Casa de Brás de Albuquerque / Casa dos Bicos

IPA.00002489
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura residencial. Casa abastada. Desde o séc. 15 que a moda dos palácios "dei diamanti" se estende por várias cidades europeias, assim designados pelas suas "fachadas de prestígio", ao gosto italiano, revestidas por pedras talhadas em forma de pontas de diamante. O aparelho de diamante dos 2 pisos superiores é feito em betão.
Número IPA Antigo: PT031106520026
 
Registo visualizado 4332 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Casa abastada  

Descrição

Planta retangular. Massa simples com 4 pisos, fenestração irregular, cobertura em telhado diferenciado em 3 grupos, cada um com 4 águas. Fachada principal para S., revestida por aparelho em ponta de diamante enxaquetado. Os pisos são demarcados por molduras que correm toda a fachada. Os vãos do 1.º e do 2.º pisos são emoldurados a cantaria. Primeiro piso: 4 portas simples de várias dimensões e distribuição assimétrica, com vãos rectangulares, e 2 portas inscritas em arcos contracurvados. Segundo piso: 4 janelas, de várias dimensões e distribuição assimétrica. Terceiro e quarto pisos: janelas inscritas em arcos polilobados, estilizados. O interior, bastante alterado, apresenta uma escadaria íngreme, em mármore claro, de linhas arrojadas, que contrasta com o negro das paredes.

Acessos

Rua dos Bacalhoeiros, n.º 10 a 10 F, com frente para a Rua Afonso de Albuquerque, n.º 9 a 11

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, n.º 213 de 11 setembro 1961 / Incluído na Zona Especial de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128)

Enquadramento

Urbano. Situa-se no lado N. da rua, adossado aos edifícios contíguos, destacando-se pelo tratamento da sua fachada.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Política e administrativa: sede de fundação

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Época Construção

Séc. 16 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: António Marques Miguel (1983); José Daniel Santa-Rita Fernandes (1982-1983); Manuel Vicente (1982-1983); ENGENHEIROS: José Norton Brandão (1982-1983); José Cela e Pereira Pinto (1982-1983)

Cronologia

1506 - D. Afonso de Albuquerque já possui, neste sítio, casas ou pelo menos terrenos; 1521 - Afonso Brás de Albuquerque, vai a Itália na esquadra que conduziu a Sabóia a Infanta D. Beatriz, onde terá tido contacto com o novo gosto dos palácios "dei diamanti"; 1521-1523 - de regresso a Portugal, fez erguer a sua "Casa dos Diamantes"; 1581 - morre o seu fundador; a posse da casa passa para as mãos de João Afonso de Albuquerque, de 1620 a 1642, depois de um longo período de litígio entre a família; 1755 - ainda está na posse da família Menezes e Albuquerque; 1755, 01 novembro - o terramoto causa grandes estragos, deitando abaixo a fachada principal (dava para a então Rua Afonso de Albuquerque) e dois andares da fachada da atual Rua dos Bacalhoeiros; 1827 - D. Francisco Menezes e Albuquerque, por dívidas, deixa que a casa seja vendida em praça pública; é arrematada por Caetano Lopes da Silva, negociante de bacalhau, e então já seu inquilino; 1838 - por sentença, foi compelido a entregar a casa à família Melo e Albuquerque; 1873 - o 11.º Senhor e último Albuquerque, em consequência de dívidas vendeu a casa ao negociante de bacalhau Joaquim C. Lopes da Silva (neto), depois utilizada como armazém de bacalhau; 1960, cerca - é adquirida pela CMLisboa; 1968 - a CMLisboa encomenda ao arquiteto Raul Lino um projeto de adaptação da Casa dos Bicos a museu - "Casa de Goa"; 1979 - encomenda de novo projcto ao arquitecto José Daniel Santa-Rita Fernandes e a Manuel Vicente; 1981 - o Comissariado da XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura, promovida pelo Conselho da Europa, decidiu encomendar a este arquiteto novo projeto, de recuperação da Casa dos Bicos; 1982 - início do trabalho sob a orientação da DGEMN; uma equipa de arqueólogos começa escavações sistemáticas na área de construção; ao edifício são restituidos dois andares, destruídos pelo terramoto setecentista; 1983 - remodelação das janelas da fachada da Casa dos Bicos, conforme projeto do arquiteto António Marques Miguel; torna-se um dos núcleos da XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura; nela se expõem os retratos de família da Dinastia de Avis; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção; 2012 - sediada no local a Fundação José Saramago; 2013, 01 fevereiro - publicação do Despacho em que se declara que a Fundação José Saramago passa a ter o estatuto de utilidade pública, em Despacho 1918/2013, DR, 2.ª série, n.º 23.

Dados Técnicos

Sistemas estruturais

Materiais

Alvenaria, cantaria, betão, alumínio anodizado, vidro e telha.

Bibliografia

AA.VV. - Guia da Arquitetura de Lisboa, 1948-2013. Lisboa: A+A Books, 2013, p. 45; ALMEIDA, Fernando de - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: 1973, 1.º tomo; ARAUJO, Norberto de - Inventário de Lisboa.Lisboa: 1944, fascículo V; LEAL, Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: s.d., vol. IV; MARKL, Dogoberto - História da Arte em Portugal. Lisboa: 1986, vol. VI; PEDREIRINHO, José Manuel - Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à atualidade. Porto: Edições Afrontamento, 1994.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRMLisboa

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1949 - obras de limpeza da fachada; 1969 - obras de conservação e beneficiação geral; CMLisboa: 1916 - adaptação de um barracão a cavalariça na Rua Afonso de Albuquerque; 1928 - limpeza interior e exterior; 1929 - obras de reparação e limpezas; 1937 - obras de beneficiação; 1942 - substituição do soalho por betonilha, substituição das manilhas de barro por grés, substituição dos tectos de madeira por "estagé", impermeabilização do chão da retrete no 1º andar, caiação das paredes e pinturas das guarnições; 1943 - reboco das paredes, reparação e estuque dos tectos, pintura da porta; 1947 - obras de beneficiação periódica; 1949 - limpeza geral; 1950 - limpeza do interior; 1953 - ligação dos esgotos ao colector; 1958 - obras no telhado que dá para a Rua Afonso de Albuquerque; CMLisboa: 1982-1983 - reabilitação do edifício, com reconstrução dos dois últimos pisos e do interior, e a ocupação da integralidade do lote, da autoria dos arquitetos Manuel Vicente e José Daniel Santa-Rita.

Observações

As janelas do 3º e 4º pisos têm molduras em alumínio anodizado. 2 das janelas do último piso têm pedra de peito, também em alumínio anodizado, em forma de consola, cortando a moldura que corre a fachada. Alguns artefactos, ali encontrados aquando das escavações, permanecem em exposição. Aquando das escavações arqueológicas, descobriu-se que a casa foi construída sobre a cerca moura, ainda no seu interior foram encontrados indícios de construções romanas, medievais, e vários artefactos que vão até ao séc. 18. Alguns destes artefatos permanecem em exposição.

Autor e Data

João Silva 1992

Actualização

 
 
 
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