Salinas da Fonte da Bica
| IPA.00002173 |
Portugal, Santarém, Rio Maior, Rio Maior |
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Salina de interior de evaporação solar. Uma mina de sal gema, muito extensa e profunda, atravessada por uma corrente subterrânea, alimenta um poço de onde se extrai a água, sete vezes mais salgada que a do Oceano Atlântico. O conjunto das estruturas que definem as salinas são o poço comum, com as suas sete regueiras, as picotas ou cegonhas, os talhos e as eiras, assim como as rústicas e típicas casas de madeira, de planta rectangular, de um piso e coberturas em telhados de 2 águas. O processo de fabrico tem actualmente duas componentes, a artesanal e a industrial. A exploração das Salinas faz-se por processos iguais aos de há poucos anos, quando a água salgada era tirada por meio de duas picotas (introduzidas na Península Ibérica pelos Árabes). Mas, consta que, antes da Reconquista cristã, os Romanos e depois os Árabes, já as exploravam em larga escala. O processo de exploração é típico e artesanal. As suas pirâmides de sal constam do brasão da Cidade de Rio Maior. Todas as casas de apoio à exploração do sal, e devido ao alto poder corrosivo, apresentam todos os elementos e suportes de fixação em madeira, bem como os fechos e fechaduras. |
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Número IPA Antigo: PT031414080004 |
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Registo visualizado 1867 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Extração, produção e transformação Salina
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Descrição
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As salinas, integradas em espaço delimitado por muro em alvenaria, são constituídas por 470 talhos, de planta rectangular e trapezoidal, cavados e delimitados entre si por tábuas de madeira e muros de cimento. O aquífero salino provém de um poço com cerca de 9 metros de profundidade e 3,75 metros de diâmetro localizado centralmente em relação aos Talhos, que são compostos por três unidades funcionais: o talho propriamente dito com dimensões médias de 7x5 m onde se efectua a cristalização, de fundo plano em cimento ou pedra, com uma pequena depressão chamada de barroca destinada a acumular a água e a sujidade que se produzem durante o processo de limpeza; o Esgoteiro, reservatório ou tanque de armazenamento de salmoura e ocupa um quarto da área total do talho, tem cerca de 1,5 m de profundidade e recebe a água desde o poço através das regueiras; a Eira é o espaço onde se coloca o sal a escorrer antes da saída para os armazéns. Os talhos são separados por pequenos carreiros por onde os "Marinheiros" se deslocam entre os compartimentos, chamados de "baratas". O sal junta-se com um instrumento também em madeira, chamado rodo (*1). Os armazéns e as casas apresentam planta rectangular simples com coberturas em telhados de 2 águas. Fachadas em madeira, abertas por molduras simples rectangulares nas portas e janelas. |
Acessos
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EN. 1,114 a cerca de 6 Km. de Rio Maior, próximo do lugar de Fonte da Bica, Est. das Marinhas. WGS84 (graus decimais) lat:39.363940 long:-8.944066 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997 |
Enquadramento
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As Salinas de Rio Maior localizam-se a SE. do Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros. Destacam-se num vale entre a serra de Candeeiros e morros, a 3 km da cidade de Rio Maior e a 1 km do Alto da Serra, na estrada nacional n°1. Esta região encontra-se integrada no chamado Maciço Calcário Estremenho. O coberto vegetal é constituído por matagal mediterrânico com predominância do carrasqueiro, oliveira silvestre, alecrim, rosmaninho e tomilho. As encostas encontram-se moldadas por muros de pedras, praticando-se a agricultura nas zonas mais planas. A zona de exploração é delimitada por muro acompanhando a via pública, ao longo da qual se erguem as casas e armazéns de apoio à extracção do sal. |
Descrição Complementar
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O trabalho de extracção desenvolvia-se em torno de um poço com cerca de 8 m de profundidade e 4 de largura onde é efectuada a captação de água (cada litro de água contém 200 a 300 grs. de sal, que é colocada nos talhos (planos de secagem) para após 7 dias de evaporação se recolherem os cristais. A época de funcionamento é de Maio a Setembro. No séc. 18 a "marinha era composta por 400 talhos. O poço tinha 11 metros de profundidade e 8 de circunferência" (PINHO LEAL: 1878). No local, em algumas dessas típicas casas de madeira, há uma série de cafés, restaurantes e lojas de artesanato, que constituem o suporte turístico deste autêntico museu vivo.(www.regiaoderiomaior.pt). |
Utilização Inicial
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Extração, produção e transformação: salina |
Utilização Actual
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Extração, produção e transformação: salina |
Propriedade
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Privada : Pessoa colectiva |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 12 / 17 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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1177 - data da primeira notícia destas marinhas, constando de uma venda feita por Pero D'Aragão (Baragão) e sua mulher Sancha Soares, aos templários do "poço e salinas de Rio Maior"; séc. 17 - no reinado de D. João IV aparece a referência da venda das salinas a um nobre; 1979 - fundação da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Sal de Rio Maior que agrupa a maioria dos actuais proprietários, tendo como objectivo a comercialização de sal dos cooperantes e promover acções de apoio aos mesmos, na transformação da salmoura e seu aproveitamento; 1986 - trabalhos de remodelação para o armazenamento da água; 1996, 23 julho - inauguração da aldeia típica das salinas; 2019, 06 setembro - publicação de uma Resolução que recomenda ao Governo que adote o procedimento necessário para a classificação das Salinas de Rio Maior como imóvel de interesse nacional, em Resolução da Assembleia da República n.º 161/2019,DR, 1.ª série, n.º 171/2019. |
Dados Técnicos
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Paredes portantes (casas) / Sistema estrutural elementar (talhos) |
Materiais
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Madeira (estrutura das casas e armazéms, talhos) / cimento (muros dos talhos) / alvenaria pobre de tijolo e pedra (muro delimitador da área de exploração do sal) / Telha cerâmica nas coberturas / tubos de PVC |
Bibliografia
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O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, Braga, 1868, p.97; PINHO LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa, Portugal Antigo e Moderno, Diccionário, Vol. 8, Lisboa, 1878, pp. 203-204; ALMEIDA, José Marques de, História Regional - Rio Maior in Jornal de Rio Maior, nº 8, 1 de Abril 1932; AAVV, Rio Maior (1836 - 1936) - Comemoração do Centenário, Rio Maior, 1936; "Folheto Turístico" C.M.R.M. e Associação de Desenvolvimento Integrado das Salinas; NEVES, Renato, Marinhas de Sal de Rio Maior, Portugal, in: VAYÁ, Jesús-F- Carrasco, KORTEKAAS, Katia Hueso, Los Paisajes Ibéricos de La Sal, 1. Las Salinas de Interior, Espanha, 2008, pp. 113-119.; http://www.regiaoderiomaior.pt/marinhas.htm, 04 de Novembro 2008; www.ribatejodigital.pt/ribatejodigital/PT/ConhecaRibatejo/LocaisInteresse/Natureza/salinas.htm, 04 de Novembro 2008; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73581 [consultado em 28 dezembro 2016]. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN / DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Séc. 20 - obras de melhoramentos e instalação de um motor para a elevação da água; substituição dos fundos dos talhos por cimento; 1986 - construção de um sistema de armazenamento da água em cota superior à dos talhos, sendo a distribuição para estes efectuada através de tubos em PVC; CMRM: séc. 20, anos 90 - recuperação geral do conjunto das casas e acessos. |
Observações
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O sal era uma substância muito importante no comércio entre os povos, alguns o utilizavam até para pagamento de jornas, daí a palavra salário. O espaço ocupado pelas salinas actualmente, é o mesmo que ocupavam no séc. 18, supondo-se, no entanto que no início da sua exploração fosse mais extenso, se tivermos em consideração a existência de um lugar nas imediações chamado de Marinhas Velhas. Estando as salinas distribuídas por 84 proprietários, o poço e a água é propriedade indivisível, sendo designado anualmente um dos proprietários para cuidar do seu bom funcionamento, a troco de um pagamento em sal pelos outros proprietários. Num passado recente, os "Marinheiros" depois de terminada a lide passavam por uma das tabernas, instaladas nas casas de madeira. Aqui surgiram as "réguas de escrita", feitas em madeira, que ainda hoje podem ser vistas nas Marinhas de Sal. Cada uma delas representava a conta de um freguês, onde o taberneiro colocava, através de sinais, a despesa que o cliente ia fazendo ao longo da safra e os pagamentos efectuados. O pagamento era sempre feito em sal. (www.ribatejodigital.pt). *1 - Segundo Renato Neves, o rodo utilizado nas salinas de Rio Maior tem uma forma especial, característica destas salinas. |
Autor e Data
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Cecília Matias 2008 |
Actualização
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