Atelier de Carlos Relvas / Casa-Museu de Carlos Relvas / Museu de Fotografia de Carlos Relvas
| IPA.00002017 |
Portugal, Santarém, Golegã, Golegã |
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Arquitectura residencial, eclética, romântica e revivalista. As fachadas sobressaiem com os revivalismos que marcam a época como o neoromânico nas bandas lombardas que circundam todo o edifício, o neogótico e neomanuelino, evendiciados na decoração existente nas modinaturas dos diferentes vãos, o neobarroco nos apainelados. Exemplo expressivo da arquitectura do ferro, é uma construção tipo "chalet", de planta rectangular irregular, com eixo longitudinal interno, de dois e 3 pisos, adaptados ao declive do terreno, com cobertura poligonal suportada por pontaletes, decorativamente talhados, dando uma maior verticalidade às empenas. Fachadas rasgadas simetricamente e de forma regular por vãos de verga curva, com moldura em cantaria. Exteriormente o acesso ao 2º piso é feito por 2 escadarias colocadas lateralmente. Interior com corredor central que acede às várias dependências da zona nobre e escadas em caracol de acesso ao piso superior. Paredes e tectos profusamente decorados com estuques; o estúdio, no 2º piso, é um exemplo raro da arquitectura do ferro adapatada a uma função tão específica como esta "Casa de Fotografia", com coberturas e paredes envidraçadas entre ferro trabalhado e onde a luz é "controlada" por panos movimentados por mecanismos de fios e roldanas. Exemplo de arquitectura revivalista, concebido por Carlos Relvas e com traço do arquitecto Henrique Carlos Afonso. As estruturas em ferro são da firma Luis Ferreira de Sousa Cruz & Filhos, que comportou 33 toneladas de ferro forjado. Considerado como exemplar único no mundo, onde a "fusão da arte, da ciência e da tecnologia, se associam à escala e estrutura ambiciosas, numa conjugação perfeita entre pedra, o estuque, o ferro e o vidro (...) com o intuito específico de celebrar e desenvolver a actividade fotográfica.", in: (ROTEIRO), ergue-se no espaço anteriormente ocupado pelos jardins da residência familiar, o Palácio do Outeiro. Na fachada principal destacam-se os bustos de Niépce e Daguérre, mandados executar por Carlos Relvas, em homenagem aos principais inventores da arte fotográfica. Os ornatos decorativos em banda lombarda repetem-se em todas as fachadas como elemento de remate; outro elemento decorativo constante são as molduras cegas, em estuque, que dominam em todos os paramentos e em diversas formas. |
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Número IPA Antigo: PT031412020005 |
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Registo visualizado 1376 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa Chalet
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Descrição
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Edifício integrado em amplo espaço ajardinado, onde outros dois edifícios se destacam. Do lado direito da Casa-Estúdio ergue-se o Centro de Estudos em História e Cultura da Fotografia, de planta irregular, de 1 piso e cobertura diferenciada com remate em beiral; fachadas rasgadas por vãos de acesso e iluminação de moldura rectangular em cantaria decorados por molduras em estuque, formando falso arco sobre o lintel, que cai até ao início das jambas. O edifício da recepção e loja, do lado esquerdo, de planta rectangular simples com paredes rebocadas e pintadas de amarelo e coberturas em telhados de 2 águas com remate em beiral protegido por caleira de onde saiem alguns tubos de queda de águas pluviais. CASA-ESTÚDIO: planta rectangular, irregular, de eixo longitudinal, composta pela articulação dos corpos de volumes diferenciados e massa disposta na vertical de 2 e 3 pisos, acompanhando o declíve do terreno; cobertura diferenciada em telhados de 2 águas com vigamento de escoras em arco e fortemente inclinadas, em pavilhão nos corpos pentagonais e terraço nos corpos circulares. Fachadas percorridas por alto embasamento em cantaria e paredes em alvenarias, rebocadas e pintadas a nível do 1º piso das fachadas laterais e totalmente nas fachadas principal e posterior; em ferro e vidro no 2º piso e nos corpos pentagonais e corpo central; remates em empena com beirais muito salientes assentes em consolas de ferro trabalhado, decorados por lambrequins, decoração que se repete na cumeeira; os beirais das empenas angulares das fachadas principal e posterior são suportadas por pontaletes. Fachada principal de 3 corpos, o central de dois pisos, delimitado a nível do 1º piso por cunhais em cantaria e rasgado por porta com 3 degraus de acesso à soleira, de verga curva e jambas decoradas com banda lobulada e ladeada por molduras rectangulares sobre a qual assentam reproduções de medalhas (*1); sobre o lintel baixos relevos representando cavalos marinhos, entre as consolas que no 2º piso suportam a varanda de sacada de perfil contracurvado com guarda em ferro e ladeada pelos bustos de Niépce e Daguèrre (*2) colocados em nichos profusamente decorados; janela de moldura em arco apontado decorado e encimado por um óculo circular com enchimento em vidro assente em estrutura de ferro imitando uma rosácea; os 2 corpos laterais, circulares de um só piso (que correspondem interiormente aos laboratório de claro e escuro), com ligeiro recuo em relação ao central são abertos por janelas de peito de moldura curva sobrepostas por falso arco de querena, ladeadas por molduras cegas decoradas, de diferentes formas. Fachadas laterais de 3 corpos, aprsentam no 1º piso, do lado esquerdo, paredes em alvenaria rasgadas no corpo central por 2 janelas de peito de moldura decorada e remates em falso arco quebrado, e à direita porta com 4 degraus de acesso à soleira e janela, ambos os vãos com decoração igual às do lado oposto; entre os vãos molduras de decoração vegetalista, elemento que se repete em todas as fachadas; dos dois lados, no correspondente ao corpo circular da fachada principal, é envolto por 3 lanços de escas com patamares intermédios dando acesso ao 2º piso, com guardas em ferro forjado, tendo nos arranques 2 candeeiros de iluminação; corpo lateral pentagonal com uma das faces rasgada por janela igual às já descritas e as restantes 4 faces com molduras cegas, decoradas. Demarca o 2º piso uma cornija saliente decorada com banda lombarda, ornato que se repete em todas as fachadas e no contorno das escadas; 2º piso com o corpo lateral em alvenaria rebocada e pintada, aberta por porta e janela em arco apontado, tendo entre elas uma moldura decorada e ao centro a representação de um anjo sobre o globo terrestre, segurando uma máquina fotográfica; o corpo central e os pentagonais têm as paredes envidraçadas entre ferro trabalhado. Fachada posterior de 3 pisos e 5 panos, delimitados por cunhais apilastrados em cantaria no 1º e 2º pisos, sendo que os 2 laterais, mais recuados, pertencem aos corpos pentagonais, torreados; 1º piso cego nos panos laterais, é rasgado por porta centralizada com moldura em cantaria trilobada no pano central e ladeada por dois óculos polilobados; 2º piso com panos laterais de vão cegos moldurados e restantes panos abertos por vãos de moldura curva sendo o central de maiores dimensões ladeado por molduras oblongas; quatro óculos cegos, circulares, ritmam a base das janelas; 3º piso separado por cornijja saliente decorada com banda lombarda; os panos laterais são em ferro e vidro e os restantes são abertos por 3 janelas em arco apontado sendo a central uma janela de sacada com balcão em cantaria, de perfil contracurvado, assente em 3 consolas decoradas, guarda em ferro pintado com decoração geométrica. INTERIOR: 1º piso com longo corredor no final do qual se encontram 2 salas correspondentes aos antigos laboratórios e que nos conduz a uma sala de espera onde se encontram as escadas em caracol que conduzem o público ao 2º piso. Todas as paredes interiores em alvenaria são rebocadas e pintadas com rodapé em madeira e estuques parietais que repetem as formas e decorações dos apainelados exteriores; sancas com motivos vegetalistas e tectos planos igualmente decorado com estuques. O 2º piso totalmente ocupado pelo estúdio com paredes longitudinais e coberturas em vidro com estrutura de ferro, regula-se a luz natural através de panos brancos controlados por mecanismos de fios e roldanas. Ao fundo da galeria, coincidente com a fachada principal, situa-se o escritório com duas saídas para as escadas exteriores. |
Acessos
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Largo de D. Manuel I; Rua de José Farinha Relvas |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56 de 06 março 1996 *1 |
Enquadramento
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Urbano, destacado, o imóvel insere-se na malha urbana da Golegã, em espaço amplo, anteriormente ocupado pelos jardins da residência familiar, o Palácio do Outeiro, desaparecido num incêndio, dando origem à actual praça onde se erguem os edifícios da Câmara Municipal (v. PT031412020034), fronteiro ao Museu, da antiga Escola Primária (v. PT031412020033) e o Tribunal (v. PT031412020015), formando os 4 lados da praça. No ângulo direito ergue-se o edifício da Junta de Freguesia. Separado da via pública por muro de alvenaria, rebocado e pintado, sobre o qual se eleva gradeamento em ferro e aberto do lado da fachada principal por portão, frente ao qual se ergue um busto de Carlos Relvas. Fachada posterior voltada à Quinta de Guadalupe (v. PT031412020032). O imóvel encontra-se rodeado por um denso jardim com lago, onde se destacam algumas árvores e plantas exóticas típicas dos jardins românticos. |
Descrição Complementar
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No estúdio entre mecanismos e acessórios de fotografia existem os telões pintados de paisagens virtuais que serviram de fundos de paisagem aos modelos e às personagens fotografadas. |
Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTOS: Henrique Carlos Afonso; Vitor Mestre, Sofia Aleixo (obras de restauro séc. 21): ENGENHEIRO: João Appleton (obras de restauro séc. 21): Oficinas da Fundição do Ouro da firma Luis Ferreira de Sousa Cruz & Filhos (fundição do metal); |
Cronologia
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1838, Novembro - nascimento de Carlos Relvas; 1868 - terá realizado em Lisboa uma das suas primeiras exposições; 1869, 5 de Fevereiro - foi admitido como membro da Sociedade Francesa de Fotografia, iniciando a sua participação em exposições internacionais; 1870 - participa numa exposição em Paris; 1871 / 1875 - durante 4 anos foi levado a cabo a construção do edifício para funcionar como estúdio e laboratório de fotografia; 1873 - é distinguido na Exposição Internacional de Viena com o prémio de melhor inventor, pela invenção de um mecanismo que permitia facilitar as focagens; Medalha de prata obtida na exposição, em Madrid; 1875 - Medalha de prata da Sociedade Fotográfica, Viena de Áustria; 1880 - é eleito sócio da Academia de Belas Artes em Lisboa; 1887 - falecimento da 1ª mulher de Carlos Relvas; 1888 - casamento com Mariana Correia em 2ªs.núpcias, mudando-se para a casa-estúdio, adaptado-a a residência, originando grande transformação no interior (o envidraçado que cobria o primeiro andar da casa desapareceu, sendo substituído por paredes, mantendo-se intacta a galeria norte a sua ossatura original de ferro e vidro de forma a permitir a continuidade da actividade fotográfica); 1894, 23 de Janeiro - morte de Carlos Relvas; 1978 - doação da casa por Maria Amélia Câmara Pina, filha da 2ª mulher de Carlos Relvas, à Câmara Municipal da Golegã que a transformou na Casa Museu de Carlos Relvas; 1995 - o avançado estado de degradação da casa levou ao seu encerramento; foi eleborado o primeiro inventário das espécies fotográficas pertencentes ao estúdio e transportadas para o IPM(*3); 1999 - obras de recuperação; 2000 / 2002 - projecto do IPPAR, para a realização de obras de restauro de modo a manter o aspecto exterior da casa, do pavilhão e do jardim, do arquitecto Vitor Mestre e engenheiro João Appleton; 2002, 28 de Janeiro - Abertura do concurso público para obras de conservação e restauro, publicado no DR 23 - III Série; 2007, 20 de Abril - inauguração da Casa-Estúdio Carlos Relvas, após as demoradas obras de conservação e beneficiação que ali ocorreram; 2008, 22 de Fevereiro - foi assinado um protocolo entre a Câmara da Golegã e o Instituto Politécnico de Tomar, com vista à criação do Centro de Estudos de Fotografia que ficará instalado num anexo construído junto à Casa Estúdio para albergar o espólio fotográfico de Relvas. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Estrutura em alvenaria e ferro, decoração em estuque e ferro, janelas com caixilharia em madeira e vidro, portas de madeira, molduras dos vãos e escadarias em cantaria, estruturas metálicas estruturantes da cobertura ou ferragens em diversos sítios do edífico, cobertura em telha cerâmica e vidro, escadas interiores em madeira; vedaluzes no estúdio fotográfico. |
Bibliografia
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VASCONCELOS, A. Osório, Maravilhas da Photographia, 1875; ROSA, Tomás, Carlos relvas um humilde photographo de aldea, in Magazine Artes, nº 9, Agosto, 2003.; APPLETON, MESTR, Victor, ALEIXO, Sofia, Da Casa-Estúdio a Estúdio Carlos Relvas: conservação e restauro, Património / Estudosnº 6, 2004; Casa-Estúdio Carlos Relvas, Roteiro, CMGolegã, Golegã, 2007 |
Documentação Gráfica
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CMG |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN / DSID, SIPA; CMG |
Documentação Administrativa
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CMG |
Intervenção Realizada
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IPPAR: 1998 - Trabalhos preparatórios para futura intervenção de restauro, recuperação e revitalização; CMG, IPPAR: 2002 / 2007 - obras gerais de restauro e recuperação do edifício; construção do edifício de recepção e loja; construção do Centro de Estudos em História e Cultura da Fotografia. |
Observações
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*1 - DOF: Casa-Museu Carlos Relvas, também denominada Casa-Estúdio de Carlos Relvas, Atelier de Carlos Relvas ou Museu de Fotografia de Carlos Relvas, incluindo os seus jardins e recheio. Carlos Relvas foi fidalgo da Casa Real e Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição, de Vila Viçosa. Nos anos 60 do séc. 19 Relvas era já referido em várias publicações sobre fotografia e fazia parte da Sociedade Francesa de Fotografia. A adaptação do Estúdio a residência do casal provocou alterações a nível estrutural, nomeadamente mas paredes de alvenaria que substituiram as estruturas de ferro trabalhadas e as superfícies envidraçadas. O interior foi dividido em salas diversas, de ocupação familiar.*1: Reproduções das medalhas atríbuidas a Carlos Relvas nos concursos de fotografia. *2: Carlos Relvas pretendeu homenagear os mestres fundadores da fotografia, considerando-os os "guardiães do templo e da arte"(in: Roteiro). *3: Do inventário constavam: 4174 imagens, negativos em suporte de vidro, nos processos de colódio húmido e seco; 6604 imagens, negativos em vidro, no processo gelatina brometo de prata; 146 espécies, positivos em provas albuminadas; 1656 espécies positivos em fototipias. |
Autor e Data
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Rosário Gordalina 1991 / Cecília Matias 2008 |
Actualização
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