Palácio da Brejoeira

IPA.00002194
Portugal, Viana do Castelo, Monção, Pinheiros
 
Arquitectura residencial, neoclássica e neobarroca. Palácio de planta em L, a que se adossam alguns corpos construídos no séc. 20, como o Jardim de Inverno. Possui ampla fachada principal de aparato, constituída por três panos, com corpos torreados nos ângulos, divididos por pilastras e com remates em entablamento e platibanda balaustrada, com urnas nos ângulos. O pano central é mais decorado, em cantaria, de silharia fendida, criando um falso rústico, rasgado por portal em asa de cesto e encimado por três janelas que abrem para sacada comum, de perfil contracurvado; remata em tabela rectangular vertical, flanqueada por pilastras e aletas, segundo uma interpretação neoclassicista dos esquemas do arquitecto maneirista Vignola. Os corpos laterais são rasgados por vãos rectilíneos ou em arco abatido, os do piso superior com moldura contracurvada, de enrolamentos, revelando influências barroquizantes. O outro braço do L, também apresenta o corpo central mais elaborado, com esquema semelhante, mas com remate em frontão triangular, sobrepujado por urna. A fachada posterior é mais simples, de corpos escalonados e reentrantes, rasgada por janelas rectilíneas, de molduras recortadas, algumas só na zona superior, revelando a intervenção do séc. 20 de Ventura Terra, visível também nas janelas de grandes dimensões e molduras comuns. Os corpos torreados evoluem em três pisos, divididos em dois panos, por pilastra colossal, rasgados regularmente por vãos rectilíneos ou em arco abatido. Interior com amplo vestíbulo, que comunica com as alas laterais e com escadaria de três lanços, os superiores divergentes, ligando ao andar nobre, composto por várias salas intercomunicantes, decorados por estuque e pinturas murais, de gosto neoclássico. Os espaços privados surgem no braço secundário, com distribuição por escadaria menos elaborada e por corredor central. No topo esquerdo da casa, implanta-se a capela, de planta longitudinal, com nave, capela-mor e sacristia adossada ao lado direito, com coberturas interiores em falsa abóbada de berço na capela-mor e em falsa cúpula na nave, que possui tribuna, com ligação à casa e púlpito no lado do Evangelho. Capela-mor com retábulo de talha neoclássica, de planta convexa e três eixos. Palácio maioritariamente de estilo neoclássico, mesmo no que concerne à decoração e mobiliário, com preponderância de móveis estilo Império, mas apresentando algumas persistências barroquizantes, como as cornijas de inspiração borromínicas, as sacadas de perfil contracurvado e convexo, as volutas que envolvem as modinaturas, os fogaréus sobre as urnas e a gramática do estuque que decora algumas dependências, nomeadamente o teatro. É de grandes dimensões, apesar de inacabado, não se concretizando o projecto original de quatro fachadas a envolver pátio interno, incluindo uma capela, teatro, jardim de Inverno, novecentista e com estrutura em ferro e vidro, várias salões, de invocação real, todos eles decorados a estuque e pintura, esta com temática alegórica. As fachadas principais de cada uma das alas possuem tratamento exuberante, a virada à entrada apresentando maiores persistências barroquizantes, a da outra ala, mais marcadamente neoclássica, com remate em frontão triangular e urna no acrotério. Algumas salas apresentam "boiserie", nomeadamente a Sala de Jantar, com um interessante jogo de apainelados côncavos e de rosetões pendentes, invocando, na sua composição, o estilo Tudor. Os salões do andar nobre possuem fogões de sala, o da biblioteca mais exuberante, a cantaria e dourado, encimado pela pedra de armas do primitivo proprietário. O vestíbulo é de grandes dimensões, apresentando silhares de azulejo figurativo, revelando temática mitológica. A capela, com inovacação primitva distinta, dedicada a São Sebastião, como revela a iconografia da cobertura da capela-mor, possui nave e capela-mor, com acesso superior por tribuna formada por três arcos de volta perfeita, possuindo duas tribunas confrontantes na capela-mor, um grande órgão com caixa pintada de preto e dourado. De destacar, ainda, a cobertura da nave, em falsa cúpula com tambor iluminado por janelas rectilíneas, tendo, no topo, a representação de uma Santíssima Trindade.
Número IPA Antigo: PT011604210003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em L

Descrição

Planta em L, com três torres quadrangulares nos ângulos, possuindo alguns corpos adossados à fachada posterior, como a capela e o Jardim de Inverno, de perfil curvilíneo; de volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas no corpo principal e capela e de quatro nas torres. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento saliente, em cantaria, vazado por pequenas frestas de arejamento, flanqueadas por cunhais apilastrados e rematadas por entablamento dórico, encimado, na fachada principal e torres, por platibanda balaustrada, sobrepujada, nos ângulos, por urnas com fogaréus. Fachada principal, virada a E., composta por cinco panos dispostos simetricamente, a partir do central, saliente e composto por cantaria de granito aparente, com elementos em silharia fendida, imitando o aparelho rústico, sendo os extremos também salientes, formando os corpos torreados, com gárgulas de canhão nos ângulos. Os panos centrais são de dois pisos e as torres de três, todos divididos por friso de cantaria. O pano central subdivide-se em três panos, o central convexo, definidos por duas ordens de pilastras toscanas, as inferiores assentes em plintos paralelepipédicos. Ao centro, portal em asa de cesto, com dupla moldura, a interior formando pequeno filete e a exterior em silharia fendida; está ladeado, por dois frades de cantaria e, nos panos laterais, por duas janelas em arco abatido com moldura recortada e almofada inferior, formando falso avental. No segundo piso, abre-se, em cada pano, uma janela em arco de volta perfeita com fecho volutado, assentes em pilastras toscanas e com moldura rectilínea recortada; abrem para sacada comum, de perfil contracurvado, assente em duas consolas e com guarda de ferro forjado, formando elementos vegetalistas. Sobre o pano central, a platibanda do remate interrompe-se, dando origem a tabela rectangular vertical, contendo a pedra de armas, rematada em frontão circular, interrompido inferiormente e encimado por elemento vegetalista vazado, sendo flanqueado por pilastras e aletas, bem como por fragmento de platibanda, inferiormente plena e com almofada, sobrepujada por balaustrada. Os panos intermédios da fachada são semelhantes, tendo, em cada piso, quatro janelas em arco abatido e fecho saliente, as inferiores de peitoril, protegidas por grades de ferro, com moldura de cantaria saliente, formando, inferiormente losango almofadado; no piso superior, janelas de sacada, com guarda de ferro forjado decorada por elementos vegetalistas, sendo a moldura recortada, formando enrolamentos nos ângulos superiores e sobrepujada por cornija. Os corpos torreados são semelhantes, divididos, em cada uma das faces, em dois panos definidos por pilastra da ordem colossal, sendo, cada um deles, rasgado por vãos em eixo; no inferior, portas em arco abatido no do lado esquerdo e janelas de peitoril, semelhantes às dos panos intermédios e protegidas por grades em papo de rola, no corpo direito; os vãos dos pisos superiores são iguais, com janelas de sacada e guardas semelhantes às anteriores, em arco abatido, as do piso intermédio rematadas em cornija e as superiores com decoração mais exuberante, semelhantes às dos panos intermédios, tendo, ao centro, vão criado por elementos volutados. Sobre a fachada, são visíveis as janelas das faces internas dos corpos torreados, entaipadas. Os vãos são protegidos por caixilharias de madeira pintada de branco, os dos pisos superiores com bandeira. Fachada lateral esquerda, virada a S., marcada pelo corpo torreado, com o piso inferior cego, surgindo, nos superiores, janelas de peitoril em arco abatido, com moldura saliente, formando, inferiormente, almofada e rematadas por cornija. No lado esquerdo, o corpo da Capela, rasgado por janela rectilínea com moldura saliente, prolongando-se, na zona inferior, formando falsos brincos. Fachada lateral direita, virada a N., formada por cinco panos, os centrais de dois pisos, rasgados por vãos em arco abatido com fechos e molduras salientes, dispostos simetricamente a partir do pano central. Este é rasgado, no piso inferior, por portal flanqueado por duas pilastras, e por duas janelas de peitoril, com a moldura a formar almofada em losango na zona inferior; é encimado por três janelas que abrem para sacada comum em ferro forjado, assente em cornija, tendo molduras recortadas, com enrolamentos nos ângulos, a central criando um falso espaldar almofadado, flanqueado por pequenas volutas. O pano remata em friso e cornija, ligeiramente alteados e curvos na zona central, marcada por folha de acanto clássica, que sustentam frontão triangular com urna no acrotério. Cada um dos panos intermédios tem cinco janelas de peitoril em cada piso, rematadas em cornija, as do piso superior com a moldura a formar duplo losango na almofada inferior. Os corpos torreados são rasgados, no piso inferior, por porta e janela de peitoril, surgindo, nos imediatos, janelas de sacada, todas rematadas por cornija. As janelas são protegidas por caixilharias de madeira pintada de branco, nalguns casos duplas, surgindo, nas do piso inferior, grades em papo de rola. Fachada posterior marcada pelas alas que formam o L; a do lado esquerdo tem, na face O., o corpo torreado, rasgado, nos três pisos, por janelas de peitoril, em arco abatido e rematadas por cornija, as do piso inferior, protegidas por grades de ferro; no lado direito, corpo mais baixo, de dois pisos, com duplo embasamento, rasgado por portal em arco abatido, tendo, em cada piso, duas janelas de peitoril com molduras salientes, as do superior recortadas e, na do lado direito, pequena guarda de metal. A face virada a S. é rasgada por vãos rectilíneos, de molduras salientes em cantaria, as do piso superior recortadas. Possui dois panos, o do lado esquerdo ligeiramente saliente e rasgado por cinco janelas de peitoril no piso inferior e, no superior, por três janelas que abrem para sacada comum, sustentada por seis mísulas de cantaria, e com guarda de ferro forjado, de decoração geométrica; estas são flanqueadas por duas janelas de peitoril com pequena guarda de ferro forjado. O pano do lado direito possui, em cada piso, três janelas de peitoril. A face virada a O. divide-se em cinco panos, o do lado esquerdo bastante estreiro, rasgado por duas janelas em arco abatido e fecho saliente, no primeiro piso, surgindo o segundo divivido por friso e floreira de cantaria, tendo três janelas de volta perfeita, com molduras comuns. O pano imediato é marcado pelo corpo convexo e de perfil curvo do Jardim de Inverno, formando 11 vãos rectilíneos, definidos por pilares, o central com acesso por escadaria de granito, com guarda metálica, e os laterais protegidos por muretes de alvenaria e por estrutura metálica e vidro; sobre este, surge a empena do corpo principal. O pano imediato é rasgado por duas janelas em eixo, a inferior de peitoril e protegida por grades e a superior de varandim, com guarda metálica e moldura prolongando-se inferiormente, formando falsos brincos. O pano seguinte, reentrante, tem três pisos de vãos, dispostos irregularmente e formando três janelas de peitoril, todas com molduras de cantaria, que se prolongam, inferiormente, em falsos brincos. O pano da direita, saliente, corresponde à Capela, em empena cega, tendo, no topo, uma pedra de armas, surgindo, na face N., um óculo circular com moldura de cantaria. As janelas são protegidas por caixilharias de madeira pintada de branco, algumas com gelosias da mesma tonalidade. INTERIOR com acesso por amplo vestíbulo, com pavimento em lajeado de granito, cobertura de madeira em gamela, formando apainelados, com paredes rebocadas e pintadas de branco, com amplo rodapé de cantaria e painéis de azulejo figurativo, monocromos, azuis sobre fundo branco, com moldura fitomórfica, recortada exteriormente. Em cada um dos lados, portas de verga recta, de acesso às alas laterais, ao teatro, no lado esquerdo, de pequenas dimensões e com as paredes e tecto ornado a estuque, e à cozinha, no lado direito, surgindo, frontalmente, escadaria que leva ao andar nobre. Acede-se à mesma por amplo arco em asa de cesto, sustentado por pilastras, formando uma passagem abobadada, com o tecto ornado por estuque e com as paredes decoradas por dois painéis de azulejo figurativo. As escadas, em cantaria e com guardas de ferro forjado, preto e dourado, possuem lanternas de iluminação e ligam ao primeiro patamar, que acede a três vãos frontais, de verga recta e moldura recortada, de acesso ao Jardim de Inverno, surgindo, lateralmente, duas portas de verga recta; do patamar divergem dois lanços de escada, de acesso ao piso superior, com o tecto estucado, formando apainelados quadrados, ornados por florões. Liga a três portas de verga recta e moldura recortada, rematadas por cornija, que acedem ao salão central e duas laterais, a da direita a ligar à capela e a da esquerda ao outro braço do L e a várias dependências, com distribuição feita por corredor central. As paredes das escadas possuem azulejo figurativo, com temática mitológica. As salas do segundo piso são intercomunicantes, com pavimentos em parquet e tectos decorados com pinturas murais e estuque, surgindo, ao centro, a Sala do Rei, ficando, no lado direito, o Salão dos Retratos e a Biblioteca, e, no oposto, uma Saleta e a Casa de Jantar. Possui, ainda, um Quarto Real e um Quarto de Hóspedes. As dependências privadas, com acesso por escadas secundárias, em madeira, possuem decoração menos exuberante, com pavimentos em soalho, paredes pintadas de várias tonalidades e tectos planos, rebocados e pintados de branco. Nesta zona, situam-se várias instalações sanitárias, com paredes revestidas a azulejo, colocado em esquadria. Todas as dependências possuem portas de madeira, de duas folhas, de madeira, algumas pintadas de branco, com ferragens profusamente decoradas. No lado esquerdo, a Capela, dedicada a São Luís, rei de França, com planta longitudinal composta por nave e capela-mor, com paredes rebocadas e pintadas de branco e coberturas em falsas abóbadas de berço, ornadas por estuque; possui tribuna, que acede para a nave por três arcos de volta perfeita, assentes em colunas e plintos, com guarda de madeira vazada, tendo, no lado do Evangelho, púlpito e, no oposto, uma tribuna com órgão. A capela-mor, com tribunas laterais, possui retábulo de talha dourada e pintada de branco e cinza. No lado da Epístola, porta de verga recta, de acesso a uma pequena sacristia.

Acessos

Lugar da Brejoeira, a 6 Km. a S. de Monção. VWGS84 (graus decimais) lat.: 42,041649; long.: -8,494507

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Rural, isolado, situado em zona plana, no centro da Quinta da Brejoeira (v. PT011604210159), de dimensões razoáveis, de perfil irregular, sensivelmente ovalado, com o ângulo NE. côncavo, totalmente rodeado por muro de alvenaria, com acesso pelo lado E., por portão monumental, feito em cantaria e gradeamento em ferro. Tem, na zona frontal, amplo terreiro, formando um pequeno jardim formal, bordejado por plátanos. No lado esquerdo, casas de apoio à produção agrícola e as antigas cavalariças, surgindo, no oposto, ampla mata, que integra um lago, grutas, duas capelas e a Casa de Jogos. A fachada posterior abre para um pequeno jardim formal.

Descrição Complementar

Pedra de armas da fachada principal esquartelada, tendo no 1.º os Pereira, cortado de Vilarinho e Vilaboa (?); 2.º dos Brito, 3.ª dos Castro e 4.º dos Palhares, com coronel de nobreza (marquês), tendo, em chefe, as três cabeças de lobo dos Moscoso, postos em faixa sob a divisa "regis a nobis, non nos a regibus". TEATRO com a porta protegida por gurda-vento de perfil trapezoidal, de madeira pintada de creme e em vidro simples, decorado, superiormente, por festões; as paredes formam dois andares de apainelados em estuque, ambos com almofadas rectilíneas, com os ângulos recortados, os superiores percorridos por festões, unidas por cartelas ou escudos ovalados. Tem pavimento em soalho e tecto com estuque branco, em relevo, criando amplo medalhão central, circular, com moldura de concheados e pequenos acantos, interrompida, nas quatro faces, por grande folha de acanto, de onde se dependuram vieiras pouco relevadas e festões. A plateia possui seis filas de oito cadeiras, num total de 48 lugares. A caixa de palco é de pequenas dimensões, flanqueada por duas colunas dóricas com o terço inferior marcado, que sustentam entablamento, onde surge a cortina, a abrir em boca de cena. Tem cenário pintado, representando a quinta e a caixa de ponto é de talha em branco, ornada por concha e enrolamentos. O espaço é iluminado por duas janelas, protegidas por portadas de madeira, almofadadas. A COZINHA está revestida a azulejo branco, com tecto plano de madeira, assente em friso do mesmo material, e pavimento em ladrilhos hexagonais. Tem enorme lareira, sustentada por dois pilares de cantaria, com pia do mesmo material, assente em dois pés de perfil curvo e vários armários em madeira de castanho. O JARDIM de INVERNO tem pavimento em ladrilho cerâmico branco e com elementos pretos, de menores dimensões, formando xadrez, com cobertura em apainelados de estuque pintado de branco, tendo o topo revestido a vidro, branco e amarelo, sustentado por estrutura de ferro. As janelas são percorridas por um friso com vidro colorido, formando círculos. Possui um busto ao centro, rodeado por vários vasos com trepadeiras, fetos, palmeiras e borracheira. A SALA do REI é rectangular, com as paredes em apainelados pintados, a imitar tecido, sendo o tecto octogonal, com o fundo pintado de rosa, possuindo vários frisos de estuque branco, criando uma pequena sanca, interrompida por painéis circulares pintados. No tecto, uma falsa cúpula, em trompe l'oeil, formando vários panos, uns com elemento decorativo, outros com figuras de musas, tocando instrumentos musicais; nos topos, surgem dois painéis pintados. SALÃO dos RETRATOS com as paredes pintadas, formando falsos apainelados de tecido, compondo, superiormente, sanefa, tendo lambril pintado de cinza. Possui o tecto pintado, a imitar estuque, formando friso inferior e, na sanca, vários painéis de perfil curvo, contendo glórias de anjos, que sustentam vários atributos; ao centro, um painel ovalado, representando figura alegórica. Sobre a porta que liga à Biblioteca, uma figura alegórica, na forma de um velho selvagem. BIBLIOTECA com paredes pintadas de branco e lambril de madeira almofadado, tendo tecto em "boiserie", em forma de gamela, formando apainelados rectilíneos, os centrais com os ângulos recortados, assentes em friso, cornija e consolas equidistantes, e pavimento em parquet. Encontra-se rodeada por móveis em madeira de castanho, rematados por espaldar recortado e contendo os livros e, no topo, fogão em cantaria, com vão contracurvado e interrompido em volutas e cartela, flanqueado por quarteirões, que sustentam friso almofadado e cornija. Sobre este, uma pedra de armas em talha dourada e pintada, semelhante à do portal principal. SALETA pintada de azul, percorrida por faixa de madeira branca, formando falso lambril, com tecto em apainelados de estuque, assente em friso de louros e cornija, interrompido, ao centro, por mísula. Tem fogão em cantaria e metal, flanqueado por dois quarteirões que sustentam o friso e cornija do remate. A CASA de JANTAR tem as paredes pintadas de rosa escuro, percorridas por lambril de madeira, formando apainelados, com tecto em "boiserie", criando apainelados côncavos, de perfil octogonal, ornado por motivos fitomórficos entrelaçados, intercalados por florões, em pingente; apoia-se em friso denticulado e cornija. As janelas são flanqueadas por pilastras e rematadas por friso e cornija. Possui fogão de sala em cantaria, com pavimento em calcário rosa, sustentado por duas colunas em entase e duas pilastras, todas com o terço inferior estriado e ornado por flores, e capitéis de inspiração jónica, de onde pendem, no caso das colunas, acantos dourados; o fogão está encimado por painel de azulejo policromo, formando festões, e as colunas sustentam duplo friso, o superior com florões e pedra de armas, rodeada por acantos; desta evolui a chaminé, em "boiserie" e estuque de revestimento pintado de rosa. QUARTO REAL com pavimento em soalho, paredes pintadas de rosa, formando apainelados, com o fundo cinza, percorridas por lambril rosa e com tecto plano, ornado a estuque pouco relevado e ornado por elementos vegetalistas, dispostos de forma sinuosa, que centram painel circular com duas figuras femininas e uma masculina e, nos ângulos, pinturas ovaladas representando paisagens. CAPELA com paredes rebocadas e pintadas de branco, na nave, com cobertura assente em cornija de madeira, criando uma sanca rectilínea, ornada por estuque pintado de branco, sobre fundo azul, representando painéis com livros abertos e elementos fitomórficos, os quais centram falsa cúpula octogonal, com tambor rasgado por janelas protegidas por guardas de madeira, e decorada por estuque, surgindo, no topo, um painel ovalado com a representação pictórica de uma Santíssima Trindade horizontal. Tem acesso por duas portas, uma delas com guarda-vento de madeira e vidro, entre as quais se situa pia de água benta em cantaria; sobre esta, a tribuna com tripla arcada de madeira, assente em duas consolas do mesmo material e acesso por porta de verga recta, no lado do Evangelho, intensamente iluminada por duas janelas no topo e outra no lado direito; o tecto é em estuque, que emoldura três medalhões circulares, representando as três Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade). No lado do Evangelho, púlpito de perfil semicircular, assente em ampla mísula ornada por elementos fitomórficos, com guarda plena de madeira pintada de branco, decorada com elementos vegetalistas dourados; tem acesso por porta em arco abatido, encimado por sanefa. A tribuna prolonga-se lateralmente, formando o coreto do órgão, situado no lado da Epístola; este é de perfil contracurvado, assente em mísulas de madeira, onde se implanta a caixa do órgão. O órgão está embutido na estrutura murária, sendo de planta rectangular, com a caixa pintada de preto e dourado, composto por três castelos, o central mais alto e em meia cana e os laterais, em losango, com gelosias vazadas e dispostas em cortina; os castelos rematam em pequenas cúpulas e, entre eles, surgem dois nichos, com gelosias em harpa; são divididos por pilastras encimadas por urnas e, na base, surgem as flautas em leque. Possui a consola em janela, ladeada pelos botões dos registos. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, criando dupla arquivolta, a interior côncava. Capela-mor protegida por teia de madeira, com as paredes em apainelados do mesmo material, surgindo, confrontantes, duas tribunas, com guardas metálicas pintadas de branco e dourado, encimadas por sanefas; cobertura marcada por painel central, representando o mártir São Sebastião, rodeado por elementos de estuque pintado de branco, sobre fundo azul, formando falsa grilhagem, onde se apoiam dois elementos inscritos em painéis semi-esféricos, que integram atributos alusivos ao martírio do orago, como a coluna, a pena, uma coroa fechada e uma cruz. Na parede testeira, o retábulo-mor, de planta convexa e três eixos definidos por duas colunas coríntias, com anel e festões no terço inferior, rematadas por urnas, e por quatro pilastras, todas assentes em duas ordens de plintos, os superiores cúbicos e decorados por festões e os inferiores paralelepipédicos e almofadas com motivo vegetalista. O eixo central é composto por tribuna em arco de volta perfeita e moldura fitomórfica, contendo trono expositivo de cinco degraus, na base do qual surge o sacrário embutido, decorado por ostensório e flanqueado por apainelados vegetalistas. Os eixos laterais formam painéis rectilíneos,onde se integram mísulas, encimadas por elementos de talha, formando falso baldaquino. A estrutura remata em friso e cornija, com espaldar curvo ao centro, ornado por resplendor e sobrepujado por frontão semicircular. Altar em forma de urna, decorado por festões e grinaldas de flores, flanqueado por duas mesas de apoio. SACRISTIA com paredes rebocadas e pintadas com marmoreados fingidos, com pavimento em soalho e tecto plano de madeira, com pequeno armário.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa nobre

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Carlos Amarante (atr., 1795); Ventura Terra (1901). ESTUCADORES: Escola de Afife (séc. 19). PEDREIRO: Mestre Domingos Pereira (séc. 18-19). PINTOR de AZULEJO: Jorge Pinto (séc. 20).

Cronologia

1795 - provável início da construção do palácio *1, por ordem de Luís Pereira Velho Moscoso, fidalgo da Casa Real, segundo projecto atribuível a Carlos Amarante; séc. 19 - as obras prosseguem por ordem do filho, Simão Pereira Moscoso, dirigidas pelo mestre de Vila Nova de Cerveira, Domingos Pereira; 1834 - é referido o termo das obras, que importaram em 400:000$000, sem se completar o plano inicial das 4 fachadas; 1881 - morte do morgado Simão Pereira de Moscoso; 1901, 10 Outubro - Pedro Maria da Fonseca Araújo, Presidente da Associação do Comércio do Porto, comprou a propriedade a D. Joana Francisca Caldas Machado, por 20 contos de réis, mandando depois proceder a importantes obras de beneficiação no palácio e parque, sob a orientação do Arquitecto Ventura Terra; feitura das instalações sanitárias, com encomenda das louças a França e Inglaterra; feitura dos estuques pela escola de Afife; 1937 - comprado por Francisco de Oliveira Pais, de Lisboa; provável feitura do Jardim de Inverno; 1950, 7 Setembro - aqui se encontraram, para reunião política, António Oliveira Salazar e o General Franco.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria e cantaria de granito; modinaturas, pilastras, platibanda, balaústres, urnas, fogaréus, pavimentos em cantaria de granito; pavimentos, portas, gelosias, coberturas e modinaturas de madeira; púlpito, órgão e retábulo em talha policroma; tectos em estuque e pinturas murais; vestíbulo, salão da casa de jantar e instalações sanitárias com azulejo industrial; pavimentos das instalaçõs sanitárias em ladrilho; janelas com vidro simples; janelas do Jardim de Inverno com vidro colorido; coberturas exteriores em telha.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987; ALVES, Lourenço, O Património Cultural do Alto Minho, in Caminiana, ano IX, n.º 14, Caninha, Dezembro 1987, pp. 9-80; CACHO, António, O Palácio da Brejoeira, in Diário do Minho, Arcos de Valdevez, 25 Outubro 2005; Palácio da Brejoeira. De lugar de romaria a catedral do Alvarinho, Correio do Minho, 22 Fev. 1997; PASSOS, Carlos de, A Brejoeira e um deleitável censor, Porto, 1953; Património do Alto Minho. Palácio da Brejoeira, Cidade de Tomar, 8 Setembro 2000; www.genealogia.netopia.pt., Junho 2005.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: séc. 20, final - arranjo da cobertura do Jardim de Inverno.

Observações

*1 - alguns autores definem o ano de 1804 ou 1806 para o início das obras.

Autor e Data

Paulo Amaral 2004

Actualização

 
 
 
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