Parque das Abadias / Parque do Vale das Abadias

IPA.00023967
Portugal, Coimbra, Figueira da Foz, Buarcos
 
Arquitectura recreativa - Parque de estilo modernista patente nas preocupações ecológicas reveladas e no cuidado no tratamento do peão.
Número IPA Antigo: PT020605110074
 
Registo visualizado 4106 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Parque        

Descrição

Planta aproximadamente rectangular, bipartida por atravessamento transversal de via rodoviária, Av. Dr. Joaquim de Carvalho, segmentando aproximadamente meio o seu maior eixo - o eixo longitudinal. O parque desenvolve-se ao longo de um vale ocupado por um monumental relvado que é cortado por dois caminhos longitudinais pedonais, pavimentados em macadame, existentes na proximidade dos limites do parque, enquadrando bilateralmente uma linha de água que, serpenteando numa posição aproximadamente central, acompanha a direcção dos caminhos. Esta é, cerca de 50 em 50 m, atravessada por pontes com guardas em madeira, sendo só as pontes dos extremos do parque em betão a apresentar como guardas gradeamentos em ferro. Os caminhos situam-se a uma cota sempre mais baixa que a da envolvente do parque, ligados a esta por escadas. A vegetação arbórea distribui-se junto à linha de água, predominando espécies habitantes de sistemas húmidos, tais como: o amieiro (Alnus glutinosa), o choupo negro ( Populus nigra), o Choupo-branco (Populus alba)e o chorão (Salix babylonica) e entre os referidos caminhos e os limites longitudinais do parque com espécies de sistemas mais secos como: a tília (Tilia cordata), a azinheira (Quercus ilex ssp. rotundifolia), o carvalho-roble (Quercus robur), o feixo (Fraximus angustifolia), o bordo (Acer pseudoplatanus),a tipuana (Tipuana tipu), o carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e o castanheiro (Castanea sativa), existindo a N. da Av. Dr. Joaquim de Carvalho um alinhamento transversal de exemplares de palmeiras pré-existentes ao projecto: tamareira ( Phoenix dactylifera) e palmeira (Washingtonia filifera) notabilizando-se entre elas vários exemplares notáveis. Existem também no relvado, ao longo de todo o parque mas, principalmente junto aos caminhos, várias estações de um circuito de manutenção construídas em madeira. Está implantado um elevado número de candeeiros com cerca de 3 metros de altura com pé de secção quadrangular, revestido a madeira, e lâmpada protegida por globo em vibro fosco de cor branca, distribuidos unilateralmente em relação aos caminhos principais, mas também junto aos caminhos secundários, à linha de água ou em pleno relvado. Existem dois recintos destinados à prática de desporto, ambos a N. da Av. Dr. Joaquim de Carvalho - o primeiro, nas proximidades desta avenida, destinado à prática de basquete, ténis, e futebol e o outro, junto ao limite N. do parque, destinado à prática da patinagem. A poente do primeiro parque desportivo, ocupando cerca de um quarto da área do parque existe uma mata densa, de arvoredo que pelo porte se pode afirmar ser anterior à construção do parque. Aproximadamente a meio do comprimento da parte S. do parque, comunicando por escadas com o parque a E., existem dois edifícios construídos na encosta com uma cércea reduzida (cerca de dois-très pisos), com fins culturais, - O Museu Municipal Dr. Santos Rocha *1, e ao seu lado, mais a N., O Centro de Artes e Espectáculos(CAE)*2 que tem plantadas, frente à sua fachada poente, seis grandes palmeiras, a um nível bastante superior ao do parque que, por isso, têm um elevado impacto visual. Implantado junto ao relvado do parque, na proximidade do museu, encontra-se um busto em bronze do Dr. Santos Rocha, sobre plinto sobrelevado por dois degraus, com duas colunas acopladas, em pedra. Junto a este, um pouco mais a S. existe uma escadaria que liga à via envolvente - Rua Calouste Gulbenkian. Na base desta escadaria existe um elemento escultórico constituído por um conjunto de três pares de colunas em pedra. Em dois desses pares, as colunas encontram-se unidas duas a duas, no topo por um sólido geométrico em metal, num caso, um paralelepípedo rectângulo e noutro um triangulo equilátero, fazendo suspeitar a existência no passado de um terceiro elemento geométrico que unisse o restante par de colunas. Existem ainda espalhados no parque tampos de poços em pedra, reminiscentes das quintas anteriormente existentes no local.

Acessos

Avenida Manuel Gaspar de Lemos, Rua Dra Cristina Torres

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano. Em vale situado na base de uma encosta orienta a O. de direcção aproximadamente paralela á da linha de costa, separado desta por uma faixa de tecido urbano consolidado.

Descrição Complementar

Sob o busto em bronze do Dr. Santos Rocha encontra-se a seguinte inscrição com letras no mesmo material " AO DR. ANTÓNIO DOS SANTOS ROCHA 1853-1910 FIGUEIRENSE QUE EM TUDO DIGNIFICOU A SUA TERRA". Ainda se verifica a existência de peças de mobiliário urbano projectadas pelo próprio Arquitecto Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles*3, como bancos em ripas de madeira sobre estrutura de betão com ou sem costas.

Utilização Inicial

Recreativa: parque

Utilização Actual

Recreativa: parque

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Alberto Pessoa (1971); ARQUITECTO PAISAGISTA: Gonçalo Ribeiro Telles (1971).

Cronologia

1971 - O Arquitecto Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles elaborou o Plano Verde do Vale das Abadias, o enquadramento paisagístico da Urbanização do Vale das Abadias em colaboração com o arquitecto Alberto Pessoa e o projecto de Arquitectura Paisagista do parque e sua posterior execução; 1993 - O Museu Municipal Dr. Santos Rocha recebe o prémio "Melhor Museu do Ano"

Dados Técnicos

A linha de água foi canalizada através de manilhas com cerca de 80 cm de diâmetro sob a Av. Dr. Joaquim de Carvalho, para voltar ao seu leito a céu aberto de um lado e de outro da referida avenida. As suas margens estão consolidadas com pedras sobre terra de modo a permitir a sua naturalização através do crescimento da vegetação.

Materiais

INERTES - Pedra: plinto, revestimento das margens da linha de água e colunas, em calcário; terra: caminhos em terra batida; Metal: busto em bronze, guardas das pontes em ferro forjado; Madeira: ripas dos bancos, pés dos candeeiros, equipamentos do circuito de manutenção; Vidro fosco - campânulas dos candeeiros; betunilhas: revestimentos dos recintos desportivos; betão armado na estrutura dos bancos. VEGETAIS- àrvores : amieiro (Alnus glutinosa), choupo negro ( Populus nigra), Choupo-branco (Populus alba), chorão (Salix babylonica), tília (Tilia cordata), azinheira (Quercus ilex ssp. rotundifolia), carvalho-roble (Quercus robur), feixo (Fraximus angustifolia), bordo (Acer pseudoplatanus), tipuana (Tipuana tipu), carvalho-negral (Quercus pyrenaica), castanheiro (Castanea sativa), tamareira ( Phoenix dactylifera) e palmeira (Washingtonia filifera); arbustos: loendro (Nerium oleander).

Bibliografia

ANDERSEN, Teresa, "Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian - Francisco Caldeira Cabral e a primeira geração de Arquitectos Paisagistas (1940-1970)", pg.267, Lisboa, 2003; CARAPINHA, Aurora e TEIXEIRA , J. Monterroso, A Utopia com os Pés na Terra. Gonçalo Ribeiro Telles, pg. 271, Lisboa, 2003.

Documentação Gráfica

IHRU: Arquivo pessoal de Gonçalo Ribeiro Telles

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Este museu, fundado em 1894 por António dos Santos Rocha, recebeu o prémio em 1993 o "Melhor Museu do Ano". No seu interior expõem-se numerosas colecções arqueológicas, cerâmicas, mobiliário indo-português, numismática e arte sacra. Tem, igualmente, uma área dedicada à etnografia africana e oriental. Durante todo o século 20 conseguiu reunir uma colecção de peças de arte contemporânea, com destaque para obras de pintura e escultura de artistas portugueses; *2 - O Centro de Artes e Espectáculos (CAE) da autoria do Arquitecto Luís Marçal Grilo, conta no seu interior com um espaço multifuncional que acolhe todo o tipo de produções culturais e espectáculos. Conta com diversas salas onde se realizam exposições temporárias; *3 - São peças desenhadas assinadas pelo autor que integram o projecto.

Autor e Data

Teresa Camara 2008

Actualização

 
 
 
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