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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo
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Descrição
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Do castelejo conservam-se apenas alguns troços da muralha, de perceptível planta ovalada, quase circular, que actualmente constitui a cerca do cemitério, e a Torre do Galo, adossada a um dos troços, do lado O., de planta heptagonal, verticalista, com c. 25 metros de altura (correspondente a primitiva torre octogonal, de grande altura, que se localizava à esq. da entrada do castelejo e que possuía um dos pisos abobadados). As sete faces da torre são todas de larguras diferentes, variando entre os 5 e os 8 m. (face E.); na face NE., em plano elevado, abre-se uma porta em arco quebrado, descentrada, a que se acede por escada de 2 lanços opostos; no terço superior quatro faces são vazadas por frestas muito estreitas, nem sempre alinhadas no mesmo plano e descentradas; na face O. pedra de armas com brasão da vila (um freixo entre duas espadas) e dois escudos nacionais; o remate é feito por balcão corrido sobre cachorrada de modilhões trilobados, inferiormente filetado e coroado por merlões paralelepipédicos, interrompido do lado SE. onde, a meio, apenas existe a marcação de um friso; do lado O. o balcão possui uma gárgula. Sobre o terraço da cobertura um campanário quadrangular, com pilastras nos cunhais providas de gárgulas de canhão e rematadas por pináculos; 3 faces são rasgadas por sineiras singulares e dupla na face N., todas em arco pleno; remate em pináculo tronco-piramidal, com relógio e grimpa de ferro. INTERIOR: com três pisos hexagonais abobadados, ligados por escada desenvolvida no interior da caixa murária, formando caracol no cunhal NE.. |
Acessos
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Largo da Igreja, Rua D. Dinis, com acesso pela zona mais antiga da vila, por ruas muito estreitas, sendo aconselhável efectuar o percurso a pé |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 19 de 23 janeiro 1953 |
Enquadramento
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Urbano. Torre destacada, em plano elevado, integrada no centro histórico, erguendo-se a N. da Igreja Matriz (v. PT010404020001); um pouco mais distanciada, a O., a Igreja da Misericórdia (v. PT010404020004). O primitivo espaço intra-muros do castelo é ocupado pelo cemitério, reaproveitando as fundações da muralha dionisina, arruinada. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Militar: castelo |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: monumento |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 14 / 16 / 17 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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MESTRES DE OBRAS: Pêro Lopes; António Fernandes. |
Cronologia
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1152 - Foral concedido por D. Afonso Henriques, referindo a povoação como "Fresno", e transformando a vila em couto de homiziados; 1212 / 1213 - Ocupação leonesa; 1236, anterior a - D. Sancho II doa Alva (v. 0404060006) ao Concelho de Freixo como sua aldeia, mandando expulsar daquele lugar os habitantes que aí moravam após a ocupação leonesa; 1246 - Foral de D. Afonso II, confirmando a vila como couto de homiziados; 1258 - As Inquirições referem que D. Sancho II havia dado a povoação de Alva por termo à vila de Freixo e que a Igreja de São Miguel dava duas partes da renda para o Concelho para as obras do castelo; o mesmo rei concedia-lhe também o lugar fortificado de Urrós, que estava ermo, por temer que pudesse ser ocupado pelo reino vizinho; 1273 - Foral concedido por D. Afonso III; séc. 14 - Segundo Rui de Pina D. Dinis "povoou de novo e fez" o castelo de Freixo; 1342 - Os freixonitas pedem a D. Afonso IV a aplicação da "terça" da Igreja Matriz às obras de conclusão do castelo; 1376 - Carta de D. Fernando que refere a construção de "hum apartamento da alcaçere" que o rei mandara fazer em Freixo; uma outra carta determina que as aldeias de Urrós e de Maçores deixassem de prestar a adua para reparação das fortificações da vila do Freixo e passassem a servir nas obras da vila de Torre de Moncorvo (v. 0409160004); 1381 - Doação da vila a Fernão Afonso, senhor de Valença; 1383 - Obras de beneficiação no castelo; 1406 - Privilégios concedidos à vila por D. João I, em agradecimento pelo apoio concedido na crise de 1383-1385; 1509 / 1510 - Os desenhos de Duarte D'Armas mostram o castelo com barbacã circular com entrada a O. por grande arco pleno aberto num corpo saliente encimado por matacães; os panos de muralha voltados a S. eram rematados por merlões paralelepipédicos, excepto do lado N.(semi-arruinado), onde se localizava uma porta falsa em arco pleno num ressalto da muralha, à esq., e outra porta em arco pleno, à dir.; do lado S., à dir. da entrada, um cubelo cilíndrico com duas ordens de bombardeiras cruciformes, sem merlões e internamente abobadado; o castelejo, igualmente circular, é circundado por várias torres e cubelos de altimetrias e formas diferenciadas: no extremo E., junto da porta falsa uma torre quadrangular de 2 pisos, coberta por telhado a 4 águas, com 2 pequenas janelas a N.e outra a S. e um balcão com matacães, havendo outros dois a coroar o pano de muralha ameiado que faz ligação à torre de menagem, mais alta, igualmente quadrangular, vazada por uma fresta em cada face, rematada por merlões biselados e acantonada por 3 balcões com matacães, dizendo a legenda que tem 4 pisos e o último é abobadado; seguia-se outra torre mais baixa, pentagonal, coroada por matacães; à dir. da porta principal um cubelo hexagonal com balcão de matacães e encimada por 2 campanários rematados por cruzes de ferro, um com dois sinos e outro com um "que se chama d'El-Rei"; à esq. desta uma torre muito alta, octogonal *2, com uma fresta em cada face, iluminado a meio uma sala abobadada, e coroamento de matacães com remate de merlões biselados; do lado N. um cubelo hexagonal, seguindo-se outro semi-cilíndrico, um ressalto rectangular e de novo um cubelo hexagonal com balcão de matacães e remate de merlões biselados, com uma sala abobadada, e, a meio do pano de muralha que liga à torre extrema outro balcão com matacães; no pátio existiam duas cisternas; no exterior, a O. do castelo, estendia-se o casario da vila, sobressaindo a E. a Igreja Matriz, com portal manuelino (v. 0404020001), a O. a igreja de Santa Maria de Vilar e um pouco mais longe, a N. a capela de São Brás; a E. localizava-se o arrabalde e pela encosta do mesmo lado estendiam-se terrenos cultivados, avistando-se ao fundo o rio Douro e na outra margem o castelo castelhano de "Vilibestre; 1512 - D. Manuel concede novo foral; 1513 - Obras no castelo, onde trabalhava o mestre pedreiro biscainho, Pêro Lopes; 1527 / 1532 - Segundo o "Numeramento", a vila possuia um "bõo castello, forte, cerqado, omde nam uyve mais que o alcayde" e tinha 447 fogos; 1569 - O mestre António Fernandes executa obras no castelo por ordem do monarca; 1758 - A guarnição da praça-forte compunha-se de um tenente e doze homens; séc. 17 / 18 - Provável construção do campanário sobre a torre do Galo; 1800 - O castelo ainda estava em bom estado; 1836 - O recinto do castelo passa a ser usado como cemitério municipal, sendo o primeiro enterramento efectuado em 8 Julho; séc. 20 - Escavações na torre revelam que não possuía masmorra ou dependência no piso inferior, que constituía apenas o embasamento; 1972 - Proposta a remoção do cemitério do interior do recinto muralhado; 1983 - A torre encontra-se em avançado estado de degradação e foi alvo de um estudo por parte do "Grupo da Pedra" e análises laboratoriais realizadas pelo INIC. |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante |
Materiais
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Torre: Cantarias e alvenaria de granito claro, de aparelho "opus vittatum"; guardas da escada de alvenaria mista rebocada; porta de madeira; sinos de bronze. Troços de muralha: alvenaria de xisto e granito. |
Bibliografia
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VITERBO, Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou ao serviço de Portugal, vol. I, Lisboa, 1899; GIL, Júlio, Os Mais Belos Castelos e Fortalezas de Portugal, Lisboa, 1986; ARMAS, Duarte de, Livro das Fortalezas, Lisboa, 1990; ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Bragança, 1990; CASTRO, Elda de, RODRIGUES, J. Delgado, Estudos Relativos à Alteração e Restauro da Torre de Freixo de Espada-à-Cinta (Estudo realizado para a DGEMN), Lisboa, L.N.E.C., 1884; BARROCA, Mário Jorge, D. Dinis e a arquitectura militar portuguesa, in Revista da Faculdade de Letras. História, II série, vol. XV-1, Porto, 1998, pp. 801-822; PINTADO, Francisco António, De Freixo, a Freixo de Espada-à-Cinta, Freixo de Espada à Cinta, 1992; PINTADO, Francisco António, O Castelo de Freixo de Espada-à-Cinta, Freixo de Espada-à-Cinta, 1992; LIMA, Alexandra Cerveira Pinto S. [coord.], Terras do Coa / da Malcata ao Reboredo. Os Valores do Côa, Maia, 1998~; VERDELHO, Pedro, Roteiro dos Castelos de Trás-os-Montes, Chaves, 2000; PINTADO, Francisco António, Santa Casa da Misericórdia de Freixo de Espada à Cinta, Freixo de Espada à Cinta, 2001. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN; IAN/TT, Chancelaria de D. Manuel, Legitimações, Liv. 1, fl. 279. |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1940 - Execução de parapeito e merlões de cantaria apicoada na torre; lageamento do pavimento do adarve; revestimento de alvenaria rebocada; demolição de degraus em mau estado e colocação de novos degarus de cantaria; 1941 - Limpeza das muralhas e tomada de juntas; reconstrução de paredes de muralha com aproveitamento da pedra existente; 1942 - Beneficiação nas muralhas; 1970 / 1973 - Demolição de 13 edifícios para desafogo da torre, arranjo do acesso e arruamentos, ajardinamento e valorização da envolvente; 1973 e 1978 - Demolição de 4 edifícios para regularização do terreno e arranjo da zona de acesso; 1980 - Trabalhos de conservação da torre: recalçamentos, tomação de juntas, substituição de cantarias e colocação de pavimento de tijoleira no piso intremédio da torre; 1982 - Beneficiação de troços de muralha e dos acessos: colocação de alvenarias de pedra granítica nas guardas da escada e de lagedo em passeio e degraus de acesso, calçada à portuguesa; consolidação de paramentos, aplicação de alvenarias de xisto nos troços de respaldo das muralhas; 1983 - Substituição de alvenarias de pedra à fiada por pedra de granito da região de grão e textura homogénea idêndica à existente, originária das primitivas pedreiras da localidade; lavagem com água e escova das cantarias e aplicação de silicone em todas as fachadas; 1983 / 1984 - Conservação dos paramentos das fachadas com substituição de pedra deteriorada e beneficiação de vários troços de muralhas com recalçamento das fundações e bases dos paramentos, assentamento de alvenarias de xisto, refechamento de juntas, limpeza dos paramentos, levantar e respaldar uma parcela de paramento das muralhas; 1984 - Beneficiação da torre: tratamento de paredesd, arranjo de escadas, colocação de lajedos e de vitrais, ajardinamento da zona anexa à escada e instalação eléctrica; 1985 / 1987 - Consolidação e beneficiação das muralhas: escoramento das fundações, colocação de alvenaria de xisto para reforço e consolidação das fundações, levantamento e regularização do respaldo das muralhas e aplicação de alvenaria de xisto, limpeza de vegetação, extracção de raízes e tomação de juntas em profundidade; C. M.; FEDER: 2000 - Plano de intervenção na envolvente. |
Observações
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*1 - A C.M.F.E.C. pretende criar um roteiro cultural incluindo a Igreja Matriz, o Pelourinho, a Torre do Galo, o Centro de Artesanato e a Casa Junqueiro. *2 - De acordo com Mário Jorge Barroca a Torre do Galo, por ser a mais alta (com 22 varas enquanto a de menagem tinha 19), veio a assumir o papel da torre de menagem, segundo o princípio de "comandamento". |
Autor e Data
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Ernesto Jana 1994 / Marisa Costa 2001 / Lina Oliveira 2005 |
Actualização
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