Edifício-Sede do Grémio da Lavoura de Abrantes
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Portugal, Santarém, Abrantes, União das freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede |
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Arquitetura civil, modernista. O edifício insere-se no movimento da "Arquitectura Moderna", tendo em Abrantes outros congéneres, tais como Cine-Teatro de São Pedro (v.PT03140113----). O edifício destaca-se, entre outras razões pela ausência de decoração "versus a verdade da estrutura, o aproveitamento claro da plasticidade dos materiais, a repetição de um módulo básico, a marcação de ritmos pela utilização de saliências e reentrâncias. Uma das inovações é a forma como foi recriada a tradicional abobadilha de elementos cerâmicos que no caso são constituídas por elementos cilíndricos desenvolvendo-se em círculos, coroados por uma peça de fecho de betão circular que assegura uma iluminação zenital. Os esforços produzidos são transmitidos a arcos esbeltos e pilares circulares encimados por capitéis atirantados. É através dos ritmos de cheios e vazios contrapontados com a estrutura e do jogo movimentado de saliências e reentrâncias que se poderá compreende o que interiormente se passa. Segundo Nuno Portas O edifício do Grémio de Lavoura de Abrantes é concebido numa única grande nave resolvida numa estrutura original que exalta, para além das funções actuais, o significa colectivo da vida agrária, não sem recorrer à memória da arquitectura civil e religiosa (PORTAS, 1963). "(...)Pensado para se afirmar como Edifício Público, a grande inovação desta obra consiste no modo como é resolvido estruturalmente o grande vão correspondente ao armazém no piso térreo e ao átrio no piso superior: tratou-se de repensar à luz das novas possibilidades técnicas e dos novos materiais o sistema de construção em abobadilha, adaptando-se os suportes tradicionais a pilares em betão armado que recebem as descargas dos arcos de travamento, preenchidos por belíssimas abóbadas semiesféricas construídas com uma tijoleira cilíndrica, solução que, para além de responder eficazmente aos problemas térmicos, cria um espaço de assinalável qualidade de modernidade. O desenvolvimento de meios pisos, consequência de uma orgânica adaptação ao terreno, com a escada solta de ligação à galeria de distribuição dos gabinetes, dinamiza e contribui para o enriquecimento do ambiente. Exteriormente o mesmo cuidado é colocado no remate do quarteirão, em situação de grande declive, protagonizado pelo edifício, criando um loggia ao nível do 1º piso, recuada do plano definidor do cunhal. As fachadas são moduladas segundo o ritmo estrutural do pilar-arco, abrindo-se na frente pequenas varandas recuadas do plano da fachada que retomam a geometrização trabalhada em ângulos de 45º decorrente do melhor aproveitamento deste lote de forma triangular. Espaço concebido como uma grande e una nave, como um espaço de carácter unitário de uma extrema riqueza ambiental, em que os pilares não separam o espaço, antes são parte integrante e participante dele, iluminando zenitalmente através de entradas de luz no coroamento das abóbadas que modelam a sobra e a luz, esta obra revela coragem, o desafio ao tempo, pela articulação contemporânea de um sistema ancestral utilizado pelas comunidades meridionais e pela abordagem contextualizada no núcleo urbano, reclamando o valor do "sítio"". (TOSTÕES, 1997) A sua construção teve de atender simultaneamente a determinadas imposições, nomeadamente a exiguidade do terreno, à escassez financeira, o que originou a simplicidade e austeridade dos acabamentos e ao facto de haver necessidade de salvaguardar o miradouro público, resultando uma variação de planos e grande singularidade das fachadas, sobretudo a S. voltada ao miradouro. O antigo Edifício Sede do Grémio de Lavoura é uma obra significativa da arquitectura contemporânea portuguesa, sendo o seu valor arquitectónico reconhecido pelos historiadores, críticos de arquitectura, arquitectos, etc., constituindo "caso de estudo" nas escolas de arquitectura. |
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Número IPA Antigo: PT031401110087 |
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Registo visualizado 182 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Comercial Estabelecimento comercial cooperativo e associativo Grémio agrícola
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Descrição
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Planta trapezoidal de volumetria simples, de 2 pisos, com cobertura em telhados de 4 águas integrando clarabóias circulares dispostas segundo uma malha triangular regular definida por sua vez pela malha estrutural do edifício. Fachadas rebocadas e pintadas ritmadas pelos elementos estruturais que são aparentes através do exterior formalizando unidades modulares que se repetem ao longo de todo o edifício. Fachada principal voltada a E. rasgada por duas porta de grandes dimensões, recuadas em relação à via pública, criando uma pequeno patamar; fachada lateral direita voltada a N. , lateral esquerda a S. e posterior a O.. INTERIOR: desenvolve-se fundamentalmente em dois grandes espaços correspondendo ao átrio principal de grande riqueza plástica, expressa nos pilares, abóbadas, clarabóias. |
Acessos
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Rua de Nossa Senhora da Conceição |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, destacado. Fachada nascente confina com a via pública; fachadas S. e O. voltam-se à Esplanada 1º de Maio, onde se localiza o Tribunal (v. PT031401110076) e o Posto de Turismo. A fachada N. confina com um logradouro de um imóvel habitacional. Edificado sobre uma plataforma, acompanha a pendente do terreno, numa solução arquitectónica de grande modernidade, pelo seu desenvolvimento de meios pisos, consequência de uma orgânica adaptação ao terreno. |
Descrição Complementar
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"A natureza do terreno, um aterro, obrigou a um cuidado especial no partido construtivo a adoptar, e praticamente determinou a utilização de uma estrutura de betão armado com tapamentos de tijolo, resultando uma solução mais leve e um conjunto estruturalmente unificado. Edifício composto por 4 partes: Funcionários, Público, habitação do guarda e armazenagem, com 2 pontos distintos de comunicação, um para o público e outro para as mercadorias. A entrada do público, um pouco abaixo do ponto onde presentemente se faz a ligação do antigo miradouro com a rua, permite a utilização de uma área de dimensões apreciáveis exactamente na cota a que actualmente se encontra o terreno, a qual ficará, limitada pelo desaterro destinado aos armazéns e servirá para Átrio-Secretaria. Os armazéns semi-enterrados entre o novo miradouro e a zona destinada ao Átrio-Secretaria, aproveitam a pendente da rua para com ela comunicarem de nível. Por cima dos armazéns e conferindo um pé direito adequado, capaz de permitir o funcionamento de uma pequena ponte volante, situa-se a zona dos gabinetes que vem assim a ficar ligeiramente elevada em relação ao Átrio-Secretaria e para ele sobrançada. INTERIOR (...) de espaço permitindo um contacto amplo entre o público e os funcionários (...). A uniformidade do plano da cobertura conferindo pés direitos variáveis de acordo com as áreas correspondentes contribui para um equilibrado proporcionamento espacial. Justamente com este espírito se regularizaram os tectos dos gabinetes através de um tecto plano. " (Memória descritiva e Justificativa Artº Duarte Castel-Branco, 1959). |
Utilização Inicial
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Comercial: grémio agrícola |
Utilização Actual
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Política e administrativa: repartições públicas |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Duarte Castel-Branco (2001-2002). |
Cronologia
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1959 - apresentação do projecto e início da obra de construção do edifício; 1961, 24 setembro - inauguração do edifício;1978 - o Grémio da Lavoura é extinto ficando a funcionar no imóvel a "Abrantejo, Cooperativa Agrícola de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal, SCRL"; 1999 - o edifício foi vendido a José da Conceição Guilherme; encontra-se a funcionar no edifício a "UCARO" - União de Cooperativas do Ribatejo e Oeste, UCRL, a título provisório; 2001 - 2002 - obras de adaptação para Serviço de Finanças de Abrantes 1 com projecto também de autoria do arquitecto Duarte Castel-Branco; 2006, 17 fevereiro - por despacho da Vice-Presidente do IPPAR foi determinada a abertura do procedimento administrativo relativo à eventual classificação do imóvel; 2009, 16 julho - revogação do processo de classificação pelo director do IGESPAR. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Estrutura de betão armado; paredes em alvenaria de pedra e cobertura em abobadilha de tijoleira vidrada industrial com clarabóias; pilares de betão, cobertura exterior em telhado, caixilharias de madeira e ferro, vidro |
Bibliografia
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Simões, Duarte Nuno, Sede do Grémio de Lavoura de Abrantes, in Revista Arquitectura, nº 74, 1962; PORTAS, Nuno, Grémio de Lavoura de Abrantes, in Jornal de Letras e Artes, 3 de Maio de 1963; TOSTÕES, Ana, Os Verdes Anos na Arquitectura Portuguesa dos Anos 50, Lisboa, 1997, p. 113. |
Documentação Gráfica
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IPPAR |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR |
Documentação Administrativa
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IPPAR; CMAbrantes |
Intervenção Realizada
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CMA: 2001 / 2002 - obras de adaptação para Serviço de Finanças de Abrantes 1 com projecto também de autoria do arquitecto Duarte Castel-Branco. |
Observações
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O edifício foi construído como edifício público, representando as actividades agrícolas de 4 concelhos - Abrantes, Constância, Sardoal e Mação. |
Autor e Data
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Cecília Matias 2006 |
Actualização
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