Igreja Paroquial de Bilhó / Igreja do Divino Salvador

IPA.00021273
Portugal, Vila Real, Mondim de Basto, Bilhó
 
Arquitectura religiosa, rococó. Igreja de planta longitudinal composta de uma só nave e capela-mor, mais baixa e estreita, com sacristia adossada em eixo, e torre sineira. Fachadas em cantaria aparente, com pilastras nos cunhais coroados por pináculos, sendo a principal rematada por empena, com portal de verga arqueada ladeado por cartelas inscritas e encimado por nicho rematado por cornija também contracurvada de inspiração borromínica. As fachadas laterais têm porta travessa de verga recta e janelões na nave e um outro na capela-mor. No interior coberturas em falsa abóbada de berço de madeira, com coro-alto também de madeira, púlpitos e capelas laterais confrontantes, com retábulos tardo-barrocos, de talha dourada e policroma de planta recta e um eixo, e capela-mor com retábulo rococó, de planta cônvava e três eixos.
Número IPA Antigo: PT011705020052
 
Registo visualizado 137 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única, capela-mor e sacristia, rectangulares em eixo, com torre sineira, também rectangular, adossada a N. desta última. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, na nave, capela-mor e sacristia e de quatro águas na torre. Fachadas em cantaria de granito, de aparelho em fiadas irregulares, com juntas pintadas de branco, percorridas por embasamento avançado e rematadas em friso e cornija sobrepujado por beiral, com pilastras nos cunhais, de capitel galbado e com pequeno elemento decorativo curvo, coroadas por pináculos adelgaçados, e cruz sobre acrotério decorado nas empenas. Fachada principal orientada a E., terminada em empena contracurvada de inspiração borromínica com ângulos inferiores abertos e horizontalizados; é rasgada por portal de verga contracurvada , com moldura recortada e com aletas volutadas, encimado por cornija dupla, com pedra de fecho saliente sustentando ara com o cordeiro pascal, e sobrepujado por nicho em arco de volta perfeita, com base saliente e cornija contracurvada de inspiração borromínica, albergando a imagem do orago. Ladeiam o portal duas cartelas com inscrição, envolvidas por concheados e enrolamentos, e o nicho dois janelões em quarto de luneta, com brincos e encimados por cornija. Fachadas laterais rasgadas na nave por porta travessa de verga recta e dois janelões, e na capela-mor por um janelão. Sacristia, de dois pisos, sendo o lado N. ocultado pela torre sineira e tendo, no lado S., porta ladeada por janela, no primeiro piso, e janela no segundo. Torre sineira com acesso interior, com três registos marcados por cornija recta, sendo o segundo rasgado por quatro ventanas em arco de volta perfeita, coroado por pináculos, e o terceiro, mais estreito, cego, também coroado por pináculos; possui cobertura de pedra, piramidal, com catavento de ferro. INTERIOR com nave rebocada e pintada de branco, com rodapé de cimento, iluminada por quatro janelões, confrontantes, encimados por sanefas de talha policroma, com quatro portas, duas para o exterior, ladeadas por pia de água benta gomeada e nicho superior, e duas para os púlpitos. Coro-alto sobre trave de madeira com guarda plena e balaustrada central de madeira policroma e dourada, acedido por escada de pedra no lado da Epístola; sub-coro com guarda-vento de madeira, pia de água benta também gomeada e com nicho central, do lado da Epístola, e, no lado oposto, baptistério, em arco de volta perfeita, com abóbada de berço, albergando pia baptismal circular decorada com elementos vegetalistas sobre pé facetado, encimada por registo de azulejos policromos com Baptismo de Cristo; no lado esquerdo, existe pequeno vão de antigo armário de alfaias. Lateralmente, dispõem-se quatro confessionários embutidos na parede, dois púlpitos confrontantes de base rectangular, com guardas plenas em talha policroma ornada de elementos fitomórficos, acedidos por porta de verga recta, encimada por frontão triangular, e no topo da nave quatro capelas laterais com retábulos de planta recta e um eixo em talha policromada de azul, branco, beije, rosa. Arco triunfal de volta perfeita, sobre pilastras toscanas, ladeado por dois nichos com moldura de granito, em arco de volta perfeita, com mísula de talha dourada e frontão triangular de talha policromada. Pavimento de cimento e tecto de perfil curvo, de madeira, com a imagem do Salvador pintada, em cartela oval, ao centro. Capela-mor revestida a azulejos de padrão azuis e brancos, recentes, com duas janelas confrontantes, pavimento em cimento e tecto em falsa abóbada de berço de madeira assente em cornija de madeira; sobre supedâneo, retábulo-mor de talha policroma a branco, azul, verde e rosa, com marmoreados fingidos, de planta côncava e três eixos definidos por pilastras e colunas de fuste liso com o terço inferior marcado por anel vegetalista e capitéis coríntios, assentes em plintos paralelepipédicos decorados por florões; no eixo central, tribuna contracurvada com a boca decorada por acantos, tendo trono expositivo de cinco degraus, com o fundo pintado representando glória de anjos e querubins; nos eixos laterais, surgem mísulas, enquadradas por apainelados pintados com ornatos vegetalistas e encimados por concheados. Ático formado por fragmentos de frontão e espaldar recortado flanqueado por pilastras com acantos na zona inferior contendo nicho envolto por concheados e encimado por querubim. Altar ladeado por duas portas de acesso à tribuna e sacristia, surgindo sobre a banqueta o sacrário em forma de tabernáculo com colunas coríntias. Sacristia cimentada e com tecto pintado de branco, com escada para a torre sineira, do lado N.; possui um lavabo de pedra, com espaldar delimitado por pilastras suportando arco de volta perfeita do reservatório, encimado por cornija, com bica envolta por acantos e bacia rectangular; arcaz pintado de castanho.

Acessos

Largo da Igreja

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolada, num largo asfaltado, confluência de caminhos da povoação. Possui adro apertado junto à fachada principal, empedrado a cubo granítico, circuitado por muro em alvenaria de granito com bancos de pedra, com entrada lateral cerrada por portão de ferro. Em frente à igreja, adossado a uma casa de lavoura, existe um moinho de rodízio, desactivado.

Descrição Complementar

As cartelas da fachada principal repetem a inscrição: "ANTAO GIL SAR / GT MOR BEMFEITOR / DESTA IGR. P. HUM / P. N. E HUAVE / M. P. S. TENCAO / ANNO 1773". Capelas laterais semelhantes, com retábulos inscritos em vãos de arco de volta perfeita com moldura pétrea, pintada, e sobrepujados por sanefas de talha dourada e policromada a azul e branco, rematadas por urna; retábulos de talha policromada a branco, verde e rosa com marmoreados fingidos, de planta recta e um eixo definido por duas colunas de fuste liso e capitéis coríntios, tendo ao centro nicho de volta perfeita com o fundo pintado com elementos vegetalistas, sobre fundo azul, e remate em pequeno espaldar contracurvado ostentando festão; altares em forma de urna com cartela ovalada no centro, envolvida por laçarias; no retábulo de Nossa Senhorta do Rosário a base do nicho, surge sacrário embutido marcado superiormente por cornija contracurvada de inspiração borromínica.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1196 - no foral concedido a Ermelo por D. Sancho I, o rei estende os privilégios aos moradores do Bilhó; 1218 - D. Afonso II confirma os privilégios concedidos por seu pai; 1220 - referência à freguesia de Bilhó nas Inquirições de D. Afonso II, sendo identificado o pároco Pedro Mendes; 1258 - referência à paróquia do Salvador de "Oueloo", ao seu pároco Martinho Pires, que jura que a igreja era do rei, e "a vila de Travasos e a vila de Andorinas e a vila de Anta e a vila de Piurledo e a vila de Cabarnilj e Vilar Chão; 1444 - referência a Gil Vasques, abade de "Sã saluador dabelloo"; 1522 - Gonçalo Anes, tabelião de Ermelo, faz o assento da Igreja do Bilhó a favor de Manuel Sá fidalgo, arcediago e cónego prebendado da Sé de Braga e abade também da Igreja de Ermelo; 1530 - Bilhó está incluída no concelho de Ermelo e tem 15 moradores; 1565 - a igreja é confirmada ao abade Afonso Manso por Frei Bartolomeu dos Mártires, após ter sido apresentado por D. Pedro de Meneses, conde de Cantanhede; 1606 - confirmação do Pe. António Gomes, da vila de Cantanhede; 1653 - confirmação a favor de Lourenço Luís Álvares Moreira, clérigo "in minoribus", natural de Vila Real; 1665 - confirmação a favor do Pe. Lourenço Correia Pimentel; 1668 - a abadia é confirmada ao Pe. Martim Gomes; 1705 - o título de abade é conferido ao Pe. João Correia de Lemos, de Vila Real; 1726 - o título de abade é conferido a Pero Joaquim, de Lisboa; 1739 - o Pe. António Fraga de Meireles obtém licença para se ausentar da sua igreja; 1753 - instituída a Irmandade das Almas; 1754 - erigida, de novo, uma Irmandade das Almas, sob a protecção de São Miguel a favor do abade; 1758 - o abade de Bilhó, Pe. José Lino refere que a sua igreja "não he de naves mas sim em hum corpo só, tem trez unicos Altares, o Altar Mayor e dous colaterais, nos quais em hum delles esta a Immagem de Nossa Senhora do Rosario, e Santo Antonio, e no outro está o Santo Nome de Deos e Sam Sebastiam e nenhuma destas Immagens tem Irmandade mas sim humas chamadas Confrarias de esmolas que se tiram por toda a freguezia"; 1763 - o Pe. João Ribeiro da Silva, de Mondim, obtém "Carta de Encomendação" para a Igreja do Bilhó por 4 meses; 1764 - Pedro Rodrigues Pereira, natural de Lisboa, obtém o título de abade desta igreja; 1771 - o abade e mais fregueses obtêm provisão para fazer de novo a igreja do Salvador do Bilhó; para esta obra parece ter contribuído o benemérito Manuel José de Carvalho, natural de Ruival e emigrado no Brasil *1; 1772 - o pároco Pedro Rodrigues Pereira por carta dirigida ao Arcebispo de Braga, D. Gaspar de Bragança, obtém autorização para exercer em sua casa as obrigações paroquiais; 1773 - data nas cartelas da fachada principal, assinalando a construção da actual igreja, sendo seu benfeitor Antão Gil, Sargento-Mor; 1775 - João Gonçalves Henriques obtém, por doação, todo o património de seu tio o Pe. João Gonçalves da Fonte; 1775, 13 Junho - o Pe. Manuel Gonçalves Macedo tem "Carta de Encomendação" por 4 meses para esta igreja; 1775, 25 Setembro - "Carta de Encomendação" por 4 meses a favor do Pe. Caetano Martins, de Torgueda; 1779 - o Pe. Sebastião José Correia Moreira obteve licença, por 2 anos, para dizer missa; 1787 - ao Pe. Francisco Ribeiro é-lhe concedida demissão por 2 anos para se ausentar da freguesia; 1853 - extinção do concelho de Ermelo ao qual pertencia Bilhó, passando desde então para a jurisdição do concelho de Mondim de Basto; 1895 - por decreto, Bilhó foi agrupada ao concelho de Celorico de Basto; 1896 - com a extinção do concelho de Mondim de Basto, Bilhó foi anexada ao de Celorico de Basto; 1898 - restauração do concelho de Mondim de Basto passando a freguesia de Bilhó para a sua alçada.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, cobertura da torre, molduras, pináculos, cruzes, cartelas, imagem do Salvador, pia baptismal, pias de água benta e lavabo em granito; azulejos na capela-mor; pavimentos em cimento; portas, guarda-vento e caixilharia de madeira; vidros simples; coro-alto, púlpitos, cornijas, sanefas e retábulos em talha policroma e dourada; cobertura exterior de telha; grades das janelas e catavento de ferro.

Bibliografia

BOTELHO, Francisco, Ribeira de Pena e o Brasil, Revista Aquae Flaviae, Chaves, nº 5, Junho 1991, pp. 176 - 188; LOPES, Eduardo Teixeira, Mondim de Basto Memórias Históricas, Mondim de Basto, 2000, pp. 179 - 182, 185 - 188, 199.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 2002 - limpeza da pedra das fachadas exteriores; pintura das portas.

Observações

*1 - Manuel José de Carvalho, filho de Francisco Dias e de Luíza de Carvalho, nasceu no lugar de Ruival a 28 de Novembro de 1718, e emigrou posteriormente para o Brasil onde fez fortuna. Foi ele que custeou em grande parte as obras da Igreja Matriz de Ribeira de Pena, ajudou a reforma da de Afonsim e enviou valiosas doações em alfaias às igrejas de Santa Marinha, Nossa Senhora da Guia e Santo Aleixo do Além Tâmega.

Autor e Data

António Dinis 2002

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login