Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas

IPA.00002053
Portugal, Santarém, Torres Novas, União das freguesias de Torres Novas (São Pedro), Lapas e Ribeira Branca
 
Igreja de Misericórdia maneirista e barroca, de planta retangular e eixo interno longitudinal, de uma nave, com cabeceira mais baixa, fachada principal terminada em friso e cornija de estuque, rasgada por vãos e portal de verga recta entre pilastras que suportam cornija, estrutura arquitectónica e nicho com grupo escultórico da Visitação. O nicho com o grupo escultórico é semelhante a outros existentes nas Misericórdias do distrito, nomeadamente na de Constância e Tancos. Possui cabeceira tripla mais baixa do que a nave, e com demarcação das capelas pouco saliente. Interior forrado a azulejos seiscentistas, com dois padrões, sendo o inferior o principal e mais frequente dos padrões de 6 x 6 e o superior de 12 x 12, o padrão máximo na azulejaria. Interior revestido a azulejos seiscentistas, com dois padrões sobrepostos, sendo o inferior o principal e mais frequente dos padrões de 6 x 6 e o superior de 12 x 12, o padrão máximo na azulejaria portuguesa, de grande riqueza decorativa, separados por uma das barras mais comuns no centro do país. O remate dos azulejos junto ao presbitério permite perceber que inicialmente o acesso a este não deveria ter sido frontal, mas por duas escadas laterais, no seu extremo. O coro-alto assenta sobre dois pares de duplos pilares e tem, a toda à volta, banco corrido de madeira sobre mísulas pétreas. A estrutura arquitectónica da cabeceira segue o esquema maneirista de Alberti, com três arcos, imitando um arco de triunfo romano. Os retábulos maneiristas construídos inicialmente foram desmembrados, mas as suas telas foram preservadas, as dos colaterais em molduras de talha barroca na própria nave, aquando do revestimento azulejar, e a do mor está actualmente guardada, figurando a Visitação, com representação de São José e Zacarias, encimada por uma glória de anjos a envolver o Espírito Santo; esta última figuração, apresenta-se em tela separada e com feitura barroca. Segundo Vítor Serrão, os painéis pintados por Miguel Figueiroa, seguindo gravuras de Anton e Jan Wierix, constituem uma obra de frouxo desenho, mas de forte tenebrismo contrastado e de larga compleição cenográgica. Os retábulos actuais são barrocos, de estilo nacional, sendo os colaterais possivelmente de transição para o joanino, nomeadamente na decoração da boca da tribuna e remate. Barroco é também a guarda do púlpito e o Presépio, no vão lateral do presbitério, da Escola de Machado de Castro. O cadeiral dos Mesários é neoclássico, desconhecendo-se, por agora, onde ficaria o primitivio. A Bandeira da Misericórdia, retratando no anverso a Mater Omnium e no reverso Nossa Senhora da Piedade, revela afinidades com a obra de Bento Coelho da Silveira, nomeadamente com outras bandeiras do pintor, como a de Alverca, Castelo Branco, Óbidos, Pernes e Alcácer do Sal. O portal de acesso ao pátio da Casa do Despacho é manuelino, mas revela modificações posteriores.
Número IPA Antigo: PT031419150006
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta retangular de eixo interno longitudinal, de nave única, e cabeceira tripla, mais baixa, sendo a capela-mor relativamente mais avançada do que as laterais, tendo adossado a E. instalações administrativas da Misericórdia, a O. o edifício do antigo hospital e a N. a sacristia, casa do Despacho e outros edifícios, formando pátio, fechado por portal. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas com beiral. Fachadas rebocadas, com pilastras nos cunhais, sobrepujados por pináculos, e percorridas por embasamento de cantaria e, superiormente, por friso e cornija em estuque. Fachada principal virada a N., com portal de verga recta, moldurada, entre duplas parastases, com colunas compósitas, de terço inferior estriado de modo diferente, assente em plintos decorados com cartelas, tendo nos intercolúnios nicho de arco pleno entre florões quadrilobados e de moldura quadrangular; encima-o cornija ornada de grutescos, sobrepujado por pináculos e, ao centro, esquema arquitectónico tripartido, definido por pilastras decoradas, com roseta ladeada por ferronerie; é ainda encimado por tabela rectangular com nicho em concha, entre aletas volutadas, e rematado por frontão triangular sobre consolas e pilastras estriadas, tendo no tímpano a data de 1733 e no nicho a representação da Visitação. A nave é rasgada por três janelas rectangulares molduradas a cantaria. No topo da empena da nave, inscrição com a data de 1672. O pátio da casa do despacho, tem virado a E. portal de verga recta decorado com troncos torcidos e cogulhos sobre jambas também com elementos torsos, aberto em pano de muro em empena recortada com friso e cornija de estuque. Os edifícios da fachada N. têm alçados de dois pisos, fenestração irregular simples, moldurada a cantaria, com dois alpendres sobre colunas. Sensivelmente a meio destes, dispõe-se paralelamente ao portal do pátio, arco de perfil curvo, junto do qual se ergue pano de muro coroado por sineira, de arco pleno e terminada em empena. INTERIOR da igreja revestido a azulejos de tapete com dois padrãos sobrepostos, no inferior o P-604 ( de 6 x 6 azulejos ) e no superior o P-999 ( de 12 x 12 azulejos ), delimitados e separados a meio por um friso "dente de serra" ( F-13, mas de cores invertidas ) e barra de martelo ( B-12 ), os quais enquadram vãos, telas e elementos arquitectónicos. Coro-alto sobre pilastras e, ao centro, dois pares de pilares pétreos, imitando mármore, sobre soco comum, com balaustrada de madeira. No sub-coro corre, a toda à volta, banco de madeira sobre mísulas pétreas; ao centro rasga-se porta de verga recta de acesso ao antigo hospital, encimado por cartela de azulejos com inscrição. Sobre o coro, a parede é pintada, até ao nível da cornija, imitando marmoreado, e, dai para cima, em beje; nessa zona, possui registo de azulejos figurando o "Calvário" e uma janela rectangular. Lateralmente, a nave tem seis vãos, sendo o central do lado do Evangelho cego e o do topo, mais largo e com balaustrada de madeira, corresponde à tribuna da Casa do Despacho. A meio da nave, neste mesmo lado, púlpito quadrado, com acesso por porta de verga recta pintada em marmoreado, de base pétrea esculpida, sobre mísula em voluta, guarda em madeira decorada com elementos de talha e baldaquino piramidal com a representação do Espírito Santo; sob o púlpito, lápide com inscrição. Segue-se-lhe tela, de remate superior semicircular, figurando Cristo curando o paralítico, com moldura de talha dourada decorada por putti e flores. No lado da Epístola, dispõe-se cadeiral dos mesários sobre base de perfil formando jogos côncavos e convexos, balaustrada de madeira, e espaldar recto, ritmado por pilastras sobrepostas por elementos fitomórficos, com almofadas rectangulares de cantos curvos, rematado individualmente sobre cada um dos treze lugares por elementos fitomórficos e fogaréus; o lugar do Provedor, mais largo, tem remate curvo encimado por brasão. Encima o cadeiral, tela com representação da Ressurreição de Lázaro. Presbitério sobrelevado, com frontal revestido a azulejos de padrão, integrando duas lápides inscritas, com escada frontal e balaustrada de madeira, com cancelas. No lado do Evangelho, porta de verga recta para a sacristia e frontalmente vão, actualmente preenchido com pequeno Presépio em terracota representando a Sagrada Família protegida por ruínas arquitectónicas, com a "Adoração dos Pastores" no primeiro plano, apresentando um grande "Cortejo dos Reis Magos", em linha descendente. Cabeceira com estrutura arquitectónica de três arcadas, de arco pleno, a central mais alta, separados por pilastras dóricas, sobre o qual evolui frontão triangular interrompido na zona do arco central por enrolamentos, coroado nos vértices por urnas e com dois óculos cegos. Capelas pouco profundas com abóbada de berço em caixotões. As colaterais são dedicadas ao Senhor do Bom Despacho, no lado do Evangelho, e ao Senhor dos Passos, no lado da Epístola, e têm retábulos de talha dourada, de estrutura semelhante, de planta recta e um eixo. Possuem banco formando convexidade central, decorado, no do Evangelho com símbolos eucarísticos, e no da Epístola com o Santo Sudário, colunas torsas com espiras de grinaldas assentes em consolas com anjos atlantes, suportando ático com anjos e escudo central; boca da tribuna decorada com enrolamentos, acantos e o do Evangelho com anjos; frontais de altar paralelepipédicos, decorados com apainelados de acantos ( o da direita bipartido ), enrolados que se repetem nos sebastos e, no da esquerda, na cortina. Capela-mor com retábulo de talha dourada de planta recta e um eixo, com colunas torsas com pâmpanos, sobre mísulas, e pilastras de decoração vazada de acantos, sobre plintos, suportando duas arquivoltas unidas no sentido do raio por querubins; tribuna apainelada com acantos e cobertura formando caixotões; sacrário em forma de tabernáculo, com colunas torsas nos cunhais e figuração central da Visitação. Frontal de altar de duas portas, decoradas com santos, grutescos, querubins e elementos vegetalistas. Tecto em falsa abóbada de berço abatido em madeira, formando trinta caixotões, pintados com ferronerie, festões, açafates, vasos de flores e laçarias, assente em cornija pintada com elementos fitomórficos, um deles com a data de 1678. No lado do Evangelho, sacristia com silhar de azulejos de padrão, arcaz de madeira e armário embutido. Sobre ela, no segundo piso, fica a Casa do Despacho, com tribuna para a nave, cerrada por portas de madeira envidraçadas. Segue-se-lhe uma outra sala, com dois armários embutidos na parede, terminados em cornija, tendo as jambas interiores pintadas com motivos decorativos e as portadas com símbolos da Paixão de Cristo.

Acessos

Largo General Baracho

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 1/86, DR, 1.ª série, n.º 2 de 03 janeiro 1986

Enquadramento

Urbano, na encosta S. do castelo, sob a antiga alcaidaria, depois cadeira, e o local da torre que ruiu com o terramoto de 1755. Adro sobrelevado suportado por alto muro, tendo acesso frente ao portal principal por escadaria dupla precedida por portão de ferro, e a E., por uma outra escadaria, no topo da qual se ergue um cruzeiro com as insígnias da Paixão e datado de 1572; o adro é lajeado.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Inscrição sobre o portal de acesso ao hospital: "ESTA OB/RA. SEFE/S NO ANO/16 DE 74". "Inscrição na pilastra esquerda do retábulo-mor: "ESTA CAPELA MOR / DESTA SA. CASA E / DO LDO MEL FALAR/DO DA MAIA COM 4 / CAPELÃES PA. SEM/PRE DISEREM / MISSAS COTIDIA/NAS POR SVA A/LMA E TENÇÃO / COMO DECLARA / EM SEV TESTA/MTO. E COMTRAT/O FTO. CÕ ESTA / SA. CASA . 1668". A capela do Senhor do Bom Despacho, possui na pilastra junto à sacristia a seguinte inscrição: " ESTA CAPA HE / DE ANTO. LOPES / MIGAS E DE SVA M.ER CNA. BARBO/ZA. SÕM . TE CÕ / 4 CAPPELAE/ÑS PA. SEMPRE. / P.A O Q. DERÃO 4 / 300. MIL RS. / 1681". Sob o púlpito, surge emoldurada a inscrição: "ESTA S. CAZA HE OBRIGADA / POR CAPPELLÃO QVE DIRÁ MISSA / QVOTIDIANA PA. SEMPRE CÕ MISSA DE BAR/BA PELLA ALMA E TENÇÃO DO PRIOR / DE S. MA. SIMÃO LOBO DE BRITO PA. / O QVE DEV NOVEÇENTOS MIL RS. / COMO CONSTA DO CONTRATO FEI/TO COM ESTA S. CASA EM OS 30 DE / IVLHO DE 1679". Ao lado desta lápide, surge uma outra com a inscrição: "ESTA S. CAZA HE. OBRIGADA / POR CAPELLÃO QVE DIRÁ MISSA / QVOTIDIANA PA. SEMPRE CO MISSA DE BAR/BA PELLA ALMA E TENÇÃO DE IOÃO FER/NANDES FRRA. E DE SVA MVLHER MA. GÕ/ÇALVES E DE SEVS HERDEYROS PA. O Q / DEV 900 / MIL RS / COLO CÕSTA DO / CÕTRATO FEITO CÕ A S. CAZA EM 25 / DE IVNHO DE 1684". No frontal do presbitério, do lado esquerdo da escada de acesso, encontra-se a inscrição: "A IRMANDADE DA SANTA CASA DA MIZERICORDIA / EM TESTEMUNHO DE GRATIDÃO / MANDOU TRASLADAR PARA ESTA IGREJA NO / DIA 23 DE AGOSTO DE 1876 / E DEPOSITAR PROVISORIAMENTE NESTE CARNEIRO / OS OSSOS DO DOUTOR / JOÃO ANTÓNIO MENDES DE CARVALHO / QUE FALECEU NO LUGAR DE PEDROGÃO DESTE / CONCELHO NO DIA 23 DE AGOSTO DE 1871 / LEGANDO A ESTA SANTA CASA A TERÇA DE DEUS / BENS SUPERIOR A VINTE CONTOS DE REIS".

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Manuel da Silva (1694-1695). MARCENEIRO: Francisco Coelho (1640, 1644). PINTOR - DOURADOR: Pedro de Sousa (1678); Pedro Coelho (1701). PINTOR - ESTOFADOR: Estácio Soares (1640). PINTOR: Miguel Figueiroa (1640).

Cronologia

1534 - instituição da Irmandade da Misericórdia, pelos homens bons de Torres Novas; a Câmara escreve a D. João III informando da fundação e, visto aquela não possuir património ou rendimentos para o socorro dos pobres, solicita a incorporação na Irmandade dos bens e rendas das confrarias de Jesus, do Salvador, de Nossa Senhora do Vale, de Nossa Senhora dos Anjos, de São Pedro e da Gafaria; 31 outubro - o rei pede o envio da relação dos bens dessas confrarias; o Cardeal-rei D. Henrique autoriza a sua anexação à Misericórdia; 1538, 1 julho - a Irmandade obteve do prior das quatro freguesias da vila, D. Jaime de Lencastre, por contrato celebrado pelo tabelião João Soares, uma ermida com invocação dos Fiéis de Deus, que pertencia à Igreja Paroquial de São Pedro; no contrato, outorgaram de um lado, com procuração do bispo doador, o seu feitor Cristóvão Varela, Cavaleiro da Ordem de Santiago e os beneficiados existentes: Jorge da Mota, António Dias e Pero Gonçalves, e de outro lado, como donatários, o provedor Fernão Rodrigues e o escrivão licenciado Luís Alves; a Misericórdia ficava, no entanto, obrigada a pagar à Igreja Paroquial o foro de 100 rs no dia 2 julho de cada ano; 1566 - realização da primeira eleição do provedor e mesários na vizinha igreja de Santa Maria, por ordem do rei D. Sebastião, visto as obras da sua igreja ainda não estarem concluídas; 1572 - data do cruzeiro do adro; 1579, 9 janeiro - Câmara entrega à Misericórdia os bens e rendimentos da gafaria, com a obrigação de criarem os engeitados; no local da capela, ergue-se a igreja da misericórdia e adossado a O. um hospital; 1592, 15 agosto - data de sepultura actualmente junto ao presbitério, do lado do Evangelho; 1618 - obra de pedraria da capela-mor e retábulos colaterais; 1639 - data no fundo do altar da capela-mor; 1640, 2 julho - em reunião da Mesa, o Provedor e Irmãos apresentam as contas já despendidas com as obras dos dois retábulos colaterais e com os três mestres de Santarém chamadas para o trabalho; para obter dinheiro para a obra, a Misericórdia recorreu a esmolas dos seus membros, tendo o Provedor, António de Freitas de Macedo, contribuído com 40$000, e à colecta de dívidas de foros à Misericórdia; o mestre marceneiro Francisco Coelho foi encarregue de lavrar as duas molduras de talha, que orçaram em 20$000, e o pintor estofador Estácio Soares o douramento das molduras retabulares, por 99$3000, que incluía a compra de lâminas de ouro a bate-folhas e o douramento de pedraria das três capelas; adquiridos os "panos" para os dois painéis retabulares por 1$400, chamou-se de Santarém o pintor Miguel Figueiroa que se comprometeu a executar os painéis por 24$000, assinando neste dia 2 de julho a quitação respeitante à parcela já recebida; o pagamento ao dourador prolongou-se por vários meses, só se firmando o termo de quitação de todo o pagamento no princípio de 1641; 1644 - Francisco Coelho trabalha no entablamento da capela-mor; 1668 - início das obras da tribuna em talha dourada, por iniciativa do benfeitor Manuel Falardo da Maia, conforme inscrição numa das pilastras do retábulo-mor; 1670 - obras de pedraria de aprimoramento exterior; data no almofadado da porta principal; provável feitura da Bandeira da Misericórdia; 1672 - data na empena da igreja; 1673, 7 maio - entrega des carradas de azulejo e pagamento dos azulejadores; 1674 - data em cartela, sobre portal axial, no revestimento azulejar; aquando deste revestimento, removeram-se as telas dos retábulos colaterais e aplicaram-se-as nas paredes laterais; 1678 - data num dos caixotões do tecto da nave e na verga da porta da sacristia; despesas com os carpinteiros e um pintor dourador Pedro de Sousa; 1681 - António Lopes Migas lega à Misericórdia quinze propriedades e 1.200$000 para sustento da sua capela, conforme inscrição na mesma; 1683 - 1684 - ereção do coro-alto; 1694 - pagamento de 18$000 ao mestre entalhador Manuel da Silva pelo sacrário do retábulo-mor; 1695 - feitura do sacrário para a igreja pelo entalhador Manuel da Silva (FERREIRA, vol. II, p. 537); 1701 - data no fecho da arquivolta do retábulo-mor, assinalando o seu douramento, executado pelo pintor Pedro Coelho, por 500$000; este recebeu 2$000 suplementares por "pintar as portas dos carneiros" e dos "apostollos" que vieram de Coimbra; 1711, 1 julho - Misericórida paga 34$000, de "resto pago", ao pintor Pedro Coelho pelos painéis dos Passos de Cristo; 9 novembro - alvará de D. João V confirmando certos privilégios; 1716 - encomenda a pintor não identificado na documentação da tela da Visitação que orna a boca da tribuna; 1733 - data no tímpano do frontão que remata o portal principal; 1755, 01 novembro - o terramoto afeta a igreja e zona envolvente; 1758 - reconstrução do adro da igreja, na sequência do terramoto de 1755, com mudança de localização do cruzeiro; 1758 - o rendimento da Misericórdia seria de 3 a 4 mil cruzados, que aplicava a curar os pobres, dar esmolas e pagar a oito capelães com obrigação de coro; 1776 - data no interior do altar da capela-mor; 1795 - Gertrudes Maria de Oliveira Vila Forte instituiu capela na Misericórdia, com sete propriedades que rendiam três galinhas e 12$5000; séc. 18 - Misericórdia suplica ao papa Pio VII a redução de encargos e obrigações para ajudar os pobres do hospital; 1807, 23 março - Breve papal reduz os encargos pios apenas a duas capelas quotidianas para sempre, dando-se de esmola por cada missa $400, revertendo a favor do hospital o remanescente; 1808, 1 fevereiro - durante as Invasões Francesas, decreto de Junot ordena a remessa imediata à Casa da Moeda de todo o ouro e prata que não fosse absolutamente indispensável ao culto das igrejas e confrarias nacionais; 21 fevereiro - a Mesa envia todas as peças de prata pertencentes à Misericórdia e capela do Senhor Jesus, que ela administrava: custódia, três cálices com seus pertences, duas coroas pequenas, duas chapas de prata cravadas num missal, um resplendor pequeno, um diadema do Senhor Jesus, outro da Senhora da Soledade e a lâmpada do altar do Santíssimo Sacramento, turíbolo e naveta; os franceses ocupam o hospital; 1810, finais - com a aproximação das tropas francesas sob comando de Massena, os irmãos da Mesa fogem para Lisboa; 1811, 22 maio - sessão da Mesa realizada na casa do Dr. Joaquim Ferreira Calado com alguns Irmãos que fazem o ponto de situação da Misericórdia; contraem empréstimo de 300$000; 23 Junho - regressa de Lisboa o Provedor Luís de Sousa Vasconcelos de Melo e Alvim; o médico da Santa Casa, António Joaquim Soares, aconselha a Mesa a não se reunir na Casa do Despacho, devido à proximidade com o hospital, que os franceses deixaram com o ar contaminado; 1868, 15 março - Dr. João António Mendes de Carvalho, conhecido como morgado do Casal do Vale, deixa bens por testamento à Misericórdia para a construção da Casa da convalescença no novo hospital; 1876, 29 outubro - Mesa delibera colocar os ossos deste benfeitor num carneiro sob o presbitério da igreja; 1882 - o hospital é desativado e transferido para novo local, o Convento do Carmo; 1865, 21 novembro - teve Compromisso; 1870, 9 junho - aprovação de novo Compromisso: 1887, 7 janeiro - Alvará do Governo Civil aprovando novo Compromisso; 1915, 13 novembro - aprovado o Compromisso pelo qual hoje se rege.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Pedra nos cunhais e cabeceira; revestimento exterior de reboco; no interior revestimento de azulejos, pedra, estuques imitando mármores, talha dourada, telas, cadeiral dos mesários em pau santo.

Bibliografia

AAVV - Arte Sacra nos antigos Coutos de Alcobaça. S.l.: Instituto Português do Património Cultural, 1995; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; GONÇALVES, Artur, Torres Novas, Torres Novas, 1935; idem, Mosaico Torrejano, 1936; Monumentos, n.º 6 e n.º 9 a n.º 12, n.º 17, Lisboa, DGEMN, 1997-2000 e 2002; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, Vol. 3, Lisboa, 1949; SERRÃO, Vitor, Duas Telas do Pintor Miguel Figueira na Igreja da Misericórdia de Torres Novas, Vol. 4, 1986; idem, As telas seiscentistas da Misericórdia de Torres Novas, in Estudos de Pintura Maneirista e Barroca, Lisboa, 1989, p. 217 - 230; SIMÕES, J. M. dos Santos, Corpus da Azulejaria Portuguesa. Azulejaria em Portugal no Século XVII, tomo 1 e 2, Lisboa, 1997.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID DGEMN/DREMS; Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas; DAGARQ/TT: Chancelaria de D. João V, Livro de Índices

Intervenção Realizada

DGEMN: 1993 - substituição das coberturas da igreja e anexos; substituição da estrutura de madeira da cobertura da nave por estrutura metálica; 1994 - execução de novos rebocos em algumas zonas das fachadas, pintura exterior, limpeza e beneficiação da envolvente ( zona voltada para o castelo ); 1996 - beneficiação das coberturas; 1996 / 1997 - restauro do tecto seiscentista e substituição da instalação eléctrica da nave; 1998 - restauro e consolidação do revestimento azulejar; 1999 - abertura de dreno subterrâneo na fachada sobre a encosta do castelo; recuperação da sacristia e salas anexas (piso 0 e superior) incluindo paredes, tectos, pavimentos e vãos; substituição do pavimento da igreja por outro de madeira; remoção do estrado do coro-alto, colocação e tratamento da parede de topo; 2001 - conservação e restauro dos altares da capela-mor e do presépio; SCMTN: 2001 - pintura exterior; 2002 - restauro do tecto; DGEMN: 2002 - caiação exterior da igreja, restauro das talhas dos altares da capela-mor e do presépio; iluminação da igreja e presépio; execução do emolduramento do vão onde ele se inser; pavimentos do acesso tardaz; substituição do portão de folha do portal manuelino por um de madeira; restauro das pinturas interiores nas paredes dos armários da sala da Mesa.

Observações

O Presépio pertencia aos proprietários da Quinta de São Gião, Manuel Joaquim de Campos e sua mulher, Eugénia Libânia de Campos, que o venderam a João Caetano Pereira, morador na vila de Torres Novas, o qual o doou posteriormente à Santa Casa da Misericórdia local.

Autor e Data

Rosário Gordalina 1990 / Paula Noé 2002

Actualização

 
 
 
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