Jardins e mata da Cerca do Convento de Cristo / Mata Nacional dos Sete Montes

IPA.00002067
Portugal, Santarém, Tomar, União das freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais
 
Espaço verde de recreio / Espaço verde de produção florestal. Dentro das muralhas, com a excepção do jardim formal de desenho barroco, a organização do espaço exterior mantém o carácter de cerca medieval, com as zonas de produção como pomares e hortas. Fora das muralhas a cerca renascentista apresenta elementos arquitectónicos quinhentistas e seiscentistas em função dos quais se desenha a rede de rega/drenagem. Na sua adaptação a mata de recreio mantiveram-se estas construções, preservando de certo modo assim o estilo renascentista. A manutenção da cerca intacta até aos dias de hoje, permite fazer uma leitura do espaço, mantendo o carácter intimista, próprio de uma cerca conventual, apesar da reflorestação exagerada na intenção de a converter em mata de recreio, persistindo o espírito do lugar ou Genius Loci.
Número IPA Antigo: PT031418120016
 
Registo visualizado 2359 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Conjunto de espaços verdes        

Descrição

O Convento de Cristo, na sua envolvente intra-muralhas, conta com zonas verdes com variados tipos de ocupação. A E., entre e escadaria exterior e o portão de entrada, bilateralmente em relação ao terreiro da entrada encontramos o JARDIM FORMAL. A SE. deste encontram-se ANTIGOS POMARES onde ainda persistem algumas árvores de fruto. A S. situam-se os LARANJAIS e a O. destes o JARDIM DE AROMAS. Frente à fachada S. do convento encontra-se a zona das ANTIGAS HORTAS. No exterior desta zona encontra-se a MATA DOS SETE MONTES envolvendo esta composição de NE. A O., o JARDIM FORMAL, situado no terreiro, entre as escadarias do convento e o portão do castelo, é constituído por duas fiadas de canteiros em buxo delimitadas por dois caminhos longitudinais, um ao centro e outro a sul, este último com acesso por três degraus de pedra e, apresentando bilateralmente, bancos encastrados em muro, revestidos a tijoleira no murete N. e a azulejos no muro de suporte que separa o jardim dos laranjais, integrado neste muro, na proximidade da escadaria, encontra-se fonte com pequeno espaldar elevado, com composição de volutas encimadas por Cruz de Cristo, bica ao centro e na base taça, apresenta ainda tanque quadrangular rebocado e pintado de branco capeado a granito. É repetido um mesmo desenho - uma forma oval, envolta por um caminho pedonal delimitado por duas banquetas em buxo, inscrita no centro de um rectângulo. O caminho pedonal prolonga-se dos topos da forma oval até aos topos do rectângulo onde está inscrito e até ao caminho central do terreiro. Este desenho é repetido duas vezes a S. e apenas uma a N., já que o espaço junto ao castelo (onde ficaria situado o quarto rectângulo no caso de uma composição simétrica) é constituído por um talude ajardinado que dá acesso à porta do castelo e às suas muralhas. Nos canteiros de buxo o solo encontra-se revestido a brita, e neles estão plantados entre outros alguns arbustos como: Viburnum tinus (viburno), Buxos sempervirens (buxo) e Euonymus japonicus (euvonimos) talhados em forma de bola ou crescendo livremente. Encontramos ainda espécies arbóreas como Prunus dulcis (amendoeira), Citrus sinensis (laranjeira) e Cupressus lusitanica (cedro do Bussaco). Entre a escadaria e as banquetas de buxo encontramos, bilateralmente, 2 exemplares de Citrus sinensis (laranjeira) e um exemplar de Juglans regia (nogueira) no lado N. , junto aos degraus da escadaria. No talude junto à porta do castelo encontram-se exemplares de Fraximus angustifolia (freixo), e um exemplar de Cupressus sempervirens (cipreste). Como espécie arbustiva predominante, encontra-se a Agave rigida. var sisalana (piteira). Ainda neste patamar, encontram-se no extremo SE. resquícios de pomares, ocultos por muros, com exemplares de espécies como a Ficus carica (figueira) e a Citrus sinensis (laranjeira). O jardim da entrada confina a S. com a zona dos LARANJAIS através de um muro de suporte com cerca de 8m. junto à base do qual estão implantados três exemplares notáveis da espécie Cupressus sempervirens (cipreste), amplamente visíveis do jardim da entrada. Esta zona é composta por dois laranjais, o laranjal de cima, de planta quadrangular e o laranjal de baixo, de planta em L, acompanhando o laranjal de cima na sua maior extensão. Estes encontram-se separados por um caminho rectilíneo longitudinal, com 3m de largura, delimitado por dois muros de suporte, um com cerca de 1m. que o separa do laranjal de cima, que se encontra num nível superior, e o coroamento do muro de suporte que separa este caminho do laranjal de baixo situado a uma cota cerca de 4m. inferior. Este coroamento fica situado a uma cota cerca de 0.70m superior ao nível do caminho, constituindo um murete, em relação a este, ao longo do qual se situam três bancos de jardim em pedra. Sobre estes dois muros estão implantados esteios em pedra que suportam uma pérgula em madeira. Este caminho encontra-se ladeado a N. por um canteiro de Agapanthus praecox (agapanto), onde estão implantados também dois exemplares da espécie Fraxinus angustifolia (freixo). O laranjal de baixo é delimitado a O. por um muro onde existe uma porta com portão de ferro que comunica através de caminho e escadas ladeada por muretes, com uma grande porta existente na muralha do castelo, entaipada, denominada de Porta do Sangue. A E., entre os laranjais e a muralha do castelo existe um talhão de forma triangular, onde estão plantados, junto à muralha cinco exemplares de Cupressus sempervirens (cipreste), e no seu interior árvores de espécies como a Olea europaea var. sylvestris (zambujeiro), e várias quercíferas. Entre os laranjais e o convento, a grande diferença de cotas existente é vencida través de uma escada com cerca de 1m de largura, que culmina um patamar justaposto à Sala da Capítulo Velha, agora em ruína, confinante com a escadaria do convento, onde se encontam um cupressos, três Citrus sinensis (laranjeira) e uma Olea europaea var.europaea (oliveira). A N. desta escada encontra-se um talude seguido de um patamar contendo uma mesa e 3 bancos em pedra e dois exemplares notáveis de porte arbóreo, um abeto e um Platanus orientalis (plátano). No lado a sul das escadas encontramos dois patamares, um intermédio se situa um jardim de aromas, e um superior, adjacente à sala do capítulo velha. O JARDIM DOS AROMAS está instalado no patamar imediatamente acima dos laranjais, separado destes por um muro de suporte de cerca de 4m. com acesso por rampas e/ou escadas. De planta rectangular, este jardim é delimitado por banquetas de buxo, no interior das quais as plantas aromáticas se encontram criteriosamente distribuídas em secções quadrangulares cujo lado de maior comprimento é perpendicular ao caminho. Justaposto ao caminho que ladeia o jardim de aromas a O. ergue-se um novo muro de suporte com cerca de 4 m., que limita outro patamar relvado, onde se inscreve um caminho em terra batida que conduz a um portão em madeira que dá acesso a recanto onde está implantado um tanque rectangular, em redor do qual estão plantadas três exemplares de Citrus sinensis (laranjeira) de cada um dos lados maiores do tanque e um tufo de Arundinaria falconeri (bambu) que o isolam visualmente da envolvente, bem como um exemplar de Fraxinus angustifolia (freixo) e outro da espécie Cercis siliquastrum (olaia). Confinando com este relvado a O., mas numa cota cerca de 8m inferior, situa-se um espaço de forma rectangular com cerca de 67m. na sua maior extensão, que acompanha toda a fachada S. do convento e 25m. de largura a que se chama HORTA DOS FRADES. Ao longo deste talhão, no extremo sul existe um caminho longitudinal com pégula suportada pela qual se desenvolvem vários pés de Vitis vinífera (videira). A S. este caminho é limitado pelo muro de suporte que separa esta zona da cerca do convento, onde estão situadas duas janelas em pedra às quais se juntam conversadeiras. No extremo O. deste espaço sobressai um exemplar notável de porte arbóreo pertencente à espécie Araucária colunaris, em redor da qual se distribuem 6 exemplares de Citrus sinensis (laranjeira), um de Prunus armeniaca (damasqueiro) e um exemplar de Prunus persica (pessegueiro). A O. deste espaço, confinando com o mesmo e com o aqueduto, sucedem-se três patamares acompanhando o declive natural do terreno, ficando o primeiro ao nível do piso 1 do convento. Junto ao limite Se., no extremo SO. da referida "Horta dos Frades", situa-se a Torre da Condessa, de planta circular, junto à qual existem uma escadas em pedra com 33 degraus de cerca de 3m. de largura que ligam à CERCA, vencendo um declive de aproximadamente 8m. A cerca ocupa um vale denominado de "Riba Fria" e encostas adjacentes. Nas imediações do muro da mata, que acompanha aproximadamente a cumeada, existe um caminho com cerca de 3m de largura, alcatroado nalguns troços, só descendo para o vale no extremo SE. da cerca. Existem também outro caminho, que liga a Torre da Condessa à Charolinha, biforcando no vale, seguindo paralelamente a ele, junto ao sopé da encosta orientada a S. Os elementos construídos da cerca inter-relacionam-se pelo sistema de rega/drenagem que alimentava as antigas hortas do fundo do vale, existindo resquícios de um lagar de azeite, sem cobertura,cujas paredes estão integradas na arcaria do aqueduto, na proximidade do convento. Na zona mais elevada do extremo NO. da cerca, na proximidade da linha de água que define o vale, existe um grande tanque denominado "Tanque da Cadeira de El-Rei", e sua mãe d'água. Desactivado e em avançado estado de degradação, a acção do raizame das árvores resinosas no passado, levou a uma ameaça de derrocada do muro de grandes dimensões, de suporte das terras, com espaldar ondeante, que longeia um passeio à volta do tanque. Este era alimentado pelo aqueduto do Convento que segue entre os dois, aproximadamente junto ao caminho que os liga, ora enterrado ora a céu aberto, sendo muitas vezes visível a partir deste. A água deste tanque drena para o vale. A SE. deste tanque, sobre uma linha de água secundária situa-se uma mina, nascente do Ribeiro da Riba Fria, que alimenta um tanque circular situado a cerca de 10m. desta, no centro do qual está instalada uma casa de fresco também circular denominada "Charolinha", que comunica com a bordadura do tanque por ponte em pedra. A água desta nascente, passando pelo tanque circular, drena pela linha de água para o vale. Os restantes dois tanques situam-se já em pleno vale, numa zona de amplos patamares. Num primeiro patamar arrelvado na quase sua totalidade, existe um tanque grande, rectangular. Junto a este tanque, no sopé da encosta orientada ao sul, encaixada num muro de suporte, encontra-se uma pérgula revestida por Jasminum odoratissimum (jasmim). No muro propriamente dito, sob a pérgula, encontra-se a Fonte dos Jasmins, com paramento e pequeno tanque em Rocaille. A meio da mesma encosta, junto a um pequeno patamar arborizado com Robinia pseudoacacia (robinia) situa-se a "Fonte da Gruta", Também com paramento em Rocaille, tanto em cavidade interior como em tanque semi-circular parcialmente enterrado. Num patamar intermédio, separado do anterior por muro de suporte e escadas, localiza-se um último tanque de rega e um parque infantil, visualmente separado de um último patamar por uma cortina vegetal de seis Cupressus sempervirens (cipreste), um murete e três degraus ao centro. Neste patamar, que comunica com a cidade por portal composto por par de pilares adossados encimados por par de urnas, encontra-se instalado ao longo do vale um jardim de buxo ladeado bilateralmente por fileiras de árvores, a sul das espécies Ulmus procera (ulmeiros) e Fraxinus angustifolia (freixo) e a Norte coníferas Cedrus spp e Cupressos spp. As banquetas de buxo apresentam no geral uma composição quadrangular e nos canteiros que definem encontram-se, na zona mais próxima do portal, urnas decoradas com medalhões e grinaldas assente em pedestal e estão plantadas entre outras, Rosa spp. (roseiras), Lavandula spica (alfazema) e Canna indica (cana indica). O vale propriamente dito constitui uma alameda arborizada demoninada "Alameda da chã", predominando as espécies arbóreas Fraxinus angustifolia (freixo) e Acer sp. (acer). Ao longo de alguns caminhos e do vale está instalado um circuito de manutenção. No que diz respeito ao povoamento arbóreo predominante encontra-se nas encostas orientadas a S. e O. várias coníderas e olival povoado com espécies arbustivas e matos como Laurus nobilis (loureiro), Quercus coccifera (carrasco), Pyracantha coccinea (piracanta), Jasminum officinale (jasmim), Viburnum tinus (folhado), Rhamnus myrtifolius (sanguinho das sebes), Crataegus monogyna (pilriteiro), Ligustrum vulgare (lingustrum) e silvas, na encosta orientada a N. mata onde predominam querquiferas e coníferas e arbustos como Erica sp (urzes), Arbutus unedo (medronheiro), Ulex europaeus (tojo), Giesta scoparius (giesta), Lavandula stoechas (rosmanimho), Smilax áspera (salsaparrilha), Lonicera.spp (madressilva)e a Hedera canariensis (hera). Existem ainda três manchas isoladas de olival povoado com outras espécies arbóreas, uma no extremo N. da cerca e outra entre esta e o vale e outra na encosta do extremo NE. da cerca.

Acessos

Acesso ao Castelo e Convento de Tomar a partir da zona O. da cidade. Subindo a Calçada de São Tiago e a Rua Dr. Vieira Guimarães, tem-se acesso ao Terreiro D. Gualdim Pais, (onde está situado o parque de estacionamento de apoio ao convento), a partir do qual se inicia a Rua de acesso ao Castelo e Convento. Acesso directo da cidade de Tomar por portal, à zona do jardim formal da cerca do convento, situado no terminus do Vale da Riba Fria, pela Pç. do Infante D. Henrique, inserida na zona O. desta cidade.

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 28 536, DG, 1.ª série, n.º 66 de 22 março 1938 / ZEP / Zona "non aedificandi", Portaria, DG, 2.ª série, n.º 265 de 14 novembro 1946

Enquadramento

Convento IPA.00004718) e castelo (IPA.00003390) implantados numa cumeada, situando-se a cidade de Tomar a E., já na zona de vale. De NE. a O. o convento encontra-se rodeado pela sua cerca compreendendo esta uma zona do vale do Rio Nabão e as duas encostas adjacentes. Nas restantes orientações, o convento está enquadrado por um cenário de carácter rural onde predomina a cultura da oliveira. No limite N. da cerca desenvolve-se o Aqueduto dos Pegões (IPA.00003364).

Descrição Complementar

Charolinha, um dos elementos arquitectónicos com mais interesse na cerca, é uma casa de fresco de construção circular, situada acima do nível da água de um tanque também circular, ao bordo do qual se liga através de ponte.Com cúpula esférica é inteiramente construída em pedra de cantaria, montada a junta seca, no interior, adossados à parede, dois bancos semi-circulares, duas frestas a meia altura iluminam e ventilam o interior. A porta, de duas folhas, com tranca interior, permitia o recolhimento. O paramento exterior é guarnecido de pilastras jónicas, com capitéis semelhantes aos das colunas também jónicas do Claustro de Torralta no Convento*1.

Utilização Inicial

Produtiva: mata / Recreativa: jardim

Utilização Actual

Produtiva: mata / Recreativa: jardim

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Instituto da Conservação da Natureza - Parque Natural das Serras d'Aires e Candeeiros

Época Construção

Séc. 12 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Monge Jerónimo Frei António de Lisboa (Cerca)

Cronologia

1160, 1 de Março - Início da construção do Castelo; séc. 15, 1ª met. - início da construção dos claustros da lavagem e do cemitério, do Convento de Cristo, D. João III promove reformas, conduzidas pelo Monge Jerónimo Frei António de Lisboa, que cumprindo a estratégia de fixar e enclausurar os monges da Ordem de Cristo, compra o lugar de S. Martinho. Este homem tinha viajado por Itália onde contactara com a arte renascentista; 1490 - documento onde que o desembargador Pedro Álvares Seco descreve a área dos Paços Antigos (os do Infante D. Henrique) como "tendo um pequeno terreiro, um laranjal e um jardim junto à sua extremidade leste. Um acesso era pelo lance inferior da escadaria que conduzia á charola, entrando por uma porta do piso térreo da Claustro da Lavagem e o pela Porta dos Arcos e ainda a construção dos Paços Novos, por extensão dos antigos sobre o laranjal, existente a N. deles, que assim ficou reduzido, mas continuou a existir frente à fachada interior do edifício"; Séc. - 16 - O local da "Horta dos Frades" originalmente de pendente descendente, é convertido num terraço; 1439 - surge pela primeira vez, num registo da ordem, a designação do vale da cerca como Riba Fria; 1529 - registo do escrivão da Ordem sobre a vastidão da cerca e da operação imobiliária que a consumou " E houve o dito Frei António para o dito convento todas as propriedades de olivais e terras de pão, cerradas, matos, montes e vales que se incluem no Cerco da Riba Fria que está a conjunto da banda à Cerca do dito Convento, o qual está todo cercado de parede de pedra e cal com altura de braça e meia, e começa na banda do Norte do dito Convento (cerca". "Para isso fez muitas trocas de propriedades da Ordem com os seus donos, para assim ficar tudo pegado"; 1590 - Um registo da Ordem referencia os "Olivais dos Sete Montes que ficam dentro da Cerca que se fez de novo; 1595 - início da construção do aqueduto; 1614 - o aqueduto chega à cerca terminando num tanque de rega, que terá permitido dispor de água para uma utilização extensiva e intensiva deste espaço agrícola, de recreação espiritual e lazer (de monges e hóspedes) em todas as estações do ano; 1617 - prolongamento do aqueduto, pela cerca até ao convento; séc. 17/meados do séc. 18 - a cerca foi exclusivamente lugar de lazer e recolhimento, no meio da natureza; séc 18, 2º quartel - a cerca assume um carácter de quinta; 1767 - a cerca é arrendada a um morador de Tomar por cento e cinquenta alqueires de azeite; 1834 - a extinção das ordens religiosas implica o abandono do convento que é integrado nos bens da coroa; 1837, 9 de Novembro - data do Diário do Governo nº 265 onde é anunciada uma lista de propriedades da Ordem de Cristo que serão postas à venda em 4 de Maio do ano seguinte. Nesta lista consta a Cerca do Convento de Cristo, denominada dos "Sete Montes". Foi à praça por cinco mil reis; 1838 - António Costa Cabral, futuro Conde de Tomar, compra em hasta pública parte do convento, as hortas e pomares delimitados pelas muralhas do castelo a sul do convento e a cerca*2; 1874 - gravura em que se vê vista sobre o terreiro da igreja onde o espaço era dividido em grandes canteiros quadrangulares nos quais estavam alinhadas arvores caducifólias; 1898 / 1934 - obras de desaterro e terraplanagem para o jardim; 1936 - o neto de António Costa Cabral colocou o convento e a cerca em hasta pública sendo adquirido pelo estado. A cerca foi alugada por um representante do Ministério das Finanças por quinhentos e sessenta mil escudos. Em seguida foi por dois anos transformada em campo experimental hortícola pela Brigada Agrícola de Tomar. Foi construído o lanço da escadaria principal, que dá acesso aos patamares a S. do jardim; 1938 - a cerca foi transformada em Parque florestal e Jardim Municipal, pelo que foram encarregues, pelo Governo, os serviços Florestais de Sintra de delinear e plantar a mata, bem como o Jardim Municipal veio ocupar grande parte do vale da Riba Fria. Foram abertos novos caminhos e plantadas numerosas árvores, sobretudo pinheiros e cuníferas, por entre o olival pré-existente. Os valados e as hortas desapareceram; 1933 / 1945 - Construção de muros e canteiros; colocação de alegretes e bancos com azulejos no jardim, à entrada do convento; 1949 - é construído o muro de vedação da entrada principal; 1960 - o sistema de águas deixou de funcionar no seu todo; 1986 - a cerca do convento passou a ser designada por "Mata dos Sete Montes" e foi integrada no Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza, passando a fazer parte do património natural nacional, classificado; 2009, 19 de maio - é criada a Fundação Mata do Buçaco pelo Decreto-lei n.º120/2009; 2014, 15 de Abril - O Ministério da Agricultura e do Mar procede à adaptação dos estatutos da Fundação Mata do Buçaco, à Lei-Quadro das Fundações, aprovada pela Lei n.º24/2012 de 9 de Julho.

Dados Técnicos

Terraplanagens para a construção de patamares, Horta dos Frades e hortas adjacentes.

Materiais

INERTES: Bancos, mesas, esteios, degraus, fontes tanques, alegetes e casa de fresco em pedra; VEGETAL: Árvores das espécies: Prunus dulcis (amendoeira), Citrus sinensis (laranjeira), Cupressus lusitanica (cedro do Bussaco), Juglans regia (nogueira), Fraximus angustifolia (freixo), Cupressus sempervirens (cipreste), Ficus carica (figueira), Olea europaea var. sylvestris (zambujeiro); Platanus orientalis (plátano) Cercis siliquastrum (olaia), Araucária colunaris (araucária), Prunus armeniaca (damasqueiro) ,Prunus persica (pessegueiro), Robinia pseudoacacia (robinia), Ulmus procera (ulmeiros), Cedrus.sp e Cupressos. Sp, Olea europaea var. europaea (oliveira), Acer sp. (acer), entre outras; Arbustos: Viburnum tinus (folhado), Buxos sempervirens (buxo), Euonymus japonicus (euvonimos), Agave rigida. var sisalana (piteira), Arundinaria falconeri (bambu), Arbutus unedo (medronheiro), Rosa spp. (roseiras), Lavandula spica (alfazema), Canna indica (cana indica) Laurus nobilis (loureiro), Quercus coccifera (carrasco), Pyracantha coccinea (piracanta), Jasminum officinale (jasmim), Rhamnus myrtifolius (sanguinho das sebes), Crataegus monogyna (pilriteiro), Ligustrum vulgare (lingustrum), Ulex europaeus (tojo), Giesta scoparius (giesta), Lavandula stoechas (rosmanimho), Smilax áspera (salsaparrilha), Lonicera.spp (madressilva) entre outros; trepadeiras: Vitis vinífera (videira), Jasminum odoratissimum (jasmim), Hedera canariensis (hera) entre outras.

Bibliografia

ALMEIDA, Maria Antónia Castro, Plano de Recuperação e Gestão dos Jardins, Pomares e Horta do Convento de Cristo, Proposta, Lisboa, Ministério da Cultura Instituto Português do Património Arquitectónico, 2002; BARBOSA, Álvaro José, Os Sete Montes de Tomar. Recuperação da Cerca do Convento de Cristo, Casal de Cambra, 2003; LUCAS, Maria Miguel, Convento de Cristo de Tomar. Espaços exteriores intra-muros,2002; ROSA, Amorim, História de Tomar, Vol. II, Santarém, 1982.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

DGEMN: DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1934 - Reconstrução e reparação dos muros da cerca do convento; 1935 - Obras de beneficiação, conservação, reparação e reconstrução na quinta dos Sete Montes: (torre da Condessa; janela do Regalo; muralhas que separam a quinta do convento; regularização de terraplenos, de muros, de escadas; construçao de canais de rega); 1936 - Construção do lanço sul da escadaria que ficou concluída, com três lanços de escada lageada, dividida por dois patamares e rematada por balaustrada. Este lanço de escadas dá acesso á zona sul da cerca intra-muralhas; 1949 - obras na entrada da Mata dos 7 Montes; 1950 - os portões colocados na entrada da mata são provenientes da demolição da antiga alfândega.

Observações

*1 - Lembra o Templete redondo da Senhora do Monte, que D. João de Castro em 1542, fez construir na sua Quinta da Penha Verde, em Sintra; *2 - A compra de António Costa Cabral, dividiu o Conjunto arquitectónico por uma linha que inclui parte do Claustro, dos Corvos até ao limite do Pátio dos Carrascos, por onde se fazia a entrada nobre da casa do conde; *3 - Cerca intra-muralhas - aproximadamente: 0.56ha(hortas), 0.79ha(pomar), 0.2(jardim de aromas e patamar arrelvado), 0.36(terreiro e jardim da entrada). Cerca ou mata - 0.28(patamares no vale), 0.46(jardim formal).

Autor e Data

Isabel Mendonça 1991 / Teresa Camara 2006

Actualização

Cecília Matias 2006
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login