito rebocada; remates e modinaturas em cantaria; porta de acesso à torre dos sinos e guarda das escadas em metal. |
Bibliografia
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ARMAS, Duarte de - Livro das Fortalezas. Fac-simile do MS. 159 da Casa Forte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Lisboa: Patrocínio da Academia Portuguesa de História; edições Inapa, 1997; ALMEIDA, João - Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses. Lisboa: 1945; BOAVIDA, Carlos - «Castelo de Castelo Branco (1979-1984 e 2000): síntese dos trabalhos arqueológicos desenvolvidos e principais conclusões». In Revista Portuguesa de Arqueologia. Lisboa, Instituto Português de Arqueologia, 2012, vol. 15, pp. 195-218; CARVALHO, Rogério - Proposta de classificação do Castelo de Castelo Branco. 10 novembro 1988; «Castelo de Castelo Branco». In Acção Regional. 28 janeiro 1926, n.º 59, pp. 1-2; «Castelo e Muralhas de Castelo Branco» In Direção-Geral do Património Cultural (http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71175/), [consultado em 19 outubro 2016]; Castelo Novo - roteiro de Castelo Novo. Lisboa: 2000; CONDE, F. da Costa - «A alcáçova de Castelo Branco». In Estudos de Castelo Branco. 1964, vol. 14; GOMES, Rita Costa - Castelos da Raia. Beira. Lisboa: IPPAR, 1997, vol. 1; GONÇALVES, Iria (organização) - Tombos da Ordem de Cristo. Comendas Sul do Tejo. Lisboa: Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2009, vol. 5; GONÇALVES, João Tello - «As muralhas de Castelo Branco e Nisa (sua construção)». In Estudos de Castelo Branco, Revista de História e Cultura. 01 junho 1965, n.º 17, pp. 28-45; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues - Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI). Dissertação de Mestrado apresentada na Faculdade de Letras de Lisboa. Lisboa: texto policopiado, 1995; «Guia das Cidades e Vilas Históricas de Portugal - n.º 6». In Jornal Expresso. Lisboa: 1996; LEITE, Ana Cristina - Castelo Branco. Lisboa: Editorial Presença, 1991; MACHAZ, J. Gonçalves - «Nos tempos que lá vão - Castelo as suas origens». In Estudos de Castelo Branco. 1966, vol. 17; Mapa de Arquitectura de Castelo Branco. Castelo Branco: 2003; MARTINS, A. Pires da Silva - Esboço Histórico de Castelo Branco. Castelo Branco: 1979; OLIVEIRA, Manuel Alves - Guia Turístico de Portugal de A a Z. Lisboa: 1990; PERES, Damião - A gloriosa História dos mais belos Castelos de Portugal. Porto: 1969; SANTOS, Manuel Tavares - Castelo Branco na História e na Arte. Castelo Branco: 1958; SILVEIRA, António, AZEVEDO, Leonel e D'OLIVEIRA, Pedro Quintela - O Programa POLIS em Castelo Branco - álbum histórico. Castelo Branco: 2003; ROXO, António - Monografia de Castelo Branco. Elvas: Typographia Progresso, 1890; VILLAMARIZ, Nuno - «A influência do Oriente através da arquitectura militar templária: o paralelo entre Chastel Blanc e Castelo Branco». In Mil anos de fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500 - 1500): actas do Simpósio Internacional sobre castelos. Lisboa: 2000, pp. 909-913. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMC; CMCB |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID; CMCB |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMC; CMCB; ADCB: Tombo dos Bens do Concelho (lv. 11, fls. 63 v.-64) |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1855 - intervenção de restauro da torre do relógio, da responsabilidade de Francisco José Dias; 1867 - obra de restauro da torre do relógio; 1903 / 1904 - intervenção de pedraria da torre do relógio, pelo mestre José Farias; 1925 - restauro e alteração do remate da torre do relógio; 1936 - construção de um pavimento de betão armado para servir de cobertura da torre projeta-se uma escada interior, também em betão, apoiado nas paredes e em pilares, ficando entre os dois lanços de escadas um longo patim para observar a paisagem; assentamento das pedras dos cunhais e das ameias; DGEMN: 1940 - reconstrução da torre derruída em 1936, recriando algumas estruturas, como por exemplo, as janelas neomanuelinas; 1941 - arranjo da zona envolvente da Igreja de Santa Maria e do castelo; 1977 - reconstrução do troço da muralha ruída da R. Vaz Preto, com a limpeza e consolidação, por José Neves; 1980 - entaipamento do urinol aberto na muralha; PROPRIETÁRIO: 1980 - realização de escavações arqueológicas junto à igreja no antigo recinto do castelo; DGEMN: 1981 - beneficiação do troço das muralhas na Avenida Vaz Preto; 1982 - obras pela firma Cruz, Cardoso e C.ª, Lda., que procede à limpeza dos destroços dos barracões da GNR, refechamento de juntas e reparação da faixa degradada deixada pelo adossamento da construção; séc. 20 - colocação de estrutura metálica à cota do piso que existiria na torre principal. |
Observações
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*1- Segundo o Tombo de 1505, a Ordem tem "huus paaços que estam junto da egreja de santa maria. e som nesta maneira: antre ha oussia da dicta egreja e ho muro da çerca estaa huu grande portal de pedraria com suas portas bem obrado e logo huu reçibimento que leua de longo xxxij varas de medir e xx de largo e tem aa entrada logo aa mãao direita huua casa noua pera estrebaria. has paredes de pedra e barro bem madeirada e coberta de telha noua. com seu portal nouo de pedraria e bõoas portas. leua oito uaras de longo e cinquo de largo. da outra parte da mãao seestra tem huua çisterna. que se enche de agua do telhado da dicta egreja. defronte da dicta entrada estaa logo huu alpendere sobre quatro arcos de pedraria mujto bem obrados e sobre eles huua varanda. debaixo da dicta uaranda tem logo huua logea sobre que uay ha sala e serue de estrebaria com suas manjadoiras que tem noue uaras de longo e quatro de largo. e estaa nella huu portal pequeno na parede do muro contra ho norte e que chamam ha porta da treiçom. outra logea junto desta. seis uaras de longo e quatro de largo. outra logea junto desta que leua três varas e meya de longo e outro tanto de largo. estas logeas tem suas portas pera ho dicto alpendre. aa mãao seestra do dito reçebimento tem huua escaada de pedraria muito bem obrada em que haa xxviij degraaos com seu mainel de pedraria debruado e dous tauoleiros huu ao pee e outro no çimo da dicta escaada. aa entrada dos dictos paaços tem logo ha dicta varanda forrada d oliuel de castanho sobre as asnas armada sobre colunas de pedra com seu peitoril de pedraria bem obrado e tem huu repartimento de huua meya parede com sua porta fechada e ho repartimento he sobre moçiço lageado. honde dentro nelle estaa fecto huu aljube com sua porta d alcapõoe de pedra. e leua esta varanda de comprido xvij varas de medir. logo nesta entrada aa mãao seestra da dicta varanda tem huua casa terrea bem madeirada e coberta de telha uãa e nella huua fornalha. e serue de cozinha. tem logo huua sala forrada d oliuel de madeira de castanho sobre has asnas com suas traues forradas e seus alizeres e cachorros d arredor e tem a huu canto huua chaminee de pedraria e três grandes janellas com suas portas. huua pera a dita varanda ferrada com rede de ferro e duas que uam contra ho norte. huua d asentos e outra com peitoril de ferros e leua dez uaras de longo e seis de largo: mais adiante tem huua camara oliuellada do mesmo theor da sala e nella outra tal chaminee e duas janelas d assentos huua ao norte e outra ao abrego ferrada de rede sobre a varanda. com suas portas booas. leua sete varas de longo e seis varas de largo. mais adiante tem huua guarda roupa oliuelada do mesmo theor e com outra tal chaminee de pedraria e duas janellas d assentos huua ao norte e outra de cruz ao leuante. com suas portas bõoas. leua noue uaras de longo e iiij de largo Esta casa estaa feita em huua torre do muro: Em esta casa estaa huua escaada de madeira per que deçem a huua camera que debaixo della estaa argamassada sobre moçiço. muito bem madeirada. e nella huua janella d assentos com huus ferros muijto bem obrados e bõoas portas. leua quatro varas de longo e tres e meya de largo: aa mãao direita da dicta guarda roupa. vay huua camara forrada d oliuel da sobredicta maneira e tem duas janelas d assentos. huua ao leuante e outra ao abrego sobre ho reçebimento com suas portas bõoas e tem huua chaminee de tijollo. leua çinquo uaras de longo e quatro e meya de largo e tem huua porta pera ha uaranda e huua escaada que vay a huu sotom. ho qual sotom he de tres varas e meya de longo e d outras tantas de largo: estes paaços estamos sobre ho muro. e has paredes delles som todas de pedraria laurada com suas juntas feitas de cal. e todollos portaaes som de pedraria e tem muj bõoas portas e bem fechadas. e de todo bem repairados. a huu canto da dicta salla estaa huua escaada de pedraria de çinquo degraaos com seu portal e portas bõoas que uay pera ho muro e pello dicto muro vay huu corredor que ora se guarnece d ameas de nouo de huu cabo e do outro e vay teer a huua torre grande e forte que no canto do dicto muro estaa e chama se ha torre aluarrãa e tem huu sobrado e he forrada d oliuel e cuberta de telha. antre a dicta torre, egreja. paacos e muro vay huu grande chãao com xx aruores de fruito e leua de longo xxviij braças de craueira e xvij de largo. em poder de dieg aluarez almoxarife estaa huua grade de ferro feita em rede que ficou dos dictos paacos e huu ferrolho com sua fechadura". *2 - Os desenhos de Duarte de Armas representam a fortificação de Castelo Branco composta por castelo, construído no cimo da colina, integrando no seu interior o paço do governador e a igreja, e a cerca urbana, envolvida por barbacã completa, todas rematadas em parapeito ameado. O castelo possuía planta poligonal, com cinco faces, reforçadas por sete torres: três viradas à vila, uma de dois pisos, com 4,5 x 3 varas e 12 varas de altura, uma intermédia, onde se abria a porta de acesso ao recinto, ou a porta do Ouro, que dava acesso à atual Rua do Mercado, com 10 x 9 varas, e a do ângulo, a nascente, de dois pisos, com 8 x 3,5 varas e 11 varas de altura; uma a norte, com um piso, tendo 2 varas por face e 9 de altura; a de menagem, a noroeste, de planta poligonal, as faces maiores com 9 x 6 varas e 14,5 de altura, tendo dois pisos; uma outra sensivelmente a poente, com 5 x 3 varas e 10 de altura, onde se abria a porta da Traição; e outra a sudoeste, com 3 x 2 varas, 12 de altura e dois pisos. A porta principal dava acesso a um recinto, seccionado por muro e pelo corpo da Igreja de Santa Maria, tendo no muro logo à entrada portal para o paço dos comendadores, desenvolvido no ângulo noroeste do castelo. Este era precedido pelo pátio da cisterna, tendo à esquerda a cisterna, com vão de 4 varas e tendo muito boa água, e à direita uma dependência. O paço possuía várias dependências sobradadas, com janelas amplas, várias chaminés e tendo ao centro uma loggia com colunas sobre vários arcos, ladeada por escada de acesso à mesma. A cerca urbana desenvolvia-se pela encosta abaixo, a partir da torre de menagem e da torre extrema virada à vila, com várias torres e balcões sobre mísulas. Tinha portas flanqueadas por duas torres: a do Espirito Santo (ou Santa Maria), sendo encimada pelas armas reais, correspondendo à entrada dos caminhos provenientes de Vila Velha do Ródão e das Sarzedas, a do Relógio, e junto à qual ficava a do Relógio, a da Vila, a norte, com acesso direto à Rua dos Ferreiros (atual Bartolomeu da Costa), a de Esteval e a de Santiago. A cerca era envolvida por barbacã completa com troneiras cruzetadas. *3 - O paço situava-se dentro do castelo, no ângulo nascente, junto à capela-mor da Igreja de Santa Maria. O seu portal, em cantaria, com portas de madeira chapeadas a ferro, com 3 varas de altura e 2,5 de largura, dava acesso a um pátio com 25 x 15 varas; no lado esquerdo do pátio, havia uma cisterna com guardas de cantaria e uma porta por trás da Igreja de Santa Maria, parcialmente tapada, que acedia à tribuna dos Comendadores. No lado direito, havia um quarto com balcão com acesso por escada de pedra de 12 degraus, tendo duas portas e janelas janelas para o pátio e outras três para a vila. No pátio, existia um jardim cercado por muro de cantaria com 7 x 9 varas, com árvores e jasmineiros, situado debaixo de uma galeria com quatro janelas. Tinha casas térreas, antigo paiol, quase todas arruinadas. O paço estava dividido em quatro dependências, duas de telha vã e duas com forro de madeira; por baixo do alpendre, um arco de pedra acedia à cavalariça, com 18 x 6 varas. Por cima da porta, um patim de cantaria levava à escada principal, com 26 degraus, no cimo da qual outro patim com forro de madeira, sustentado por três colunas, protegia a porta com 9 x 7 palmos; dava acesso a um recinto lajeado com abóbada, antigamente descoberto, e que era cisterna, com 4 x 3 varas e com duas portas, uma delas ligada à casa térrea com chaminé e forno e outra à sala de espera, com duas janelas, uma de assentos e outra rasgada, viradas a nascente, e uma chaminé. Tinha três portas, uma a ligar a um quarto com janela, outra a uma sala com janela a norte, a qual tinha duas portas, uma para o último quarto e outra para a última sala, com duas janelas e chaminé; a terceira porta acedia a um compartimento ladrilhado com três portas, uma para a cozinha, da qual se ia para a varanda, uma para a varanda, ladrilhada com guarda de pedra e alegretes para flores; os quartos estavam sobre três arcos de pedra, tapados, à excepção de um, que permitia o acesso, tendo, à esquerda, um portado que ligava a uma sala abobadada; em frente ao arco, uma porta em cantaria lavrada, acedia a uma sala, sob a de espera, toda ladrilhada e tendo, ao centro, um florão de azulejo, abrindo a norte para um passeio ladrilhado de pedra miúda e cercado por parede com alegretes; na mesma sala, uma porta acedia à tulha e, em frente à sala abobadada, uma tulha de azeite; as paredes eram mais altas que as coberturas e cercadas de ameias. *4 - "(...) principia a medição junto a porta de Santa Maria em a muralha e tem do norte para o sul 7 varas e dahi vai ao redor da muralha com caras ao poente ate a porta do Ouro the onde tem 231 varas e de largo 12 varas e dahi vai continuando athe a Porta da Traição tem 10 varas, e da Porta do Ouro tem 101 e 21 de Largo e dai vai athe a Porta do Esteval partindo com a muralha tem 171 varas e dahi continua athe a Porta de Sam Tiago ao canto da torre e tem 73 varas e de largura 7, e dahi vai continuando athe a Porta da Vila partindo com a muralha da banda do sul e do norte com quinta de Sua Excellencia Reverendíssima, e tem 210 varas de cumprimento" (SILVEIRA, António e outros, 2003, p. 22). |
Autor e Data
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Paula Noé 2016 |
Actualização
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