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Conjunto urbano Aglomerado urbano Povoado Povoado da Época Calcolítica Povoado fortificado
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Descrição
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Povoado com cinco fases construtivas: 1ª - estabelecimento de povoado de carácter habitacional, aberto, defendida apenas por escarpa natural por quase todos os lados; 2ª - após provável hiato de curta duração, construiu-se, aparentemente, de forma rápida e respeitando ideia pré-concebida, complexo dispositivo defensivo, constituído por 3 linhas fortificadas, tendo o lado exterior reforçado por bastiões ocos, maciços ou semi-maciços e semicirculares, que defendiam entradas no interior de cada circuito; 3ª - o dispositivo defensivo sofre várias alterações e acrescentos, que dão maior solidez às estruturas (muralhas e bastiões), acompanhadas pelo progressivo estreitamento e alongamento das 3 entradas existentes; 4ª - após período de intensos derrubes, adensa-se ocupação do espaço entre as duas muralhas, nesta altura segmentado por muralhas radiais; as estruturas habitacionais são por vezes também reforçadas e as entradas reforçadas através da construção de novos panos e bastiões adossados aos já existentes; 5ª - as construções defensivas são reduzidas reedificando algumas muralhas existentes, noutros casos, após reforço das estruturas já existentes, logo no momento inicial desta fase, entram em declínio ou foram deliberadamente arrasadas, construindo-se sobre os seus alicerces, estruturas habitacionais. Estas últimas aproveitaram elementos arquitectónicos de pé ou foram edificados de raíz, mas em estruturas muito frágeis. |
Acessos
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Rua Sete de Junho / Vale da Ribeira de Barcarena - Leceia. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,728063; long.: -9,281604 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45 327, DG, 1.ª série, n.º 251 de 25 outubro 1963 / ZEP, Portaria n.º 470/86, DR, 1.ª série, n.º 196 de 27 agosto 1986 |
Enquadramento
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Rural. Implanta-se no alto da encosta O. sobre o vale de Barcarena, dominando visualmente a entrada da Barra do Tejo. |
Descrição Complementar
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A 1ª fase corresponde à instalação de vasto povoado, sobre toda a plataforma rochosa, tendo-se encontrado a nível cerâmico avultadas taças carenadas e vasos de bordos dentados. As construções da fase Calcolítica mais antiga assentam ou no substrato rochoso ou na camada do Neolítico final. Correspondem a um aparelho de muito boa qualidade, em que os blocos eram ligados por argamassa. O progressivo reforço das estruturas nas 2 fases construtivas seguintes, ainda pertencentes ao Calcolítico inicial denotam a manutenção da situação de instabilidade social. João Cardoso sistematiza as várias fases construtivas do seguinte modo: I Fase - atribuível ao Neolítico final e sem estruturas identificadas; II fase - Calcolítico inicial da Estremadura ("horizonte da cerâmica canelada") com 3 sub-fases: 1) constrói-se a fortificação central, onde o espaço ocupado ultrapassaria o limite por ela definido e ulteriormente sobreposta pela 1ª linha defensiva; 2) alarga-se o dispositivo defensivo, construindo-se a 1ª linha de bastiões adossados ao seu lado externo, prolonga-se lateralmente a fortificação central por meio de pano de muralha provido de bastião externo. O aparelho denota menor robustez; 3) reforça-se as estruturas pré-existentes: parte dos bastiões são transformados em estruturas maciças, reforça-se as 2 entradas, o espaço entre a 1ª linha defensiva e a fortificação central é compartimentado por muros radiais, adensa-se a ocupação do espaço intermédio e fechou-se entre o prolongamento para ocidente da fortificação central e a 1ª linha defensiva; III fase - pertencente ao Calcolítico pleno - "horizonte da folha de acácia" - manteve-se, pelo menos em parte, operacional, respeitando a disposição anteriormente definida; IV fase - caracterizado pelo aparecimento de cerâmicas campaniformes e marcada pela decadência do sistema defensivo. Desde 1983 que João Luís Cardoso aqui dirige sistematicamente escavações em extensão, distribuídas por onze campanhas anuais. |
Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Pública: municipal / Privada: pessoa singular |
Afectação
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Época Construção
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Calcolítico |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Não aplicável |
Cronologia
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Neolítico Final - início da construção do povoado, sofrendo várias remodelações em consequência das modificações de ocupação; primeiros séculos da nossa Era - foi abandonado; 1878 - referida pela primeira vez pelo General Carlos Ribeiro; 1880 - apresentada à Comunidade Arqueológica Internacional por comunicação de Francisco de Paula e Oliveira; 1917 - Leite Vasconcelos anuncia criação de Museu de Barcarena para recolher os materiais da estação. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Calcário |
Bibliografia
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S.a., Roteiros da Arqueologia Portuguesa, 1 - Lisboa e Arredores, s.l., 1986; CARDOSO, João Luís, SOARES, Joaquina, SILVA, Carlos Tavares da, Oeiras há 5000 anos - Monografia de Leceia, s.l., 1987; CARDOSO, João Luís, Leceia: Resultados das Escavações efectuadas 1983 / 1988, s.l. 1989; IDEM, Estudos Arqueológicos de Oeiras, 1 - Notícia da Estação Humana de Leceia por Carlos Ribeiro, Oeiras, 1991; IBIDEM, Estudos Arqueológicos de Oeiras, 2 - O Homem pré-histórico no Concelho de Oeiras. Estudos de Antropologia Física, Oeiras, 199; CARDOSO, José, Leceia in Informação Arqueológica, nº 9, Lisboa, 1994, p. 63 - 64; Plano de Salvaguarda do Património Construído e Ambiental do Concelho de Oeiras, DPGU, CMO, Oeiras, 1999. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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1920, depois de - Joaquim Fontes e Álvares de Bréc passam a recolher materiais; 1973 - Escavações; 1983 - Campanha de escavações com o apoio da Câmara Municipal; 1984 - Vedada pela Câmara Municipal de Oeiras; 1986 - escavações arqueológicas dão conhecimento do controlo estatigráfico; 1987 - escavações tendendes a reconhecer o dispositivo defensivo, procurando estabelecer através de escavação em extensão, relações funcionais entre estruturas defensivas e habitacionais, numa perspectiva diacrónica; 1988 - 6ª campanha de escavações; 1989 - Obras de recuperação e valorização turística. |
Observações
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Autor e Data
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Paula Noé 1991 / 1994 |
Actualização
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