Convento de Santo António / Convento do Seixo
| IPA.00002459 |
Portugal, Castelo Branco, Fundão, União das freguesias de Fundão, Valverde, Donas, Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo |
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Arquitectura religiosa, renascentista e manuelina. Convento franciscano capucho, arruinado com a igreja de planta longitudinal, com a fachada principal decorada em eixo, com portal, janela e remate em empena. Existência de coro-alto e cobertura em falsa abóbada de berço, de madeira. Claustro com dois pisos, a ala inferiro com arcadas e a superior com janelas de peitoril e de sacada. Gramática renascentista da fachada principal, decorada com vários nichos coroados por frontões triangulares. |
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Número IPA Antigo: PT020504170016 |
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Registo visualizado 758 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos (Província da Soledade)
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Descrição
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Planta longitudinal, composta, regular, de volumes articulados de disposição na horizontal, actualmente sem cobertura. Fachada principal voltada a S., de dois panos rebocados e limitados por pilastras em granito com aparelho isódomo, sendo apenas perceptível o pano da Igreja com três arcos de volta perfeita entaipados, com impostas salientes em granito, material comum às ombreiras, formando moldura, tendo sido, em dois deles, abertas duas janelas com lintéis rectos e ombreiras em granito formando moldura. Superiormente, dois nichos com lintéis em arco perfeito decorados com concheados em granito e coroados por dois frontões triangulares. Janela com lintel em arco abatido e ombreiras em granito formando moldura, coroada por cornija simples e nicho semelhante aos já descritos. Remate da fachada em empena. Fachada O. com três panos rebocados e pintados a branco limitados por pilastras em granito com aparelho isódomo. Formada por dois arcos de volta perfeita com impostas salientes e ombreiras em granito formando moldura, encimada por um óculo com moldura de granito. Três janelas gradeadas com lintéis em arcos abatido coroados superiormente por cornija simples e ombreiras em granito formando moldura, dois janelos de rampa gradeadas com lintéis rectos e ombreiras em granito formando moldura *1. INTERIOR com espaços diferenciados e articulação entre os corpos aparente. Na Igreja, coro-alto sobre o que seria a galilé, acesso a um púlpito que existia do lado do evangelho. Arco triunfal em volta perfeita, com impostas salientes em granito, material comum às ombreiras formando moldura. Cobertura era em falsa abóbada, visível pelos arranques *2. Claustro de dois pisos, o inferior com três arcos de volta perfeita em cada ala. No andar superior, duas janelas de peitoril e uma de sacada, ambas de 2 folhas com bandeira, em cada ala. A sacada é em granito. Coberturas eram planas de madeira e o piso em lajeado de granito. O antigo refeitório mantém vestígios de pintura mural. No jardim, fontanário de planta octogonal em granito e um forno. |
Acessos
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EN 238 - 2, ao Km 193, na Estrada para Silvares. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,132943; long.: -7,511295 |
Protecção
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Categoria: MIM - Monumento de Interesse Municipal, Edital n.º 168/2021, DR, 2.ª série, n.º 25 de 05 fevereiro 2021 |
Enquadramento
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Rural, isolado, num outeiro. Próximo localiza-se o monumento a Nossa Senhora de Fátima. Na Quinta do Convento, encontra-se o Parque de Campismo da Fundatur. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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IMAGINÁRIO: Frei Francisco de Pereiras. |
Cronologia
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Séc. 14, meados - referência a uma Ermida, mandada construir pelo Ermitão de nome João Dias; 1395 - a Capela pertencia ao Padroado Real; 1386 - D. Frei Vasco, bispo da Guarda, apossara-se da ermida e doara-a a um clérigo; 1522, 23 de Outubro - passada provisão régia que alvarava a construção; 1526 - início das obras que se ficaram a dever à insistência de D. Frei Diogo da Silva *3, efectuadas em pedra e barro, surgindo um imóvel de dimensões reduzidas; 1577 - inauguração do actual edifício; 1580 / 1584 / 1596 / 1597 - aquisição de terrenos para aumento da cerca; 1584 - a capela, dedicada à Natividade passa a ser dedicada a Nossa Senhora da Assunção; séc. 17 - a ermida passa a ser designada como Capela do Miradouro; 1608 - a galilé abria para o exterior; 1613 - Beatriz Estêvão é sepultada na capela da Sala do Capítulo; 1616 - 1º registo da capela do capítulo com abóbada de aresta em tijolo maciço revestido a estuque; o padroado da Capela da Sala do Capítulo foi concedida a Bartolomeu Afonso da Fonseca e esposa, D. Isabel Vaz de Barros, do Outeiro do Bispo, para nela se poderem sepultar; 1628 - data do cruzeiro, do qual se encontra apenas a base, no exterior; 1666 - referida a existência de um Noviciado; 1667 - ampliado o Convento; 1669 - doação de um outeiro situado atrás da igreja, por Luís Mendes Costa; 1669 / 1762 - removido o fontanário que se encontrava no claustro para o jardim; 1672 - divisão da Província da Piedade; 1673 - passa a depender da província da Soledade; 1674 - imagem feita por Frei Francisco de Pereiras, em Lisboa; 1684, 4 Agosto - o Papa Inocêncio XI concede indulgências septenárias ao altar-mor, confirmadas em 1700 por Inocêncio XII; 1714 - construído o novo dormitório com o acrescento do piso superior para E., assim como a enfermaria e biblioteca com cerca de 3000 a 4000 volumes; 1728 - a fonte de Santo António situava-se num recanto, tendo bancos e era encimada por uma escultura do Santo *4; 1738 - edificação da capela-mor da Igreja e execução do retábulo; 1744 - execução do retábulo-mor; 1745 - douragem dos retábulos e feitura de nova imagem de Nossa Senhora da Assunção; 1753 - construção de uma fonte para rega; 1755 - era padroeiro do convento Gonçalo José Preto da Silveira; 1779 - construção da forja em cantaria; funcionou no convento uma escola pública, instituída pela rainha D. Maria I; 1831 - admissão de 5 noviços; 1832 - toma posse o último guardião, Frei António da Covilhã; admissão de um noviço; 1834, 28 de Maio - decreto da extinção das Ordens Religiosas; 1834 - retirado o campanário, encontrando-se actualmente no edifício dos Paços do Concelho; Fevereiro - desmoronamento da empena da fachada 1834 - adquirido por Dr. Agostinho Nunes da Silva; 1836 - julgamento dos 21 frades aquando da extinção das Ordens Religiosas, sendo só dez pensionados; 1846 - obras de conservação sendo restaurados os tectos que tinham derrocado; 1873 - conforme uma descrição desta data, a cerca tinha árvores europeias, africanas e asiáticas, possuindo várias nascentes de água e as respectivas fontes - junto à Capela do Miradouro, que abastecia o tanque de rega, a Fonte da Senhora do Seixo, a da Porta do Carro, que fornecia água para beber; a fonte de Santo António, para rega, a do muro, que servia para os peregrinos e uma quinta fonte, para rega; 1883 - dado como uma ruína; 1915 - estabelecido aí um posto agrícola, adaptando-se a cerca a viveiros de variadas árvores, procedendo-se a terraplanagens várias; 1923 - venda do retábulo para integrar a Igreja Matriz de Partida; 1983 - o coro era ladeado por uma tribuna e, na nave, surgiam dois púlpitos; a capela-mor possuía cobertura em falsa abóbada de madeira com pinturas em "trompe l'oeil" de carácter religioso; os nichos da fachada tinham as imagens de Nossa Senhora, São Francisco e Santo António; 1986, 10 janeiro - proposta de classificação pela CMFundão; 1990, 8 Outubro - adquirido por Bernard George Farthing, para o transformar numa unidade hoteleira de luxo; 1993, 31 maio - proposta de interrupção do processo de classificação, pelo facto do imóvel se encontrar em obras; 2003 - execução de projecto de recuperação do imóvel, transformando-o em hotel com 21 quartos, bar, restaurante, piscina exterior, corte de ténis e jardim; 2006, Maio - a Fundatur decide questionar o porprietário sobre o não cumprimento dos prazos para iniciar as obras, previstos para 1994, respondendo aquele que se deve à necessidade de proceder a escavações prévias no local, exigidas pelo IPPAR; 11 abril - Despacho de abertura do processo de classificação do vice-presidente do IPPAR; 2004, 21 agosto - proposta da DRCastelo Branco a propor a classificação como Imóvel de Interesse Público; 2006, 08 novembro - pedido de proposta de fixação da Zona Especial de Proteção; 2012, 22 novembro - Publicação do anúncio de arquivamento do processo de classificação do edifício, pela Diretora-Geral do Património Cultural; 2019, 09 maio - publicação da deliberação da Câmara de classificar o edifício como Monumento de Interesse Municipal, em Edital n.º 587/2019
DR, 2.ª série, n.º 89/2019. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Pedra granítica, reboco, madeira, ferro forjado. |
Bibliografia
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CUNHA, José Germano da, Apontamentos para a História do Concelho do Fundão, Lisboa, 1892; BENTO, José, Fundão, Património Histórico e Cultural, Fundão, 1990; OLIVEIRA, Manuel Alves de, Guia turístico de Portugal de A a Z, Lisboa, 1990; SILVA, Joaquim Candeias da, O Concelho do Fundão - através das Memórias Paroquiais de 1758, Fundão, 1993; PROENÇA, Raul, Guia de Portugal - 3º volume, Beira - II tomo ( Beira baixa e Beira Alta ), 2º edição, Lisboa, 1994; ROSA, João Mendes, Convento de Nossa Senhora do Seixo - na História, na Lenda e na Literatura, Fundão, 1997; Convento recuperado para hotel, in Expresso - imobiliário, 12 Abril 2003; Fundatur pede explicações ao proprietário do Convento, in Jornal do Fundão, 21 Setembro 2006. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; DGT; CMF |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CMF |
Documentação Administrativa
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CMF; DGT |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - apenas é possível fazer esta descrição uma vez que as outras fachadas já derrocaram ou encontram-se completamente tapadas por vegetação densa. *2 - três retábulos de talha dourada deste Convento, encontram-se na Capela de São Francisco no Fundão; o altar-mor foi oferecido pelos frades à Igreja da Misericórdia do Fundão (v. PT020504170009). *3 - foi o 1º inquisidor do Reino, natural da zona do Fundão, colaborador do Rei D. João III, quem cedeu os terrenos e ordenou a sua construção. *4 - recolhida para o Museu Municipal por José Alves Monteiro. |
Autor e Data
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Luís Castro 1998 |
Actualização
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