Igreja de São Paulo / Igreja dos Clérigos / Capela Nova

IPA.00021888
Portugal, Vila Real, Vila Real, Vila Real
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e rocócó. Capela de planta longitudinal composta por nave única e capela-mor, interiormente semicircular, interiormente cobertas por abóbada de berço, formando caixotões, e iluminada pelos vãos axiais e laterais, tendo adossado torre sineira em eixo, e uma outra, sacristia e sala do despacho à fachada lateral direita. Fachadas com pilastras nos cunhais coroadas por fogaréus e terminadas em friso e cornija. Fachada principal definida por duplas colunas sobre plintos com concheados, suportando entablamento, curvo ao centro e no interior do qual se rasgam os vãos em eixo, composto por portal de arco canopial e óculo, de molduras recortadas e envoltas por concheados e elementos fitomórficos, a partir do qual se desenvolve o remate da fachada, em empena contracurvada, ritmada por pilastras e com cartela central envolta em igual decoração, coroada por estátuas. Fachada lateral esquerda com janelas rectangulares de capialço e porta travessa de verga recta e a lateral direita com sacristia e casa do despacho com vãos sobrepostos, a última com janelas de sacada sobre mísulas. Interior com silhar de azulejos figurativos rococós, com cenas alusivas à vida de São Paulo, coro-alto assente em arco abatido, prolongando-se lateralmente para o coreto do órgão, quatro capelas laterais com retábulos de talha dourada maneirista, de planta recta e um eixo, púlpito lateral, e retábulo-mor em talha dourada barroca, de planta recta e um eixo. Apresenta muitas semelhanças com a Capela do Palácio de Mateus (v. PT011714150004), com a Igreja do Carmo no Porto (v. PT011312150182), ambas atribuídas a Figueiredo Seixas, discípulo de Nicolau Nasoni, e com a Capela de Arroios (v. PT011714040021), com as quais partilha a acentuada verticalidade. Esta verticalidade é conferida não só pelo remate em empena, bastante alta, mas também pela colocação de colunas à frente de pilastras no corpo da capela, prolongadas na empena e acentuadas pelas estátuas sobre plintos, e, por último, pela colocação dos vãos em eixo alteando a cornija da fachada, onde forma arco. A fachada principal, tem impacto cenográfico no contexto urbano, resultando num dos melhores exemplares da arquitectura religiosa no concelho de Vila Real. Possui ainda exuberância decorativa, com a utilização de festões, concheados e elementos fitomórficos recortados. Contrastante com esta fachada nitidamente rococó, surgem as restantes, de construção maneirista, de superfícies lisas, linhas austeras e decoração sóbria; a do corpo da sacristia e casa do despacho deveria ter inicialmente três pisos, visto surgirem sobre as janelas de sacada da casa do despacho o arranque de outras sacadas, sobre mísulas. A torre da fachada posterior, solução característica do barroco bracarense, e existente também na capela da Quinta de Mateus, alonga o volume do edifício e incrementa a grandiosidade das suas proporções; supostamente encontra-se incompleta, tendo em conta a desproporção entre a espessura das fundações e das paredes e a sua altura. Interiormente, os elementos de cantaria das capelas, coro, abóbadas e janelas apresentam pinturas policromas, umas possivelmente ainda do séc. 18, mas outras já do 19, nomeadamente as do capialço das janelas com motivos a grisaille. O retábulo de São Judas Tadeu, seguindo a tratadística de Vignola, apresenta colunas com motivos invulgares em ziguezague, duas delas com motivos perlados no meio, e o das Almas é também maneirista, mas foi reformado no período rococó, com a introdução de uma maquineta central; os dois outros retábulos laterais, são já de transição, possuindo estrutura maneirista, mas tendo colunas torsas com decoração barroca e aletas mais elaboradas. O retábulo-mor, em barroco de transição, possuindo esquema nacional, mas tendo profusão decorativa joanina, é bastante elementar, sendo constituído apenas pela tribuna e respectivos elementos arquitectónicos. É enquadrado por dois amplos painéis pintados, alusivos ao orago, com molduras de talha joanina, adaptando-se ao perfil curvo da capela-mor, solução pouco usual no distrito.
Número IPA Antigo: PT011714240165
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta longitudinal composta de nave única e capela-mor, mais estreita e da mesma altura, interiormente semicircular, com torre sineira quadrada, sacristia e sala do despacho trapezoidais adossados a E. e torre incompleta quadrangular a N.. Massas com disposição horizontal, contrariada pela verticalidade da fachada principal e torre sineira. Volumes articulados, com cobertura diferenciada em telhado de duas águas na igreja, três na torre N., cinco no corpo da sacristia e sala do despacho, de uma água no corpo de ligação entre a torre sineira e a fachada principal e tronco-piramidal na torre sineira, esta rematada por cata-vento em ferro forjado com esfera armilar, bandeira com chaves cruzadas e remate em cruz papal. Fachadas rebocadas e pintadas de branco. A principal, virada a SE. e com embasamento moldurado em talão invertido, termina em empena contracurvada, de cornija muito saliente e interrompida na zona central, ritmada por pilastras com almofadas côncavas e topos curvos, tendo de permeio concheados e festões, assentes em cornija igualmente muito avançada, suportada por quatro colunas toscanas, de terço inferior marcado, colocadas à frente de pilastras com igual marcação e tendo entre elas festões, assentando em plintos geminados com as faces ornadas com concheados. Ao centro, abre-se portal de arco canopial, decorado na face com grinaldas que se prolongam nas ombreiras, sobreposto por frontão de volutas interrompido por cartela recortada inscrita, encimada pelas insígnia papal (chaves cruzadas sob mitra pontifícia), envolvidas por concheados, e por óculo circular, moldurado, e com grade em losangos; a partir das ombreiras da porta, desenvolve-se duplo friso vertical que enquadra o portal, onde forma brincos em grinaldas, e o óculo, ladeando-o com volutas, festão e elementos vegetalistas, e o remata com frontão contracurvado e chave saliente. No alinhamento dos vãos e interrompendo a cornija do remate da fachada, alteada e em curva, surge cartela recortada, inscrita, rodeada por concheados e acantos. A empena da fachada tem ao centro cartela recortada inscrita, envolvida por concheados e elementos fitomórficos, inserida em moldura rectangular com os ângulos curvos com conchas, e é coroada por três estátuas, sobre plintos paralelepipédicos: São Pedro com cruz papal ao centro, e, lateralmente, anjos segurando as chaves e o báculo. Fachadas laterais com cunhais e panos marcados por pilastras toscanas, percorridas com placagem de granito ao nível do embasamento e terminadas em friso e cornija, sobrepostas por beiral. A fachada E. tem quatro panos, os dois primeiros a partir do frontispício correspondem à nave, o terceiro à capela-mor e o quarto pano à torre, incompleta, com as pilastras coroadas por fogaréus decorados de acantos, sobre plintos paralelepipédicos; é rasgada por três janelas rectangulares, de capialço, gradeadas, e portal de verga recta na nave, uma outra janela na capela-mor e, na torre, por porta em arco abatido e frontão de lances, sobreposta por janela gradeada com pequeno avental trilobado e verga sobrepujada por frontão em arco canopial. A fachada O. tem igualmente quatro panos, o primeiro de ligação entre a fachada principal e a torre sineira, rasgado por duas frestas, gradeadas, ao nível do segundo piso; a torre, de três registos separados por frisos, tem três frestas sobrepostas, duas no primeiro, e uma no segundo, abrindo-se no último, em cada uma das faces, sineira em arco de volta perfeita. O pano seguinte, tem porta de verga recta, servida por escada de três degraus, e janela de peitoril; no quarto pano rasgam-se duas janelas de capialço, gradeadas, no piso térreo (sacristia) e duas janelas de sacada no segundo piso (sala do despacho), assente em três mísulas volutadas, encimadas por cornija idêntica à base das sacadas. INTERIOR com paramentos rebocados e pintados de branco, percorridos por azulejos monocromos azuis sobre fundo branco, formando silhar com cenas alusivas à vida de São Paulo, e elementos de cantaria com pinturas murais a marmoreados fingidos a rosa, verde e azul e motivos fitomórficos. Nave com pavimento em lajeado de granito e cobertura em abóbada de berço dividido em caixotões, com florões nos encontros das nervuras, sobre friso e cornija. Coro-alto sobre arco abatido, assente em pilastras, de fuste almofadado integrando pia de água benta em jaspe, esculpida em forma de concha, e em friso e cornija laterais, que serve de arranque à cobertura do sub-coro, em abóbada abatida de caixotões, com florões de madeira nos cruzamentos, tendo guarda em balaustrada e prolongando-se em L na parede do lado da Epístola pelo coreto do órgão, acedidos neste mesmo lado por portas de verga recta; no sub-coro, com guarda-vento em vidro, surgem lateralmente vãos de verga recta, sobrepostos por ampla cartela recortada com concheados, e o coreto assenta em mísula de pedra com concheados e acantos. Ao longo da nave dispõem-se, de cada lado e em posição simétrica, duas capelas com arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, ambas almofadadas e albergando retábulos de talha dourada, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e São Judas Tadeu (Evangelho) e a Nossa Senhora de Fátima e Nossa senhora das Almas (Epístola), intercaladas por janelas de capialço, as do lado da Epístola cegas, pintadas com alfaias litúrgicas em grisaille envolvidas por elementos vegetalistas policromos. Entre as capelas, existe, do lado do Evangelho, porta travessa de verga recta e, no lado oposto, púlpito de bacia quadrada em cantaria, com guarda em balaustrada de madeira e acedido por porta de verga recta. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas de fuste almofadado. Capela-mor de perfil semicircular ritmado por pilastras, sobre plintos, que suportam friso e cornija, sobre a qual assenta abóbada de berço adaptada ao perfil curvo da capela, com pavimento sobrelevado, e supedâneo de três degraus. Retábulo-mor de talha dourada, de planta recta e um eixo, definido por duas pilastras de fuste decorado por acantos, anjos e puti, assentes em plintos paralelepipédicos, prolongadas numa arquivolta no ático, ambos com o mesmo tipo de decoração, com chave saliente, e envolta por acantos vazados e cartela central; ao centro, tribuna de volta perfeita com apainelados de acantos, anjos e querubins, coberta por abóbada em quarto de esfera e albergando trono expositivo de quatro degraus recortados profusamente ornados com os mesmos motivos, coroado por imagem, e integrando inferiormente sacrário embutido, com porta rectangular decorada com ostensório oval. Altar paralelepipédico, de frontal pintado a marmoreado fingido a lápis-lazuli e três almofadas a marmoreado rosa, sobreposto por motivo fitomórfico dourado. O retábulo é ladeado por duas telas pintadas, a do lado do Evangelho representando "O chamamento de São Pedro" e a da Epístola "A conversão de São Paulo", com molduras em talha dourada, decoradas de acantos, integrando na base mísulas centrais com imaginária. No lado da Epístola, porta de verga recta, encimada por janela de capialço entaipada, dá acesso à sacristia, com pavimento em taco de madeira e tecto de madeira em caixotões, com molduras em marmoreado fingido verde e painéis com ramos de rosas, sobre cornija em madeira policroma, marmoreado a vermelho; a E. apresenta duas janelas gradeadas, a S. lavabo em granito, com espaldar de duas bicas em cabeças antropomórficas e pia assente em duas mísulas, e a N., arcaz encimado por retábulo com três arcos de volta perfeita. Porta a S. acede a compartimento de distribuição, com pavimento em placas de cerâmica moderna, rebocado e pintado de branco, com porta para o exterior na parede E. e duas escadas afrontadas e adossadas à parede O.. Escada a N. com dois lanços conduz a patamar no piso superior, com ligação à casa-de-banho a N. e à sala do despacho a S.. Esta, tem tecto de madeira envernizada, octogonal, com as armas pontifícias a dourado no centro, duas janelas de sacada na parede E., e armários embutidos nas paredes N., E. e O.; a S. tem escada de um lanço, que estabelece ligação com porta de acesso ao coro-alto. A torre incompleta, adossada a N., tem acesso por porta exterior na fachada O., escada helicoidal de madeira, janelão gradeado a meia altura na parede O. e frestas no topo da parede E..

Acessos

Vila Real, São Pedro, gaveto entre a Rua dos Combatentes da Grande Guerra, Rua 31 de Janeiro e Rua Dr. Roque da Silveira. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,297497; long.: -7,744537

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Portaria n.º 443/2006, DR, 2.ª série, n.º 49 de 09 março 2006

Enquadramento

Urbano, na zona antiga da cidade, colocado de gaveto, dominando a extremidade N. da R. dos Combatentes da Grande Guerra, que naquele ponto se alarga criando uma pequena praça, adossando-se a edifícios de habitação a N.. A envolvente é ocupada por edifícios de dois a quatro pisos, com os pisos térreos ocupados por estabelecimentos comerciais. O portal é precedido por escadaria de seis degraus de planta semicircular. Possui ainda pátio trapezoidal a N., delimitado pela torre incompleta e por edifícios adossados a N. e E..

Descrição Complementar

AZULEJO: o silhar de azulejos possui composições figurativas e simbólicas, enquadradas por cercaduras compostas de entablamentos, pilares perspectivados, cartelas centrais, festões e concheados; representam, na parede fundeira da nave, O naufrágio de São Paulo, lateralmente São Paulo em Atenas (Evangelho) e A levitação (Epístola), e na capela-mor, São Paulo a curar os doentes (Evangelho); no resto do silhar é representado árvores ou cenas de paisagem (no lado da Epístola da capela-mor). INSCRIÇÕES: Na fachada principal, em cartela disposta sobre a porta principal lê-se: PRINCEPS APOSTOLORVM TIBITRADITAE SVNTCLAVES REGNICAELORVM, e na cartela do entablamento OVIUM; no frontão, a cartela tem a inscrição TU ES PASTOR. Sobre a padieira de uma das portas da sacristia inscrição, cuja leitura é: LEGADO DE 17 MISSAS QUE O R. IRMÃO JOÃO DA SILVA DESTA V. INSTITUIU NO ALTAR MAIOR DESTA IGREJA: 12 NAS NA 2 A FR. DE CADA MÊS PELO REINSTITUIDOR UMA DIA DOS PRAZERES PELO MESMO E PELO R. INSTITUIDOR: AS 3 DO NATAL POR SUA MÃE: É CAPELÃO O R. MAIORDOMO DA VILA. TEM DE ESMOLA CADA UMA 600, E DE FÁBRICA 4800 DOTOU A COM 3000 PRINCIPIOU NO PRIMEIRO DE JULHO DE 1740. Sobre a porta de acesso ao compartimento de distribuição, cartela de madeira com a inscrição: Irmão João de Matos Rubião, de missa do galo cantado com acólitos em horas de meia noite e duas rezadas de manhã, mais três rezadas em dia de natal, outra em dia de São João Baptista, outra em 3 de Maio e outra em 23 de Janeiro, todas pagas em Janeiro de 1765. TALHA: Retábulo do Sagrado Coração de Jesus (Evangelho) e o de Nossa Senhora de Fátima (Epístola) semelhantes, de planta recta e um eixo definido por quatro colunas torsas, decoradas com pâmpanos, as exteriores sobre plintos com acantos e as interiores sobre consolas, e de capitéis coríntios, flanqueadas por orelhas recortadas; ao centro, abre-se nicho em volta perfeita, com moldura fitomórfica, interiormente pintado com motivos florais e albergando imaginária, tendo os seguintes ornados; sobre o entablamento com friso de acantos e querubim, dispõem-se tabela rectangular vertical, terminada em friso fitomórfico e frontão curvo interrompido por cartela, assente em quarteirões, e flanqueado por aletas com elementos fitomórficos relevados. Retábulo de São Judas Tadeu de planta recta e um eixo definido por quatro colunas de fuste ornado por elementos em ziguezague e terço inferior marcado, decorado de acantos e querubins, assentes em consolas, e de capitéis coríntios; ao centro, surge painel rectangular, com moldura, pintado com motivos fitomórficos, tendo frontalmente imaginária sobre mísula; sobre o entablamento, com friso ornado de acantos e querubim, tem tabela rectangular vertical flanqueada por quarteirões e aletas com motivos fitomórficos, terminada em frontão curvo com cartela circular no tímpano; banco de apainelados de acantos enrolados. Retábulo de Nossa senhora das Almas de planta recta e um eixo definido por duas colunas de fuste decorado com grotesco, de terço inferior marcado e ornado de acantos e querubim, assentes em plintos paralelepipédicos com acantos e de capitéis coríntios; ao centro surge apainelado em asa de cesto, assente em pilastras e arquivolta ornada por elemento entrelaçado, apresentando maquineta central, de estrutura convexa, de três faces, encimadas por cornijas e acantos, e frontão de lanços central, interiormente pintado com flores e albergando imaginária, ladeada por duas mísulas de acantos com imagens; sobre o entablamento, com friso ornado de acantos e querubim, tem tabela rectangular flanqueada por quarteirões e terminada em frontão curvo com cartela circular no tímpano, enquadrada por apainelados de talha com motivos fitomórficos enrolados; banco de apainelados de acantos enrolados, integrando sacrário tipo templete, com porta de perfil curvo entre consolas. Altares paralelepipédicos, com frontais pintados a marmoreados fingidos verde e rosa, com ampla almofada contendo motivo de acantos dourados. Na sacristia, sobre o arcaz, retábulo de planta recta, com três eixos simétricos definidos por quatro colunas torsas, decoradas com pâmpanos e fénices, com painéis em arco de volta perfeita e moldura de acantos, terminados em entablamento recto.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Figueiredo Seixas (atr.); João Lourenço de Matos (séc. 18). ESCULTOR: Pedro Dias; António Dias; António Nogueira. PINTOR: Figueiredo Seixas.

Cronologia

1638 - Fundação da Irmandade de São Paulo; 1639, 22 Fevereiro - lançamento da primeira pedra da Igreja de São Paulo, na R. do Poço, após procissão solene; foram seus fundadores o frei Luís Alvares de Távora, religioso da Ordem de Malta, o reverendo João Correia de Mendonça, protonotário apostólico, comissário do Santo Ofício e da bula da cruzada, vigário dos vagantes da comarca de Vila Real, e ainda o licenciado Manuel Pinto Ribeiro, reitor da Igreja de Salvador de Mouçós; após a sua construção, procedeu-se à transferência da Irmandade de São Pedro, então na Igreja da Misericórdia da vila, para a Igreja de São Paulo; a Irmandade tinha dois famosos lampadários, que alumiavam o Santíssimo Sacramento, e uma grande cruz pontifica com hóstia de prata, encimada pela tiara pontifical com as chaves; 1644, 16 Setembro - instrumento de doação de duas moradas de casas pelo licenciado Manuel da Silva, casado com Leonor Botelho de Mesquita, para no "terrado" delas se edificar a Igreja de São Paulo, com a condição de os aceitarem como Irmãos da Irmandade de São Pedro e de lhes darem, a eles e seus descendentes, um dos altares colaterais da Igreja para sua capela, com sepultura no supedâneo, e instituição de um morgado; por conta deles ficava a feitura de madeira, dourar e pintar a dita capela, reformando-a quando necessário e colocando-lhe grades se quisessem; 20 Dezembro - ratificação do contrato de doação pelo licenciado Manuel da Silva e sua mulher, estipulando-se, entre outras coisas, que a sua capela seria a colateral do lado do Evangelho e teria a invocação de Nossa Senhora da Piedade; 1656, 8 Novembro - data do testamento do reverendo António Soares de Mendonça, um dos principais fundadores da Irmandade e igreja, o qual colocou o Santíssimo Sacramento no sacrário da mesma igreja; 1669, 6 Março - instituição de missas pelo reverendo João Correia de Mendonça na sua capela, dedicada a Santa Liberata e Santa Engrácia, a primeira lateral do lado da Epístola, com jazigo no supedâneo; 1671 - construção da torre; 1672 - construção das grades do coro; 1682 - pintura das grades do altar-mor, porta da sacristia, púlpito, escadas e janelas; 1709, 19 Janeiro - acordo registado no livro de Actas da Câmara, em que o Município se obrigava a dar anualmente ao sacristão da Igreja 3$000 pela manutenção e conserto do relógio e sino da Câmara, transferido a pedido da Irmandade para a torre da igreja de São Paulo, após a ruína da torre da muralha onde ele se encontrava; 1710 - construção do retábulo do altar-mor e santuário da sacristia; 1721 - a igreja era por dentro pintada, dourada e azulejada; tinha cinco altares, dois de cada lado da nave, em capelas confrontantes, e o altar-mor com sacrário e peanha onde se expunha o Santíssimo nos dias de festa; tinha coro com órgãos, sacristia forrada de painéis entalhados e com santuário e "caixões", tudo bem dourado e pintado, e, por cima, a casa do despacho, com uma mesa redonda, "tudo feito ao moderno"; tinha torre suficientemente levantada, com sinos, ao moderno, rematada por esfera e cruz pontifica, dourada; a Irmandade tinha então 200 Irmãos sacerdotes e 15 leigos; 1754 / 1756 - demolição e reconstrução da fachada e acréscimo da igreja pelo arquitecto João Lourenço de Matos; construção do corpo de ligação entre a torre sineira e a nave; provável construção da torre N.; 1765, Janeiro - data de uma cartela de madeira com inscrição alusiva a obrigações de missas.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes em cantaria de granito rebocada e pintada; elementos estruturais, colunas, frisos e cornijas, molduras dos vãos, pia de água-benta, lavabo e outros elementos em cantaria de granito; pavimento em lajes de granito e tábuas corridas; tecto com estrutura de arcos e lintéis de travamento em granito desenhando reticulado onde assentam tijolos maciços argamassados; portas, em madeira; retábulos em talha dourada; balaustradas do púlpito em madeira; balaustrada do coro-alto em talha policroma; pinturas murais nos elementos de cantaria; grades de ferro nas janelas; algerozes metálicos; cobertura em estrutura de madeira e telha de aba e canudo.

Bibliografia

ALVES, Joaquim J. B. Ferreira, A construção da nova fachada e o acréscimo da Igreja de São Paulo de Vila Real, Porto, 1984; FERREIRA, Lobo, A Capela Nova e a Irmandade dos Clérigos, Tellus nº 7 e 8, Vila Real, 1983; PARENTE, João, Roteiro arqueológico e artístico do concelho de Vila Real, Vila Real, s/d.; SALAVESSA, Eunice, Igreja de São Paulo de Vila Real. Subsídios para a sua reabilitação e o seu restauro, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Série Didáctica - Ciências Aplicadas nº 89, Vila Real, 1996; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; SMITH, Robert C., Nicolau Nasoni. Arquitecto do Porto, Lisboa, 1966; SOUSA, Fernando de, GONÇALVES, Silva, Memórias de Vila Real, vol. 1, Viala Real, 1987.

Documentação Gráfica

C. M.Vila Real

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

C. M. Vila Real; ADVR: Irmandade dos Clérigos e São Pedro; ADVR: Livros de Notas; IPPAR-Porto: Sector de Classificações, Processo 17/14/24(002)CLS/2002

Intervenção Realizada

Comissão Fabriqueira da Igreja de São Paulo: 1976 / 1990 - restauro dos altares laterais da nave, picagem e substituição de rebocos, substituição do pavimento da nave e sacristia; execução da instalação eléctrica e das redes de águas e esgotos; entaipamento do antigo acesso ao coro; construção de pavimento em betão no acesso à torre sineira; restauro do tecto da casa do despacho; CMVR: 2001 - reabilitação do telhado; aplicação de rebocos e pintura no interior e exterior; colocação de novo pavimento na nave e aplicação de placagem de granito no rodapé exterior.

Observações

Autor e Data

Davi Ferreira e Miguel Rodrigues 2004 / Paula Noé 2006

Actualização

 
 
 
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