Igreja Paroquial de Santa Maria da Graça / Igreja de Santa Maria da Graça / Catedral de Setúbal / Sé de Setúbal
| IPA.00002149 |
Portugal, Setúbal, Setúbal, União das freguesias de Setúbal (São Julião, Nossa Senhora da Anunciada e Santa Maria da Graça) |
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Arquitetura religiosa, maneirista e barroca. Igreja paroquial de planta retangular composta por três naves, cada uma com cinco tramos, a central mais alta, divididas por colunas, e capela-mor retangular, com coberturas em falsas abóbadas de madeira e ampla iluminação axial e bilateral, flanqueada por corpos retangulares. Fachadas rebocadas e pintadas, com cunhais apilastrados, a principal harmónica com corpo central rematado em empena reta e seccionado em dois registos, abrindo-se no nártex uma serliana, sobre colunas, com portal de verga reta encimada por frontão triangular, entre nichos curvos, e no registo superior janelão retangular. As torres sineiras, com cobertura em coruchéu piramidal seccionado, têm dois registos, o inferior subdividido, e são rasgadas por duas janelas jacentes no superior e, no último, por duas sineiras. As fachadas laterais são rasgadas por portas travessas de verga reta com frontão triangular. No interior possui púlpito maneirista, no lado do Evangelho da nave central, e retábulo-mor em talha dourada barroca, de estilo nacional, de planta reta e corpo côncavo e um eixo. Igreja Paroquial elevada a Catedral, construída na segunda metade do séc. 16, em substituição da primitiva igreja medieval, com estrutura maneirista, da autoria de António Rodrigues (Horta Correia, p. 108), e redecorada interiormente no séc. 18, em estilo barroco. Apresenta soluções de raiz erudita, tendo na fachada principal nártex avançado com serliana sobre o portal axial, formando terraço superior, flanqueado pelas torres sineiras, também avançadas das naves, possuindo o segundo registo do pano central recuado. Exteriormente a igreja apresenta grande sobriedade no desenho dos vãos e despojamento decorativo e a fachada principal possui algumas semelhanças com as da Igreja Paroquial de Fronteira (v. IPA.00003722), da Catedral de Angra do Heroísmo (v. IPA.00008159), da Sé de Portalegre (v. IPA.00003772) e com a Igreja de Santa Catarina dos Livreiros, em Lisboa. No interior, as colunas que separam as naves e os respetivos arcos possuem pinturas em brutesco, da segunda metade do séc. 18, executadas sobre ferronerie maneiristas, postas a descoberto em algumas zonas. No lado do Evangelho, o intradorso de alguns arcos com ferronerie a descoberto apresentam outros elementos iconográficos, como uma Sagrada Família (primeiro arco), São Pedro Gonçalves (arco central) e uma caravela (último arco), os dois últimos relacionados com a capela de São Pedro Gonçalves, onde estava instalada a importante confraria do Corpo Santo, dos mareantes. Na nave central, o espaço entre os arcos é preenchido com telas pintadas, com anjos e os Doutores da Igreja e, sobre o entablamento, com marmoreados fingidos e elementos vegetalistas, a cobertura surge pintada em trompe l'oeil, com balaustrada, formando balcão curvo central, com símbolos Marianos em cartelas, coroada por açafates, e, a meio, ampla cartela com Nossa Senhora da Assunção. Nas naves laterais, a decoração da cobertura é mais simples, tendo pintada apenas a imagem do orago dos respetivos retábulos colaterais: Nossa Senhora da Conceição, no lado do Evangelho, e São Pedro Gonçalves Telmo, no da Epístola. O púlpito, que existia adossado à quarta coluna e pertencia aos frades do convento de São Domingos, foi removido em 1973; era em mármores policromos, de bacia retangular e guarda plena, decorada com elementos geométricos, sobre pé retilíneo ornado de molduras côncavas e convexas, e capitel de inspiração jónica. As naves possuem azulejos rococós, da segunda metade do séc. 18, formando silhar, com molduras policromas e concheados envolvendo as composições figurativas, alusivas à vida da Virgem. Cada nave lateral tem duas capelas profundas, cobertas por falsas abóbadas de berço, com estrutura de cantaria semelhante, ainda que construídas em períodos diferentes, datando a mais antiga, a do Santíssimo, de 1586, a de Santo André de 1614, a do Bom Sucesso de 1618 e a de Ana, construída por Luís Cabedo de Vasconcelos comunicando com a do Santíssimo, de 1695. A capela de Santa Ana apresenta retábulo de talha dourada, em barroco nacional, de planta reta e um eixo, com painel pintado central alusivo ao orago; a capela do Santíssimo tem retábulo tardo-barroco, e deste salienta-se o sacrário joanino, de estrutura cilíndrica, com a porta pintada com um Pentecostes. A primeira capela do lado da Epístola, cujo orago sofreu várias alterações, ao contrário das demais, encontra-se atualmente despojada, e a capela de Santo André possui retábulo maneirista, de talha a imitar embutidos. Os retábulos colaterais ocupam toda a parede da nave e são em barroco nacional, ainda que de estrutura diferente, estando o de Nossa Senhora da Conceição repintado, e o de São Pedro Gonçalves, de talha dourada, com um eixo e dois registos, ritmados por colunas agrupadas sobre plintos. A capela-mor, reformada em finais do séc. 17 e revestida a talha dourada, com apainelados de acantos, possuindo na cobertura, em falsa abóbada de berço, uma Adoração da Custódia, e no arco triunfal anjos, animais fantásticos e anjos alados em bigas puxadas por águia; os plintos são revestidos a apainelados pintados com motivos florais ou a imitar embutidos. A capela-mor é flanqueada por duas amplas tribunas, a do Evangelho privada e a da Epístola dos cónegos, que surgem a meio de grandes arcos. O retábulo-mor foi executado, em 1697, pelo entalhador José Rodrigues Ramalho, e dourado, em 1716, por Vicente Nunes. A tribuna com iluminação lateral, oculta pelas colunas, cria o efeito camarim, e faz ressaltar a zona central do amplo trono; este tem degraus retilíneos e galbados, os dos dois registos inferiores com apainelados intercalados por anjos e tendo ao centro nicho com imagem do orago, também definido por anjos sobrepostos. Na capela-mor destaca-se ainda o supedâneo, de embutidos, mais largo que o retábulo-mor e com guarda em balaustrada de madeira e acrotérios de embutidos, acedido por escada central com pavimento e espelho em mármore, com motivos geométricos e florais, e o sotobanco do retábulo, também de embutidos. A antiga sacristia adossada à fachada lateral esquerda foi abandonada, talvez na sequência da feitura da tribuna dos Cabedos, e construída uma nova em eixo com a capela-mor, sobre a qual fica a tribuna do retábulo-mor. O silhar de azulejos desta sacristia é pombalino. No séc. 19, construiu-se na nave central um coro-alto de madeira, acedido a partir da torre da Epístola, mas esse foi apeado em 1978. Fernando Falcão Machado refere a existência de fragmentos de lápides sepulcrais com inscrição de letra gótica muito delida reaproveitadas na pavimentação das torres sineiras, as quais devem pertencer à igreja medieval. |
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Número IPA Antigo: PT031512020013 |
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Registo visualizado 5347 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta retangular composta por três naves, precedidas por duas torres sineiras retangulares com nártex intermédio, e com quatro capelas laterais profundas, duas de cada lado, confrontantes, e capela-mor, tendo adossado em eixo sacristia retangular e, lateralmente, casa do despacho e vários anexos. Volumes articulados, com coberturas em telhados de duas águas na igreja e capelas laterais e de três na capela-mor e restantes dependências, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras toscanas nos cunhais, rematadas em duplo friso e cornija e a principal com soco de cantaria. Fachada principal virada a O., de três panos, os laterais semelhantes, correspondendo às torres sineiras, coroadas por coruchéu piramidal de dois registos e rematadas com pináculo piramidal com bola, sobrepostas por cruz latina em ferro; as torres têm dois registos, o inferior seccionado em dois, rasgado no superior por duas janelas retangulares jacentes, molduradas e gradeadas, e o segundo rasgado por duas sineiras, em arco de volta perfeita sobre pilares, e albergando sinos. O pano central, terminado em empena reta, rematado em duplo friso e cornija e coroado por cruz latina sobre largo acrotério, apresenta dois registos, o inferior correspondendo ao nártex, rasgado por serliana sobre colunas, superiormente formando terraço, com guarda em plintos de cantaria; no segundo registo, recuado, abre-se amplo janelão retangular, gradeado e com moldura encimada por friso e cornija. Nas faces internas, as torres possuem portas de verga reta de acesso ao terraço e sineira em arco de volta perfeita sobre pilares. No interior do nártex, com pavimento de cantaria, cobertura em falsa abóbada de berço de estuque e pilastras nos ângulos, abre-se portal de verga reta encimado por friso e frontão triangular, ladeado por dois nichos de cantaria, com arco de volta perfeita, encimado por duplo friso e cornija, interiormente de perfil curvo e desnudo, abrindo-se outros dois lateralmente, um de cada lado. Nas fachadas laterais, as torres sineiras têm igual número de registos, tendo no primeiro da lateral direita porta de verga reta, no segundo registo janela jacente e, no último, sineira em arco de volta perfeita sobre pilares. A nave é rasgada por portas travessas, de verga reta encimada por frontão triangular com tímpano em cantaria, três janelas retangulares e, sobre as capelas laterais, óculos circulares sem moldura. As capelas laterais terminam em empena, possuindo a do Santíssimo, registo de azulejos policromo, com representação de Adoração da Custódia. Na lateral N. a seguir às capelas surgem dois corpos, um muito estreito, correspondente à sacristia da capela do Santíssimo, rasgada por janela retangular, e a antiga sacristia, de pilastras muito largas e dois pisos, o inferior rasgado por pequeno vão com capialço de alvenaria, e o segundo rasgado por janela mainelada, com moldura de capialço e pilar central. Na lateral direita, a seguir às capelas, surgem três corpos, a pequena sacristia da capela de Santo André, rasgada por janela de capialço, a casa da Irmandade, de dois pisos, o primeiro rasgado por ampla janela mainelada, igual à oposta, e no segundo por duas janelas de sacada, com guarda em ferro, e moldura encimada por friso e cornija. No corpo seguinte, de um só piso, abre-se porta de verga reta e janela longilínea de capialço e gradeada. Sobre a empena posterior da nave dispõe-se sineira de cantaria, com arco de volta perfeita, sobre pilares e remate em empena. Fachada posterior parcialmente percorrida por corpo de um piso, terminado em friso e cornija, rasgada por uma porta, duas janelas jacentes, uma quadrangular e três retangulares, possuindo no eixo da capela-mor, um outro piso, cego. INTERIOR com as naves de pavimento cerâmico e em lajes de cantaria, separadas por seis colunas toscanas, as dos topos adossadas às paredes, criando, em cada nave, cinco tramos, e tendo as segundas pias de água benta hemisféricas, exteriormente gomeadas. As colunas são pintadas com brutescos e têm, em algumas zonas, ferronerie subjacentes, e sustentam arcos de volta perfeita, com aduelas e intradorso pintadas com motivos vegetalistas, festões, albarradas e outros elementos; no intradorso do último arco do lado da Epístola apresenta igualmente vestígios de ferronerie e o primeiro do mesmo lado, completamente pintado com ferronerie, inclui três cartelas com uma Sagrada Família. Na nave central, com guarda-vento de madeira, ladeado por dois painéis de azulejos, os arcos são sobrepostos por cartelas recortadas em talha dourada e os seguintes são revestidos a apainelados com telas pintadas, representando anjos, nos topos, e os Doutores da Igreja, nos restantes, sendo os do lado do Evangelho da Igreja Latina. Sobre o entablamento, pintado a marmoreados fingidos com elementos vegetalistas e acantos, desenvolve-se a cobertura, em falsa abóbada de berço, de madeira, pintada com balaustrada lateral, de acrotérios coroados por açafates de flores, e formando a meio, em trompe l'oeil, balcão curvo, ornado com cartelas com símbolos Marianos: uma porta (Evangelho) e uma torre (Epístola). Ao centro possui ampla cartela recortada, envolvida por concheados e festões, contendo Nossa Senhora da Assunção. As naves laterais são igualmente cobertas por falsas abóbadas de berço, de madeira, mas mais baixas que a central, sobre entablamento de madeira, pintado a marmoreados fingidos, e possuindo ao centro ampla cartela recortada, envolvida por concheados e motivos vegetalistas e festões, figurando, no lado do Evangelho, Nossa Senhora da Conceição, e, no da Epístola, São Pedro Gonçalves Telmo. Na parede fundeira, as naves possuem arco cego de volta perfeita sobre pilastras toscanas, onde se rasga portal de verga reta, encimado por friso e cornija, de acesso à antiga capela batismal (Evangelho) e à escada de acesso às torres (Epístola). Na nave do Evangelho, a antiga capela batismal tem pavimento cerâmico e silhar de azulejos azuis e brancos reaproveitados, de temática figurativa e acantos da barra. Nas paredes das naves, rebocadas e pintadas de branco, surgem azulejos policromos, formando silhar, de molduras recortadas e de composição figurativa, com cenas da vida da Virgem. Nos dois últimos tramos surgem, de cada lado, duas capelas laterais profundas, com acesso por arco de volta perfeita, de chave relevada, sobre pilastras toscanas, enquadradas por pilastras almofadadas sustentando entablamento encimado por tabela retangular, disposta na horizontal, vazada por óculo oval, moldurado, e definida por quarteirões que sustentam frontão triangular, sobrepostos por pináculos de bola; ladeiam as tabelas aletas e pináculos piramidais relevados. No interior possuem pavimento de mármore ou cantaria e cobertura em falsa abóbada de berço, sobre friso e cornija de cantaria, e albergam retábulos de talha, exceto uma. As capelas têm invocação de Santa Ana e Santíssimo Sacramento (Evangelho) e capela batismal e de Santo André (Epístola). Na parede testeira das naves existem capelas colaterais com retábulos ocupando toda a parede, de estrutura desigual, em talha pintada de branco e dourado ou dourada, de planta reta e um eixo, sendo a do Evangelho dedicada a Nossa Senhora da Conceição e a da Epístola a São Pedro Gonçalves. A partir das portas travessas e delimitando também as capelas laterais e as colaterais existem presbitérios, formando U, de um degrau, com guarda em balaustrada de madeira e acrotérios em cantaria vermelha. Arco triunfal, de volta perfeita, sobre pilastras, revestido a talha dourada, decorada com acantos enrolados, anjos encarnados, animais fantásticos e, no intradorso, anjos alados numa biga puxada por águia; as pilastras assentam em plintos revestidos a apainelados de madeira, pintados a marmoreados fingidos a azul, enquadrando almofada de acantos enrolados a imitar embutidos ou flores. Capela-mor com pavimento sobrelevado e pavimentado a cantaria, preta e branca, de motivos triangulares, integrando ao centro lápide brasonada. Nas paredes laterais abrem-se amplos arcos de volta perfeita revestidos a apainelados de talha dourada, com acantos enrolados, e fecho saliente, sobre plintos revestidos a madeira, pintada com motivos florais. Os arcos integram a meio tribunas, a toda a largura do vão, de perfil recortado ao centro, sobre mísulas de talha, e com guarda em balaustrada, sendo a do lado do Evangelho da família Cabedo e a da Epístola dos cónegos. Sob as tribunas, existe friso e cornija de cantaria vermelha, abrindo-se no lado do Evangelho duas portas com moldura de cantaria vermelha e no oposto vão jacente entaipado. As tribunas, profundas, são pintadas de amarelo, possuindo a do lado do Evangelho escada de madeira para a antiga sacristia e arrecadações e da Epístola, com órgão de armário e um outro mais moderno, comunica com a casa do despacho. Os arcos são encimados por cornija de talha, apainelados de acantos e entablamento, de de onde parte a abóbada, de berço, da capela-mor, com apainelados de talha dourada, decorados com acantos enrolados e, ao centro, uma Adoração do Santíssimo. Ao centro possui supedâneo retangular largo, de cantaria, com frontal de embutidos, ornado de cartelas, motivos vegetalistas e volutados, ritmado por acrotérios, acedido por escada de seis degraus, com guarda em balaustrada de madeira e acrotérios de embutidos, e pavimento de flores e motivos geométricos. Sobre este dispõe-se o retábulo-mor, em talha dourada, de planta reta e corpo côncavo, e um eixo, definido por quatro colunas, de fuste decorado por acantos e anjos de vulto, sobre plintos paralelepipédicos com anjos, e por quatro colunas intermédias, de fuste torso, ornado de pâmpanos e aves, sobre mísulas com anjos atlantes. A estrutura remata em espaldar, adaptado à cobertura, com quatro arquivoltas, de igual decoração, unidas por aduelas com anjos de vulto e, ao centro, anjos tenentes segurando cartela. Ao centro abre-se ampla tribuna, com boca ornada de acantos e anjos, interiormente revestida a apainelados de acantos, que se prolongam pela cobertura em falsa abóbada de berço, e albergando trono, de vários degraus retilíneos e outros galbados, ornados de acantos, sobre o qual surge resplendor com Agnus Dei envolto por anjos de vulto, que seguram coroa. Os dois degraus inferiores da tribuna possuem os apainelados de acantos intercalados por anjos, os do registo inferior atlantes, e, ao centro, integram nicho, em arco de volta perfeita, boca rendilhada, enquadrada por dois registos de anjos, semelhantes aos anteriores, e remate em cornija reta; no interior, com apainelados de acantos, possui imaginária. Sotobanco com seis plintos paralelepipédicos de embutidos, decorados com acantos, integrando ao centro altar paralelepipédico, com moldura igualmente de acantos embutidos e frontal de seis apainelados de talha dourada com acantos. No início da capela-mor dispõe-se mesa de altar, com frontal de talha dourada, decorado de acantos, marcando sanefa e sebastos e tendo ao centro cartela. Sob a tribuna do lado da Epístola, existe corredor de ligação à atual sacristia e, sobre essa, à tribuna do retábulo-mor, iluminada por vão aberto a N.. A sacristia possui pavimento cerâmico, paredes rebocadas e pintadas de branco e azulejos policromos de padrão fitomórfico (P-18-00042). Em frente possui lavabo em cantaria rosa e branca, com espaldar retangular, disposto na horizontal, de duas bicas retangulares, encimado por cornija reta e espaldar concheado com querubim. Em frente tem bacia retangular achatada. |
Acessos
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Praça do Exército; Largo do Corpo Santo; Terreiro de Santa Maria; Rua de Santa Maria |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 40 361, DG, 1.ª série, n.º 228 de 20 outubro 1955 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 102 de 30 abril 1960 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, no interior do Núcleo urbano da cidade de Setúbal (v. IPA.00012826), quase no extremo oriental do antigo núcleo medieval muralhado, formando quarteirão bastante regular, circundado por vias. Implanta-se sobre plataforma adaptada ao declive do terreno, sobrelevada relativamente à praça frontal, vedada por muro encimado por gradeamento em ferro com acrotérios de cantaria, e acedida na fachada principal por duas escadas convergentes, com portões em ferro. Nas fachadas laterais, a plataforma é mais estreita que os corpos laterais, junto aos quais tem também acesso por portões em ferro. A S. surge adossado à capela lateral o antigo cemitério, de pequenas dimensões, vedado por altos muros e com portal virado a O. que, pelo menos até à década de 1960, era encimado por painel de azulejos representando uma Pietá, com a inscrição "N. SRA, DO RESGATE / E A MADALENA / 1796". Também a S., mas do outro lado da estrada, existe edifício com arcos medievais, pertencentes ao antigo Hospital de João Palmeiro. A N. ergue-se a Casa do Corpo Santo (v. IPA.00010259). |
Descrição Complementar
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No interior, a terceira coluna, do lado do Evangelho, possui, virado à nave central, cartela com a inscrição: "PAÑE: / DECAELO / PRAESTILI / S / TIEIS" e no seguinte sobre a segunda coluna do lado do Evangelho existe cartela pintada com a inscrição "REST / AVRA / DO NO / ANO / MMIII". Ao centro do intradorso do arco central, do lado da Epístola, existe cartela com a representação de São Pedro Gonçalves. As naves têm azulejos policromos, azuis, brancos, amarelo e roxo manganês, formando silhar, com 26 azulejos de alto, de moldura interior e exterior recortada, delimitada por concheados, anjos e açafates. No lado do Evangelho representam o Nascimento da Virgem (ladeando portal), Apresentação da Virgem no Templo, Esponsais da Virgem, Anunciação, Visitação, Natividade, com a Sagrada Família envolvida por anjos, e Adoração dos Pastores, com os anjos segurando filactera com a inscrição "GOLRIA INERSERS", corruptela de GLORIA IN EXCELSIS. Sob as cenas, surgem símbolos Marianos: lírio, sol, espelho, palmeira, flor e estrela. Os painéis do lado da Epístola representam a Assunção da Virgem (ladeando guarda-vento), Morte da Virgem, Pentecostes, Fuga para o Egito, Apresentação de Jesus no Templo, Adoração dos Reis Magos, e Circuncisão. Inferiormente, surgem vários símbolos Marianos: nomeadamente, árvore, poço, coluna, lua, palma e torre. A capela lateral de Santa Ana, tem pavimento de madeira e retábulo em talha dourada, de planta reta e um eixo, definido por seis pilastras ornadas de acantos, sobre plintos paralelepipédicos, intercaladas por quatro colunas de fuste torso decoradas com pâmpanos e aves, sobre mísulas com acantos, e de capitéis coríntios, as quais se prolongam pelo remate em cinco arquivoltas com a mesma estrutura, unidas por aduelas, a do fecho mais larga. Ao centro e com moldura de acantos, possui painel pintado com representação de São Francisco e São Domingos e, superiormente entre anjos músicos e querubins, Santa Ana e a Virgem com o Menino. Sotobanco em cantaria com altar paralelepipédico de moldura ornada por motivos geométricos. Na parede do lado do Evangelho existe vão em arco de volta perfeita, com fecho volutado, sobre pilastras toscanas, interiormente revestido a azulejos azuis e brancos, com representação de Santa Ana e São Joaquim ensinando a Virgem a ler, possuindo à esquerda porta de verga reta de ligação ao exterior, atualmente entaipada. Superiormente, abre-se janela de meia luneta. Na parede do lado da Epístola existe vão de comunicação com a capela do Santíssimo, em arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, cerrado por grade em ferro, superiormente decorado com elementos volutados; no intradorso do arco a zona do fecho tem inscrição "ESTE / AR / CO / MAN / DOV / FAZER / A SVA / CVS / TA / LVIS / DE CA / BEDO / DE VAS / CONCE / LLOS / NA ERA / DE 1695". A capela do Santíssimo é cerrada por portas com decoração fitomórfica vazada e balaústres dourados, e bandeira ornada por cartela com Custódia, concheados e acantos sobre friso com um Agnus Dei. No interior possui o pavimento em cantaria, rosa e branco, formando losangos com círculos, de jogos policromos, e cobertura com a falsa abóbada de berço decorada com estuques relevados, formando elementos geométricos, intercalados por florões em talha dourada e tendo ao centro reserva com custódia entre concheados, também dourados. Sobre supedâneo de um degrau, dispõe-se o retábulo-mor em talha pintada de bege, verde e dourado, de planta reta e um eixo, definido por duas pilastras de fuste decorado com motivos fitomórficos e querubins, sobre plintos paralelepipédicos e de capitéis jónicos, as quais se prolongam no remate, numa arquivolta com a mesma decoração e fecho volutado. Ao centro possui painel pintado com representação da Última Ceia, de perfil curvo, e na predela dois painéis figurando a Aparição de Cristo à Virgem e uma cena da vida de São Francisco. Ao centro, integra sacrário tipo templete, em talha dourada, de perfil curvo, com dois anjos laterais, querubins e Deus Pai, segurando globo, enquadrando a porta, pintada com um Pentecostes; lateralmente tem aletas com motivos vegetalistas e, sobre o entablamento, remate em espaldar curvo com anjos e querubins. Altar paralelepipédico com frontal pintado a marmoreados fingidos, a azul e amarelo, com moldura e reserva azul com florão central. Na parede do lado da Epístola, abre-se porta de verga reta de acesso à antiga sacristia, encimada por janela de meia luneta, com chave relevada; ladeia a porta lápide retangular inscrita, com moldura em cantaria rosa formando volutas salientes e encimada por brasão de família, de Diogo de Salema, ovalado, com moldura rosa. A lápide tem a seguinte inscrição: "ESTA CAPELA HE DE Dº ÇALEMA DO CONCELHEO DEL REI NOSO SOR CAPITÃO E GOR QR FOI DA ILHA DE S. TOMÉ A QUAL MANDOU FAZER DONA MARIA ÇALEMA SUA MOLHER TEM MISSA QUOTIA E OUTRAS OBRIGAÇÕES Q SE VERÃO NA INSTITUIÇÃO DO MORGADO Q FEZ E AQUI TEM SUA SEPULTURA FALECEU AOS 19 DE FEVº DE 1586". O brasão possui escudo esquartelado, tendo no I e no IV as armas dos Salemas, de verde, com um castelo de ouro, aberto, iluminado, lavrado e coberto de negro, com bordadura cozida de azul, carregada de sete Salemas de prata, nadando uma atrás da outra; no II e III tem as armas dos Correias de Aguiar, de vermelho, com uma água estendida de negro, armada e membrada de ouro e carregada de um escudete do mesmo, fretado de vermelho. O pavimento da capela integra algumas lápides sepulcrais inscritas: uma delas tem a inscrição "SA. DE FRCO SOA / RES MEDICO / ... DESTA VI / LA E DE SVA MVL / HER [...] DA ESPER / ANSA A QVAL / FALESEO DIA / DE NOSA S.NRA / DASVNSÃO DE / 1642 ANNOS / E DE SEVS ERDEI / ROS"; outra tem a inscrição "A / S. DE FER / NÃO NVN / ES VARELA / E DE SVA MVL / HER LEONO / R FRZED E SV / S HERDEIRO / S. FALECEO / AOS 17 DE OC / TVBRO DE / 1621". Entre a capela de Santa Ana e a do Santíssimo existe lápide em mármore preto com a inscrição "SS.O PAPA JOÃO PAULO II / ATENDENDO AO PEDIDO / DO BISPO, CLERO E FIEIS / DA DIOCESE / POR BREVE DE 18 DE MARÇO / DE 1980 / PROCLAMOU N. SENHORA / SOB INVOCAÇÃO / DESTA MARIA DA GRAÇA / PADROEIRA DA DIOCESE / DE SETÚBAL". Na nave do lado da Epístola, a primeira capela, cerrada por teia em ferro, alberga pia batismal, de taça hemisférica sobre pé cilíndrico, com sulcos verticais e anel no terço inferior; no lado da Epístola abre-se janela de capialço. A capela de Santo André possui retábulo de talha, a imitar embutidos, de planta reta e três eixos, definidos por quatro colunas coríntias, de terço inferior marcado e decorado por elementos vegetalistas, sobre dupla ordem de plintos, paralelepipédicos, os superiores com acantos relevados, e os inferiores com acantos pintados, sustentando o entablamento, com friso de querubins. A estrutura remata em tabela quadrangular, ornada de acantos enrolados, definida por quarteirões, que sustentam frontão interrompido por cruz; a tabela é ladeada por aletas e elementos fitomórficos. No eixo central abre-se nicho, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, ambas decoradas com motivos lanceolados, interiormente com apainelado de acantos e albergando imaginária, encimado por enrolamentos e frontão de lanços. Nos eixos laterais surgem apainelados de acantos e cartela central, encimada por friso com motivos vegetalistas. Banco com apainelados contendo cartela e motivos vegetalistas, à exceção do central, que tem painel de madeira, à vista. Altar paralelepipédico, igualmente de madeira, pintada a marmoreados fingidos, com frontal decorado por motivos recortados inseridos em moldura. Na parede do lado do Evangelho, rasga-se porta de acesso à antiga sacristia e óculo circular, moldurado e gradeado, sobre lápide, com moldura formando volutas, e a inscrição: " ESTA CAPELA DE S. ANDRÉ HE DOS ARM / ADORES PERA ALGVS MAREANTES / A QVAL FIZERÃO A SVA PRÓPIA / CVSTA PERA NELA SE ENTERAR E ASIM OS / PREZENTES COMO OS VINDOVROS E QVEN / ELES QVIZEREM SEM NHVA OVTRA PES / OA NELA ENTERAR COMFORME APROVIZ / ÃO DE S. MAGESTADE CVIO TRESLADO / ESTA NO CARTÓRIO DESTA IGREIIA" . No lado da Epístola abre-se janela de capialço, gradeada. Entre a capela de Santo André e a capela batismal existe lápide em mármore preto, com a inscrição "S. S. O PAPA PAULO VI, / PELA BULA "STUDENTES NOS" / DE 16 DE JULHO DE 1975 / CRIOU A DIOCESE DE SETUBAL / PELA MESMA BULA / ELEVOU ESTA IGREJA / DE SANTA MARIA DA GRAÇA / A CATEDRAL. / AQUI FOI ORDENADO / O I BISPO DE SETUBAL, / D. MANUEL DA SILVA MARTINS, / EM 26 DE OUTUBRO / DO MESMO ANO DE 1975". A capela colateral de Nossa Senhora da Conceição tem retábulo em talha pintada de branco e dourado, de planta reta e um eixo, definido por quatro colunas torsas, ornadas de pâmpanos e aves, sobre mísulas e de capitéis coríntios, e por quatro pilastras decoradas de acantos, a interior mais estreita, sobre plintos paralelepipédicos, também com acantos. A estrutura remata em quatro arquivoltas com igual decoração, unidas por aduelas, enquadradas por apainelados de acantos, encimados por entablamento com cartela central, sobreposto por apainelado de acantos, com remate em empena truncada. O eixo central possui dois nichos sobrepostos; o inferior tem arco de volta perfeita sobre pilastras, com decoração fitomórfica, remate em acantos vazados, interiormente com drapeados a abrir em boca de cena, enquadrando imaginária; o nicho é enquadrado por pilastras com elementos vegetalistas. Superiormente tem um outro nicho, de perfil curvo, enquadrado por apainelados almofadados, e interiormente albergando imaginária. Sotobanco com apainelados pintados a marmoreados fingidos, a verde, e altar tipo urna, igualmente pintado a marmoreados fingidos, envolvido por molduras de acantos relevados e dourados. A capela colateral de São Pedro Gonçalves apresenta retábulo de talha dourada, de planta reta e um eixo definido por quatro colunas, de fuste torso, decoradas por pâmpanos e aves, de capitéis coríntios e agrupadas sobre plinto paralelepipédico ornado de acantos, com intercolúnio igualmente de acantos, e quatro pilastras, ornadas de motivos vegetalistas, sobre plintos com acantos, dando origem a dois registos, separados por entablamento com friso de acantos e querubins. No primeiro registo abre-se ao centro nicho, em arco de volta perfeita, com elementos vegetalistas, interiormente com apainelados de florões e albergando imaginária; nos seguintes tem querubins. No segundo registo surge ao centro apainelado retangular com elementos vegetalistas. A estrutura remata em cinco arquivoltas, alternando lisas com elementos vegetalistas, com torsas, possuindo cartela no fecho, sob a qual surge ainda painel com querubim. Banco com apainelado de acantos enrolados e sotobanco com apainelados pintados a marmoreados fingidos azulados e motivos vegetalistas dourados, tendo ao centro altar tipo urna, com moldura e reserva central a dourado. Na capela-mor, o pavimento integra lápide de mármore da família dos Cabedos, com escudo esquartelado, tendo no I três flores-de-lis em contra-roquete; no II, três faixas cobreadas; na III, um pendão de duas pontas, para a direita, hasta em pala e acompanhado por uma caldeira, e ponta; na IV, um leão rompante contra um pinheiro. Elmo com paquifes e lambrequins e no timbre, um leão rompante. Inferiormente tem inscrição muito delida, acrescentada, mas que foi copiada por Gregório de Freitas e que reza: "ESTA SEPULTURA É DE MIGUEL DE CABEDO E DE D. LEONOR / PINHEIRO DE VASCONCELLOS, SUA MULHER, DA QUAL LHE / FEZ MERCÊ EL-REI D. SEBASTIÃO, PARA ELES E TODOS OS / SEUS DESCENDENTES E PARA ELA MANDOU TRASLDAR OS / OSSOS DE SEU PAI E MÃE, JORGE DE CABEDO E TAREJA PINHEIRO / E DE SEUS IRMÃOS MANUEL DE CABEDO, DIOGO DE CABEDO, / ANTONIO DE CABEDO E DE SUA IRMÃ D. LEONOR, MULHER QUE / FOI DE JOÃO GOMESDE LEMOS, SR. DA TROFA E NO ANO DE 1701 SEU 4º NETO JORGE DE CABEDO DE VASCONCELOS / MANDOU FAZER À SUA CUSTA O PAVIMENTO DESTA CAPELA". Esta lápide reproduz a que figurava numa lápide anterior com o o acréscimo que, em 1701, lhe fez Jorge de Cabedo de Vasconcelos. O frontal do supedâneo da capela-mor, do lado da Epístola, possui a inscrição "CLEMENS UIII CONCESSIT / ANNO DNI. M.DXCVII". A sacristia possui azulejos de padrão policromo desenvolvendo um centro formado por flor de quatro pétalas roxas, com núcleo circular amarelo, a partir do qual se projetam caules com folhas verdes, que se unem a outras flores idênticas, criando um reticulado diagonal (http://redeazulejo.fl.ul.pt/pesquisa-az/padrao_pesquisa.aspx?pagina=3). |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: catedral |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Setúbal) |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ALVANEIRO: Luís da Costa (séc. 17). CARPINTEIRO: Joaquim Rodrigues Santiago (1843). EMPREITEIROS: Agostinho Cabral (1955); Cândido Patuleia (1960-1961); Fernando Branco de Almeida (1969-1971); João Laerte (1972-1974). ENTALHADOR: José Rodrigues Ramalho (1697). PEDREIRO: António Rodrigues (séc. 17) (atribuído); João António Coelho (1843). PINTOR - DOURADOR: Vicente Nunes (1716). |
Cronologia
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1248, 15 agosto - data apontada para a sagração da primitiva igreja, no dia de Nossa Senhora da Assunção; 1249, março - D. Paio Peres Correia dá foral a Setúbal e eleva o burgo, até então dependente de Palmela, a concelho, o que faz presumir a existência de uma igreja; 1320, 01 março - carta de João XXII ao Mestre da Ordem de Santiago e aos reitores de várias igrejas, nomeadamente as de São Julião e Santa Maria de Setúbal, relativamente às porções que, dessas igrejas, cabiam à Ordem; séc. 14 / 15 - referências documentais a se tratarem vários assuntos da vida cívica no adro ou tabuleiro da igreja de Santa Maria; 1468 - constituição da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Santa Maria; séc. 15 - D. João II doa várias peças de indumentária à igreja; 1484, 24 agosto - fica em exposição na sacristia o corpo do Duque de Viseu, morto no dia anterior, por D. João II, sendo à tarde levado para o convento de São Francisco; 1510, 16 -19 julho - pela visitação de D. Jorge de Lencastre, duque de Coimbra e Mestre da Ordem de Santiago, sabe-se que a igreja, com orientação E. - O., situa-se no meio de um adro com 56 x 66 m, compõe-se de nave e capela-mor, sacristia, coro e torre sineira *1; 1513, 5 fevereiro - D. Manuel I, atendendo à grande necessidade que o povo de Setúbal tem de maiores igrejas, visto que nas existentes os homens não cabiam para ouvir os ofícios divinos, nem receber os sacramentos, e para se conseguir maior nobreza à dita vila, ordena que a Igreja de São Gião, então derribada, se fizesse de tal "grandura como deve", bem como a Igreja de Santa Maria, mandando que o povo de Setúbal contribua e pague para as obras das ditas igrejas, tal como o Mestre de Santiago ajude com 500$000; 1531, 26 janeiro - tremor de terra provoca a abertura de fendas na parede junto à porta; 1533, 28 outubro - visitação pelo cavaleiro de Santiago, António Dias, refere a capela-mor forrada a azulejos, os altares de Santo Antão e Conceição, o coro mal reparado, a torre dos sinos, reparada como se mandara na visitação passada, mas com necessidade de se fazer uma porta na parte do S., e outra na entrada do campanário, e o telhado danificado pelos moços que entravam pela torre dos sinos; a parede junto à porta ainda tem as fendas por corrigir; refere a existência, no lado do Evangelho, do altar de Santo André, que se mudou para uma capela que novamente se fez, abobadada e vazia de pedraria lançada de obra romana, e as ilhargas do fundo acima, forradas de azulejos, com um retábulo de talha dourada, de bordo, com sobrecéu, e no meio uma imagem de Nossa Senhora com dois anjos, que lhe põem a coroa, de ouro e azul, e o altar de pedra e cal, coberto de azulejos, posto sobre a sacristia, com três degraus de pedraria e cerrada, a dita capela, com grades de pau, com seu forro em cima, onde se põem os círios e candeias; refere ainda um altar de Santo Antão no mesmo lado e a igreja estar por lajear; o visitador mandar fazer vários reparos e pôr uma pedra de 3 x 2,5 palmos, com o "hábito de Santiago" sobre a porta principal; 1537, 30 agosto - D. Jorge, Duque de Coimbra e Mestre da Ordem de Santiago, nomeia Gonçalo Pires mamposteiro da igreja, ficando obrigado a tirar e a pedir esmolas para ela aos domingos e festas e outros dias, dentro e fora da igreja; 1547, 13 fevereiro - data da morte de D. Mendo Afonso de Lumide que, segundo Frei Agostinho de Santa Maria, teria sido o primeiro prior da Igreja de Santa Maria da Graça e deão da capela do Mestre de São Tiago; séc. 16, 2ª metade - estando arruinada a igreja, manda-se fazê-la de novo, no mesmo local da igreja medieval, com autoria atribuída a António Rodrigues; 1553, 14 março - criação de novas freguesias em Setúbal, desmembrando-se os territórios das de São Julião e Santa Maria; 1564 - 1565 - a visitação das igrejas de Setúbal inicia-se pela de São Julião e termina na de Santa Maria, mas no título do auto regista-se "Visitação da Igreja de Santa Maria, a qual foi visitada conforme a Sam Gião, e não foi visitada primeiro, por nam estar acabada, porquanto era a mais Antígua"; para concluir a obra, o visitador explicita que dever-se-ia mandar lajear e rebocar a igreja, pôr umas grades no cruzeiro, vidraças em todas as frestas, concluir as torres e pôr-lhe sinos, colocar um retábulo no altar-mor e dois nos altares transversos, todos dourados e pintados, e o tabuleiro da porta deveria ser lajeado e nele se fariam uns degraus de pedra; o visitador, sendo informado que se tinham posto na capela-mor certas ossadas, e porque nas capelas-mores não se podia sepultar ninguém, por essas serem do rei, como governador e perpétuo administrador da Ordem de Santiago, manda o prior dizer ao povo, por três domingos, que quem tivesse sepultura na capela-mor mostrasse, dentro de dois meses, provisão régia com licença para isso, e não a mostrando nesse prazo, lhe tirem as ossadas e as coloquem na igreja; 1565 - 1570, entre - conclusão das obras da nova igreja; 1665, 25 outubro - em sequência da visitação, o Dr. Miguel de Cabedo consegue que D. Sebastião, atendendo ao fato de D. Leonor e sua mãe jazerem na capela-mor da igreja antiga, mandasse ao prior e visitadores que tivesse a dita sepultura e jazigo para ele e seus descendentes, desde que o Dr. Miguel de Cabedo desse de esmola à igreja, uma vestimenta de seda, não deixando enterrar outras pessoas na capela-mor; 28 dezembro - Dr. Miguel de Cabedo dá vestimenta de seda à igreja; 1570 - D. Prior manda o escrivão da visitação assentar que, por respeito da comodidade e oportunidade da igreja de São Julião estar no meio da dita vila e ele aposentado perto dela, começa a visitação pela igreja de São Julião sem prejuízo do direito que a igreja de Santa Maria pretende ter por ser a mais antiga; o visitador, D. Diogo de Gouveia, refere as obras determinadas em 1565, salvo os retábulos, a varanda das torres estar muito devassada, por culpa e negligência do tesoureiro, pelo que manda fazer uma porta de grades para a serventia dela; manda ainda fazer chaves para as grades da pia do batistério, fazer o retábulo-mor, havendo um sino pequeno, manda fazer dois sinos à custa da fazenda real, para servirem as torres da igreja, um assento de bordo com encosto, no lado da Epístola, da capela-mor, para os ministros do altar se sentarem quando disserem missa; D. Diogo Gouveia desapossa os Cabedos do seu direito de se sepultarem na capela-mor, levando-os a apelarem para a mesa da Consciência e Ordens; 1571 - data do primeiro registo de batismos documentado; 1572 - data do primeiro registo de casamentos documentado; 12 janeiro - D. Sebastião informa o Arcebispo de Lisboa, D. Jorge de Almeida que, na definição da Ordem de Santiago, se ordenara que na Igreja de Santa Maria houvesse um beneficiado curado para ajudar o prior na administração dos sacramentos e a realizar os ofícios divinos, por haver muita necessidade de que o fizesse e nomeando Martim de Figueiredo, clérigo de missa e frade de Santiago, para o cargo; o rei pede ao Arcebispo a confirmação; 1577, abril - data da morte do Dr. Miguel de Cabedo que, em testamento determina ser sepultado na igreja de Santa Maria; 1578, 5 março - data do alvará de D. Sebastião que, como perpétuo administrador da Ordem de Santiago, manda ao prior e beneficiados da igreja que não consintam pessoa alguma abrir cova na capela-mor sem primeiro apresentar provisão régia e, se alguém apresentar qualquer provisão, não a cumpram sem primeiro apresentá-la a el-rei; perante este alvará, D. Leonor Pinheiro de Vasconcelos, viúva do Dr. Miguel de Cabedo, e seus filhos, recorrem ao monarca, expondo o seu direito à cova e alegando a não aplicabilidade da provisão, visto que não iam abrir cova, mas aproveitar a anteriormente aberta, e pedindo a mercê da confirmação do seu direito ou privilégio, atendendo aos serviços que ele prestara; 25 outubro - D. Sebastião autoriza que Miguel Cabedo e descendentes sejam sepultados na capela-mor; 1580 - Compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento; 1586 - a primeira capela lateral do lado do Evangelho é de Diogo Salema; 1596 - data da sepultura de Tomé Dias Cordovil e seus herdeiros; 2 março - a pedido de Gonçalo Mendes de Vasconcelos, cónego doutoral da Sé de Évora desembargador dos Agravos, deputado do Santo Ofício, e membro da família Cabedo, o papa Clemente VIII torna o altar-mor privilegiado; 1603, 06 julho - D. Filipe manda que, do dinheiro das sisas, se compre um relógio para a torre da igreja e se eleva uma torre à altura da outra; 1609, 16 março - D. Filipe acrescenta as rendas dos beneficiários, aumentando a cada um dos quatro beneficiados simples da igreja, 4$000 além de 8$000 e 3 moios de trigo que já recebiam, e aos curados, mais 2$000 além dos 10$000 e 3 moios que também recebiam; assim, passam todos a receber por igual 12$000 e 3 moios de trigo cada; 1611, 4 julho - D. Filipe, considerando a necessidade de preencher o cargo de recebedor da fábrica das igrejas de Setúbal, manda que o contador do mestrado da Ordem de Santiago e juiz da Ordem, mais os quatro padres das igrejas da cidade se juntem na igreja de Santa Maria da Graça e, por votos, elejam um beneficiado dela para recebedor da fábrica das ditas igrejas, por dois anos; passado esse prazo seria eleito um outro, da igreja de São Julião, depois um da Anunciada, posteriormente de São Sebastião, e voltaria a Santa Maria; 02 outubro - D. Filipe III, antes de partir para Espanha, preside ao Capítulo Geral da Ordem Geral da Ordem de São Bento de Avis, realizada na igreja, com grande pomba; descrição da igreja mostra que a planimetria é semelhante à estrutura atual, com altar-mor sobrelevado três degraus, com coro ao mesmo nível, do lado da Epístola, duas capelas no topo das naves laterais, com uma só capela lateral profunda, a do Santíssimo Sacramento, e a sacristia a N., onde hoje existe uma arrecadação *2; o juiz dos Tombos da Ordem de Santiago, o Dr. António Machado da Silva, revendo os títulos das igrejas de Setúbal, providos pela Ordem, verifica que ela tem um prior, seis beneficiados, um tesoureiro, um tangedor de órgão e um coveiro, que também servia de varredor; 1614, 07 agosto - alvará régio autoriza a construção da capela de Santo André, do lado da Epístola, como a do Santíssimo, disposta simetricamente; 29 setembro - D. Filipe confirma o Compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Santa Maria; 1618 - capela do Bom Sucesso, contígua; 1618, 17 janeiro - provisão régia autoriza Hierónimo Godinho de Sousa e seu irmão Francisco Tavares de Sousa a construírem a capela de São José, junto à de Santo André; 1622, outubro - ainda não está concluída a capela de São José; 1695 - Luís de Cabedo e Vasconcelos reedifica à sua custa a capela de Santa Ana, mandando construir o arco de ligação com a capela do Santíssimo, conforme inscrição no fecho, e com porta privativa direta para o adro, atualmente entaipada; séc. 17, finais - reforma da capela-mor, com as obras de alvenaria a cargo de Luís da Costa; 1695 - Irmandade do Santíssimo abre "Livro das promessas da obra da tribuna e capella mor"; 1697, 03 fevereiro - escritura para feitura do retábulo-mor por José Rodrigues Ramalho (FERREIRA, vol. 2, p. 529); 1700, 06 setembro - recibo assinado por José Rodrigues Ramalho afirmando estar "pago e satisfeito da obra que fiz em Santa Maria da grassa de talha na Capela mor por [...] dois contos e trezentos mil reis"; 1701 - segundo a inscrição da sepultura da família Cabedo, atualmente desaparecida, constava que Jorge de Cabedo de Vasconcelos manda fazer à sua custa o pavimento da capela-mor; 1708 - a Irmandade do Santíssimo manda fazer as grades do arco de comunicação com a capela de Santa Ana; 1711, 16 junho - visita a igreja o rei D. João V; 1716 - Vicente Nunes recebe 583$830 pelo douramento do retábulo-mor; 1725, 14 agosto - apesar dos estatutos da confraria de Santa Ana não permitirem ser eleitos para juiz pessoa vivendo à lei da nobreza, o juiz e demais confrades da confraria pedem ao Arcebispo de Lisboa, D. Tomás de Almeida, que Jorge de Cabedo e Vasconcelos possa ser eleito juiz da confraria, por ser padroeiro da capela e pelo zelo com que oferecera a mesma para serviço da confraria; o pedido é deferido; 1749 - 1750 - João da Silva Bragança, juiz da Irmandade do Santíssimo Sacramento, manda executar várias alfaias litúrgicas; 1751, 04 maio - chega a Santa Maria da Graça, num caixão dentre dum esquife, uma imagem de Nossa Senhora, que trouxera o Pe. Gabriel Malagrida, da Companhia de Jesus, que andava em missão; 1754 - a freguesia tem 428 vizinhos; 1755, 1 novembro - terramoto causa grandes danos na freguesia e também na igreja "ficando arruinada por muitas partes, principalmente na capella mor, e nas torres: reparei, o que me foi possível para se celebrarem nella os ofícios divinos, o mais está irreparado"; 1758 - segundo o prior Hierónimo Afonso Botelho nas Memórias Paroquiais, a freguesia pertence ao patriarcado de Lisboa, e é da Ordem de Santiago; tem 228 vizinhos e 728 pessoas, entre maiores e menores; a paróquia está dentro da vila, que cingem os muros antigos; a igreja tem orago de Santa Maria da Graça ou, como antigamente se dizia, Nossa Senhora da Graça; tem três naves e sete altares, a saber: o altar-mor de nossa senhora da Graça, o altar de Nossa Senhora da Conceição, o Altar do Santíssimo Sacramento, o de Santa Ana, e São Joaquim, o do Corpo Santo, o de Santo André, e o de Nossa Senhora do Bom Sucesso; tem quatro irmandades: a do Santíssimo Sacramento, a do Senhor dos Passos, a do Corpo Santo e a de São José; o pároco é prior da apresentação do rei, como Grão Mestre da Ordem de São Tiago, tem de renda 4 moios e 40 alqueires de trigo, dois moios e meio de cevada e 20$000 em dinheiro; tem seis beneficiados, dois curados, e quatro simples, todos da mesma apresentação que o Prior, e uns e outros de igual renda, que é a cada um três moios de trigo e 14$000 em dinheiro; os frades do convento de São Domingos têm de propriedade os púlpitos das paroquiais de São Julião e de Santa Maria, de que são pagos pelo Almoxarifado da Mesa Mestral da Ordem de Santiago; séc. 18, 2ª metade - colocação do silhar de azulejos da nave com cenas da vida da Virgem; prior da igreja solicita ao cardeal de Lisboa, D. Tomás de Almeida a concessão de indulgência plenária para todos os sacerdotes que digam missa no altar-mor; 1761, 03 março - concessão de indulgência plenária ao altar-mor; 1809 - sepultado na igreja o pintor Faria e Barros, conhecido por Morgado de Setúbal (1750-1809); 1843, 02 fevereiro - Joaquim Rodrigues Santiago, carpinteiro, e João António Coelho, pedreiro, arrematam por 80$000 e 40$900, respetivamente, diversas obras da Irmandade do Senhor dos Passos da igreja, relativas aos diversos passos da freguesia e à capela da Irmandade; 1861, 12 agosto - D. Pedro V assiste à missa na igreja, na tribuna da família Cabedo; 1879 - o núncio do Papa Leão XIII em Portugal dá benção apostólica a Setúbal na igreja; 1959 - fotografia desta data ainda documenta o painel de azulejos sobre a porta do antigo cemitério; 1969, fevereiro - sismo provoca estragos na igreja; 1973, 17 junho - carta do pároco informando que, na sequência da visita do Cardeal de Lisboa e das celebrações litúrgicas em que participam largas centenas de fiéis, e prevendo-se celebrações similares a nível da cidade e da Região Pastoral, decide-se remover o púlpito que, a meio da igreja, "impossibilitava a participação de numeroso grupo de fiéis"; 1975, 16 julho - bula "Studentes nos" do papa Paulo VI cria a diocese de Setúbal e eleva a igreja de Santa Maria da Graça a catedral; 1978 - remoção do coro-alto de madeira, com parecer positivo da DGEMN e do Instituto de Salvaguarda do Património Cultural e Natural; 1980, 18 março - a pedido do bispo, clero e fiéis da diocese, o papa João Paulo II proclama Nossa Senhora da Graça como padroeira da Diocese de Setúbal; 1981 - pintura do quadro do 1º bispo de Setúbal, D. Manuel da Silva Martins; 2002 - pintura do quadro do 2º e atual bispo de Setúbal, D. Gilberto Délio Gonçalves Canavarro dos Reis, por Fátima Lagoa; 2003 - colocação de painel de azulejos no anexo da fachada lateral direita, relativo ao agrupamento de escuteiros de Santa Maria - São Julião, pintado por Inácia Araújo F.. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura de alvenaria de pedra, rebocada e pintada; cintas de betão armado; pilastras, frisos, cornijas, molduras dos vãos, colunas, lápides e outros elementos em cantaria calcária; portas de madeira; grades de ferro; vidros simples; silhar de azulejos policromos ou em azul e branco; retábulos de talha pintada ou dourada; pinturas murais, sobre tela e sobre tábua; estrutura das capelas laterais, lápides, pias de água benta, lavabo e outros elementos em mármore; pavimento cerâmico ou em lajes de cantaria calcária; cobertura de telha. |
Bibliografia
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CLARO, Dr. Rogério Peres - Setúbal no século XVIII. AS informações paroquiais de 1758. Setúbal: Tipografia Rápida, 1957; CORREIA, José Eduardo Horta - "A arquitectura - maneirismo e "estilo chão". In História da Arte. Lisboa: edições Alfa, 1986, vol. 7, pp. 92-135; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira - A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; ENVIA, João Francisco - Setúbal do passado e do presente (A cidade do Rio Azul). Setúbal: Armazém de Papéis do Sado, ldª., 1994; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva - A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; KUBLER, George - A Arquitectura Portuguesa Chã: entre as especiarias e os diamantes, 1521 - 1706. 2ª ed.. Lisboa: Nova Veiga, 2005; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, 1880, vol. 9; MACHADO, Fernando Falcão - "A Igreja de Santa Maria da Graça - Setúbal". In Boletim da Junta de Província da Estremadura. Lisboa: Tipografia Ramos, Afonso & Moita, Ldª., 1946-1950, vol. I-XI; MECO, José - Azulejaria Portuguesa. 3ª ed.. Lisboa: Bertrand Editora, 1985; PORTELLA, M. M. - Notícia dos Monumentos Nacionais e Edifícios e lugares notáveis do Concelho de Setubal. Lisboa: Typographia de Mattos Moreira & Cardosos, 1882; SILVA, José Custódio Vieira da - Setúbal. Lisboa: Presença, 1990; "A Igreja de Santa Maria da Graça", PAF In Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, (http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/74103/), [consultado a 25-11-2013]. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DRML |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRML, SIPA; Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja / Terra das Ideias |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1843 - obras de carpinteiro e pedreiro na capela do Senhor dos Passos e outras na casa do despacho, consistindo na remoção da telha da capela, feitura de novo telhado amouriscado, e cravejado e, junto à parede, em distância de quatro palmos, um resguardo de telha para defender as beiras do telhado; o madeiramento é feito com madeira de castanho, e ripa de três; caiação por dentro e por fora com três demãos, inclusive o exterior da casa do despacho; 1882 - segundo Portela, ainda há poucos anos "se fizeram importantes reparos á custa do estado, e um côro, que não tinha"; DGEMN: 1940 - relatório dá conta das urgentes obras de reparação que a igreja precisa, visto os telhados estarem em estado lastimoso, deixando infiltrar água em abundância, parte da talha da capela-mor se encontrar aluída e a cair aos bocados, e o exterior e gradeamento apresentarem um estado deplorável; 1954, 8 novembro - visita do Ministro das Obras Públicas ao distrito de Setúbal; na sequência, o Ministro faz despacho determinando que "a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais assegurará rápida execução dos trabalhos de reparação da talha do altar-mor, orçados em 24 contos"; 1955, 15 janeiro - despacho do Ministério da Educação Nacional determinando a classificação da igreja como Imóvel de Interesse Público; 1955 - o restauro da talha da igreja não é incluído no plano de obras para este ano "visto que não lhe foi atribuída qualquer classificação, embora se encontre em curso o respetivo processo"; 18 abril - depois do assunto ter sido levado à consideração superior, o Ministro Arantes de Oliveira determina que "o despacho é categórico e não havia senão que dar-lhe execução. Embora c/ certo atraso, promova-o a DGEMN urgentemente"; 02 maio - memória descritiva da reparação do altar-mor, em talha dourada, consistindo essencialmente de fixação de painéis e colagem de pedaços a desagregarem-se, dourar algumas zonas e retocar a maioria dos ornatos; a obra é adjudicação da obra Agostinho Cabral; 16 agosto - carta do pároco Cassiano Cabral informando estarem a decorrer obras no retábulo-mor mas, visto ter-se colocado um "pano muito ordinário" a tapar a boca do trono, solicita à DGEMN que ordenasse a colocação de um painel apropriado, sugerindo para o efeito a execução de desenho junto "Assunção de Nossa Senhora", obra da casa Fângeres, de Braga, que o poderia executar; a sugestão não foi aceite; PROPRIETÁRIO: construção de instalações sanitárias; DGEMN: 1959 - projeto de habilitação dos anexos da igreja para funcionamento de obras paroquiais; 1960 / 1961 - arranjo do telhado e limpeza das fachadas e pequenas obras de reparação no interior, por Cândido Patuleia; 1964 - projeto de obras de conservação que o pároco pretende levar a cabo e que não são feitas, consistindo em: reparação geral da talha, substituição do pavimento de soalho por tijoleira cerâmica, abertura de porta lateral para acesso à sacristia, demolição de anexo junto à fachada S. e desentaipamento de três janelas e limpeza e reparação de telhados; 1965, junho - envio à DGEMN do projeto de adaptação provisória da igreja de Santa Maria à nova liturgia, elaborado pelo Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado, e cuja execução o pároco pretende levar a cabo; ofício do Diretor-Geral ao Diretor do Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado informando não ver inconveniente na realização do projeto apresentado, visto ser uma instalação provisória; 1969 - trabalhos de consolidação na sequência dos estragos causados pelo sismo, adjudicados a Fernando Branco de Almeida, consistindo no levantar da cobertura nas zonas aluídas com substituição de peças de madeira em mau estado e sua conveniente reposição com argamassa; execução de cintas de betão armado, incluindo abertura de diversas "caixas" para efeitos de travamento; picagem dos rebocos aluídos em todos os paramentos das paredes interiores e exteriores, rebocar de novo e caiação nas demãos convenientes; reparação da torre sineira, incluindo a consolidação das pedras deslocadas com refechamento das juntas e limpeza de todas as ervas e raízes; e consolidação de zonas de alguns painéis de azulejos aluídos; 1970 / 1971 - diversos trabalhos de conservação na cobertura, no módulo do lado da capela-mor e nas capelas laterais, adjudicados a Fernando Branco de Almeida, incluindo o levantar da estrutura existente, execução de estrutura com elementos de vigotas pré-esforçadas e tijoleiras cerâmicas e a substituição total duma zona da estrutura; 1972 - revisão da parte antiga dos telhados, de modo a evitar-se a continuação da deterioração dos tetos, já que a verba disponível não permite a substituição do corpo da igreja; as obras são adjudicadas a João Laerte; 1973 - obras de conservação adjudicadas a João Laerte, consistindo na demolição do telhado existente, regularização e corte das madeiras das estruturas dos telhados, construção de cintas, pilaretes, cumieiras e rincões em betão armado, construção de estruturas de telhados em vigas de betão pré-esforçado e tijoleiras, reposição das coberturas de telhados e reconstrução dos espigões e dos rincões dos telhados idênticos aos existentes; 1974 - obras de conservação na cobertura nos últimos 3/4 do teto da igreja, adjudicadas a João Laerte, incluindo a demolição do telhado existente, construção de cintas cumieiras e rincões, em betão armado, construção da estrutura do telhado com vigas de pré-esforçado e tijoleira, reconstrução da cobertura do telhado, das cumieiras e rincões, e limpeza, reparação e caiação de paredes; 1975, 26 setembro - relatório dos técnicos do Instituto José de Figueiredo após visita à igreja apontando para a necessidade de consolidação da talha da capela-mor, fixação do ouro e esculturas incorporadas, que se encontram muito repintadas e em mau estado de conservação, tendo caído um anjo de grandes dimensões que existia no alto da parte frontal, ficando em fragmentos; da consolidação dos tetos das naves e sua estrutura, que têm as tábuas apodrecidas e com faltas em alguns locais, devido às infiltrações, para, só depois, se proceder ao tratamento das suas pinturas; do tratamento das pinturas sobre tela entre os arcos, na nave central, e da respetiva cimalha, que está também em muito mau estado; e do tratamento das pinturas das colunas e intradorso dos arcos, sobre estuque; PROPRIETÁRIO: 1977 - substituição do pavimento de soalho por tijoleira, pago por particulares; 1981 - obras de restauro da igreja; DGEMN: 1984 - memória descritiva relativa a reparação dos estragos causados pelas inundações, com reparação dos telhados das capelas anexas; 2003 - restauro das pinturas das naves, conforme inscrição. |
Observações
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*1 - Segundo a descrição da visitação feita por D. Jorge de Lencastre, o corpo principal da igreja, com esteios de pedraria lavrada, mede 15,5 x 20, a capela-mor, assoalhada e com assentos de pedra e cal ao redor, tem 6 x 10,5; a sacristia, à direita, tem o teto de telha vã e mede 4,8 x 7; o coro tem dois assentos de tabuado, um de cada parte, com estante e um soalho esburacado; a torre dos sinos tem uma escada de caracol, com falta de alguns degraus e os restantes de todo gastos, e embora tivesse cinco frestas para sinos, destes só tinha dois, um dos quais com a porca quebrada; na igreja há uma pia batismal, um púlpito de madeira, velho e roto, diversos "moimentos" com arcos de pedraria, e os seguintes altares: o altar-mor, de pedra e cal, forrado de azulejos comprados por André Gago, e, nesse altar está o sacrário; o altar de Santo Antão, do lado esquerdo, de pedra, sobre dois esteios; o altar do Corpo Santo, à direita, de pedra e cal; o altar da Conceição da Senhora, de tabuado, desconhecendo-se a localização, altar do cruzeiro, de uma só tábua, sobre dois esteios de pau, desguarnecidos e desforrado por debaixo; nestes altares encontram-se os seguintes retábulos: o altar-mor, de bordos, com seu guarda-pó de maçonaria, o qual está por pintar; um outro, pequeno, com o Crucificado, nossa Senhora e São João, em cujas portas estão as imagens de Santiago e São Miguel; no altar da Conceição de Nossa Senhora, um retábulo velho com as imagens da Conceição, de Santa Catarina e de um anjo; no altar do Corpo Santo, a imagem do Corpo Santo e a de Santo André; há ainda uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus ao colo. No meio do altar-mor está o sacrário, metido numa caixa de pau, dourada, dentro dum armário de bordos, fechado com duas portas, uma de bordos, de dentro e outra de fora, com fechadura. As portas da igreja são muito boas. *2 - Em 1611, a igreja é descrita como estando inserida dentro dos muros da vila, para levante, perto das portas. É uma casa grande, toda de pedra e cal, a parte de alvenaria, e a parte de cantaria, de azulejos, de três naves com suas colunas redondas, romanas, de pedraria, com arcos da mesma, toda redondamente forrada de bordos, com sua linha de ferro, telhado de águas, guarnecido de dentro e de fora. O corpo da igreja tem onze frestas de pedraria, cinco de cada lado, com duas grades de ferro e vidraça, todas iguais, e mais outra, maior, retangular, toda de pedraria, com grades de ferro e vidraças, sobre a porta principal; tem três portas, a principal para O. e duas laterais, todas feitas ao estilo romano, com suas cimalhas e frontispícios; ladeando a porta principal tem duas torres de sinos, grandes e altas, com seus coruchéus, quatro arcos cada e cada uma com três frestas de pedra quadradas, com grades de ferro, vidraças e redes de aram. De torre a torre tem um arco de pedraria, sobre quatro colunas, encimado por uma varanda, com dianteira de pedraria e fazendo alpendre à porta principal. Diante desta e das torres, está um tabuleiro lajeado de pedraria com duas escadas. No vão da torre N., está a pia batismal, com arco de pedraria, redondo, para o corpo da igreja, e no vão da outra torre, tem a escada de pedraria, com serventia para os sobrados das torres e miradouro e com portal para a igreja. A capela-mor é de abóbada, com arcos de pedra, da mesma altura e feição da nave central, com cruzeiro em arco redondo, de pedra, toda ela lajeada de lajes quadradas e tendo a E. o altar-mor, de alvenaria, para onde se sobe por três degraus, o primeiro dos quais tem a largura da capela, de parede a parede, e os outros dois, apenas a largura do altar-mor, o qual tem um retábulo formoso e dourado, com a imagem de Nossa Senhora da Graça. Ladeando o arco triunfal existem nas naves laterais dois arcos de pedra, embebidos nas paredes, cada um com retábulo, o do lado S. grande e dourado, com São Pedro Gonçalves, onde está a Confraria do Corpo Santo, dos mareantes, aos quais pertence o provimento do altar, e do lado N. com invocação de Nossa Senhora da Conceição, com retábulo grande e dourado, com imagem do orago, e da obrigação dos mordomos da respetiva confraria; do lado N. há a capela do Santíssimo Sacramento, sacristia, com provimento dos mordomos da confraria e dos Salemas, bem ornada, de ouro e azul, com suas grades por fora, com porta para o poente, com vidraças; do mesmo lado há o altar de Santa Ana, encostada à parede, com imagem do orago, o qual é provido pelos mordomos e confrades da confraria da dita santa; há outro altar, encostado à parede S., de Santo André, com imagem do orago e irmandade que o provê. A S. da capela-mor fica o coro da igreja, térreo, ladrilhado, e forrado de bordos de quatro águas, com janela alta, de pedra, de grades de ferro, vidraça e redes de arame, todo cercado ao redor de assentos com respaldos até ao meio da parede, tudo de bordo, fazendo-se a serventia da capela-mor para o coro por um arco grande, de pedra, da largura do coro. Da parte N. da capela-mor, fica a sacristia da igreja, servido por um portal de pedraria romana, com sua cimalha; é grande, ladrilhada e forrada de bordos de quatro águas e outra janela, como no coro, guarnecida de armários e gavetas, com respaldo, tudo de bordo, com sua ferragem estanhada, para sobre eles se servirem os padres, correndo de N. para S. ao longo da parede onde está encostado o altar de Nossa Senhora da Conceição. Nesta sacristia está o cartório da igreja, em arca de três chaves. Por um portal de pedra, vai-se da sacristia a uma retrete de abóbada, e daí, por outro portal, sai-se a um corredor ao logo de um quintal pequeno que, por detrás da capela-mor, vai ter, por outro portal, a uma casa grande, que serve de despejos, a qual é ladrilhada e forrada de bordos, como as outras, com fresta e vidraça, com grades de ferro e rede de arame, da qual casa, por um portal, se vai ter ao coro, de maneira que se podem servir os padres da sacristia para o coro, e do coro para a sacristia, sem entrar na capela-mor. O corpo da igreja tem, da porta principal até ao arco da capela-mor, onde começa o degrau, 30 varas de largo, de uma porta travessa a outra, 19 varas e uma quarta. A capela-mor tem, de E. a O., 5 varas e um quarto, e, de N. a S., que é a sua largura, 7 varas e um terço. |
Autor e Data
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Paula Noé 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja) |
Actualização
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