Capela de Santo António

IPA.00023369
Portugal, Braga, Vila Nova de Famalicão, União das freguesias de Antas e Abade de Vermoim
 
Capela reconstruída na segunda metade do séc. 18, transferida de local na segunda década do séc. 20, altura em que se alterou bastante a sua tipologia de fachada, num revivalismo clássico. Atualmente apresenta planta retangular composta por nave e capela-mor, e a fachada principal é do tipo fachada-torre, com três panos definidos por pilastras, evoluindo a torre em três registos, os inferiores baixos e o superior com ventanas, em arco de volta perfeita, em cada face e cobertura piramidal facetada. O pano central remata em frontão triangular, de cornija inferior interrompida, e é rasgado por portal de verga reta e janelão em arco, enquanto os laterais são cegos, mas recentemente apostos com imagens pétreas. Na fachada lateral esquerda possui porta travessa e janela retilíneas e revela algumas alterações na esterometria do aparelho, havendo um amplo arco, atualmente entaipado, e uma porta no início da nave, que deverá ser posterior também. No interior, possui retábulo-mor tardo-barroco, de transição do 18 para o 19, em talha de policroma de corpo reto e três eixos, com insígnias da Ordem de São Francisco no remate.
Número IPA Antigo: PT010312480086
 
Registo visualizado 794 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta retangular composta por nave e capela-mor, mais baixa e estreita, tendo sacristia retangular adossada à fachada lateral esquerda. Volumes escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na capela e de três na sacristia, rematadas em beirada simples. Fachadas em alvenaria de pedra aparente, percorridas por soco de cantaria, com cunhais apilastrados, e rematadas em friso e cornija. A fachada principal surge virada a ocidente, com três panos, definidos por pilastras, o central coincidindo com os cunhais da torre, que tem três registos marcados por cornijas, o superior rasgado, em cada uma das faces, por ventana em arco de volta perfeita sobre pilastras, albergando sino; a torre remata em friso, cornija e platibanda vazada, com acrotérios almofadados nos cunhais coroados por fogaréus, e tem cobertura em coruchéu piramidal, coroada por cruz em ferro. Ladeiam a torre aletas, surgindo nos cunhais da capela acrotérios com fogaréus. O pano central da igreja, rematado em frontão triangular coroada por cruz sobre acrotério, é rasgado por portal de verga reta, encimado por cornija, e janelão, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, com vidros policromos, sobreposto por relógio quadrangular. Nos panos laterais surgem mísulas sustentando imagens pétreas, sendo a da direita Santo António. A fachada lateral esquerda é rasgada, no início da nave, por porta de verga reta encimada por cornija e, sensivelmente a meio, por porta travessa de igual modinatura e janela retilínea, possuindo ainda, no topo, a marcação de um vão em arco de volta perfeita, entaipado. A sacristia, de dois pisos, tem a ocidente duas portas de verga reta, a do segundo piso precedida por escada, com guarda em balaustrada e formando balcão, e a norte por janela retilínea, no segundo, com caixilharia de guilhotina. INTERIOR com guarda-vento de madeira envidraçado. Na capela-mor, com cobertura em falsa abóbada de berço, sobre cornija, existe retábulo-mor, em talha policroma, de corpo reto e três eixos, definidos por duas pilastras exteriores, de fuste ornado com motivos vegetalistas e capitéis coríntios, coroadas por urnas, e duas colunas interiores com falsa espira fitomórfica, todas assentes em plintos paralelepipédicos, e as colunas sustentando frontão semicircular. No eixo central abre-se tribuna, em arco de volta perfeita, ornada de motivo vegetalista, interiormente albergando trono expositivo de vários degraus, e nos eixos laterais nichos de perfil contracurvo, albergando imaginária sobre mísulas. A estrutura remata em espaldar com cornija sobreposta por cartela com insígnias da Ordem de são Francisco, rematada em frontão semicircular interrompida por elemento fitomórfico.

Acessos

Vila Nova de Famalicão, Rua Alves Roçadas

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, inserido em adro apertado, entre dois edifícios de habitação, de cércea mais elevada. O adro, delimitado por muro, frontalmente encimado por gradeamento e com dois portões de ferro, dispõe-se numa cota mais elevada relativamente ao arruamento e possui pavimento lajeado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Braga - Arciprestado de Vila Nova de Famalicão)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1649, 29 agosto - Sebastião Gonçalves, viúvo, oferece um alqueire de pão meado, por ano, que lhe paga Simão Carvalho de Mouquim, para a fábrica da capela de Santo António; 1650, 20 janeiro - Pedro Ferreira e esposa, Maria Rebela, moradores na freguesia de Santa Maria Madalena de Vila Nova de Famalicão, comprometem-se ao censo anual de meia rasa de pão terçado, sobre o campo da Terceira, foreira à Casa de Bragança, e sito na freguesia de Santa Maria Madalena; 21 janeiro - Belchior Correia trespassa para a capela de Santo António dois alqueires anuais impostos sobre uma leira sita no campo do Souto, Brufe, de que era direito senhorio o abade de São Tiago de Antas; 24 janeiro - Belchior Carvalho e sua esposa Isabel Esteves, residentes no lugar da Maia, freguesia de São Tiago de Antas, dotam a capela com meia rasa de pão meado anual sobre a Devesa de fora, na saída do Casal da Maia; também João Luís e mulher Maria Simões, do lugar da Quinta, freguesia de Santo Tiago de Antas, oferece sobre a leira do Picoto que possuem, a renda de 1/4 de pão meado para a fábrica da capela; 05 fevereiro - Simão de Carvalho e sua mulher Maria Gonçalves, moradores no lugar do Carvalho, freguesia de Mouquim, vendem a leira sobre a qual pesava o legado pio, a Sebastião Francisco, de Vila Nova, por 1$600; sobre o comprador se manterá o encargo de um alqueire de pão meado, pela medida grande, censo que este pagará anualmente, como dote, à ermida de Santo António; 20 maio - António Gomes, de Vila Nova de Famalicão, dota a capela com uma rasa de pão meado sobre o cortelho que fora de Maria Duarte; 08 junho - o Dr. Francisco Pereira Salgado, governador, provisor e Vigário Geral de Braga, ordena a João de Araújo Bosques que passe os papéis para o registo geral da Corte de Braga, pertencentes à fábrica da ermida de Santo António da Granja, sita na devesa, onde se faz a feira; o mesmo Dr. Francisco Pereira Salgado autoriza o abade de Vila Nova de Famalicão a benzer a ermida de Santo António, depois do qual ali se poderia dizer missas e celebrar os ofícios divinos; 13 junho - em que todos estes documentos de dotação da Capela de Santo António dão entrada na Cúria Bracarense e são passados avulsos para o livro do Registo Geral; data provável da inauguração da capela; o pároco Manuel de Oliveira informa as autoridades diocesanas que a capela está pronta e suficientemente preparada de alfaias para a realização de atos litúrgicos; 31 agosto - Francisco Manuel e Madalena Antónia, moradores no lugar da Cruz, freguesia de Requião, fazem dotação perpétua de meia rasa de pão meado sobre os rendimentos da Devesa do Monte das Lagoas, foreira à Casa de Bragança, para a administração da ermida de Santo António; séc. 18 - a capela encontra-se em ruína; 1758, 23 abril - referência à capela de Santo António pelo abade Caetano José de Sousa Rebelo nas Memórias Paroquiais da freguesia; 1775 - conclusão da re-edificação "a fundamentis" da Capela de Santo António, por imposição de um capítulo da visitação; 01 julho - D. Gaspar, arcebispo de Braga, concede licença ao abade de Santa Maria Madalena para benzer a capela de Santo António; 1776, 23 maio - o arcebispo de Braga, D. Gaspar de Bragança, por licença da Cúria Bracarense, autoriza a confraria de Santo António a instalar um confessionário na capela, conforme exigido pelas Constituições Sinodais; 1921 - os moradores da zona envolvente da capela pedem à Câmara a mudança da capela setecentista do lugar da Devesa, onde se fazia a feira de Vila Nova, para o sítio atual, na Rua Alves Roçadas; autorizada a transferência, reconstrói-se a capela alterando bastante a traça.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito; pilastras, frisos, cornijas, soco, molduras dos vãos e fogaréus em cantaria de granito; cruz em ferro; portas de madeira pintada; vidros policromos ou simples; algerozes metálicos; guarda-vento de madeira envernizada; retábulo de talha policroma; cobertura de telha.

Bibliografia

CAPELA, José Viriato - As Freguesias do Distrito de Braga nas Memórias Paroquiais de 1758. Braga: Barbosa & Xavier, Ldª. - Artes Gráficas, 2003; CORREIA, Francisco Carvalho - A capela de Santo António em Vila Nova de Famalicão. In Mínia. Braga: ASPA, 2003, n.º 10, III série, pp. 217- 236.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - Segundo fotografias anteriores à transferência do templo setecentista, a capela de Santo António tinha as fachadas rebocadas e pintadas, de cunhais apilastrados e terminadas em friso e cornija. A frontaria terminava em espaldar contracurvo, sobre friso e cornija, coroado por cruz latina sobre acrotério e com pináculos adelgaçados nos cunhais. No espaldar havia um elemento circular. Era rasgada por portal de verga reta encimado por frontão interrompido e janela de verga abatida, ladeado por duas janelas de verga abatida. À esquerda e no alinhamento da fachada, dispunha-se torre sineira, de dois registos, separados por friso e cornija, rematada em friso, cornija e balaustrada, com acrotérios nos cunhais sustentando pináculos adelgaçados, e coberta por cúpula bolbosa facetada. No primeiro registo abria-se portal de verga reta, encimado por espaldar recortado rematado em cornija, e óculo. No segundo registo, abria-se ventana em arco de volta perfeita, sobre pilastras, albergando sino e com pano de peito em cantaria.

Autor e Data

Paula Noé 2016

Actualização

 
 
 
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